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Relatório de estágio em futebol realizado no Benfica Lab - observação e análise do jogo alocado à equipa de Juvenis A (sub 17) que disputou o Campeonato Nacional de Juniores B

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA

Relatório de Estágio em Futebol realizado no Benfica Lab – Observação e análise

do jogo alocado à equipa de Juvenis “A” (Sub-17) que disputou o Campeonato

Nacional de Juniores “B”

Relatório de Estágio elaborado com vista à obtenção de Grau de Mestre em Treino Desportivo

Orientador: Mestre Óscar Miguel Farias Fialho Tojo

Tutores: Nuno Henrique Pereira Madeira Maurício

Bruno Miguel Duarte Furtado

Juri:

Presidente

Doutor Jorge Manuel Castanheira Infante

Vogais

Mestre Óscar Miguel Farias Fialho Tojo Mestre Francisco Alberto Barceló Silveira Ramos

David Miguel Ferreira Duarte

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AGRADECIMENTOS

Este relatório de estágio marca o final de mais uma etapa no meu percurso académico que, por sua vez, só foi possível concluir graças ao apoio e ensinamentos de várias pessoas que merecem este gesto de gratidão.

A todos os treinadores e colegas que encontrei no meu percurso como jogador e que contribuíram para a minha paixão por esta modalidade.

A toda a minha família que demonstra sempre muito orgulho e interesse na minha caminhada.

À Faculdade de Motricidade Humana e a todos os professores que encontrei e contribuíram para aumentar o meu conhecimento sobre tudo o que envolve o desporto.

Ao Sport Lisboa e Benfica por me ter concedido a oportunidade de participar num dos projetos de formação de jogadores de futebol com mais sucesso no mundo.

Ao União Desportiva de Ponte Frielas e todos os seus dirigentes, treinadores e jogadores pela confiança demonstrada e pelo exemplo no que diz respeito à forma de estar no Futebol e na vida.

Aos meus colegas de Faculdade com quem privei muitas discussões, horas de trabalho e momentos de descontração.

A todos os meus amigos que me acompanham e apoiam nesta caminhada.

Aos professores António Fonte Santa, Luís Moutinho e Paulo Lourenço das Escolas de Futebol Benfica – Estádio da Luz pela oportunidade de treinar jovens atletas e por todo o conhecimento prático que me transmitiram.

À equipa técnica de Juvenis “A” do SL Benfica Renato Paiva, Ricardo Leite, Luís Martins, Fernando Chalana, Bruno Ferreira e João Faria pelos inúmeros momentos de aprendizagem e exemplo de profissionalismo.

Aos professores Óscar Tojo e Ricardo Duarte por todo o conhecimento transmitido e pela disponibilidade que sempre demonstraram ao longo do meu percurso académico.

A todos os profissionais do Benfica Lab e aos meus tutores de estágio Nuno Maurício e Bruno Furtado pela exigência, conselhos, apoio e confiança que demonstraram no meu trabalho.

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3 Aos meus colegas estagiários e observadores/analistas do futebol de formação do

SL Benfica Nuno Cardoso, Ruben Soares, João Silva, Hugo Pinto, Rodolfo Fernandes, Filipe Antunes, Tiago Martins, Filipe Gumesindo e Jonathan pela amizade e companheirismo que demonstraram para comigo durante um longo ano de trabalho.

Às pessoas mais importantes da minha vida, Amelinha, Diana e aos meus pais Alberto e Ana Paula o meu profundo agradecimento por tudo!

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RESUMO

Nestes anos mais recentes, a área da observação e análise do jogo na modalidade de Futebol tem sido alvo de maior preocupação e investimento por parte dos clubes e treinadores devido aos benefícios que os processos inerentes a esta atividade trazem para o rendimento das equipas.

Este relatório consiste na apresentação das minhas atividades de estágio, bem como, as reflexões que surgiram nessas atividades e que contribuíram para o meu crescimento. Estagiei como observador/analista num clube de elite e fiquei alocado ao escalão de Juvenis “A”. Este estágio permitiu-me ter um contacto direto com as melhores práticas na observação e análise no alto rendimento da modalidade, mas também, com as melhores práticas no âmbito do treino desportivo devido à observação direta do método de trabalho de uma equipa técnica de excelência. Este relatório de estágio contempla também uma investigação inovadora sobre o efeito de um programa de treino no simulador 360s na autoeficácia específica para a habilidade do passe em jovens atletas tendo como participantes atletas sub-14 e sub-13 do SL Benfica. No decorrer do estágio participei ainda na organização de um evento destinado à formação de agentes desportivos no Caixa Futebol Campus denominado por “Sport Science Day”.

Palavras-chave: Benfica Lab; Observação e análise do jogo; Futebol de formação;

Futebol profissional; Análise do rendimento; Análise qualitativa; Análise quantitativa; Autoeficácia específica para a habilidade do passe; Realidades virtuais; Simulador 360s.

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ABSTRACT

In these recent years, the observation and analysis in soccer has been an area of increased interest and investment. Both clubs and coaches recognize the inherent benefits of this activity to their team’s performance.

