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3 A CULTURA HISTORIOGRÁFICA NA REVISTA DE HISTÓRIA E A DIFUSÃO

3.4 DIFUSÃO EM DIVERSIDADE: os Annales na Revista de História

Todo esse levantamento dos temas e conteúdos impressos na RH completa-se, ainda, com a catalogação empreendida dos autores e das obras citadas, enquanto referência, por cada um dos colaboradores que publicaram trabalhos durante a primeira década de circulação desse periódico. Para tornar exeqüível esse laborioso empreendimento, examinamos as notas de rodapé de todas as publicações impressas pela revista, o que nos possibilitou montar um enorme banco de dados. O critério que utilizamos para extrair essas informações, prezou por catalogar o autor junto com a sua devida obra. Isso significa que as referências feitas, isoladamente, somente em torno dos autores ou das obras, não foram consideradas, salvo

184 ALMEIDA, Antônio Paulino de. Memória Histórica sobre São Sebastião. In: Revista de História, ano IX, X, vol. XVI, XVII, XVIII, XIX, n° 33, 34, 36, 37, 38, 39, 40. São Paulo, 1958, 1959, p. 177-222, p. 425-448, p. 469-514, p. 181-200, p. 419-444, p. 195-208, p. 439-472.

185

LÉONARD, Émile-G. Brasil, terra de História. In: Revista de História, ano I, vol. I, n° 2. São Paulo, 1950, p. 219-228; ________. O Protestantismo Brasileiro. Estudo de eclesiologia e de história social. In: Revista de

História, ano II, III, vol. II, III, IV, V, n° 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12. São Paulo, 1951, 1952, p. 105-158, p. 329-380,

p. 173-212, p. 411-432, p. 165-178, p. 431-476, p. 129-188, p. 403-444. É interessante esclarecermos que ambos os trabalhos tem características e propósitos diferentes. Assim, o primeiro deles trata-se de um texto curto, que permite discutir não apenas a história do protestantismo, mas, também, possibilita observar determinados aspectos historiográficos relacionados ao intercambio cultural Brasil-França. Já o segundo, consiste em um trabalho de maior fôlego, pois, na verdade, trata-se de uma obra clássica, pioneira nesse segmento no Brasil. 186 DEVEZA, Guilherme. Um precursor do comércio francês no Brasil. In: Revista de História, ano III, IV, V, VI, vol. V, VI, IX, X, n° 11, 12, 13, 20, 21-22. São Paulo, 1952, 1953, 1954, 1955, p. 75-92, p. 353-372, p. 123- 142, p. 283-306, p. 209-238.

187 FEBVRE, Lucien. Como foi batizada a Europa? In: Revista de História, ano V, vol. IX, n° 19. São Paulo, 1954, p. 3-16. Tal trabalho é fruto de mais uma das conferências que L. Febvre realizou na FFCL-USP.

quando possível complementar essas informações. Por conseguinte, a classificação de todos esses dados submeteu-se a dois critérios: o primeiro atentou para a origem ou nacionalidade do autor, enquanto o segundo considerou a freqüência com que os seus trabalhos apareceram nos quarenta e quatro fascículos examinados.

Devemos observar, no entanto, que todo esse difícil trabalho exigiu, sobretudo, perseverança e bastante paciência, pois o volume e a extensão do material analisado não apenas intimidavam, mas também causavam uma constante sensação de desânimo. Todavia, vencido esses obstáculos, os resultados mostraram-se muito satisfatórios, uma vez que permitiram avaliar, sob outra perspectiva, a abertura que a revista ofereceu tanto para os

Annales quanto para a historiografia francesa. Tal observação tornou-se possível, na medida

em que pudemos identificar os autores e as obras que mais circularam nas páginas da RH. Essas informações, por sua vez, atendem não apenas aos propósitos estabelecidos para essa pesquisa, mas, também, podem ser de grande utilidade para outros pesquisadores, uma vez que o periódico de onde se extraiu os dados, tinha uma circulação bastante abrangente, como pudemos constatar no capitulo anterior. Tendo em vista tudo isso, certamente, não é exagerado presumir que esse arrolamento apresentado permite, a todos os interessados, ter uma idéia dos autores e das obras que mais repercutiram no campo intelectual paulista e brasileiro.

