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Direito previdenciário

No documento OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO IDOSO (páginas 81-85)

III TUTELA JURÍDICA DO IDOSO NO DIREITO BRASILEIRO 3.1 Direito constitucional

3.3. Direito previdenciário

A Constituição Federal, no artigo 6º, consagra a previdência social como um direito fundamental.

Os trabalhadores que contribuem para a previdência social têm direito de receber uma renda mensal vitalícia ou provisória, no tempo e nas situações previstas por este sistema de seguro. Esse direito está ligado ao trabalho e somente desta forma, o trabalhador terá de contribuir para ter direito a estes benefícios. Estas rendas mensais vitalícias ou provisórias são: a) aposentadoria por idade que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, em seu artigo 48, completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher, reduzidos os limites se for o caso de trabalhador rural, sendo 60 anos de idade para o sexo masculino e 55 anos para o sexo feminino; b) aposentadoria por tempo de contribuição que será devida, conforme artigo 52, da Lei nº 8.213/91, ao segurado que completar 25 anos de serviço, se mulher, e aos 30 anos, se homem e; c) aposentadoria por invalidez, conforme artigo 42 da Lei nº 8213/91, é devida ao segurado quando, estando ou não no gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, ser-lhe-á pago a aposentadoria enquanto permanecer nesta circunstância.162

161 Isabel Zurita Martín, Protección, cit., p. 35.

Em Portugal, a idade legal para aposentar é 65 anos. Contudo é possível solicitar a aposentadoria antecipada a partir dos 55 anos, desde que a pessoa tenha trabalhado durante 30 anos completos, neste caso, haverá uma redução no montante da renda.163

Em Espanha a regra geral para aposentar é 65 anos de idade, esta é a exigência legal, embora haja exceções sob a forma de aposentadorias antecipadas. O envelhecimento está causando uma pressão considerável nos sistemas de proteção social devido às despesas com pensões e cuidados de saúde.164

Desde 1983, na França, a idade legal para aposentar é 60 anos. Contudo, este limite é inferior para certos funcionários do setor público (por exemplo, pessoas das forças armadas) e mulheres que tenham três ou mais filhos. Cerca de 10% da população aposenta-se antes dos 60 anos, 57% entre os 60 e os 64, e 33% aos 65 anos ou mais. Atualmente os franceses vivem uma média de 20 anos após a aposentadoria. O esquema geral de aposentadoria garante uma pensão por inteiro para pessoas que tenham contribuído durante 40 anos. Se não for este o caso a taxa será inferior.165

Embora os sistemas variem de país para país, a maior parte dos países da União Européia (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suécia) têm como idade legal para a aposentadoria os 65 anos de idade. Na Europa, os sistemas de segurança social diferem de país para país. Contudo,

163 Viver.,cit., www.ifa-fiv.org/menu7-demographie. 164 Viver, cit., www.ifa-fiv.org/menu7-demographie. 165 Viver,cit., www.ifa-fiv.org/menu7-demographie.

a União Européia elaborou recentemente um grande número de relatórios e estudos no sentido de promover uma política mais integrada e comum.166

A Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia, no artigo 25, diz que: “A União reconhece e respeita o direito das pessoas idosas a uma existência condigna e independente e a sua participação na vida social e cultural”. E, no artigo 34, cria um mecanismo de garantia de direitos da seguridade social, isto é: “1) A União reconhece e respeita o direito de acesso às prestações de segurança social e aos serviços sociais que concedem proteção em casos como a maternidade, doença, acidentes de trabalho, dependência ou velhice, bem como em caso de perda de emprego, de acordo com o direito comunitário e as legislações e práticas nacionais; e, 2) Todas as pessoas que residam e que se desloquem legalmente no interior da União têm direito às prestações de segurança social e às regalias sociais nos termos do direito comunitário e das legislações e práticas nacionais”.167

O trabalhador que possui inscrição securitária, o seu registro é conservado em cada país até o momento de atingir o direito à aposentadoria. Cada local, onde permaneceu durante o período mínimo de um ano, deverá pagar uma pensão de velhice quando atingir a idade de aposentadoria. Portanto, se tiver trabalhado, por exemplo, em três países receberá três pensões de reformas distintas no momento devido, conforme legislação em vigor. Esta pensão será calculada de acordo com o registro de seguro e se o período for longo também será elevada. Esta solução garante a estabilidade tendo em vista que o trabalhador, que trabalha em vários países da Comunidade Européia, não seja prejudicado por legislações conflitantes. Nenhum período é perdido e cada país paga uma pensão correspondente ao período de seguro que foi cumprido.168

166 Viver, cit., www.ifa-fiv.org/menu7-demographie. 167 Pérola Melissa V. Braga, Direitos, cit., p. 228 e 229. 168 Pérola Melissa V. Braga, Direitos, cit., p. 229 e 230.

A Alemanha foi o primeiro país a criar um sistema de previdência social, todavia era um sistema incompleto, não cobrindo todas as situações de riscos. Por volta de 1930, os países europeus, mais importantes, aperfeiçoaram e implementaram os elementos essenciais do sistema da previdência, como: seguro contra acidente, auxílio doença, pensão aos idosos e seguro- desemprego.169

A idade legal para aposentar na Alemanha é de 65 anos, mais existem várias regulamentações diferentes para os grupos profissionais especiais e que são exigidos outros requisitos legais, portanto, dependendo das condições e particularidades de cada caso.170

No Brasil, a crise da previdência social decorre, conforme apontam Maria do Carmo Brant de Carvalho, André Lahóz, Ana Cláudia Além e Fábio Giambiagi, pelo menos, da redução dos postos, do déficit público crônico, do envelhecimento populacional, do crescimento do número de benefícios e da evolução do valor real do salário mínimo entre os anos de 95 e 96,171 embora sendo um valor irrisório para dar condições de vida digna ao ser humano que o recebe para sustentar a si e seus familiares.

Com o passar do tempo, fatos novos, como o acelerado envelhecimento populacional e o avanço tecnológico colocaram em risco as conquistas do sistema previdenciário. O envelhecimento populacional aumentou a demanda dos beneficiários. O avanço tecnológico provocou uma diminuição nas vagas do mercado formal de trabalho. Com a diminuição do número de

169 Paulo Roberto Barbosa Ramos. O direito, cit., p.160.

170 Viver, cit., www.ifa-fiv.org/menu7-demographie; Pérola Melissa V. Braga, Direitos, cit., p. 223.

171 Maria do Carmo Brant, Programas e serviços de proteção e inclusão social dos idosos. São Paulo: IEE/PUC/SP – Brasília: MPAS/SAS 1998, p.26; Fábio Giambiagi e Ana Cláudia de Além, A despesa previdenciária no Brasil: evolução, diagnóstico e perspectivas, Revista de Economia Política, São Paulo, Vol. 19, n.1, 1999, p.130; André Lahóz. Iceberg à vista, Revista Exame, São Paulo, nº.23, 1999, p. 173 apud Paulo Roberto Barbosa Ramos, O direito à velhice, Dissertação de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001, p..205.

contribuintes, os recursos arrecadados são insuficientes para atender todos os beneficiários, de forma que a questão da previdência tornou-se um delicado problema social.172

No documento OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO IDOSO (páginas 81-85)