This report comprises the presentation of my activities during the internship, as well as, the thoughts and reflections that I experienced during those activities and how they contributed to my personal development. I made my internship in an Observation and Analysis department of an elite club, working with the “Under 17 - A” team. This internship granted direct contact and knowledge of the best Observation and Analysis practices in professional soccer, and also, of the best practices in terms of sports training itself, by directly observing the working method of an elite coaching staff. This report also shows an innovative research about the effect of a training program, made on a 360º simulator, on the self-efficacy of the specific skill of passing, in young under-14 and under-13 SL Benfica athletes. During the internship I have also taken part in the organization of an event made in “Caixa Futebol Campus” destined to the furthering of sports professionals called “Sport Science Day”.

Key Words: Benfica Lab; Match Observation and Analysis; Youth Soccer;

Professional Soccer; Performance Analysis; Qualitative Analysis; Quantitative Analysis; Self-efficacy of the specific skill of passing; Virtual Realities; 360º Simulator.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ... 9

1.1. Caracterização geral do estágio ... 9

1.2. Caracterização do local de estágio ... 10

1.3. Objetivos gerais ... 11

1.4. Objetivos Específicos ... 13

1.5. Objetivos e expetativas individuais ... 14

1.6. Estrutura do relatório ... 15

2. REVISÃO DE LITERATURA ... 17

2.1. Características dos jogos desportivos coletivos ... 17

2.2. Análise do rendimento nos jogos desportivos coletivos ... 18

2.2.1. Análise do jogo – Investigação e Produção de Conhecimento ... 19

2.2.2. Análise do jogo – Rendimento individual e/ou coletivo ... 20

2.3. Observação e Análise do jogo de Futebol ... 22

2.3.1. Análise Quantitativa / Análise Notacional ... 23

2.3.2. Análise Qualitativa ... 25

2.4. Importância da Observação e Análise no Futebol ... 27

2.4.1. Futebol de Formação ... 27

2.4.2. Futebol de Alto Rendimento ... 28

2.5. Tendências evolutivas na Observação e análise do Jogo ... 29

3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO PROCESSO DE TREINO E COMPETIÇÃO ... 31

3.1. Formações e avaliação diagnóstica ... 31

3.1.1. Formação específica do software Sports Analyzer ... 31

3.1.2. Formação específica do software Photoshop ... 32

3.1.3. Formação específica do software Adobe Premier ... 33

3.1.4. Formação específica Sports Code ... 33

3.1.5. Formação específica Longomatch ... 34

3.1.6. Formação específica TactX 3D ... 34

3.1.7. Formação específica de Técnicas de Filmagem em Plano Aberto ... 34

3.1.8. Avaliação diagnóstica - Relatório de jogo da Final da Champions League 2016 ... 36

3.1.9. Avaliação diagnóstica – Análise crítica de um artigo científico ... 37

3.2. Tarefas operacionais no escalão de Juvenis “A” ... 37

3.2.1. Filmagem de treinos e jogos ... 37

3.2.2. Relatórios de Jogo – Análise da própria equipa ... 39

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3.2.4. Registo de presenças nos treinos ... 43

3.3. Tarefas operacionais para o Futebol Profissional... 43

3.3.1. Análise de oportunidades de golo de Equipas de Elite ... 44

3.3.2. Análise de sistemas táticos e Ficha geral das equipas da Liga NOS ... 45

3.3.3. Análise de golos da Liga NOS ... 46

3.3.4. Datatrax ... 46

3.4. Tarefas de treinador nas Escolas de Futebol Benfica - Estádio ... 47

3.5. Tarefas complementares ... 48

3.5.1. Balanços mensais ... 48

3.5.2. Reuniões mensais ... 49

3.5.3. Operacionalização do estudo científico no simulador 360s ... 49

4. INOVAÇÃO E INVESTIGAÇÃO NO FUTEBOL ... 50

4.1. Introdução ... 50 4.2. Método ... 53 4.2.1. Amostra ... 53 4.2.2. Design e Procedimentos ... 53 4.2.3. Variáveis... 54 4.2.4. Instrumentos... 54

4.2.5. Recolha de Dados e Análise Estatística ... 55

4.3. Resultados ... 56

4.3.1. Percentagem de passes curtos realizados com sucesso... 56

4.3.2. Outras variáveis recolhidas na análise dos jogos reduzidos ... 56

4.3.3. Autoeficácia ... 57

4.4. Discussão ... 60

4.5. Aplicações práticas e perspetivas futuras ... 63

4.6. Conclusão ... 64

5. RELAÇÃO COM A COMUNIDADE ... 66

5.1. Enquadramento e Organização ... 66

5.2. Objetivos, Projeto e Conteúdos da Sessão da Manhã ... 68

5.3. Objetivos, Projeto e Conteúdos da Sessão da Tarde ... 69

5.4. Balanço do Evento ... 70

5.5. Conclusão ... 72

6. CONCLUSÃO E PRESPETIVAS FUTURAS ... 74

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 76

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Análise do rendimento no contexto do treino desportivo (Mayes et al., 2009 adaptado por

