A dimensão formal e vivencial na busca por conhecimento pessoal UC

Dos resultados encontrados após as etapas de categorização e a partir da análise dos dados foi evidenciada a partir dos relatos dos entrevistados a importância das experiências vivenciais tanto em nível pessoal quanto em nível profissional para a obtenção de conhecimentos. Os entrevistados entendem que o conhecimento é adquirido pela prática ao longo do tempo no exercício da função e nas vivências pessoais. Um exemplo pode ser encontrado na fala abaixo:

“Há quilômetros de distância entre o teórico e o prático. Você só vai absorver o conhecimento escutando o barulho, tendo percepção de layout, de tamanho. Tem vários detalhes que você estudou de forma solta dentro da faculdade e agora é no campo, é na área que você vai juntar isso. Isso vai começar a fazer o diferencial. Se você se forma e você vai se socar no virtual , num lugar

qualquer, você com certeza não vai consolidar o que aprendeu. E muito pelo contrário , vai esquecer ainda mais e você vai continuar ali no computador vendo tudo em 3D lindo, maravilhoso, mas totalmente diferente da percepção.”(EUC005)

Nota-se também que os entrevistados reconhecem os colegas mais velhos, com mais tempo de trabalho na empresa, como os mais experientes, além de observarem que os conhecimentos vivenciados ao serem compartilhados podem servir de exemplo aos demais colegas. O que nota o entrevistado EUC002:

A grande diferença do jovem para o experiente, para o antigo, o que que é? É justamente a experiência. Eu estou aqui dentro mais tempo que você, então eu conheço uma série de atalhos que você não conhece. Claro, você não é burra, se você não conhece vai cavucar e achar os seus caminhos. Mas, às vezes você perde tempo demais. [...] Conforme você vai ficando tempo em um lugar você vai aprendendo essa coisa. [...] Você chega nova tem muito a aprender aqui dentro, mas eu sei também que você tem um monte de coisa pra me ensinar. (EUC002, l. 329-333, p.10)

A maturidade é levantada pelos sujeitos ao citarem que o conhecimento é adquirido ao longo do tempo na execução da função que exercem na organização e também pelas vivências pessoais. Os entrevistados reconhecem a maturidade como elemento para aquisição e compreensão de determinados conhecimentos, pois em certos estágios da vida o indivíduo pode não estar preparado para entender sobre determinado assunto que lhe é apresentado, mas que posteriormente com o tempo e a experiência este conhecimento pode ser mais bem agregado. No que tange este aspecto pode-se evidenciar a fala do entrevistado EUC001 para ilustrar o exposto:

“Talvez porque você lida com isso numa fase mais madura da sua vida, né. Entrei na faculdade com 18 anos, 18, 19 anos. É... cabeça ainda um pouco imatura, inexperiente. Então, acho que até pra entender, no caso meu de economia, né. Ate pra entender aqueles conceitos, né, você, assim absorve, mas de uma forma, assim, muito imatura. Com o passar do tempo, né, um pouco mais de maturidade pessoal, profissional, intelectual, ou sei lá o que que for.”(EUC003, l.377-383 p.12)

Desta maneira, segundo os entrevistados este conhecimento agregado ao longo do tempo se torna experiências práticas que podem ser utilizados e compartilhados com outros indivíduos.

O processo de compartilhar experiências também foi outro aspecto considerado pelos sujeitos entrevistados. Para estes a transmissão do conhecimento tácito se manifesta através do compartilhamento de vivências e descobertas pessoais, de modo informal, ou através da ilustração de teorias a partir de exemplos práticos. O fragmento abaixo pode exemplificar o exposto:

“É, eu trabalho aqui dentro do escritório. E dou aula de uma disciplina que é lá na ponta. Se eu não tiver lá na ponta vendo , observando, participando lá. Que que eu vou falar? Teoria? Então acho que assim, eu sou instrutora de disciplina. Eu tenho que está na área vendo. Eu preciso falar com mais propriedade aquilo que, ne, que é a realidade da empresa. Então acho que essa. Se eu não quisesse. Se eu quisesse ficar no computador lendo a aula ia acontecer do mesmo jeito. Mas, eu acho que talvez este interesse pessoal de ver como é que as coisas acontecem pra trazer isso pra sala de aula é do meu perfil, do quanto. Talvez essa gestão do conhecimento pessoal que você está falando seja isso, né. Eu preciso ir lá na área ver. Pra eu falar se aquilo é assim ou assado eu vou lá ver. E a gente faz muito isso aqui.”(EUC006, l. 120- 130, p.6)

Esta transmissão do conhecimento se manifesta nas relações de trabalho, no desempenho da função quando um colega compartilha com outro suas práticas e na atividade docente quando o professor compartilha com os alunos sua vivência ilustrando a teoria a partir de exemplos práticos vivenciados por ele.

