Dimensão pessoal

Dentro da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, o CTI 1 informou que “na parte de informática é um conjunto humano pequeno. Esse sim, bastante insuficiente para trabalho com as áreas de manutenção e desenvolvimento”, demonstrando que há um sério problema nesta dimensão do domínio infraestrutura.

Um dos pontos mais citados por todos os GM, foi a questão do treinamento que deve ser repassado e a importância de se trabalhar pautado nisto.

“É fácil visualizar que há uma necessidade por treinamento, muitas pessoas que trabalham diretamente com a gestão da prefeitura ainda precisam entender melhor o funcionamento da tecnologia e como esta poderia auxiliar na melhoria dos serviços que são prestados”. (GM 1).

Além disso, também se denotou o fato de que em algumas situações a TI poderia auxiliar bastante em atividades administrativas, mas o pessoal não se utiliza daquilo que está disponível.

“Muitas vezes, depois de um ano, dois, que nós estamos com determinado sistema, a gente percebe que uma coisa básica a gente tava perdendo, que tinha dentro do sistema, então aonde acho que um treinamento é primordial”. (GM 2).

Os CTI também corroboraram que não basta ter a tecnologia mais evoluída, se não há um treinamento para quem vai utilizar a ferramenta, sendo este último um fator indispensável. Os gestores apontaram que os investimentos em capacitação não deveriam ser aplicados apenas em tecnologia da informação, mas também no uso de sistemas processuais. No caso da Prefeitura estudada, buscou-se, por meio de parcerias, reduzir custos com treinamentos específicos.

“Fizemos também parceria com a Faculdade de Juazeiro do Norte, pra treinamento. Eles têm lá uma sala de expertise dentro da área de contabilidade, e a gente levava alunos deles pra gente, e levava funcionários nossos pra treinar esse pessoal principalmente em área de arrecadação, sempre em função de ISS, de IPTU e algumas áreas mais específicas; então essas parcerias ajudaram”. (GM 2).

Ademais, o extenso reclamo do CTI 3 mostrou a falta de estímulo a atividades importantes, como, por exemplo, o desenvolvimento de sistemas, como fator degradante ao aproveitamento do talento humano local.

“Eu tenho mais de 15 anos de prefeitura, no começo eu incentivei, tentei formar equipe, foi formada uma equipe pra desenvolver o sistema de folha, de gestão também e nada, funcionou durante um determinado tempo depois parou de funcionar. Aí o incentivo é esse, é incentivar o próprio funcionário a estudar, se preparar entendeu? O município não dá esses incentivos, infelizmente”. (CTI 3).

Desta forma, mesmo que se atente à questão de necessidade de treinamentos, o componente pessoal sofre, pois, a mão de obra disponível não tem estímulos a atividades importantes como o desenvolvimento de sistemas.

O quadro 18 busca sintetizar os aspectos mais relevantes vistos nesta dimensão, no ponto de vista dos GM e dos CTI.

Quadro 18: Aspectos importantes da dimensão pessoal resgatados em campo.

Gestores Municipais Colaboradores de TI

Notória necessidade de treinamentos específicos Escassez de mão de obra na área de TI

Notória necessidade de treinamentos específicos Realização de parcerias para alguns treinamentos Falta de incentivos para realização de trabalhos

internos

Nesta dimensão ainda é possível perceber que ambos os grupos entrevistados acreditam na necessidade de treinamentos específicos para todos os funcionários, sendo até realizadas parcerias para isto. Entretanto, os GM não demonstraram preocupações efetivas com problemas graves como a escassez da mão de obra da área de TI ou a falta de incentivos para a realização de trabalhos internos, menções consideradas primordiais para os CTI, gerando um contraponto entre estas visões.

Ora, segundo o modelo de gestão municipal baseado na utilização estratégica de recursos da tecnologia da informação proposto por Leite e Rezende (2010), é fundamental que haja uma ligação entre as funções atuantes na gestão do município, para que assim a gestão da TI possa alcançar melhores resultados, fato não verificado na Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

Desta forma, fazendo um apanhado de todos os quadros apresentados, neste domínio, foi elaborada a figura 29, baseada no confronto daquilo que foi apresentado pelos GM e pelos CTI sobre a questão da infraestrutura de TI.

Figura 29: Confronto das opiniões dos entrevistados sobre o domínio infraestrutura de tecnologia da informação.

Hardware Gestores Municipais e Colaboradores de TI concordam quanto à insuficiência de equipamentos e que há uma má gerencia destes

Software Gestores Municipais aparentaram não conhecer o elemento e os Colaboradores de TI veem problemas voltados à gestão Pessoal Ambos os grupos concordam que os treinamentos são relevantes, mas os Colaboradores de TI reclamam de não incentivos técnicos Serviços Gestores Municipais apontaram que há um grupo de funcionários concursados voltado a gerenciar serviços, ao passo que os CTI parecem não ser considerados

Redes e banco de dados

Gestores Municipais têm pouca noção destes assuntos, enquanto que os Colaboradores de TI citaram problemas estruturais destes componentes Infraestrutura de TI

Em síntese, baseando-se na análise das opiniões coletadas junto aos CTI e aos GM, foi elaborado o diagrama associável à análise do domínio infraestrutura de TI para suporte às atividades da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, o qual pode ser visualizado na figura 30. Em linhas gerais, este contempla todos os itens padrão de uma modelagem de gestão eficiente, carente, contudo, de real verificação dessa prática.

Figura 30: Síntese das impressões dos entrevistados sobre o domínio infraestrutura.

Findado o escrutínio do 1º domínio, parte-se para a observação sobre os papéis processuais da TI nas atividades administrativas na Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.