O’Donoghue & Mayes, 2013)……….………..22

Figura 2. Logotipo do software Photoshop………...………..……32

Figura 3. Software Photoshop………...……….….…32

Figura 4. Logotipo do software Adobe Premier………...………..………….33

Figura 5. Software Adobe Premier………...……….……..33

Figura 6. Logotipo do software SportsCode………...….……...…33

Figura 7. Software SportsCode………...………..….….33

Figura 8. Logotipo do software Longomatch………...…….…..….34

Figura 9 e 10. Imagem do mesmo jogo em plano aberto e fechado respetivamente (Figura 9 à direita e Figura 10 à esquerda)……….………..………35

Figura 11. Valor médio da percentagem de passes realizados com sucesso no pré e pós-teste………..56

Figura 12. Valor médio da quantidade de toques na bola por posse no pré e pós-teste………....57

Figura 13. Valor médio da quantidade de tempo (em segundos) com bola por posse no pré e pós-teste..….57

Figura 14. Valor médio dos resultados totais no questionário V-MSES no pré e pós-teste……….58 Figura 15. Valor médio dos resultados para cada subescala do questionário V-MSES no pré e pós teste…59

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Caracterização geral do estágio

Este documento tem como objetivo relatar as experiências, e respetivas reflexões, ocorridas na disciplina de Estágio profissionalizante do 2º ano do Mestrado em Treino Desportivo da Faculdade de Motricidade Humana. Este estágio foi realizado na Época 2016/2017, mais especificamente entre 1 de Julho de 2016 e 30 de Junho de 2017, na instituição Sport Lisboa e Benfica. Devido ao protocolo entre a Faculdade Motricidade Humana e o departamento Benfica Lab, tive a oportunidade de estagiar num clube de grande dimensão e com uma estrutura altamente profissional.

Após a realização de uma entrevista no dia 24 de Maio de 2016, fui selecionado pelos profissionais do Benfica Lab para integrar este departamento na área da Observação e Análise do Jogo. Posteriormente, informaram-me que iria estagiar no Futebol de Formação com a equipa de Juvenis “A” (Sub-17) que disputou o Campeonato Nacional de Juniores “B” e que, apesar de ter algumas tarefas para o Futebol profissional, a minha principal função seria apoiar o observador/analista da equipa técnica do escalão de Juvenis “A”.

Esta equipa técnica era constituída pelo treinador principal Renato Paiva, os treinadores adjuntos Luís Martins e Fernando Chalana, o treinador de guarda-redes Ricardo leite, o observador/analista Nuno Cardoso, o fisiologista estagiário Bruno Ferreira e por mim como observador/analista estagiário. Quanto ao plantel, este era composto por atletas nascidos nos anos de 2000 e 2001 (1 jogador nascido no ano de 2003), logo, com idades compreendidas entre os dezasseis e os dezassete anos, e em competição foram utilizados 37 jogadores.

Com o objetivo de diversificar e aumentar a quantidade de competências desenvolvidas neste ano de estágio, foi-nos proposto que realizássemos tarefas e construíssemos o nosso relatório de estágio para que pudéssemos ser avaliados em três grandes áreas de intervenção: Área 1 ou Gestão do processo de treino e competição que corresponde à componente prática do estágio, Área 2 ou Inovação e investigação que corresponde à componente da produção de novo conhecimento e Área 3 ou Relação com a comunidade que corresponde à componente de partilha do conhecimento. Os conteúdos de cada uma das 3 Áreas serão relatados posteriormente na explicação da estrutura do Relatório.

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10 De seguida, irei caracterizar o local de estágio, referir os objetivos gerais e

específicos que constam no plano individual de estágio realizado no início da época/ano letivo e os meus objetivos individuais e expectativas para este ano de Estágio.

1.2. Caracterização do local de estágio

Como referi anteriormente, realizei este estágio integrado na área da Observação e análise do jogo do Benfica Lab. O Benfica Lab é um departamento do Sport Lisboa e Benfica que tem como objetivo apoiar as equipas técnicas dos vários escalões de formação, futebol profissional e modalidades fornecendo-lhes informação e realizando tarefas específicas diretamente com os atletas (treinos, consultas, etc…) tornando assim as equipas técnicas multifacetadas e capazes de intervir nas várias componentes que influenciam o rendimento das equipas/atletas tanto a curto como a longo prazo. A missão deste departamento é “Desenvolver e optimizar o desenvolvimento do atleta e das equipas, promovendo a superação rumo à excelência” o que reflete claramente qual o seu propósito e o nível de exigência que todos os seus trabalhadores colocam nas suas tarefas.