O conhecimento formal relatado pelos docentes para aquisição de conhecimento se manifesta quando estes buscam atualizações na área de atuação, ou quando a organização disponibiliza algum curso de interesse, sendo ainda evidenciado mais a dimensão vivencial na aquisição do conhecimento pelos docentes da UC.

A busca de qualificação formal segundo os sujeitos entrevistados acontece por iniciativa própria ao buscar cursos internos e externos a organização, ler artigos, ler livros, realizar pesquisas, participar de congresso e seminários, e investir na formação acadêmica.

“É, assim, na prática? Com artigos. Com revistas. Com livros. Fazendo cursos.” (EUC006, l.88-89, p.5)

É, principalmente leitura e pesquisa. Eu voltei de férias tem duas semanas. Passei minhas férias lendo uns quatro, cinco livros que eu não consegui ler no semestre passado e de áreas bem variadas com o objetivo de obter algumas informações. (EUC005, p.10, l. 327-333)

As categorias encontradas serão apresentadas seguindo o modelo proposto por Thomas (2006) apresentado no capítulo Metodologia. A seguir o Quadro 13 exemplifica a categoria “A dimensão formal e vivencial na busca por conhecimento pessoal UC”:

Quadro 13 - A dimensão formal e vivencial na busca por conhecimento pessoal UC Código Rótulo da

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cat1 A dimensão formal e vivencial na busca por conhecimento pessoal Os docentes adquirem conhecimento pessoal a partir das vivências e de cursos de atualização.

“Acho, é, acho que a própria experiência de vida vai te ensinado alguma coisa. Você agrega experiência, observações do mundo, com seu conhecimento teórico, com a sua formação. Bem ou mal você começa a entender melhor as coisas, né, como funciona na sua vida pessoal, na sua vida profissional e vai aplicando isso.”(EUC003, l. 178-183, p.7)

“Olha, eu faço muitos cursos. Sou uma pessoa que faz muito curso, muito curso mesmo. [...] Assim, não consigo ficar sem. Eu tenho uma necessidade de ampliar horizontes, de conhecer perspectivas diferentes, de ver coisas diferentes muito grande. Isso pra minha vida. [...] Leituras também. Até porque os cursos demandam muita leitura e acaba sendo também através de leitura. [...] Eu faço cursos em várias áreas, em várias coisas diferentes.” (EUC004,l. 96-105, p.5) sub_cat1.1, sub_cat1.2. sub_cat1.1 O estágio de maturidade pessoal na aquisição de conhecimento Há um estágio de maturidade pessoal necessário para se agregar certos conhecimentos mais complexos

“A questão toda é que nós ainda não temos todos estes mecanismos. A gente perde oportunidades, né, de registrar, de anotar, de ... às vezes, também, de refletir sobre aquilo que você ouve, né. Se aquilo é importante ou não. Às vezes a gente deixa passar, né, uma coisa importante. Porque também nós não temos essa ... muitas vezes porque não temos a maturidade ainda. A formação suficiente pra identificar o que é mais importante.

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Isso em qualquer estagio. ”(EUC001, l. 508-513, p.15) sub_cat1.2 A vivência serve de exemplo O conhecimento é transmitido através de exemplos vivências

“Então, assim, eu acho que esta questão de gestão do conhecimento pessoal que eu uso ela é muito pra ilustrar aquilo que a teoria, né, aquilo que os modelos querem nos transmitir, né. Então, assim, até pra ter alguma, até pra aquilo ser mais efetivo, aquela transmissão do conhecimento, né. (EUC003, l. 422-425, p.13)”

cat1

Fonte: Dados da pesquisa

5.3.2.2. O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal