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No tocante à inclusão social, entendemos que o aluno JP, matriculado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Germano, vivencia o princípio de equidade. Esse fato, a nosso ver, é um aspecto positivo na vida acadêmica do JP e em seu desenvolvimento como um todo, provendo possibilidades inclusivas. O princípio de pertencimento também está ocorrendo, já que JP está tendo oportunidade de ter um laptop para uso próprio, com seu nome.

Dentre os aspectos negativos, consideramos o fato de que muitas aulas do PROUCA ainda são no laboratório de informática e de que a turma teve poucas oportunidades de levar os laptops para casa. Dessa forma, as ações de mobilidade são escassas e ainda ineficientes.

Quanto ao aluno JP e à Inclusão digital, podemos afirmar que, embora as ações sejam incipientes, há um movimento para a inclusão digital, uma vez que a Escola está cadastrada no Programa e tenta implementar suas ações.

Observamos como aspecto negativo quanto aos movimentos promovidos para a inclusão de JP enquanto usuário dos laptops do PROUCA o fato de que esse sujeito vivencia uma frágil, ou quase nula, inclusão digital, tendo em vista que o

princípio de customização não é efetivado em consequência da falta de acessibilidade e da má infraestrutura física da escola, o que provoca dificuldade de acesso à internet. Este fato, por sua vez, prejudica o princípio de conectividade.

Acerca da Inclusão Educacional, podemos concluir que JP ainda está à margem do processo inclusivo. Percebemos que, dentre as diversas ações desenvolvidas, a grande maioria exige leitura e JP, como ele mesmo é enfático em afirmar, não sabe ler. Por si só essa realidade já o exclui. Para o sujeito JP, o laptop disponibilizado pelo PROUCA não lhe permite enxergar direito e, além disso, a maioria das atividades exige leitura, o que dificulta o processo já que, como ele mesmo afirma, ainda não sabe ler.

JP é um aluno que quer saber, quer aprender, mas os caminhos traçados por ele não estão de acordo com suas necessidades. Ele está na escola, sim, porém esta ainda não sabe como lidar com ele.

Entendemos que todos os princípios – mobilidade, conectividade, pertencimento, customização e equidade – são responsáveis pela criação de condições de promoção de inclusão educacional, porém JP pouco está logrando no tocante a cada um desses princípios.

Com base nisso, concluímos que o aluno JP vivencia frágeis situações de inclusão na escola e que o PROUCA tem contribuído de forma precária para sua inclusão e, em certos momentos, tem provocado situações de exclusão.

O aluno S

Embora o princípio de equidade para S esteja garantido, uma vez que o aluno está matriculado, frequentado assiduamente as aulas e o AEE no contra-turno da classe regular, entendemos que S é o que menos têm logrado possibilidades de Inclusão Social. Se tivéssemos de dar um nome a cada sujeito da pesquisa, S para nós seria o solitário.

Esse aluno tem um computador disponibilizado para si, vivenciando ações de pertencimento. Mas não interage com as pessoas, vive em seu mundo, tolhido das relações interpessoais tão importantes para seu desenvolvimento.

De todos os sujeitos que compõem o nicho analítico terceiro ano, o S é o que mais está logrando com a tecnologia, pois, mesmo só, está enfrentando os desafios com muita curiosidade e interesse. Embora o laptop lhe instigue ao desafio, a escola não está sabendo como disponibilizar a tecnologia ao aluno.

As experiências da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Germano são escassas quanto aos princípios de conectividade e de mobilidade apontados neste estudo como condições para a inclusão digital, porém, o aluno tem muito interesse pela tecnologia.

A tecnologia do PROUCA está oportunizando condições de pertencimento, porque S sabe que aquele computador que busca no laboratório de informática serve para ele manusear em aula. É algo que lhe pertence.

Quanto à inclusão educacional, acreditamos que S vive um processo de construção do conhecimento balizado pelo seu ritmo e pelo mundo individual que criou. Acreditamos que S poderá ter muitos ganhos com a tecnologia e as ações que caracterizam o PROUCA, porém somos conscientes de que a escola não apresenta um projeto pedagógico que valorize a tecnologia PROUCA, aliando qualitativamente as interfaces social, digital e educacional da inclusão, e isso, a nosso ver, constitui-se em um aspecto negativo.

O aluno E

Quanto à Inclusão Social, podemos afirmar que E, embora não tenha o apoio dos colegas, pois, muitas vezes, pede auxílio e não é atendido, comunica-se, vivenciando efetivas trocas interpessoais e uma rica interação com os colegas. Tem um

papel social na turma, brinca no recreio, comunica-se durante a entrada, no refeitório e na saída da escola. Nunca está só e, mesmo diante de todas as suas dificuldades cognitivas, está na escola e frequenta o AEE, vivenciando o princípio de equidade, assim como o princípio de pertencimento e mobilidade. E, sabe de seus comprometimentos cognitivos, angustiando-se e desmotivando-se diante do fracasso cotidiano que enfrenta em lidar com a tecnologia.

O sujeito E vive escassas situações de conectividade, pois não possui computador em casa e está tendo muitas dificuldades para acessar o laptop do PROUCA quando este é disponibilizado para ser levado para casa.

O sujeito E não sabe ler e não conhece o teclado, o que tem prejudicado muito seu desempenho no que diz respeito ao uso da tecnologia. Diante da séria realidade de exclusão que E vive, concluímos que este é mais um na lista dos excluídos do mundo digital. A escola e o PROUCA pouco têm contribuído para inclusão digital desse aluno.

Além disso, podemos afirmar que os movimentos para inclusão educacional do aluno E são quase nulos. Dentre os princípios de equidade, mobilidade, conectividade, pertencimento, customização, o único que está efetivamente ocorrendo é o de equidade, porque o aluno E frequenta a escola, interage com os colegas e estabelece trocas sociais. Porém, a tecnologia causa-lhe constrangimento e frustração, deixando de fomentar condições para o aprender e para o incluir. Nesse sentido, é importante mencionar que o PROUCA para o sujeito E, em certas ocasiões, está provocando situações de exclusão, fugindo daquilo para que o Programa foi pensado e proposto.

Nicho Analítico Quarto Ano