Alicerçados nesse ponto de vista, construímos mais uma tabela, capaz de demonstrar a procedência das culturas historiográficas e científicas difundidas pelos colaboradores responsáveis por estampar trabalhos na RH. Portanto, consultando os dados arrolados pudemos comprovar que, ao longo de uma década, foram feitas referências a 3.546 diferentes autores, das mais diversas nacionalidades. Dentro desse universo, os franceses apareceram como os mais citados, com uma freqüência de 764 diferentes autores, o que equivale a um índice de 21,55% do total de autores citados (Tabela 12). Tal constatação demonstra, novamente, o quanto foi significativo o espaço que a revista reservou para as culturas historiográficas e científicas francesas. Observando a lista com o nome e as publicações desses autores franceses, mencionados em notas, verificamos facilmente a diversidade de assuntos e campos de saber que foram contemplados nesse suporte impresso (Apêndice H/ Quadro 12). No entanto, como a ampla maioria dos trabalhos impressos na RH situou-se no âmbito do conhecimento histórico (Tabela 8), a maior parte desses autores e obras citadas circunscreveram-se, naturalmente, nesse campo de saber.

Feitas essas considerações podemos, enfim, comentar de forma mais detalhada os

isso, o quadro elaborado permitiu-nos observar que os autores franceses mais citados foram A. Comte, H. Taine, E. Gilson, Saint-Hilaire e H. Harrisse. Respectivamente, seus trabalhos mais mencionados foram: Discours sur l’Esprit Positif, Essai sur Tite-Live, L’Esprit de la

Philosophie Médiévale, Viagens à Província de São Paulo e The Discovery of North América

(Apêndice H/ Quadro 12). Esta última obra, particularmente, destaca-se, ainda, como aquela que recebeu o maior número de referências, dentre todas as obras francesas veiculadas nas notas publicadas nos fascículos analisados. Tal fato pode ser explicado, quando atentamos para dois aspectos importantes: o primeiro é que Harrisse é um americanista, o segundo é o espaço que a história da América ocupou entre as publicações delimitadas no campo do conhecimento histórico. Ambos esses fatores, sem dúvida, colaboraram bastante para fazer com que tanto esse autor quanto a sua obra adquirissem esse lugar de destaque entre os franceses citados como referência pelos colaboradores da RH.

Alguns outros autores e obras clássicas francesas de interesse para a história foram também veiculadas, tais como Matière et Mémoire e Histoire de la Philosophie, escritos, respectivamente, por H. Bergson e E. Bréhier. No campo da historiografia, particularmente, não podemos deixar de comentar as alusões feitas aos clássicos de F. de Coulanges (La Cité

Antique) e J. Michelet (Histoire de France). Nesse contexto, foram lembrados, ainda,

historiadores tradicionais como Ch. V. Langlois (Manuel de Bibliographie historique), Ch. Seignobos (Histoire Politique de l’Europe Contemporaine) e E. Lavisse (Histoire de France

depuis les origines jusqu’à la révolution). Em relação a essa perspectiva historiográfica,

merecem menção, ainda, as citações expostas acerca do clássico Introduction aux Études

Historiques, publicada por Langlois e Seignobos. Tal obra, diga-se de passagem, apareceu,

inclusive, com uma freqüência até razoável nas notas de referência analisadas. Muitos dos professores franceses responsáveis por lecionar na FFCL-USP também tiveram suas obras citadas, como é o caso do sociólogo R. Bastide (Relações Raciais entre Negros e Brancos em

São Paulo), do antropólogo Cl. Léví-Strauss (Tristes Tropiques), dos geógrafos P. Monbeig

(Pionniers et Planteurs de São Paulo) e P. Deffontaines (Geografia Humana do Brasil) e dos historiadores M. Bataillon (Erasmo en España), J. Gagé (Recherches sur les jeux séculaires), E. Léonard (Histoire du Protestantisme) e Ch. Morazé (Trois essais sur histoire et culture) (Apêndice H/ Quadro 12).