O Benfica Lab foi fundado na época desportiva 2005/2006 pelo atual coordenador Bruno Mendes e, neste momento, está dividido em três áreas com distintos tipos de intervenção sendo estas a área da Observação e análise do jogo, a área da Fisiologia e a área da Nutrição. A principal função da área da Observação e análise do jogo, da qual eu fiz parte, é realizar e armazenar filmagens de treinos e jogos para que estas possam servir como uma ferramenta de trabalho para as equipas técnicas e também têm a função de analisar o desempenho dos jogadores em competição através de dados quantitativos e qualitativos. A área da Fisiologia tem como principal função avaliar os níveis de condição física dos atletas e prescrever treino para que estes tenham maiores níveis de força geral contribuindo assim para um melhor rendimento desportivo e para uma melhor preparação atlética que, por sua vez, contribui para reduzir o risco dos atletas sofrerem lesões. Por fim, a área da Nutrição tem como principal função apoiar/aconselhar os atletas para que estes tenham uma alimentação saudável tendo em conta o contexto de alta exigência física e mental onde estão inseridos e também têm a função de regular os programas de suplementação/alimentação dos atletas de acordo com as informações que recolhem através de avaliações antropométricas e da composição corporal.

Estando inserido no futebol de formação, mais especificamente no escalão de Juvenis “A”, o meu local de trabalho foi um gabinete partilhado por todos os observadores/analistas profissionais do Futebol de formação e pelos estagiários que

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11 ficaram responsáveis por acompanhar equipas de formação. Este gabinete está no Caixa

Futebol Campus, local onde se realizam todos os treinos e jogos dos escalões de formação do Sport Lisboa e Benfica a partir dos sub-13 (“Infantis A”). O Caixa Futebol Campus é o principal centro de formação e treino do clube e foi inaugurado no dia 22 de Setembro de 2006 tendo, até ao dia de hoje, sofrido várias remodelações e acrescentos que contribuíram para o seu crescimento gradual mantendo este centro de estágio na vanguarda do Futebol mundial sendo distinguido, em 2015, com o prémio Best Academy of the Year – Dubai

Globe Soccer Awards 2015. O Caixa Futebol Campus tem 9 campos de futebol (3 sintéticos

e 6 relvados), 62 quartos, 24 balneários, 2 ginásios, 2 auditórios, 1 refeitório e gabinetes técnicos e médicos.

Quanto ao clube que me acolheu para realizar este estágio, como referi anteriormente, este foi o Sport Lisboa e Benfica que é um clube com um grande número de simpatizantes e adeptos em Portugal, logo, um clube de grande dimensão e exigência não só a nível de resultados desportivos, mas também, na qualidade individual e coletiva que os jovens jogadores devem demonstrar na competição. No futebol sénior, é o clube mais titulado de Portugal com 36 Campeonatos Nacionais, 26 Taças de Portugal, 7 Supertaças, 7 Taças da liga, 2 Taças dos clubes campeões europeus e 1 Taça latina, logo, como os seus adeptos estão habituados a este êxito desportivo, transmitem esta ambição de vencer títulos para o futebol de formação.

Tendo em conta o conhecimento da realidade do clube e das boas práticas no futebol de formação, neste caso em particular, torna-se muito difícil conciliar a preocupação com os resultados desportivos no futebol de formação com a preocupação em formar o jogador da melhor forma possível focando-se apenas no processo de formação do jogador. Dito isto, o clube definiu, para o futebol de formação, o lema “Formar a ganhar” para simbolizar o propósito dos profissionais que trabalham com os jovens atletas, ou seja, nunca esquecendo a realidade do clube onde estão inseridos (exigência máxima nos resultados desportivos), a prioridade será sempre formar jogadores de futebol o melhor possível para que estes sejam capazes de integrar o plantel sénior do Sport Lisboa e Benfica.

1.3. Objetivos gerais

De seguida, irei enumerar os objetivos gerais definidos no plano individual de estágio (Anexo 1) que elaborei no início do ano letivo de acordo com as propostas/indicações do Benfica Lab e da Faculdade de Motricidade Humana. À exceção

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12 dos dois últimos, todos os objetivos que serão referidos foram propostos pelo Benfica Lab,

mais concretamente, pelos responsáveis na área de Observação e análise do jogo resumindo de uma forma geral as competências que os observadores/analistas estagiários devem ter adquiridas no final do estágio. Os dois últimos objetivos foram definidos por mim para que o estágio fosse ao encontro dos meus objetivos e expetativas individuais visto que tinha também o interesse de desenvolver competências que pudesse utilizar na minha atividade como treinador para além das competências necessárias para a atividade de observador/analista.

