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3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO PROCESSO DE TREINO E COMPETIÇÃO

3.3. Tarefas operacionais para o Futebol Profissional

No início da época desportiva foram definidas algumas tarefas que todos os estagiários do Futebol de formação e do Futebol profissional tinham de colaborar para a sua realização. Estas tarefas tinham como objetivo auxiliar os observadores/analistas da equipa principal do Benfica Lab a recolher informação pertinente para a equipa principal do

44 Benfica que competia na Liga NOS, Taça de Portugal, Taça da Liga CTT e Liga dos

Campeões. Devido à exigência inerente às competições e equipa em questão (equipa principal do SL Benfica), era crucial a realização destas tarefas no prazo definido, logo, estas tarefas exigiram uma boa comunicação e entreajuda entre todos os estagiários que, apesar de não ser a melhor no início da época, conseguimos melhorar a cada dia e atingir um nível que nos permitiu realizar todas as tarefas propostas com qualidade e nos prazos definidos.

3.3.1. Análise de oportunidades de golo de Equipas de Elite

Esta tarefa consistiu na análise quantitativa das oportunidades de golo criadas e consentidas por um grupo de equipas europeias que denominámos por equipas de elite visto que eram as equipas com melhores resultados desportivos e maiores orçamentos financeiros nos últimos anos. O responsável pelo projeto foi um observador/analista do futebol profissional que pretendia, com estes dados, retirar algumas informações objetivas sobre a forma de jogar destas equipas de elite com o intuito de as fornecer à equipa técnica do plantel principal do SL Benfica. Os jogos foram-nos fornecido por este observador/analista após serem capturados da transmissão televisiva e, todos os meses, solicitava-nos a base de dados atualizada para que ele pudesse tratar os dados.

Os jogos das equipas que foram analisadas foram apenas os jogos para o Campeonato Nacional e para as competições europeias e, num total de 9 equipas, fiquei responsável por recolher dados referentes a duas equipas sendo que, numa delas, dividia os jogos analisados com outro estagiário. Estas equipas foram o FC Bayern Munich e a Juventus FC, mas, para além destas equipas, foram também analisados, por outros estagiários, os jogos do Real Madrid FC, FC Barcelona, Paris Saint Germain FC, Manchester City FC, Manchester United FC, Chelsea FC e Club Atlético Madrid.

A informação foi recolhida através da filmagem televisiva dos jogos que eram fornecidos pelo Benfica Lab para um ficheiro Excel (base de dados) desenvolvido pelos estagiários no início da época. Esta base de dados era constituída por 17 variáveis sendo que algumas foram definidas pelo Benfica Lab e outras foram criadas pelo grupo de estagiários. As variáveis utilizadas para retirar informações dos jogos foram as seguintes:

 Minuto de jogo;

 Intervalo de tempo ( 0-15, 15-30, etc…);  Resultado do jogo;

45  Tipo de recuperação (interceção, desarme ou sem recuperação);

 Momento de jogo na finalização (Organização ofensiva, Transição ou Esquema tático);

 Número de passes;

 Número de jogadores envolvidos;

 Assistência (ação individual, cruzamento, passe, ressalto ou sem assistência);

 Zona de finalização;

 Parte do corpo utilizada (pé direito, pé esquerdo, cabeça ou outro);

 Resultado da oportunidade (golo, fora, defesa do Gr, intercetado, sem finalização, autogolo, poste/barra, fora-de-jogo ou falta);

 Tempo de ataque (segundos percorridos entre o início da jogada e o seu fim);  Relação numérica (superioridade, igualdade ou inferioridade);

 Tempo de jogo a perder (em minutos);  Tempo de jogo empatado (em minutos);  Tempo de jogo a ganhar (em minutos).

Esta tarefa também necessitou que editássemos um vídeo para cada jogo com os clips/excertos de vídeo das oportunidades de golo analisadas para posterior análise por parte dos profissionais do Benfica Lab. Na minha opinião, a análise destes jogos de equipas de Elite europeias foi importante para a minha formação porque tive a oportunidade de acompanhar a época 2016/2017 destas equipas e analisar informalmente a forma de jogar destas equipas o que contribuindo para um aumento do meu conhecimento sobre o jogo.

