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Figura 2 Premiações dos alunos Fonte: arquivo do Núcleo de Educação Especial

Fonte: Própria autora

Segundo a direção do Núcleo, os maiores desafios são atender com qualidade os alunos, pois têm poucos professores, o município é grande e as escolas se concentram nos distritos, que nem sempre têm horários de ônibus compatíveis com a disponibilidade dos professores do AEE.

Outra dificuldade apontada pela diretora é a inserção do aluno com deficiência no mercado de trabalho, a fim de que ele possa exercer sua cidadania. Pois, acredita ser importante sua autonomia financeira. Segundo a diretora algumas ações para melhorar o Atendimento Educacional Especializado são: aumentar o número de professores AEE; investir mais em capacitações; buscar parcerias com S.M de Assistência Social e Saúde, SIMES (Sistema Intelectual, Mental e Social) e contar com apoio de familiares. Nesse sentido, é importante salientar que já existe um grupo de pais se mobilizando para criar a Associação do Deficiente.

Com o objetivo de possibilitar que o leitor conheça um pouco mais sobre a modalidade de Educação Especial, sua implantação e avanços no decorrer dos anos em Rio Claro, foram realizadas entrevistas com alguns profissionais que atuam no Núcleo de Educação Especial e em escolas da rede municipal. Para preservarmos suas identidades, utilizaremos nomes fictícios. Os relatos desses profissionais que atuam no Núcleo de Educação Especial e na rede regular municipal são unânimes em afirmar que a experiência de trabalhar com alunos com necessidade educacional é gratificante e desafiadora.

Segundo a professora da sala regular Júlia a primeira vez que recebeu um aluno com deficiência foi um grande desafio o qual abraçou com todo entusiasmo e garra, pois apesar dos anos de experiência, não sabia como agir com um deficiente visual. Buscou ajuda com a professora Isabel o AEE, pesquisou e partiu para a prática. A aluna era uma menina de pré-II, cheia de vida e energia. A professora procurou desenvolver atividades que trabalhassem as percepções táteis da pequena Marina, as quais no futuro iriam ser imprescindíveis para leitura e escrita, ou seja, na alfabetização. Contou também com o auxílio do professor José (deficiente visual) que a ajudou com o Braille e no 2° semestre a aluna estava pronta para ser alfabetizada.

O professor José deu continuidade ao trabalho juntamente com a professora Teresa, que pôde alfabetizá-la com sucesso no ano seguinte. Sua interação com a turma foi maravilhosa tanto na educação infantil quanto na alfabetização. Estava tão adaptada a aula regular que começou a rejeitar as aulas em Braille, e nesse momento passamos a acompanhá-la na rotina dentro da escola, sendo acompanhada por um professor ou um aluno. Aos poucos voltou a aceitar ajuda para realizar as tarefas na escola. Deu tudo certo. O apoio incondicional dos profissionais da Educação Especial foi fundamental para o êxito da Marina. Neste caso, os profissionais que acompanharam a aluna foram: professor José – Braille; Monitora (Silvia) na sala de aula; Sara (psicóloga) e o professor Vitor de educação física

adaptada que fez um excelente trabalho com a bengala e o bambolê. A família apesar de não ser presente, não se opôs ao que estava sendo proposta pela escola, o que beneficiou o desenvolvimento escolar da aluna. A professora enfatiza que toda experiência é válida, desde que esteja aberta ao novo.

Ela também trabalhou com outro aluno na Educação infantil com deficiência intelectual, que achou mais fácil, pois era de grau moderado, conseguindo fazer um bom trabalho e integrá-lo aos demais alunos.

A professora Júlia é outro exemplo de dedicação e superação. Ela em sua vasta experiência na sala regular deparou-se com o desafio de alfabetizar um aluno deficiente física, muito especial em todos os sentidos, dócil e muito atento a tudo. Há três anos convive e alfabetiza esse aluno. Tem o apoio de uma monitora que a auxilia junto a ele com as atividades adaptadas e ajudando-o a ter autonomia. Tem ainda a parceria da professora de AEE Eliana e da família que é presente. Sente-se realizada, pois aprende a cada dia com ele.