Outros autores franceses, responsáveis por colaborarem, com os seus estudos, para o processo de renovação da historiografia francesa, tiveram suas obras difundidas nas páginas desse suporte. Do filósofo H. Berr, por exemplo, apareceu, em mais de uma oportunidade, a sua En marge de l'Histoire Universelle. Por sua vez, de C. Blondel e L. Léví-Bruhl, foram

veiculados, respectivamente, a Introduction à la psychologie collective e La Mentalité

Primitive, duas obras que influenciaram bastante a perspectiva de história das mentalidades

desenvolvida pelos Annales. O sociólogo M. Halbwachs, outro que contribuiu bastante para a construção desse domínio da história, foi lembrado, sobretudo, através do seu Les cadres

sociaux de la mémoire. Já o conhecido E. Durkheim, no entanto, apareceu apenas

timidamente com o seu estudo sobre Le Socialisme, sa définition, ses débuts: la doctrine saint- simonienne. O campo da história econômica, diferentemente, pôde contar com algumas poucas, porém, significativas menções feitas em torno dos trabalhos elaborados por H. Hauser (Les débuts du capitalisme), H. Sée (Origem y Evolución del capitalismo moderno) e F. Simiand (Statistique et Expérience, Remarques de méthode). Dignas de nota, ainda, foram as citações de autores como A. Piganiol e H. Lefebvre, historiadores que se aproximaram bastante do ponto de vista da renovação historiográfica proclamada pelo movimento (Apêndice H/ Quadro 12).

Tratando, especificamente, das obras e dos autores responsáveis por representar, de maneira mais direta, a concepção historiográfica dos Annales, pudemos constatar que houve menções consideráveis. De M. Bloch, por exemplo, apareceram citadas em notas as suas seguintes obras: Apologie pour l’Histoire ou Métier d’historien, Rois et Serfs, Les Rois

thaumaturges, Le caractères originaux de l’histoire rurale française, La société féodale e L’Étrange Défaite. Dentre todas essas, no entanto, a Apologia da História destaca-se como

aquela que obteve uma maior freqüência de citações em meios aos diversos fascículos da RH. De L. Febvre, seu companheiro de combate no processo de renovação da historiografia francesa, referenciaram-se os seguintes estudos: Le Problème de l’Incroyance au XVI siècle, la Religión de Rabelais, Un destin: Martin Luther e La Terre et l’évolution humaine. Além desses trabalhos, veicularam-se, ainda, um prefácio escrito para a obra de Ch. Morazé, assim como um pequeno artigo, produzido em conjunto com H. Berr, sobre a história e a historiografia. Diante de todas essas suas publicações, a obra acerca de Rabelais aparece como a que obteve uma maior quantidade de referências nas notas de rodapé. Herdeiro desses historiadores, e responsável por fazer a transição entre a primeira e a terceira geração dos

Annales, F. Braudel teve apenas a sua tese, intitulada La Méditerranée et le monde méditerranéen à l’époque de Philippe II, difundida por meio das citações impressas nessa

revista (Apêndice H/ Quadro 12). Sem dúvida, a veiculação dessas obras, somada à difusão das principais formulações teóricas e metodológicas dos Annales, são bastante significativas, pois demonstram, concretamente, os tipos de obras e proposições que foram mais propagadas por essa revista.

TABELA 12

REVISTA DE HISTÓRIA (1950-1960)

ORIGEM DOS AUTORES CITADOS, ENQUANTO REFERÊNCIAS, PELOS COLABORADORES DA REVISTA DE HISTÓRIA

Origem dos autores citados Freqüência %

Franceses 764 21,55 Brasileiros 648 18,28 Alemães 355 10,01 Portugueses 271 7,64 Britânicos 238 6,71 Norte-Americanos 231 6,51 Espanhóis 198 5,58 Italianos 186 5,25 Argentinos 48 1,35 Romenos 47 1,33 Russos 34 0,96 Mexicanos 26 0,73 Austríacos 22 0,62 Belgas 21 0,59 Holandeses 15 0,42 Peruanos 14 0,4 Chilenos 13 0,37 Suíços 11 0,31 Bolivianos 11 0,31 Cubanos 8 0,23 Uruguaios 7 0,2 Venezuelanos 6 0,17 Colombianos 6 0,17 Dinamarqueses 6 0,17 Suecos 6 0,17 Tchecos 6 0,17 Húngaros 5 0,14 Paraguaios 4 0,11 Canadenses 4 0,11 Poloneses 4 0,11 Australianos 3 0,08

