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O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal UT

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5. ANÁLISE DOS DADOS

5.2. Análise de dados: Universidade Tradicional

5.2.2. Descrição das categorias UT

5.2.2.2. O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal UT

Para os entrevistados da universidade tradicional a organização influencia na busca de conhecimentos individuais que estejam relacionados aos objetivos e metas organizacionais assim como conhecimentos relacionados ao exercício das atividades, como descrito nas falas abaixo:

“A organização? Eu acho que ela tem uma certa influência sim, porque ela enquanto organização com seus objetivos , suas metas, estratégias, etc. ela vai solicitar da pessoa um certo conhe... ,vamos falar assim, um certo conhecimento, né? E esse conhecimento a partir do momento que a

organização pede a pessoa tem que está pronta pra responder, senão ela não vai está trabalhando de forma competitiva. Então é, eu acho que sim, a organização ela direciona alguns conhecimento que a pessoa deve adquiri, sim.” (EUT001, l.161-167, p.7)

“[...] A primeira influência, que o fato de você estar numa empresa tanto ela sendo a (nome) como sendo uma [empresa] privada [...] Eu tenho uma função, eu tenho um papel a cumprir e esse papel pressupõe um tipo de capacidade, competência, conhecimento. Um tipo de competência. Então o simples fato de eu assumir um papel, pressupõe a necessidade de busca de uma competência, de algo que eu preciso ter. Então os meus conhecimentos vão estar focados naquela profissão que estou exercendo. [...] Na universidade, eu estando aqui, é totalmente, tipo assim, eu vou focar o que eu estou ministrando nas disciplinas. [...] As instituições diretamente elas podem te apoiar no desenvolvimento.” (EUT002, l.299-313, p.10)

Por se tratar de uma instituição pública em que o ingresso se dá por meio de concurso público de provas e títulos, há indícios na fala dos docentes que a organização influencia na busca por conhecimento em um momento anterior a contratação do indivíduo, ao lançar o edital de processo seletivo, já que os indivíduos que desejam ingressar na organização buscam conhecimentos necessários à função que irá exercer a partir das exigências constantes no processo seletivo como, por exemplo, algum conhecimento prévio ou titulação para executar a atividade. Diante deste aspecto destaca-se a fala do entrevistado EUT004:

Você que adere a organização, entendeu. Você aderiu a organização. Porque? Eu escolhi fazer concurso pra (nome), ou eu tive, através dos meus conhecimentos achei que eu era capaz de fazer uma prova [...]. Então eu acho que é muito mais, as instituições elas estão aí, soltas. E você vai de encontro a elas. [...] A (nome) não foi bater na minha casa “(Nome) vem aqui” Então eu acho que na verdade o indivíduo vai fazer esta gestão do conhecimento para ir ao encontro da organização. (EUT004, l.370-387 , p.12)

Nota-se ainda um segundo momento, após o ingresso do indivíduo na organização, em que os entrevistados reconhecem que não há uma solicitação formal pela organização de busca de conhecimento e aperfeiçoamento dos docentes, partindo da iniciativa do próprio docente de adquirir novos conhecimentos relacionados ao

exercício das atividades e ao aperfeiçoamento na carreira. Esta consideração é notada no fragmento abaixo:

Olha, a instituição não me faz buscar conhecimento quase nenhum. Quando que ela me faz? Só quando ela me cria, por exemplo, uma oportunidade de trabalho extra que é a EAD. [...] Ás vezes aqui quando aparece, também, a instituição que me faz buscar conhecimento é porque alguma coisa deu errado. [...] (EUT005, l.315-320 , p.11)

Apesar da não exigência formal de busca por conhecimento os docentes reconhecem que caso tenham interesse em se aperfeiçoar por iniciativa própria a organização oferece subsídios necessários para que isso ocorra como auxilio financeiro no custeio de diárias, inscrições, etc., e também concede em alguns casos a possibilidade do indivíduo se ausentar através de licença no caso de cursos de longa duração.

Então são coisas que de certa forma eu busco não é nenhuma imposição que a universidade faça, né. E a universidade também ela me propõe algumas oportunidade de participação em eventos e tal. Eu acho que vai muito, aqui especificamente da (nome) é... Eu acho que vai muito da iniciativa do docente, né. De está buscando. [...]. O que eu vejo é que a universidade te dá meios pra você fazer isso, né. Então você busca uma formação e tal e você tenta na universidade buscar formas de apoio, diárias, passagens, por exemplo. Assim, tinha me liberado, por exemplo, pra fazer o doutorado. Uma liberação, um afastamento, né, parcial ou afastamento total. Mas, assim, imposição da (nome) eu não vejo, não vejo. (EUT003, l.146-157 , p.6-7)

Deste modo também é reconhecido pelos entrevistados que apesar dos meios fornecidos pela instituição, a busca de conhecimento pessoal para o exercício da função se deve partir da iniciativa própria e é inerente a carreira docente, como relata o entrevistado EUT007:

