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3. Bases de Apoio em Natal/RN

3.2 Resultados

3.2.6 Dificuldades enfrentadas/ Problemas e necessidades especiais

Questionamos os participantes sobre as dificuldades (figura 07) que enfrentam conjuntamente com suas famílias no cotidiano. Tínhamos o objetivo de conhecer a realidade desses jovens e, principalmente, as formas de ajuda (figura 08) buscadas para

Figura 07. Dificuldades

o enfrentamento dessas questões para mapearmos as bases de apoio mais utilizadas.

e acordo com a figura acima, constatamos que 87,7% (n=335) das famílias desses adolescentes e jovens sofrem algum tipo de dificuldade. Destes,

13 enfrentadas no cotidiano 66,87% 2,99% 9,25% 15,52% 18,26% 28,66% 63,88% 49,25% 31,04% 25,45% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Outras Drogas Rel. com a comunidade Violência Rel. parental Álcool Rel. pai/filho Prob. de saúde Desemprego Financeira D

13 Chamamos de dificuldade na relação parental, os problemas conjugais; na relação pai/filho, os

aproxim

xílio:

Podem l. Os

problem essas famílias de forma contundente, como já o

dissem

ra para as dificuldades enfrentadas, e sim um desamparo que sofrem pela ausência de suportes

adamente 20% não procuram nenhum tipo de ajuda para tentar enfrentar suas dificuldades.

Vejamos a seguir as formas de auxílio, em geral, buscadas por aqueles que procuraram au 60,37% 34,81% 32,96% 17,04% 5,19% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Outros Instituições Serviço Saúde Amigos Parentes

Figura 08. Bases recorridas para o enfrentamento das dificuldades

os perceber que o cotidiano dessas famílias é bastante difíci as financeiros afligem

os. No entanto, várias outras dificuldades se somam e se associam às indicadas, tais como os problemas de saúde na família e os problemas de relacionamento na dinâmica familiar. Além disso, encontramos um número alto de jovens que sofrem com alcoolismo na família, aproximadamente 25% das famílias dos participantes.

Essas famílias recorrem com maior freqüência às bases informais de apoio. Essa constatação não indica que tais dispositivos oferecem uma resolutividade segu

formais

tipo de suporte. Indica a existência de laços de solidariedade e linhas

s de zelar pelo bem-estar de seus filhos” (p.64) e como descom

43% dos estudantes, respondeu a essa pergunta fazendo referência a palavras como “policiamento” (ou a falta dele), “brigas”, “violência”, , ou seja, são escassos os recursos e equipamentos sociais disponíveis para essas famílias. As políticas sociais para essa população não respondem às necessidades e são também excludentes.

Não podemos deixar também de sinalizar que a procura pelas bases informais, principalmente em relação à procura de auxílio com os próprios familiares, sinaliza uma maior confiança nesse

de reciprocidade. A existência de uma cultura de ajuda mútua, de apoio nos momentos de dificuldade.

Segundo Peres e Sousa (2002), existe um discurso que permeia a história da assistência às famílias de classes populares no Brasil que as coloca como “incompetentes e incapaze

prometidas no tocante à resolução dos problemas que enfrentam. De acordo com essas autoras, muitos estudos no Brasil têm demonstrado justamente o contrário, que, muitas vezes as situações adversas vivenciadas no cotidiano fortalecem ainda mais os laços afetivos entre as pessoas dessas famílias. Dessa forma, notamos que os dados de Bom Pastor também ajudam a desmistificar a idéia de família-problema e reprodutora do caos social, pois notamos que, dos 270 participantes que declararam procurar ajuda para enfrentar as dificuldades vivenciadas com suas famílias, 170 afirmaram recorrer aos próprios parentes, sendo a forma de apoio mais buscada (60,47%); ou seja, essas famílias parecem se organizar para enfrentar seus problemas, configurando-se como bases de apoio confiáveis.

Um outro dado importante sobre as dificuldades que eles enfrentam em seu cotidiano nos chamou atenção. Quando questionados sobre o principal problema do seu bairro, a maioria, mais de

“morte”, “criminalidade”, “bandidagem”. Ou seja, palavras que remetem à vivência de um cotidiano permeado pela violência.

Além disso, indagamos aos adolescentes sobre a sua satisfação/insatisfação frente a alguns aspectos da infra-estrutura de seu bairro. Os resultados foram os seguintes (figura 09): 61% 69,63% 54,19% 50% 60% 48,69% 53,40% 30,62% 0% 10% 20% 30% 40% 70% 80%

Saneamento Policiamento Equipamentos Sociais

Limpeza Conselho Comunitário

Transporte Urbano

Figura 09. Insatisfação quanto aos serviços públicos

Podemos notar na figura 09 que o policiamento foi o aspecto mais indicado quanto ao item insatisfação. Talvez este dado esteja ligado ao cotidiano de violência vivido pelos jovens desta pesquisa, revelando uma preocupação intensa com a

segurança. Notamos, s incomoda a

popula

e situações violentas, mas também para os demais então, as violências como um dos problemas que mai

ção jovem de Bom Pastor.

A violência, segundo Muza e Costa (2002), baseadas em pesquisa realizada com adolescentes estudantes de 10 a 19 anos de idade em uma comunidade pobre do Distrito Federal, é um dos maiores problemas enfrentados por essa população. Não só para aqueles que são perpetradores d

adolesc

como valores ideais da sociedade moderna; no entanto, tais práticas se expand

ceamento ao âmbito doméstico e o problema do cotidiano violento, citado pelos j

entes, pois, segundo as autoras, provoca medo e faz com que estes se sintam confinados em suas casas. As situações violentas, assim, limitam a circulação dos adolescentes em suas comunidades; os locais públicos para prática de lazer e esportes também ficam dominados pelas gangues e pelas pessoas que agenciam o tráfico de drogas.

Zamora (1999) assinala que nas comunidades carentes têm sido comum encontrar práticas de confinamento e a adoção de um ideário privatista e individual, de valorização do mundo íntimo. Estas concepções são mais comuns nas classes mais altas, adotadas

em nas camadas populares também por medo das situações violentas vividas no cotidiano.

Em nossa pesquisa, constatamos como mostramos anteriormente na seção sobre o lazer, uma busca do espaço doméstico para as práticas de lazer e um fechamento paulatino dos espaços de convivência. Dessa forma, podemos perceber a estreita relação entre o cer

ovens desta pesquisa, como atividades que se retro-alimentam: o confinamento doméstico se configurando como uma estratégia de controle da população, facilitando a expansão de situações violentas. Vimos também que as situações relacionadas à insegurança são vistas como as mais preocupantes no bairro. É provável que esses jovens saiam menos de suas casas a fim de evitar um possível incidente relacionado à criminalidade.