Noruegueses 3 0,08 Equatorianos 3 0,08 Sul-Africanos 3 0,08 Finlandeses 2 0,06 Açorianos 2 0,06 Turcos 2 0,06 Zelandês 1 0,03 Luxemburguês 1 0,03 Árabe 1 0,03 Guatemalteco 1 0,03 Hondurenho 1 0,03

Autores Clássicos (período antigo e medieval)

87 2,45

Sem Informação 221 6,23

Total 3.546 100

Fonte: Revista de História

Os dados referentes aos brasileiros, como podemos observar, ocuparam o segundo lugar nessa tabela, com 648 autores citados, o equivalente a 18,28% do total de citações, percentual, portanto, menor do que o dos autores franceses. Tal posição, sem dúvida, não deixa de expressar a influência que os modelos intelectuais oriundos da França exerceram sobre essa revista, bem como sobre os colaboradores responsáveis por integrá-la. Seguindo, no entanto, com o exame dos dados arranjados, pudemos constatar que grande parte dos autores e das obras mencionadas nas notas trata-se, na verdade, de clássicos da historiografia brasileira. Dentre aqueles que receberam mais referências, encontra-se a tríade formada por G. Freyre, Sérgio B. de Holanda e Caio P. Júnior, que tiveram, respectivamente, as seguintes obras como as mais citadas: Sobrados e Mucambos e Um engenheiro francês no Brasil (Freire), Monções e Raízes do Brasil (Holanda), Formação do Brasil contemporâneo e

História Econômica do Brasil (Prado Jr.). Outros intelectuais de prestigioso, tais como

Capistrano de Abreu (Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil e O descobrimento do

Brasil), João P. Calógeras (As minas do Brasil e sua legislação), Joaquim Nabuco (Um estadista do Império), R. Teixeira Mendes (Ainda os Indígenas do Brasil e a Política Moderna), Sílvio Romero (História da Literatura Brasileira) e Oliveira Viana (Evolução do povo brasileiro), também foram lembrados com freqüência, junto com os seus respectivos

Todavia, dentro de todo esse universo de autores citados, Affonso d’E. Taunay destaca-se por ter sido o mais mencionado, pois o mesmo teve 37 de suas publicações veiculadas enquanto referência. Sua obra mais difundida nas notas foi a História Geral das

Bandeiras Paulistas, verdadeiro clássico da historiografia paulista e brasileira. Toda essa

expressiva alusão feita em relação a esse autor, talvez, possa ser compreendida melhor, quando atentamos para o espaço que a RH ofereceu para discutir os mais diversos assuntos concernentes à história de São Paulo. Tal ponto de vista ganha mais sustentação, quando observamos as varias outras menções feitas aos autores e às obras que optaram por discutir essa temática. Em meio a esse contexto, a história mítica dos bandeirantes não deixou de ser retratada com bastante intensidade, como podemos constatar através das citações feitas em torno dos nomes de Alfredo E. Júnior (O Bandeirismo Paulista e o recuo do meridiano e

Raça de Gigantes. A civilização do planalto paulista) e Alcântara Machado (Vida e Morte do Bandeirante). Feitas essas considerações, podemos encerrar nossos comentários sobre esses

dados esclarecendo que as obras brasileiras mais mencionadas, dentre todas as listadas, foram dois clássicos: a História Geral do Brasil (Francisco A. de Varnhagen) e a História

econômica do Brasil (Roberto Simonsen) (Apêndice I/ Quadro 33).

Os autores alemães, por sua vez, também apareceram com destaque no levantamento que empreendemos (10,01%), sendo os autores mais citados, dentre eles, os filósofos F. Nietzsche, K. Jaspers, K. Marx e F. Hegel. A obra mais mencionada, no entanto, trata-se das

Travels in Brazil in the years 1817-1820, escrita por dois viajantes, Karl F. P. Von Martius e

Johann B. Von Spix. No campo propriamente historiográfico, foram feitas menções a historiadores importantes, tais como L. Von Ranke (Weltgeschichte), E. Bernheim (Introducción al estudio de la História) e Th. Mommsen (Das Weltreich der Caesaren). Autores como W. Dilthey e M. Weber, por conseguinte, foram também veiculados nas referências através dos seus respectivos trabalhos Hombres y Mundo, En Los Siglos XVI y

XVII e Die protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus (Apêndice H/ Quadro 13).

