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4.1 ANÁLISE DOCUMENTAL

4.1.3 Dimensão ambiental – Certificação ambiental

Em comentário a dimensão ambiental, Elkington (2012) aduz, que o importante é manter as práticas de produção adequadas como por exemplo: mitigar a emissão de poluentes e o descarte de matérias-primas entre outras.

Em análise sob a perspectiva da dimensão ambiental nos processos da Unipampa, foram encontrados os seguintes resultados.

As certificações auxiliam as instituições a comprar produtos com aspectos ambientais, além de diferenciar um produto tradicional de um produto sustentável. O mercado disponibiliza diferentes formas de rotulagem ambiental, algumas são administradas pelo

governo, outras por organizações não-governamentais ou por empresas privadas. Os critérios são baseados no ciclo de vida dos produtos e outros no impacto ambiental. Assim, as certificações cumprem o papel de atestar as características de determinado produto com relação ao seu processo produtivo.

No Brasil, os programas mais conhecidos são os de certificação florestal, pois, servem para comprovar se uma empresa está comprometida com o uso responsável dos recursos naturais. O selo Forest Stewardship Council (SFC) representa uma organização internacional não governa- mental, sem fins lucrativos e com sede na Alemanha, ela é composta por entidades ambientalistas, pesquisadores, produtores de madeira, comunidades indígenas, populações florestais e indústrias. A ela compete verificar se as empresas obedecem aos principais critérios para obtenção da certificação. Já, o selo Certificação Florestal (CERFLOR), conhecido como ABNT/CERFLOR, passou para a responsabilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), juntamente com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que avaliam os aspectos relacionados ao manejo florestal e à cadeia de custódia e à conformidade com os indicadores elaborados por essas instituições.

Existem outras rotulagens ambientais, como, por exemplo, o selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) que estabelece os índices de consumo de energia e desempenho dos eletrodomésticos, ajudando o consumidor a optar por um produto mais eficiente, e, dessa forma, estimular o consumo sustentável de energia, economia de luz e, consequentemente, à sustentabilidade do planeta. Produtos com esse selo promovem a economia de energia e a diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa (ELETROBRAS, 2017).

Os Selos supracitados são os principais que a administração faz uso. Diante do exposto, nos editais analisados, observou-se que a dimensão ambiental – Selo/Certificações, foi atendido no PE 40/2019, item 28, papel vegetal, tamanho A4, gramatura 90g/m2, características adicionais: Certificação Forest Stewatdship (FSC) ou do conselho de manejo florestal. Embora o item não faça menção especifica a qual normativa refere-se, fica entendido que é a Lei Geral das licitações 8.666/1993, conforme regramento no cabeçalho do edital, utilizadas em todos os processos licitatórios da Unipampa.

Estudo semelhante sobre rótulos ecológicos foi apresentado por Carlson e Palmer (2016) sobre empresas florestais e pesqueiras em desenvolvimento na Bolívia, Equador e Argentina. Como resultados desse estudo de caso, foi identificado o uso de certificações como Certicação Forest Stewatdship (FSC) e Maine Stewardship Council (MSC). Segundo os

autores estas certificações justificam o custo, pois, promovem o conhecimento e a conscientização do produtor sobre os recursos a serem explorados, levando em consideração a manutenção desses para utilização ao longo prazo.

Na administração pública, embora tenha respaldo normativo para contemplar certificações ambientais em seus processos de compras, a aderência é muito pequena, como foi demonstrado pela pesquisa promovida com mais 125 instituições públicas, sobre a relação de critérios prioritários sustentáveis mais utilizados nas instituições pesquisadas. A solicitação de selos ficou por último no ranking dessa pesquisa (ICLEI, 2020), resultado semelhante foi encontrado no estudo de Paes et al. (2019), no qual somente 10 % das instituições pesquisadas citaram as certificações como exigências sustentáveis utilizadas em seus processos de compras, evidenciando o pouco uso desse instrumento na administração.

Foi possível perceber, durante a análise documental a aplicação da dimensão ambiental proposta por Elkington (2012), somente no PE 43, item 2 “Copo plástico”, no descritivo do item encontra-se o seguinte regramento: o produto deve atender as normas da ABNT, já para o PE 40/2019 item 28 “Papel A4” foi solicitado no descritivo: certificação FCS ou certificação de Manejo Florestal, a menção desse regramento encontra respaldo nas entrevistas, quando 30% dos entrevistados responderam que o único critérios contemplado pela sua unidade são a solicitações de Selos: para papel A4 ou no Registro na Anvisa para medicamentos, pesquisas realizadas pelos autores Filippini et al. (2018) e Carlson e Palmer (2016) corroboram com esse entendimento. Dessa forma concluísse que a universidade não adota na íntegra, medidas destinadas a estimular a proteção ao meio ambiente o que configura um desafio a ser atingido pela instituição em relação a esse requisito.

O critério sustentável referente aos “bens constituídos, no todo ou em parte, por material reciclado, atóxico ou biodegradável” (IN 01 2010) não é contemplado na maioria dos editais pesquisados. A autora observa que a partir do ano 2016, quando foi criada o Plano de Logística Sustentável (PLS), a Universidade não adquiriu mais copos descartáveis, substituindo-os por copos de vidro, induzindo dessa forma os servidores na mudança de atitude em relação ao consumo sustentável.

Essas ações estimulam o alcance de resultados positivos a partir do Triple Bottom Line (econômico, social e ambiental) (ELKINGTON, 2012). Adverte-se que muitos outros critérios poderiam ser atendidos pela instituição, promovendo maiores contribuições sociais, econômicas e ambientais, atribui-se a isso a falta de conhecimento sobre o tema e das legislações.

As Universidades são amparadas por políticas, tecnologias, processos, pessoas e cultura própria, e o desenvolvimento sustentável pode ser promovido de várias formas, através do planejamento, gestão, desenvolvimento, ensino, pesquisa, extensão entre outros (WEENEN, 2000). Quando critérios sustentáveis são contemplados em seus processos, as instituições atuam como promotoras de mudanças e transformações para mercado e sociedade (GAZZONI; SCHERER; HANN, 2018).

Verifica-se que a administração não poderá ficar alheia a esses regramentos, sua participação na promoção do desenvolvimento nacional sustentável é imprescindível. O Plano de logística sustentável da Unipampa foi instituído em junho de 2016, bem como sua Comissão Gestora, responsável pela execução, monitoramento, avaliação, revisão e publicações de relatórios. Foi feita uma busca no sítio web da instituição e não foi encontrado material sobre o assunto.

No próximo tópico passa-se a analisar os dados obtidos através da técnica de entrevista.