3. DESENHO METODOLÓGICO
3.2 Prestações de Contas e os Aspectos Qualitativos da Informação
3.2.2 Instrumento de pesquisa Prestações de Contas e os aspectos qualitativos da
3.2.2.1 Dimensão da Relevância
Incialmente, para considerar a relevância no âmbito das prestações de contas é preciso antes verificar a disponibilidade que a informação deve ter para influenciar na tomada de decisão no CES. Na hipótese da informação ser tempestiva é possível realizar predições e confirmações acerca do quadro da saúde pública. Seguindo essa linha considera-se que a
Tempestividade (i) Indicador
Características Qualitativas de Melhoria
Periodicidade
Variáveis
Periodicidade de disponibilização dos relatórios Disponibilidade do relatório em análise
Variáveis
Retificações orçamentárias
Previsão de recursos compreendidos no PPA
para área de saúde
Divulgação dos pontos que necessitam de
melhorias Divulgação de prioridades para destinação
de recursos financeiros
Representação Fidedigna Indicadores
Valor descritível e mensurável Neutralidade Precisão
Conteúdo
Característica Qualitativa Fundamental (ii) Materialiadade
Indicadores
Dados quantitativos Grau de itemização dos dados
quantitativos
Relações entre a SES e o Conselho de Saúde
Planos e expectativas relevantes da administração
Variáveis
Evidenciação da aplicação dos recursos financeiros
Especificação da fonte dos recursos financeiros
Participação das decisões do Conselho nas decisões da Secretaria de Saúde
Planos e expectativas relevantes da administração
Características qualitativas fundamentais Característica Qualitativa Fundamental (i)
Variáveis
Confronto dos resultados obtidos com as metas estabelecidas para a área de saúde Valor preditivo
Prioridade para destinação de recursos financeiros
Relevância Indicadores
dimensão da relevância possui dois indicadores para nortear a análise das prestações de contas:
valor preditivo e valor confirmativo.
Para o FASB (1980) o valor preditivo é a qualidade da informação responsável por ajudar os usuários a prever da forma mais próxima da realidade o resultado de eventos do presente ou do passado. Dentro dessa ótica, Rezende (2013) ressalta que é função do CES deliberar sobre o estabelecimento de prioridades para que as metas da saúde sejam cumpridas. O autor afirma ainda que os recursos públicos destinados à saúde, constantes na Lei Orçamentária Anual (LOA), devem estar alinhados às prioridades, também, da Programação Anual de Saúde (PAS), e que, por conta disso, cabe ao conselho avaliar as prestações de contas para realizar o controle das metas. Para tanto, foi estabelecida a variável “recursos financeiros
previstos na proposta/lei orçamentária” com o propósito de avaliar se os recursos foram
aplicados conforme o previsto na LOA e na PAS.
Para Gonçalves et al. (2010) a finalidade de se utilizar esta variável é avaliar se os recursos financeiros previstos para área da saúde para o exercício subsequente foram evidenciados por programas de governo, por ações do governo e/ou por fontes de recursos. As referidas análises reforçam o caráter preditivo das informações contidas em prestações de contas no sentido de tomar decisões. O outro indicador se refere ao Valor Confirmativo – também conhecido por valor como Feedback (PAULO, 2002). Este refere-se à correção ou confirmação das expectativas do passado, o que também pode ser importante para o processo decisório (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2011). Para dar forma ao indicador valor conformativo utilizou-se a variável ‘confronto dos resultados obtidos com as metas estabelecidas para área
da saúde’.
A referida variável objetiva evidenciar quais foram os resultados obtidos a partir dos recursos disponibilizados para área da saúde, ou seja, se as metas traçadas, inclusive na PAS e no Plano Estadual de Saúde (PES), foram atingidas (GONÇALVES et al. 2010). De acordo com Rezende (2013) quando as informações permitem identificar o atingimento de metas é possível propor ações corretivas quando estas não estão de acordo com o previsto, ou seja, viabilizando melhorias na saúde pública de um município, por exemplo.
3.2.2.1.1 Subdimensão da Materialidade
De acordo com IASB (2001) a Materialidade afeta a Relevância. O órgão normativo justifica a questão argumentando que a materialidade pode ser influenciada por erros ou pelo tamanho (quanto ao valor) de determinados registros contábeis. Logo, entende-se que considerar, por exemplo, uma informação contida em uma prestação de contas como relevante requer que a mesma seja material. Nesse sentido, Gonçalves et al. (2010) consideram que a materialidade para as prestações de contas da saúde tem como foco identificar se os objetivos, metas e recursos aplicados são consistentes com o que foi estabelecido previamente, ou seja, a materialização se dá com o cumprimento desta finalidade. Para efeito de análise desta característica nos relatórios foram utilizados os seguintes indicadores, quais sejam: ‘dados
quantitativos’; o ‘grau de itemização de dados quantitativos’; ‘relações entre a SES e o CES’;
e os ‘planos e expectativas da administração’.
O primeiro indicador – dados quantitativos – toma como referência aquilo que foi preconizado na PAS e na LOA, pois para verificar se os recursos foram aplicados em consonância com os referidos instrumentos é preciso que este confronto esteja presente no relatório de prestação de contas. Para tanto, foi utilizada a variável ‘evidenciação da aplicação
de recursos financeiros’ para avaliar se os programas e ações destinadas à saúde foram
cumpridos (REZENDE, 2013).
O segundo indicador – grau de itemização dos dados quantitativos – se refere à evidenciação das fontes de recursos, inseridas no PPA e na LOA, que financiam o SUS. O intuito é verificar a origem dos recursos financeiros e sua respectiva alocação conforme instrumentos orçamentários citados. A variável ‘especificação da fonte dos recursos financeiros’ tem como objetivo verificar se as fontes de recursos foram apresentadas na prestação de contas.
Já o indicador ‘relações entre a SES e o Conselho de Saúde’ avalia se no relatório de prestações contas existem informações que remetam ao cumprimento, por parte da SES, de orientações repassadas pelo Conselho quando da elaboração de seus pareceres (GONÇALVES et al., 2010). Então, utilizou-se a variável ‘participação do Conselho nas
decisões da Secretaria de Saúde’ com intuito de atender ao propósito de evidenciar a relação
De acordo com Rezende (2013) é dever dos conselheiros verificar o cumprimento do que foi traçado no Plano da Saúde, no caso desta pesquisa o Plano Estadual de Saúde (PES). O autor destaca ainda que o referido plano está relacionado ao PPA. Por oportuno, é valido enfatizar que existem problemas de articulação entre os instrumentos que norteiam a gestão da saúde pública (VIEIRA, 2009). Por conta disso, faz-se necessária a verificação dos planos e expectativas da administração, último indicador da materialidade, para avaliar se o gestor da saúde busca evidenciar o estabelecimento de metas e objetivos da gestão do SUS para o exercício subsequente, em face das diretrizes estabelecidas no PPA (REZENDE, 2013). A variável estabelecida para esta finalidade foi ‘objetivos e metas para o exercício subsequente’.