Você tem o outro lado, né. A gente, é, eu vejo muito pelo lado dos professores aqui, né. Às vezes tem uma reclamação assim “Ah, o governo não ajuda a gente. Não dá incentivo pra titulação, pra buscar, né.” E volta e meia o governo até faz . Agora mesmo está fazendo alguns incentivos pra pessoas que não tem o doutorado fazerem o doutorado. É, eu entendo que esse incentivo ele é desnecessário porque tem que ser do, da pessoa buscar isso, né. A pessoa

que entra numa carreira acadêmica e entende que o mestrado, o mestrado hoje virou um caminho de passagem, né. Quer dizer, é obrigatório hoje você ter pelos menos um doutorado, né. Então, assim, não vejo a necessidade do governo incentivar, né. [...] Isso aí no serviço público eu tenho, assim, a instituição está te dando já o tempo, né, o acesso, você tá com o emprego garantido e quando você voltar você vai ter um aumento de 60%. Eu acho que isso aí pra mim já é incentivo de sobra pra, pra você fazer um doutorado, né. É, então, assim, deste ponto de vista eu entendo que da carreira do, a gente aprende, né, na carreira da gente que a gente tem que buscar o tempo inteiro. (EUT007, l. 168-187, p.8)

Os entrevistados ainda apontam certo grau de liberdade em relação à escolha dos temas, pois apesar da organização direcionar alguns conhecimentos por conta das disciplinas atribuídas a cada docente, também possibilita a autonomia para que o docente busque novos conhecimentos em outras áreas.

Em alguns aspectos ela me apresenta alguns temas, como esse da universidade, por estar em um cargo de gestão. [...] Do ponto de vista, do outro ponto de vista é interessante que ela não, não vou dizer que ela coloca as temáticas. Mas ela permite, né, por esse processo de você fazer projetos, dar aula, dar cursos. Ela permite que você tenha alguma flexibilidade que você vai escolhendo temáticas, né, e vai evoluindo, vai fazendo uma carreira a partir disso. Então, assim, a instituição, ela é importante sem dúvidas. [...] Isso até do ponto de vista pessoal foi, é, a minha decisão de fazer concurso, de vir pra universidade, é, tá muito ligada a isso. (EUT007 , l.376-397 , p.12-13)

Porém, os docentes destacam que deve haver uma sinergia entre os interesses pessoais e organizacionais na busca do conhecimento como nas seguintes passagens:

Eu tenho meus interesses de conhecimento, né?. E as organizações têm. Às vezes eles são comuns e às vezes são conflitantes. Aí o que tem que fazer é cada um faz a sua gestão do conhecimento e o que tiver conflito negocia. (EUT002, l. 194-197, p7-8.)

Agora quando chega na organização, a organização, aí sim, ela tem que trabalhar aquele conhecimento do indivíduo para os seus objetivos e pode juntar isso. O que? Os meus interesses pessoais, do (Nome), com os interesses institucionais, entendeu. Então quando você tem uma sinergia, uma sintonia entre estes dois elementos a coisa acontece. Mas, normalmente é difícil de

acontecer isso, né. Porque nós temos tido diversos interesses e as instituições têm outros interesses. Muitas vezes tem um, digamos assim, tem um embate entre aquilo que você deseja pessoalmente e aquilo que você pode representar ou que a instituição espera de você. (EUT004, l.387-395 , p.12)

Porque primeiro, nem sempre a gestão do conhecimento que é típico ou necessário para a pessoa vai estar de acordo com os interesses da organização, da instituição ou vice-versa, ok? Muitas das vezes eu faço ou desenvolvo um projeto de pesquisa muito mais pessoal do que ele vem a atender aos interesses institucionais. (EUT004, l.178-182 , p.7)

Encontra-se também nas falas indícios de que a organização precisa de mecanismos de retenção para que o conhecimento gerado pelos indivíduos fique retido na organização e possa ser perpetuado para que não se perca ao longo do tempo.

Porque hoje eu atuo aqui na (nome), mas de repente no momento que eu sair daqui e a organização ela tem que ter uma gestão desse legado que eu deixei na minha experiência, entendeu? E isso termina virando prática pra outras pessoas. Então acho que, acho que é meio termo. Acho que é um componente individual, mas tem um componente da organização também. (EUT003, l 89- 93., p.5)

A organização ela deve incentivar as pessoas a se auto desenvolverem, mas ao mesmo tempo, também, ela tem que proteger uma série de ... de conhecimentos. Que ás vezes o conhecimento é gerado ali dentro. [...] Então o ideal é você conseguir balancear isso, né. [...] E aí é uma forma de você equilibrar. Você sabe que o conhecimento tá na pessoa, mas a organização também não fica, é, digamos assim, refém. Não inverte. [...] . Agora, é, a gente está tentando achar um outro equilíbrio aí ,também, pra não ficar, a pessoa vai embora e a gente perde o processo. Não pode ser assim. (EUT007, l.104- 155 ,p.6-7)

O Quadro 9 sintetiza a ideia central da categoria “O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal UT”.

Quadro 9 - O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal UT Código Rótulo da

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Cat2 O papel organizacional na busca por conhecimento pessoal A organização oferece os meios necessários para se buscar conhecimento, porém não há mecanismos formais de exigência. A iniciativa parte do indivíduo.

“Então são coisas que de certa forma eu busco, não é nenhuma imposição que a universidade faça, né. E a universidade também ela me propõe algumas oportunidade de participação em eventos e tal. Eu acho que vai muito, aqui especificamente da (nome) é... eu acho que vai muito da iniciativa do docente , né. De está buscando. [...]. O que eu vejo é que a universidade te dá meios pra você fazer isso, né. Então você busca uma formação e tal e você tenta na universidade buscar formas de apoio diária, passagem, por exemplo. Assim, tinha me liberado, por exemplo, pra fazer o doutorado. Uma liberação , um afastamento ne parcial ou afastamento total. Mas, assim imposição da (nome) eu não vejo, não vejo.” (EUT003, l.146-157 , p.6-7)

Fonte: Dados da pesquisa

5.2.2.3. O entendimento da gestão do conhecimento pessoal pelos

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