Outro relato interessante é o da professora de AEE Marilane, que atua a 23 anos no Núcleo de Educação Especial de Rio Claro – RJ. Ela esclarece que atualmente, as atividades com a implementação do Atendimento Educacional Especializado nas escolas, são de complementação ou suplementação, buscando o acesso e a permanência do aluno deficiente na classe comum. E diz que a maior dificuldade ainda é a aceitação por parte de algumas pessoas de que o aluno incluído, apesar de ser aluno de AEE é também por direito aluno da classe regular.

Ela percebe também que, infelizmente, nem sempre a família participa integralmente do processo educacional do aluno, o que é uma pena, pois eles têm um grande potencial, e o trabalho conjunto entre família, escola e sociedade contribuiria para alcançar resultados mais satisfatórios. A professora relata que adora ser professora de AEE, e com o tempo foi se aprimorando e consegue tirar proveito desta experiência. Além disso, entende que este universo proporciona uma infinidade

de oportunidades que a fez crescer como ser humano. As capacitações, cursos, estudos e as reuniões da equipe são consideradas experiências fundamentais, pois ajudam na tomada de decisões e na revisão de sua prática pedagógica.

Já para o professor de educação física adaptada,Vitor, que também está nessa caminhada no município há 23 anos, a grande dificuldade é fazer as pessoas, de um modo geral, compreenderem a importância da atividade física, da vivência corporal para todos os alunos e não somente como uma área do conhecimento que está a serviço de outra como, por exemplo, a língua portuguesa (quando se desenvolve atividades relacionadas às trocas de letras) e em matemática (quando se trabalha questões de tempo e espaço). O professor acredita fazer a diferença quando desenvolve atividades adaptadas de acordo com as necessidades especificas dos alunos que frequentam o Núcleo. Procura se atualizar constantemente em capacitações, cursos, palestras e reuniões com a equipe. Faz das experiências vivenciadas neste ambiente educacional um grande aprendizado. A partir de atividades que não surtiram o efeito esperado revê sua prática e está sempre se aprimorando em busca de uma educação inclusiva de qualidade.

A monitora Cristina atua no núcleo e na sala de aula há quatro anos junto aos alunos conforme a necessidade. Desenvolve atividades pertinentes a despertar neles a autonomia, independência e mobilidade. Auxilia o professor na sala regular, prestando assistência ao aluno. Está sempre disposta em aprender, faz o melhor. Reconhece que é prazeroso trabalhar neste universo e contribuir para que as pessoas vençam suas dificuldades, superem seus limites. Diz ser gratificante viver/ estar neste contexto com pessoas tão sensíveis e adoráveis.

A diretora Maria, é formada em pedagogia e divide seu tempo entre as atividades que exerce no Núcleo há três anos como professora de AEE e sala de aula regular há 22 anos. É uma profissional comprometida, sempre prestativa e atenta as necessidades de seus alunos. Busca inovar, trabalhar de forma

contextualizada, concreta e lúdica. Não desanima mesmo com os percalços cotidianos, principalmente a distância e a resistência familiar. Sente-se realizada, pois faz o que gosta.

Também faz parte da equipe multidisciplinar mais 03 profissionais, que são 02 fonoaudiólogas e uma psicóloga. Elas fazem a (anamnese) e quando necessário, acompanham os alunos e as famílias no próprio Núcleo. Orientam os professores quanto ao tratamento e a forma de lidar com os alunos incluídos. Quando necessário, encaminham a outro setor da saúde e até fazem o agendamento para facilitar o atendimento. Dependendo da situação atendem e visitam as escolas, possibilitando assim, uma maior integração entre as partes envolvidas no processo educacional viabilizando alternativas, pois é difícil a locomoção dos alunos até um setor de saúde. Dificuldade imposta por diversas razões entre elas, destacam-se a falta de transporte, resistência familiar ou outro obstáculo que impeça o acompanhamento e a avaliação.

O presente artigo proporcionou um resgate de informações sobre a Educação Especial, sua implantação e avanços no decorrer dos anos, com respaldo das Leis e decretos. Além disso, expôs os relatos dos profissionais que atuam no município enfatizando como funciona na prática, a importância do trabalho integrado e articulado entre as partes envolvidas no processo ensino aprendizagem, os percalços, as superações, as vitórias e acima de tudo o acreditar que tudo é possível, apesar dos obstáculos. Desse modo, podemos destacar nas falas desses profissionais o quão gratificante é o trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar do núcleo, professores da rede e o retorno por parte dos alunos incluídos.

REFERÊNCIAS

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Percebemos que mesmo tendo assumido