Dito isto, os objetivos gerais do meu processo de estágio foram:

 Saber planificar e criar documentos/momentos de controlo dessa planificação;  Desenvolver a capacidade de me ajustar à realidade profissional envolvente através do compromisso entre as espectativas e a realidade contextual;

 Desenvolver a capacidade de me adaptar ao compromisso constante entre celeridade e garantia de qualidade no trabalho desenvolvido;

 Desenvolver a capacidade de estruturar, argumentar e justificar estratégias de planificação;

 Desenvolver a capacidade de avaliar e ajustar a planificação no decorrer da operacionalização;

 Conseguir criar documentos próprios de suporte às tarefas de operacionalização;

 Adquirir conhecimentos dos procedimentos logísticos inerentes á análise e observação;

 Desenvolver a capacidade de observação e análise – correção, pertinência, assertividade, síntese e objetividade – observação in loco – observação á posteriori – relatórios;

Adquirir/desenvolver conhecimentos básicos para a utilização de softwares de suporte à observação (nível de utilização variável consoante a duração do estágio)

 Desenvolver a capacidade de investigação e inovação, subjacente a assuntos específicos da atividade/modalidade;

 Desenvolver a capacidade de inovação e desenvolvimento, suportada com argumentação sólida e válida;

 Desenvolver a capacidade de síntese na elaboração dos balanços e relatório final;

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13  Desenvolver de forma elementar as minhas capacidades práticas e teóricas

ao nível da condução do treino, perspetivando no que for possível, o “transfer” da atividade de observação e análise para o processo de treino;

 Desenvolver com proatividade as suas diversas tarefas de estágio;

 Desenvolver a capacidade de reflexão sobre as decisões tomadas no planeamento, condução e controlo do treino;

 Desenvolver a capacidade de diagnóstico dos comportamentos dos jogadores em treino e competição.

1.4. Objetivos Específicos

Quanto aos objetivos específicos, estes estão relacionados com as tarefas operacionais que os estagiários desta área do Benfica Lab desempenharam ao longo no ano de estágio e, por sua vez, as competências “práticas” que todos eles devem adquirir no processo de estágio. Tal como os objetivos gerais, a maioria dos objetivos específicos enumerados, foram propostos pelos responsáveis da área da Observação e análise do jogo de acordo com as normas estabelecidas no protocolo entre o Benfica Lab e a Faculdade de Motricidade Humana. Os dois últimos objetivos referidos posteriormente foram definidos por mim para que o plano individual de estágio fosse ao encontro das minhas expetativas e objetivos e para integrar uma tarefa que iria realizar no âmbito da Área 2 (estudo científico sobre o simulador 360s) que me iria dar competências para a minha formação profissional.

Dito isto, os objetivos específicos do meu processo de estágio foram:

 Planificar períodos de observação e análise assentes nas competições inerentes e aferir o nível da sua real concretização, efetuando ou não os necessários ajustes;

 Filmar em plano aberto;

Utilizar de forma elementar os softwares de apoio à análise e observação: Adobe Premier; Longomatch;

Utilizar de forma introdutória os softwares de apoio à análise e observação: Sports Analyser e Datatrax;

Planificar e operacionalizar observações de jogos in loco;

 Recolher e analisar dados de forma estruturada e objetiva nas observações in loco: Esquemas táticos; Organização ofensiva e defensiva; Sistemas táticos;

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14  Utilizar estratégias e meios de recolha e organização de informação relativa

a jogos a serem transmitidos via TV;

 Recolher e analisar dados (à posteriori do jogo) de forma estruturada e objetiva: Esquemas táticos; Organização ofensiva e defensiva; Sistemas táticos; Dados adicionais /complementares;

 Construir de raiz um relatório escrito de observação – adversários / própria equipa;

 Construir de raiz um relatório-vídeo (individual e coletivo) de observação – adversários / própria equipa;

 Elaborar e apresentar um trabalho de investigação, desenvolvimento e inovação subjacente a assuntos específicos da atividade;

 Planear, elaborar e apresentar uma (ou mais) ações de formação, cujos temas e conteúdos reúnam os critérios de qualidade necessários a poderem ser incluídas no Plano de formação interna do Benfica-LAB;

 Planear, elaborar e aplicar uma (ou mais) sessões de treino, na Escola de futebol S.L. Benfica – Estádio da Luz, sob supervisão dos técnicos principais e dos orientadores Benfica LAB;

 Investigar e atualizar a “´Biblioteca Virtual” do Benfica LAB, com artigos referentes à observação e análise e à evolução do jogo;

 Ser proactivo na apresentação de propostas válidas, que visem o desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização constantes;

 Acompanhar e participar no planeamento de microciclos/sessões de treino de uma equipa técnica do futebol de formação;

 Desenvolver uma investigação e novos projetos para futuras investigações relacionadas com o simulador 360s.

1.5. Objetivos e expetativas individuais

Desde o início da minha formação, sempre tive em mente adquirir competências e conhecimento que me permitissem realizar a atividade de treinador principal/adjunto de futebol com qualidade, logo, o meu principal objetivo quando me candidatei a este estágio profissionalizante foi continuar a desenvolver estas competências através da observação da prática de profissionais de excelência na área do treino desportivo. Não tendo a oportunidade de estagiar como treinador num contexto com este nível de qualidade e exigência, decidi candidatar-me a um estágio na área da observação e análise do jogo

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15 porque senti que iria ter funções em que podia aprender muito tendo em conta os meus

pontos fortes e fracos como treinador.

