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Tendo em vista que a educação inclusiva está presente na sociedade e a

legislação vigente garante o ingresso

dos alunos na rede regular de ensino,

o presente artigo busca refletir sobre

a prática pedagógica no Município de

Rio Claro, no Rio de Janeiro.

Para isso, faz um breve relato de como é a atuação dos profissionais que desempenham papel importante tanto no Núcleo de Educação Especial, quanto nas escolas de ensino regular do município.

Segundo Alves (2008) a Educação Especial no Brasil desenvolveu-se, primeiramente, em instituições privadas sem fins lucrativos e somente algum tempo depois o Estado passou a se ocupar do assunto. Neste sentido, não se pode esquecer a grande contribuição que instituições como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAES), Associação Pestallozi (PESTALLOZI) e a Federação Estadual Instituições de Reabilitação do Paraná (FEBIEX) e tantas outras ofereceram e continuam a oferecer para o desenvolvimento da Educação Especial no Brasil. Em decorrência desta importante ação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 (LDB) reconhece a necessidade dos órgãos normativos dos sistemas de ensino (Conselhos de Educação e congêneres) definir critérios para que tais instituições recebam apoio técnico e financeiro do poder público. O governo Federal poderá assistir técnica e financeiramente, instituições privadas sem fins lucrativos, porém sem descartar o uso de sua própria rede como diretriz preferencial para o atendimento do aluno da Educação Especial.

Dessa forma, a LDB vai além da definição política. Busca inserir a Educação Especial no Ensino Regular, na educação Profissional e no acesso aos benefícios suplementares no ensino regular. Está organizada a partir dos seguintes focos: currículos, metodologias e recursos específicos; possibilidade

de antecipação de conclusão do Ensino Fundamental em situações especiais, possibilidade de aceleração de estudos para alunos superdotados; existência de professores com formação adequada; educação para o trabalho e disponibilização dos programas sociais suplementares tal qual existe para os alunos do ensino regular.

Siluk (2014) salienta que a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) vem reafirmar o direito de todos os alunos à educação no ensino regular, objetivando combater o paralelismo da Educação Especial ao ensino comum, sendo esta instituída como uma modalidade de ensino. Dessa forma, a Educação Especial tem um caráter transversal, pois atua desde a Educação Infantil até o Ensino Superior e realiza o Atendimento Educacional Especializado.

Conforme rege as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, intensificando o processo de inclusão e buscando a universalização do atendimento, as escolas públicas e privadas deverão também contemplar a melhoria das condições de acesso e de permanência dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas classes comuns do ensino regular. Os recursos de acessibilidade asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência e mobilidade reduzida, por meio da utilização de materiais didáticos, dos espaços, mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e outros serviços.

Além disso, com o objetivo de ampliar o acesso ao currículo, proporcionando independência aos alunos para a realização de tarefas e favorecendo a sua

autonomia, foi criado, pelo Decreto nº 6.571/2008, o atendimento educacional especializado aos alunos da Educação Especial, posteriormente regulamentado pelo Parecer CNE/ CEB nº 13/2009 e pela Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Esse atendimento, a ser expandido gradativamente com o apoio dos órgãos competentes, não substitui a escolarização regular,

sendo complementar a ela. O atendimento educacional especializado será oferecido no contra-turno, em salas de recursos multifuncionais na própria escola, em outra escola ou em centros especializados e será implementada por professores e profissionais com formação especializada, de acordo com plano de atendimento aos alunos que identifique suas necessidades educacionais específicas, defina os recursos necessários e as atividades a serem desenvolvidas. (BRASIL, 2013).

De acordo com o Decreto nº 3.298, de 20 de Dezembro de 1999, são consideradas deficiências: física (aquelas que produzem alguma dificuldade no desempenho de funções); deficiência auditiva (parcial ou total); deficiência visual (apresenta baixa acuidade, mesmo com uso de corretor ótico); deficiência mental (funcionamento inferior à média em áreas adaptativas); deficiência múltipla (duas ou mais deficiências associadas).

A Constituição de 1988, no inciso III de seu artigo 59, definiu que o direito à educação de alunos com deficiência deveria ser cumprido preferencialmente por seu acesso à rede regular de ensino. Essa ênfase dada à inclusão de alunos com deficiência na rede regular de ensino obrigou o legislador a prever a formação não só do professor especializado, mas também a preparação dos professores do ensino regular para estarem aptos a receber esses alunos.

Nesse sentido, a LDB nº 9.394/96, além de assegurar currículo, métodos, técnicas, recursos e organização para o atendimento das necessidades desses alunos, determinou que esses alunos deveriam contar com professores especializados para atendimento de suas necessidades especificas e também com professores do ensino regular capacitados. A Resolução nº 02/2001 do Conselho Nacional de Educação, que instituiu as Diretrizes Educacionais para a Educação Básica, estabeleceu, no inciso I do artigo 8º, que, na organização das classes comuns, as escolas da rede regular deveriam “prever e prover” [...] “professores das classes comuns e da educação especial

devem estar capacitados e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos” conforme resolução acima.

