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Direito à justiça

No documento OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO IDOSO (páginas 194-200)

IV DIREITOS DO IDOSO

4.1. Pessoa idosa e os direitos da personalidade 1 Generalidades

4.1.15. Direito à justiça

O Estatuto do Idoso assegura no artigo 71, caput, que terão prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte e interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 anos, em qualquer instância.

O interessado na obtenção da prioridade deve fazer prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo. A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 anos, conforme artigo 71, parágrafos 1º e 2º, do Estatuto do Idoso.

A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto às Defensorias Públicas da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos serviços de assistência judiciária. Isto significa, por exemplo, se o idoso estiver discutindo uma multa que lhe queiram aplicar, terá prioridade no encaminhamento do processo administrativo, bastando apenas fazer prova da idade, nos termos do parágrafo 3º, do artigo 71, do Estatuto do Idoso.

No Poder Judiciário as varas são divisões de jurisdição dentro de uma comarca e presididas por um juiz de direito. Devido ao trabalho e à especialidade dos vários tipos de processos, existem também, várias espécies de varas para dar melhor atendimento à coletividade. Assim, temos varas cíveis, criminais, de família, da criança e do adolescente, das execuções, do trabalho etc. O Estatuto do Idoso permite ao Poder Público criar varas especializadas e exclusivas do idoso, não só do trabalho, previdência, como na justiça comum, no sentido de atender causas do interesse do idoso e exclusivas porque estariam à disposição somente da população com idade superior a 60 anos. Isso sem deixar de lado as prioridades de atendimento nos processos (no artigo 71) e de determinadas ações que serão propostas no domicílio do idoso (artigo 80), à exceção daquelas que forem de competência da Justiça Federal (artigo 109 da Constituição Federal e que geralmente têm matéria de interesse da União) e as causas de competência originária dos Tribunais Superiores (Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal Militar).411 Já existe a Delegacia do Idoso para apurar as infrações praticadas contra os idosos.

O Ministério Público tem como função institucional à assistência e proteção ao idoso, conforme artigo 5º, caput; artigo 127, caput; artigo 129, incisos II e III e artigo 230.412

A Lei Orgânica do Ministério Público (Lei nº 8.625/93, artigo 25, IV, “a”, VI; e artigo 26, inciso I, “c”, e VI) e a Lei Orgânica Estadual do Ministério Público de São Paulo (Lei Complementar nº 734, de 26/11/93, artigo 103, I, VII, “d”, e IX), consideram como atribuição do Ministério Público a assistência e proteção ao idoso. A Lei Orgânica do Ministério Público estabelece no artigo

411 Wladimir Novaes Martinez, Comentários, cit., p.141; Luiz Eduardo Alves de Siqueira, Estatuto, cit., p. 30 e 31. 412 A Constituição do Estado de São Paulo, no artigo 97, inciso I, considera a tutela do idoso atribuição do Ministério Público.

25, VI, a atribuição de fiscalizar os estabelecimentos que abriguem idosos, menores, incapazes ou pessoas portadoras de deficiência.413

Ao Ministério Público, consoante o artigo 13, inciso I, do Decreto nº 1.948/96 que regulamentou a Lei nº 8.842/94, compete a defesa dos direitos da pessoa idosa junto ao Poder Judiciário.

O Estatuto do Idoso traz atribuições ao Ministério Público para a defesa da pessoa idosa. Assim, de acordo com o artigo 74, compete ao Ministério Público:

a) instaurar o inquérito civil público para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;

b) promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em circunstância que justifique a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco;

c) atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme dispõe o artigo 43 do Estatuto;

d) promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no artigo 43 do Estatuto, quando necessário ou o interesse público justificar;

e) instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar; requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias; requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas.

f) instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;

g) zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

h) inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata o Estatuto, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;

i) requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições;

j) referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos no Estatuto do Idoso.

O Ministério Público, mesmo nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente na defesa dos direitos e interesses de que cuida o Estatuto do Idoso, conforme estabelecem os artigos 75, 76, 77, hipótese em que terá vista dos autos, depois das partes, podendo juntar documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. A intimação do Ministério Público se dará pessoalmente e a falta de sua intervenção acarretará a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

Antonio Rulli Neto, assinala que as atribuições do Ministério Público do Estado de São Paulo são complementadas, através do Ato nº 126/97, de 02 de outubro de 1977, para atender às necessidades de proteção da pessoa idosa e são as seguintes:414

a) atender às pessoas idosas, recebendo representação ou petição de qualquer pessoa ou entidade, para a defesa dos interesses da pessoa idosa, por desrespeito aos seus direitos assegurados na Constituição Federal e demais normas pertinentes;

b) realizar visitas e fiscalizar os estabelecimentos que prestam serviços às pessoas idosas (hospitais, asilos, casas de repouso, clínicas geriátricas, pensionatos, hospedagens e abrigos);

c) examinar quaisquer documentos, expedientes, fichas e procedimentos relativos à pessoa idosa, podendo extrair cópias, observando-se, se for o caso, o sigilo;

d) requisitar instauração de inquérito policial, realização de diligências investigatórias, elaboração de laudos e tomar medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

e) instaurar procedimentos administrativos ou inquéritos;

d) promover ação civil pública e ação penal pública para a defesa dos interesses dos idosos;

f) representar a autoridade competente para adoção de providências que visem sanar omissões, prevenir ou corrigir irregularidades no tratamento dos idosos;

g) sugerir ao Procurador-Geral da Justiça eventuais alterações legislativas, ou mesmo às instituições, de nova legislação sobre a pessoa idosa;

h) propor ao Procurador-Geral da Justiça a celebração de convênios com instituições públicas ou privadas, para obtenção de dados estatísticos ou técnicos necessários à promoção de medidas imprescindíveis à garantia ou ao reconhecimento de direitos dos idosos;

i) apresentar sugestões ao Procurador-Geral da Justiça para elaboração ou aprimoramento da política institucional de defesa da pessoa idosa;

j) acompanhar os trabalhos das comissões técnicas em todas as esferas dos poderes, apresentando sugestões para edição ou alteração de normas, objetivando a melhoria dos serviços prestados ao idoso e a plena defesa dos seus interesses;

l) divulgar os trabalhos e a Política Institucional na área da terceira idade;

m) implementar a criação ou o aperfeiçoamento do Conselho do Idoso, mantendo contatos com ele e outras entidades na promoção da política de bem estar dos idosos para, em conjunto, buscar solução mais satisfatória aos seus interesses.

O representante do Ministério Público tem livre acesso, no exercício de suas funções, a toda entidade de atendimento ao idoso.

No documento OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO IDOSO (páginas 194-200)