Dentre os portugueses, responsáveis por ocuparem 7,64% do total de autores citados (Tabela 12), J. Cortesão aparece como o que mais apareceu nas referências, com dezoito menções feitas em torno de suas publicações. Com menos citações, porém, aparecendo também de forma destacada, encontram-se autores como Duarte Leite, João L. de Azevedo, A. Herculano e Manuel P. Merêa. Todavia, a obra portuguesa mais mencionada foi a História

da Companhia de Jesus no Brasil, escrita por Serafim Leite. Tal trabalho, no entanto, foi

seguido de perto, no que se refere a sua freqüência, por outras publicações como a História

Brasil (Carlos D. Malheiro) e a Épocas de Portugal econômico (João L. de Azevedo)

(Apêndice H/ Quadro 14).

Entre os britânicos, responsáveis por ocuparem o quinto lugar nessa tabela 12, com um percentual equivalente a 6,71%, o autor que mais recebeu citações foi o historiador inglês A. Toynbee. Sua obra A Study of History destacou-se, também, como aquela que mais recebeu menções, pois a mesma apareceu em 12 dos 44 fascículos examinados. Outros autores ingleses importantes, como R. Southey (História do Brasil), J. Armitage (História do Brasil) e J. Wawe (Viagens ao interior do Brasil principalmente aos distritos do ouro e dos

diamantes) tiveram, também, seus trabalhos mencionados, com uma freqüência menor,

porém, não desprezível, nas notas publicadas pelos colaboradores do periódico. Embora sem muita expressão em termos de exposição nas referências, chamamos atenção ainda para as citações feitas acerca de algumas obras clássicas, tais como The Idea of History (R. G. Collingwood) e Essay on Carlyle (T. B. Macaulay) (Apêndice H/ Quadro 15).

Continuando com a análise dos dados fornecidos pela tabela, podemos observar que os

autores norte-americanos obtiveram um percentual de 6,51%, número que os aproximaram

bastante dos britânicos (Tabela 12). O autor L. Hanke destaca-se pelo fato de ter aparecido mais ao longo das citações. No entanto, a obra mais mencionada foi Portuguese Voyages to

America in the Fifteenth Century, escrita por Samuel E. Morison (Apêndice J/ Quadro 45). De

acordo com a ordem apresentada na tabela, temos em seguida os espanhóis, com 5,58% do total de autores mencionados (Tabela 12). Dentre esses, Ramón M. Pidal recebeu mais menções, enquanto a obra mais lembrada foi Colección de los viajes y descubrimientos que

hicieron por mar los Españoles desde fines del siglo XV, publicada por Martin F. de

Navarrete (Apêndice H/ Quadro 16). Por sua vez, os autores italianos apareceram com um percentual de 5,25%, índice que os deixa bastantes próximos dos espanhóis (Tabela 12). Em meio a esses números, G. Caraci distinguiu-se por ser o autor mais citado nas notas. Porém, a obra que obteve mais freqüência, foi Américo Vespucci: Studio Critico, elaborado pelo historiador italiano A. Magnaghi (Apêndice H/ Quadro 17). Como bem podemos observar, grande parte desses autores e obras tratou das questões relativas à história da América, campo que ocupou um espaço bastante considerável dentre os conteúdos abordados pelos colaboradores da RH. Sem dúvida, tal fato explica, pelo menos em parte, o número de alusões feitas em torno desses autores e das obras.