Rio Claro é um município da região Sudeste no Estado do Rio de Janeiro. Localiza-se a 140 km da capital. De acordo com o IBGE, a população é de 17.425 habitantes. A proposta pedagógica de ensino do município tem seus fundamentos teóricos na concepção construtivista interacionista, também denominada por alguns autores como sociointeracionista tendo como algumas referências: Lev Semenovich, Jean Piaget, Henri Wallon e Célestin Freinet. A escola, nesta perspectiva é considerada um espaço de ampliação das visões do mundo, objetivando a formação do sujeito crítico, construtor de conhecimento na interação com o outro. Assim, a escola é lugar de diversidade, reconstrução e reinvenção no contexto educativo e, por conseguinte, no contexto social. Portanto, há na escola o compromisso com a formação de cada sujeito, articulada com a formação da sociedade tendo como objetivo a construção da identidade, afetividade, autoestima, autoconfiança e autonomia. Desse modo, o conhecimento de si acontece paralelamente ao conhecimento do mundo que o cerca.

A proposta curricular do município garante aos alunos com necessidades educacionais especiais e comprometimento cognitivo comprovado, acesso e permanência à rede regular, constando no Projeto Pedagógico das escolas. A maioria das escolas regulares já se adequou às leis, oferecendo aos alunos com necessidades educacionais especiais condições de acesso e permanência. Dentre essas condições estão as salas de recursos multifuncionais, infraestrutura adaptada, acessibilidade, transporte adequado, professores de AEE, materiais entre outros.

A maior dificuldade na rede municipal é a adaptação curricular, pois são poucos os professores de AEE e a maioria dos professores das salas regulares não estão capacitados

para atender plenamente os alunos incluídos. Além disso, algumas escolas ainda estão implantando as salas de recursos multifuncionais e seus alunos incluídos são atendidos no Núcleo de Educação Especial na sede do município. Entretanto, percebe-se que a educação inclusiva tem se desenvolvido e avançado no decorrer dos anos. As iniciativas do Governo Federal através dos programas e recursos destinados às escolas têm contribuído para a melhoria dos atendimentos educacionais nas escolas.

O Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais é uma iniciativa do Governo Federal que apoia os sistemas de ensino com materiais pedagógicos e de acessibilidade para a realização do atendimento educacional especializado, complementar ou suplementar à escolarização. A intenção é atender com qualidade os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, matriculados nas classes comuns do ensino regular. O programa é destinado às escolas das redes estaduais e municipais de educação, em que os alunos com essas características estejam registrados no Censo Escolar MEC/INEP, segundo orientações do MEC.

A Secretaria de Educação Especial oferece equipamentos, mobiliários e materiais didático-pedagógicos e de acessibilidade para a organização das salas de recursos multifuncionais, de acordo com as demandas apresentadas pelas secretarias de educação em cada plano de ações articuladas (PAR). De 2005 a 2009, foram oferecidas 15.551 salas de recursos multifuncionais, distribuídas em todos os Estados e o Distrito Federal, atendidos 4.564 municípios brasileiros - 82% do total. (BRASIL, 2013, p. 01).

A divisão da Educação Especial existe em Rio Claro – RJ, há 23 anos. Está sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação, a qual segue as diretrizes curriculares e se respalda na Deliberação nº 002/CME/2006. Atende os alunos desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental.

Está articulada com todas as divisões da Secretaria Municipal de Educação. Tem uma excelente equipe multidisciplinar, sendo esta composta por 16 pessoas: 01 Diretora, 01 psicóloga, 02 fonoaudiólogas, 01 pedagoga, 05 professoras de AEE, 01 professor de educação física adaptada, 01 motorista, 02 monitoras (transporte/núcleo), 01 servente e 01 auxiliar administrativa. Segundo a Diretora, os principais obstáculos encontrados são: assistência familiar, carência de professores de AEE, carência de transporte e acessibilidade (distância).

Atualmente as escolas do município atendem alunos com deficiência intelectual, visual, física, múltiplas e Transtornos Globais do Desenvolvimento, perfazendo um total de 35 alunos. (Figura 1). Além disso, o município também atende 16 alunos adultos que participam das oficinas do núcleo. Os alunos participam das OLIMPEDE e Olimpíadas paraolímpicas da UBM (Universidade de Barra Mansa). Nesses eventos eles socializam-se com outros alunos e conhecem realidades diferentes das quais vivem. São premiados com troféus e medalhas. (Figura 2).