Na minha opinião, como treinador, tinha algumas dificuldades no diagnóstico e na prescrição de comportamentos em jogo, logo, com este estágio, pretendi acumular muitas horas de análise qualitativa do jogo para treinar a minha observação do jogo de forma a recolher a maior quantidade de informação possível de forma correta. Também considerava que podia evoluir muito como treinador se aumentasse o meu conhecimento sobre o jogo, logo, com este estágio, pretendi adquirir conhecimento sobre o jogo/modelo de jogo de uma equipa de elite num escalão em que os jogadores já têm muito conhecimento do jogo.

Para além de tentar evoluir nestas duas competências que fazem parte da atividade de um treinador e que sentia ter pouco trabalhadas, quis também aprofundar o meu conhecimento em todas as outras áreas em que os treinadores devem intervir, ou seja, através da observação direta, reflexão e discussões com colegas e profissionais do Benfica, pretendi aprofundar o meu conhecimento declarativo e processual sobre liderança, planeamento e periodização do treino (sessões de treino, microciclos, etc…), conceção de exercícios, fisiologia, entre outras áreas que fazem parte desta atividade.

Por fim, também pretendi adquirir conhecimento sobre a atividade de um observador/analista do jogo e todas as competências necessárias para ser um profissional competente nesta área particular visto ser uma profissão em crescimento no futebol, logo, com alguma oferta no mercado de trabalho.

1.6. Estrutura do relatório

Como disse anteriormente, este relatório de estágio está dividido em três grandes áreas sendo estas a Área 1 / “Organização e gestão do processo de treino e competição”, a Área 2 / “Inovação e investigação no futebol” e a Área 3 / “Relação com a comunidade”. Após a introdução onde contextualizei o meu estágio e a realidade do clube que me acolheu e defini os objetivos para este ano letivo, irei abordar os conteúdos inerentes à Área 1 / “Operacionalização do estágio” que, no caso dos estagiários em observação e análise, são uma revisão de literatura sobre as melhores práticas e o conhecimento científico atual na nesta área e a apresentação com respetiva explicação das tarefas operacionais que realizámos ao longo da época desportiva. De seguida, no âmbito da Área 2 / “Inovação e investigação no futebol, estará apresentado o estudo científico que realizei

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16 nesta época desportiva com o tema “Efeito de um programa de treino no simulador 360s

na autoeficácia específica para o passe em jovens atletas”.

A área da Relação com a comunidade (Área 3), dirá respeito ao projeto e posterior reflexão do evento organizado pelo grupo de estagiários no Caixa Futebol Campus com o nome de “Sport Science Day”. Por fim, na conclusão, irei sintetizar as principais experiências e aprendizagens que adquiri ao longo deste ano de estágio bem como a relação entre a literatura e as tarefas que realizei no estágio.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Características dos jogos desportivos coletivos

Sendo o Futebol uma modalidade desportiva inserida no grupo dos desportos coletivos, a relação de coordenação entre jogadores da mesma equipa e a relação de oposição para com os jogadores da equipa adversária, exige uma necessidade constante de cada jogador coordenar as suas ações em função do contexto (Julio & Araújo, 2005 citado por Sarmento, 2012). Este contexto contém inúmeros constrangimentos que fornecem informação aos jogadores que, por sua vez, interpretam a informação recebida como oportunidades de ação levando assim à emergência de comportamentos de acordo com as suas experiêcnais pessoais (Vilar, Araújo, Davids & Button, 2012).

Segundo Vilar et al. (2012), a grande diversidade de relações existentes nos jogos deportivos coletivos faz com que os constrangimentos do contexto mudem instantaneamente, logo, como as oportunidades de ação aparecem e desaparecem rapidamente, o rendimento de cada jogador reside na capacidade deste identificar estas oportunidades de ação num espaço de tempo muito reduzido e na sua capacidade de agir contribuindo assim para que a sua equipa esteja mais próxima de alcançar o seu objetivo (marcar ponto/golo ou evitar que a equipa adversária marque/pontue).

Numa prespetiva coletiva, o rendimento de uma equipa está dependente da forma como os seus elementos se auto-organizam, ou seja, as equipas atuam como superorganismos (Gama, Dias, Couceiro & Vaz, 2017) e o seu sucesso está dependente da forma como os jogadores se coordenam entre si e com a equipa adversária de forma a manter o equilíbrio no sistema (díade ataque-defesa / relação entre as duas equipas), para impedir que a equipa adversária pontue ou marque, ou de forma a quebrar esse estado de estabilidade do sistema para que possam pontuar / marcar (Vilar et al., 2012).

Esta infinidade de informação, presente nos jogos desportivos coletivos, que provem de cada um dos elementos do sistema (jogadores), da interação entre cada um deles e de fatores externos que influenciam este mesmo sistema (jogo), dificulta bastante a análise do rendimento devido à dificuldade em obter toda a informação e sintetizar a mesma com o intuito de obter apenas a informação mais relevante (Grehaigne & Godbout, 2013).