Na seqüência dos dados, a freqüência de autores de outras nacionalidades começa a decair sensivelmente e, como resultado, aumenta a diversidade de referências presentes nesse suporte impresso. Coincidência ou não, a queda acentuada desses percentuais ocorre,

justamente, no momento em que os autores latino-americanos começaram a ser apresentados na tabela. A distribuição dos dados dessas referências menos freqüentes foram as seguintes: argentinos (1,35%), romenos (1,33%), russos (0,96%), mexicanos (0,73%), austríacos (0,62%), belgas (0,59%), holandeses (0,42%), peruanos (0,4%), chilenos (0,37%), suíços e bolivianos (0,31%), cubanos (0,23%), uruguaios (0,2%), venezuelanos, colombianos, dinamarqueses, suecos e tchecos (0,17%), húngaros (0,14%), paraguaios, canadenses e poloneses (0,11%), australianos, noruegueses, equatorianos e sul-africanos (0,08%), finlandeses, açorianos e turcos (0,06%), zelandês, luxemburguês, árabe, guatemalteco e hondurenho (0,03%). Tais dados complementam-se, ainda, com autores do período antigo e medievo (2,45%), bem como com aqueles sobre os quais não foi possível obter maiores informações acerca de suas procedências (6,23%) (Tabela 12).

Lançando um olhar comparativo em torno da distribuição desses números, verificamos que mais de 60% dos autores citados em nota provêm do continente europeu, enquanto apenas pouco mais de 20% deles procede de algum país latino-americano. Tal distância entre os dados somente não atinge proporções maiores por conta do grande número de autores brasileiros mencionados. Não fosse isso, o distanciamento entre os autores europeus e latino- americanos tornar-se-ia ainda maior, no que diz respeito às referências expostas nos fascículos da RH. Diante desse quadro, podemos dimensionar de forma mais concreta o lugar que essa revista reservou não apenas para a historiografia, mas também para os demais modelos científicos fornecidos pela cultura européia. Feitas essas explanações, devemos voltar nossas atenções, novamente, para as informações apresentadas na tabela 12. Diante da impossibilidade de um exame detalhado de todos os seus itens, comentaremos somente alguns dos seus dados, com o intuito de respaldar a constituição dessa diversidade de autores e obras referidas na RH.

Partindo, então, para essa breve análise dos resultados, podemos verificar que os autores e as obras mais freqüentes, dessas outras historiografias citadas nas notas, encontram- se, no caso dos europeus, entre os belgas, os holandeses e os suíços. Em se tratando dos latino-americanos, observamos uma maior relevância nas listagens feitas em torno dos argentinos e dos mexicanos. Nos demais itens, tanto os autores quanto as obras apareceram de forma mais esporádica, sendo suas citações muito mais fruto de colaborações específicas do que, propriamente, resultado de menções mais freqüentes, feitas por diversos colaboradores ao longo de vários números da revista. Assim, em relação aos autores belgas, H. Pirenne destacou-se devido ao número de alusões, apresentadas em torno do seu nome e das suas obras (Apêndice H/ Quadro 21). Se levarmos em consideração a influência que esse

historiador belga exerceu perante o grupo dos Annales, as referências tanto a ele quanto as suas obras tornam-se ainda mais significativas. Entre os autores holandeses, ninguém foi mais citado do que J. Huizinga, historiador da cultura, que teve vários de seus trabalhos veiculados nas notas de referência (Apêndice H/ Quadro 22). Dentre os suíços, por sua vez, o mais mencionado foi o historiador J. Burckhardt, que recebeu, também, em relação às obras, o maior número de citações entre os demais autores do seu país (Apêndice H/ Quadro 23).

Indiscutivelmente, entre os argentinos, R. Levillier foi, disparadamente, o autor mais citado. Como se não bastasse, sua obra, intitulada América la bien Llamada, recebeu diversas menções em meio aos diversos trabalhos publicados pela RH (Apêndice I/ Quadro 34). No tocante aos mexicanos, S. Zavala destacou-se como o autor mais mencionado, ao mesmo tempo em que a obra sobre Fray Bernardino de Sahagún, escrita por Luís Nicolau d’Oliver, distingue-se das demais pelo número de referências recebidas (Apêndice I/ Quadro 35). Todavia, o exame dos dados dispostos nessa tabela encerra-se, somente, com os comentários em torno dos autores clássicos, que viveram e escreveram no período antigo e medieval. Em relação aos mesmos, pudemos constatar que a sua grande maioria é composta por romanos e gregos, embora seja possível encontrar, também, autores de outras partes do mundo, tais