3.3.2. Análise de sistemas táticos e Ficha geral das equipas da Liga NOS

Também para a equipa principal do SL Benfica, foi solicitado ao grupo de estagiários que observássemos todos os jogos do Campeonato Nacional Português (Liga NOS) com o objetivo de caracterizar o sistema tático utilizado pelas equipas, as alterações de sistema durante o jogo e os jogadores utilizados em cada posição do sistema tático. Todas as jornadas tinha a função de analisar dois jogos e identificar os sistemas táticos utilizados por ambas as equipas para, posteriormente, registar toda a informação recolhida numa base de dados desenvolvida pelo Benfica Lab. Esta informação foi utilizada pelos observadores/analistas da equipa principal do Benfica colocando-a no relatório de observação de adversários quando a equipa em questão fosse defrontar o Benfica na Liga NOS.

46 Quanto à ficha geral de equipa, este era um documento realizado pelo grupo de

estagiários para cada adversário do Benfica na Liga NOS e que seria entregue à equipa técnica do plantel principal do Benfica na semana anterior ao jogo entre o Benfica e esse adversário. Esta ficha continha uma síntese da informação recolhida na análise de sistemas táticos (equipa tipo com sistema tático e jogadores titulares prováveis), uma exposição dos minutos de jogo, cartões, golos e assistências de cada jogador do plantel adversário, dos jogadores indisponíveis para o jogo, desempenho da equipa nos últimos jogos e outras informações.

3.3.3. Análise de golos da Liga NOS

De forma semelhante à tarefa das oportunidades de golo das equipas de Elite europeias, realizámos também uma tarefa que consistiu na análise das jogadas que originaram golos em todos os jogos da Liga NOS, retirando assim informação para uma base de dados que continha as mesmas variáveis que mencionei anteriormente na Análise de oportunidades de golo.

3.3.4. Datatrax

Nos jogos em casa da equipa principal do Benfica, num sistema de rotatividade, os estagiários foram selecionados para auxiliar os observadores profissionais do Benfica Lab no sistema de tracking através de vídeo que é utilizado exclusivamente pelo Benfica com a denominação de Datatrax.

Este sistema de tracking consiste no rastreio da posição em campo de todos os jogadores da própria equipa e da equipa adversária durante o jogo e na codificação dos eventos do jogo como passes, remates, toques na bola, etc… Através do Datatrax, o Benfica Lab realiza um relatório de jogo com informação referente ao jogo como distâncias percorridas e a que intensidades/velocidades por cada jogador, distância entre jogadores do mesmo setor, distância entre setores da equipa, etc… Dito isto, é fácil perceber que este relatório de jogo é muito completo e muito pertinente não só para os treinadores, mas também, para fisiologistas e observadores que podem tirar informação relevante e objetiva sobre o desgaste físico dos jogadores ou retirar informações sobre o modelo de jogo/forma de jogar das equipas adversárias/própria equipa.

47 A participação do grupo de estagiários nesta tarefa consistiu no controlo ao vivo do

tracking dos jogadores e no repair no dia seguinte ao jogo com o intuito de controlar a

fiabilidade dos dados recolhidos ao vivo.

3.3.4.1. Tracking – Como referi anteriormente, o tracking corresponde ao controlo,

ao vivo, do sinal que o Datatrax deteta durante o jogo, ou seja, em pleno Estádio da Luz, tínhamos a função de corresponder cada sinal obtido no sistema de tracking ao respetivo jogador e, se por algum motivo, o sinal trocasse de jogador ou desaparecesse, devíamos voltar a corresponder esse sinal ao jogador garantindo sempre o máximo de tempo possível com o jogador rastreado. Durante a época, realizei esta tarefa por 7 ocasiões.

3.3.4.2. Repair – O repair tem como objetivo controlar a fiabilidade dos dados

recolhidos ao vivo. Devido ao facto de ser muito improvável que o sistema de tracking consiga acompanhar/rastrear sem falhas, um jogador durante o jogo todo, no repair, os colaboradores do Benfica Lab (estagiários e colaboradores externos), têm a função de rastrear o jogador manualmente nos momentos em que o sinal não está atribuído ou quando está no jogador errado (no computador, rastreamos o jogador utilizando o rato para clicar na sua posição em campo várias vezes por segundo de forma a obter dados fiáveis e válidos). Esta tarefa é realizada no dia seguinte ao jogo numa sala no Estádio da Luz e conta com a participação de, aproximadamente, 8 colaboradores que corrigem o sinal de todos os jogadores utilizados no jogo anterior tanto do Benfica como da equipa adversária. Durante a época realizei esta tarefa em 17 ocasiões.

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