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2.2. Análise do rendimento nos jogos desportivos coletivos

De acordo com Sampaio, MacGarry & O’Donoghue (2013), a análise do jogo nos jogos desportivos coletivos tem como principais objetivos aumentar o conhecimento científico sobre o jogo e auxiliar as equipas técnicas na prática profissional. Desta forma, posteriormente, irei abordar o tema da análise do rendimento em cada uma destas componentes.

Segundo Lemmink & Frencken (2013), através da análise do rendimento nos desportos de invasão, investigadores e treinadores pretendem avaliar comportamentos tanto em treino como em competição, mas, como referi anteriormente, esta análise dos comportamentos dos atletas e equipas torna-se bastante complexa e difícil devido a alguns constragimentos. Para além do facto de vários indivíduos interferirem no jogo fornecendo enormes quantidades de informação através dos seus comportamentos e interações que têm com colegas de equipa e adversários (Grehaigne & Godbout, 2013), a tarefa de analisar os jogos desportivos coletivos é dificultada devido à instabilidade do rendimento coletiva e individual visto ser influenciada por ínumeros constrangimentos como a qualidade da oposição, local do jogo e outras situações desconhecidas que diferem de jogo para jogo (Sampaio & Leita, 2013).

A análise do rendimento pode ser dividida em três grandes fases sendo estas a fase de observação dos acontecimentos, a fase de notação dos dados e a fase de interpretação dos dados (Franks & Goodman, 1986; Hughes, 1996 citado por Garganta, 2001). Devido à complexidade inerente aos jogos desportivos coletivos e às dificuldades na análise do rendimento mencionadas anteriormente, os meios e métodos utilizados nestas 3 fases do processo da análise do jogo foram sofrendo alterações ao longo do tempo com o intuito de recolher mais informação, facilitar a sua análise e retirar informação mais pertinente (Garganta, 2001). Inicialmente, os sistemas de observação baseavam-se na técnica denominada “papel e lápis” e os comportamentos eram registados através da notação manual, mas, com o aparecimento de novas tecnologias, a informática substituiu as técnicas manuais armazenando maiores quantidades de informação e facilitando o acesso aos dados (Garganta, 2001). Com a revolução tecnológica, o número de softwares de análise do jogo aumentou e, progressivamente, foram ficando mais sofisticados colmatando as debilidades dos instrumentos de observação utilizados anteriormente (Gama et al., 2017; Garganta, 2001).

Atualmente, os dados provenientes de sistemas GPS (Global positioning sistem) e de tracking são utilizados por investigadores e por alguns clubes de elite para retirar informação do jogo com base na posição em campo dos jogadores em cada instante

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19 (Carling, & Bloomfield, 2013). Estes sistemas que são utilizados ajudam a definir perfis de

atletas no que diz respeito a vários indicadores e ajudam a caracterizar fisiologicamente o rendimento das equipas e dos atletas, mas, é necessário desenvolver formas de avaliar taticamente as equipas (Lemmink & Frencken, 2013). Já existem algumas metodologias para analisar taticamente as equipas, mas, serão abordadas posteriormente no capítulo da análise qualitativa (2.3.2) e das tendências evolutivas da análise do jogo (2.5).

2.2.1. Análise do jogo – Investigação e Produção de Conhecimento

Os primeiros estudos sobre a análise do jogo datam de 1910, mas, só a partir de 1990 se começou a estudar com mais frequência este tema contribuindo para as ciências do desporto (Marcelino, Sampaio & Mesquita, 2001). Este crescimento, nos últimos anos, da investigação nesta área da análise do rendimento em jogos desportivos coletivos, deve-se principalmente ao avanço da tecnologia que contribuiu para o aparecimento de GPS e outras ferramentas que possibilitam a recolha de muita informação (Sampaio et al., 2013). Os estudos realizados na área da análise do rendimento podem ser distinguidos em estudos descritivos, comparativos e preditivos (Sarmento, Marcelino, Anguerra, Campaniço, Matos & Leitão, 2014). Os primeiros estudos a ser realizados foram os estudos descritivos que retiravam informação do jogo para caracterizar as diferentes modalidades. Nestes estudos foram analisados os padrões de movimentos com foco nas velocidades e distâncias percorridas com o intuito de caracterizar fisiologicamente a modalidade em questão e de fornecer “guidelines” para os programas de treino nas diferentes modalidades (Carling & Bloomfield, 2013; Marcelino, et al., 2011).

De seguida surgiram os estudos comparativos que, através de informação semelhante aquela que era utilizada nos estudos descritivos, comparavam posições táticas entre si, níveis competitivos e outras variáveis independentes (Marcelino, et al., 2011). A quantidade e tipo de ações que as várias posições funcionais dos jogadores em campo realizam durante o jogo, a eficácia dessas ações e o esforço fisiológico são exemplos de algumas variáveis que são estudadas nos estudos comparativos (Marcelino, et al., 2011).

Segundo Glazier & Robins (2013), estes estudos realizados sobre análise do jogo permitem identificar o resultado do rendimento dos atletas e das equipas, mas, como não permitem perceber o que afeta esses resultados, começaram a estudar formas de prever o que vai acontecer no jogo através dos estudos preditivos e em função de várias variáveis como a qualidade da oposição, o local do jogo e o resultado (Marcelino, et al., 2011).

