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4. INOVAÇÃO E INVESTIGAÇÃO NO FUTEBOL

4.4. Discussão

De acordo com os resultados obtidos e referidos anteriormente, podemos confirmar a Hipótese 1, mas, não podemos confirmar a Hipótese 2 deste estudo. Ou seja, identificámos uma melhoria nos resultados obtidos no questionário para a autoeficácia após a realização do programa de treino no simulador 360s e não identificámos diferenças significativas no que diz respeito à percentagem de passes realizados com sucesso em contexto de jogo reduzido após a realização desse mesmo programa de treino.

Os dados obtidos mostraram que o rendimento dos jogadores em contexto de jogo reduzido, sendo esta medida através da percentagem de passes realizados com sucesso, toques na bola por posse de bola e tempo com bola por posse, não foi influenciada pelo programa de treino que estes realizaram no simulador 360s entre o pré-teste e o pós-teste. Estes resultados podem dever-se a vários fatores, mas, na nossa opinião, o principal motivo de não terem ocorrido mudanças significativas entre os dois momentos de avaliação, é o facto do jogo de Futebol ser muito complexo e o rendimento do jogador ser influenciado por inúmeros fatores que não se conseguem controlar, ou seja, mesmo que os jogadores melhorassem significativamente o seu gesto técnico e a perceção de linhas de passe claras, a percentagem de sucesso dos passes seria sempre influenciada pelas decisões táticas com bola que estes têm em jogo (arriscar realizar um passe mais difícil porque o objetivo do jogo é marcar golo e não é acertar passes), com as decisões táticas dos colegas de equipa que fornecem as linhas de passe, com as decisões da equipa adversária que podem ou não anular linhas de passe, com a disponibilidade física e mental dos jogadores num ou noutro momento, etc…, logo, estas três variáveis que recolhemos muito dificilmente iriam refletir os ganhos que os atletas obtiveram no programa de treino no simulador 360s. Para além disto, na nossa opinião, 4 semanas de treinos com 1 treino por semana é muito pouco tempo para se obter uma melhoria significativa no rendimento futebolístico dos jogadores. Apesar de a diferença não ser significativa, nesta variável, os valores médios obtidos no pós-teste foram superiores aos valores médios obtidos no pré- teste, logo, mesmo não sendo suficientes para confirmar a hipótese colocada, os dados apontam para uma ligeira melhoria do rendimento. Para obter resultados mais elucidativos e irrefutáveis, sugerimos realizar um estudo com uma amostra com um maior número de atletas e com um grupo de controlo para que os resultados sejam explicados apenas pelo programa de treino e não pela evolução natural dos jogadores que pode ser um dos motivos para a esta ligeira melhoria do rendimento em contexto de jogo observada nos atletas participantes neste estudo.

61 Quanto á Hipótese 1 deste estudo (“Os atletas sujeitos ao programa de treino no

simulador melhorem os resultados nos questionários de autoeficácia especifica para a habilidade do passe”), conseguimos obter resultados muito interessantes que podem incentivar a futuras investigações visto que obtivemos dados confirmatórios relativamente ao efeito de um programa de treino realizado no simulador 360s na autoeficácia específica para a habilidade do passe. Apesar dos resultados confirmatórios, devido às limitações do estudo, não podemos concluir que existe uma relação direta entre a realização do programa de treino no simulador 360s e a melhoria dos resultados no questionário para a autoeficácia do passe porque não tivemos nenhum grupo de controlo neste estudo, ou seja, estes resultados podem dever-se a uma evolução natural dos jogadores, a alguma ocorrência antes de um dos momentos de avaliação nas equipas onde estão inseridos que lhes tenha afetado a autoeficácia, etc… De qualquer forma, com os dados que obtivemos, podemos ser um bom ponto de partida para futuras investigações que queiram verificar se programas de treino realizados no simulador 360s têm influência na autoeficácia para a habilidade do passe visto que, mesmo com uma amostra reduzida, conseguimos obter resultados significativos que confirmam esta hipótese.

Escrutinando os resultados gerais obtidos nos questionários de autoeficácia para a habilidade do passe pelas 4 subescalas que compõem este questionário, concluímos que a subescala do controlo das emoções é a principal justificação para a melhoria da autoeficácia geral visto que foi a única subescala onde encontrámos diferenças significativas entre o pré-teste e o pós-teste. As restantes subescalas obtiveram resultados muito semelhantes nos dois momentos de avaliação, logo, para que a autoeficácia geral para a habilidade do passe obtivesse melhorias significativas, os valores médios da subescala do controlo das emoções teriam de aumentar bastante no segundo momento de avaliação (pós-teste) relativamente ao primeiro, sendo isto o que aconteceu. Esta discrepância entre os valores médios obtidos na subescala do controlo das emoções e o facto de esta ser a única escala a justificar a melhoria na autoeficácia geral não eram esperados, visto que, esperávamos que a subescala que mais influenciasse a autoeficácia geral fosse a subescala das habilidades técnico-táticas. Esperávamos isto em virtude dos atletas praticarem a habilidade específica do passe num ambiente controlado, logo, potenciando muitas repetições por jogador e uma elevada percentagem de sucesso na execução desta habilidade contribuindo assim para a melhoria da perceção que estes tinham da sua capacidade/qualidade na execução de passes em contexto de jogo. Na nossa opinião, estes resultados podem dever-se aos mesmos motivos apontados na discussão dos resultados obtidos na percentagem de passes realizados com sucesso, ou seja, como a habilidade técnica do passe não foi suficiente estimulada por falta de tempo

62 e o sucesso da sua utilização no jogo depende de inúmeros fatores para além dos

potenciados no simulador, a perceção de qualidade das suas habilidades técnico-táticas não sofreu grandes diferenças entre o pré-teste e o pós-teste.

Quanto à subescala do controlo das emoções, apesar de não termos conseguido controlar algumas variáveis parasita como a evolução natural dos jogadores, como efeitos de ocorrências nos treinos ou jogos das equipas onde os jogadores estão inseridos na sua autoeficácia, etc…, julgamos que o programa de treino pode ter uma influência na melhoria desta subescala em particular. Dizemos isto porque, devido ao facto do programa de treino ter uma forte componente lúdica, este pode influenciar o equilíbrio emocional dos jogadores de uma forma positiva e aumentar os seus níveis de tolerância ao erro durante o jogo/treino, logo, a perceção que estes têm da sua capacidade de controlar as emoções em treino e jogo também sofre alterações positivas como podemos comprovar nos resultados obtidos. Desta forma, pensamos que é muito importante e interessante desenvolverem-se investigações futuras que controlem estas variáveis parasitas através de um grupo de controlo que não é sujeito ao programa de treino e com uma amostra com maior número de participantes para verificar se, de facto, existe uma relação direta entre a utilização de programas de treino no simulador 360s e a melhoria da autoeficácia no que diz respeito ao controlo das emoções.

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