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20 Atualmente, na urgência de se começar a estudar não só as relações de

dependência, mas também, a interação entre jogadores ou equipas devido à complexidade dos jogos desportivos coletivos, utilizam-se variáveis como distâncias interpessoais, ângulos e velocidades para retirar informação sobre a coordenação das equipas e da coordenação entre equipas (Marcelino, et al., 2011; Passos, Araújo & Davids, 2013).

Apesar de, a partir dos anos de 1990, a análise do jogo ter ganho uma maior importância na literatura ciêntifica devido à criação de sociedades, jornais, conferências específicos (as) para este tema (Sarmento et al., 2014), as revisões de literatura sobre este assunto ainda são escassas (Marcelino, et al., 2011).

Outra das debilidades da investigação ciêntifica na área da análise do jogo está relacionada com o facto da maioria dos estudos incidirem sobre a análise quantitativa não representando a verdadeira complexidade do jogo e com o facto de não fornecerem muita informação tática sobre o jogo que é fundamental para a prática (Gama et al., 2017).

2.2.2. Análise do jogo – Rendimento individual e/ou coletivo

No que diz respeito à utilização da análise do jogo na prática pelos treinadores/ equipas técnicas, o desenvolvimento e evolução dos meios e métodos de análise do rendimento é fundamental visto ser impossível para qualquer treinador recordar todos os eventos críticos do jogo (O’Donoghue & Mayes, 2013b). Desta forma, a análise do jogo tem como principal função fornecer mais informação aos treinadores para que estes a utilizem para melhorar o rendimento da equipa ou para preparar estrategicamente o próximo jogo (Carling, Reilly & Williams, 2009 citado em Lemmink & Frencken, 2013; Maslovat & Franks, 2008). Para Garganta (2005) (citado por Ventura, 2013), a orientação do processo de treino deve basear-se muito na informação que é recolhida no jogo e, no plano estratégico para o jogo, a informação recolhida através da observação e análise das equipas adversárias é fundamental para descodificar os seus modelos de jogo (Ventura, 2013), logo, e de acordo com vários autores, um treinador que não utilize a análise do rendimento pode ser considerado negligente (Carling et al., 2005; Ribeiros, 2008, 2009; Belli, 2015 citados por Gama et al., 2017).

Como foi referido anteriormente, inicialmente, os comportamentos dos atletas e das equipas eram registados manualmente com recurso à técnica “papel e lápis” (Garganta, 2001). Com o aparecimento das filmagens dos jogos, treinadores começaram a utilizar a análise de vídeo para fornecer feedback aos seus jogadores / equipas, mas, devido ao facto destas filmagens se centrarem apenas na bola, muita informação tática pode faltar

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21 ou estar pouco precisa (Lemmink & Frencken, 2013). Neste momento, para além das

filmagens técnicas realizadas pelas equipas técnicas e que são capazes de captar mais informação, vários clubes e seleções utilizam regularmente softwares de análise do jogo que facilitam a manipulação de vídeos para os utilizar como feedback para os jogadores (SportsCode, Focus, Match Vision, entre outros) e outros softwares que capturam uma grande quantidade de informação estatística e que fornecem essa informação bem como animações e vídeos para a utilização prática dos treinadores (Amisco, Prozone, Ascensio,

Cairos, entre outros) (Silva, 2006; Ventura, 2013 citados por Gama et al., 2017).

Estes softwares permitem retirar informação ao segudno sobre a posição, deslocamento e velocidade de todos os jogadores no jogo, logo, é possível realizar uma análise ao jogo denominada pela literatura como “time-motion analyses”. (Bangsbo, 1994 citado por Tenga, 2013). Esta forma de analisar o jogo em treino e competição permite quantificar a carga externa a que cada jogador foi submetido durante o jogo podendo ser uma informação útil para condicionar o treino (Carling & Bloomfield, 2013), permite interligar esta carga externa com dados fisiológicos como batimentos por minuto, lactato, entre outros (carga interna) de forma a retirar informação que ajude a reduzir o risco de lesões e excesso de carga (Macleod et al. citado por Carling & Bloomfield, 2013), permite retirar alguma informação tática importante para melhorar o rendimento dos atletas (Tenga, 2013) e permite também definir perfis para cada atleta e equipa de forma a caracterizar os jogadores / equipas nos vários indicadores de rendimento podendo estes serem utilizados como termo de comparação (O’Donoghue, 2013c; Sampaio & Leite, 2013).

A análise do rendimento no contexto na prática desportiva é recorrentemente utilizado pelas equipas técnicas nos clubes e seleções no processo de treino para preparar as mesmas para a competição ou para melhorar o rendimento dos jogadores. Na Figura 1 está representado um exemplo de um ciclo de preparação de uma equipa com os vários processos que fazem parte da análise do jogo e a sua relação com o treino e competição (O’Donoghue & Mayes, 2013b).

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22

2.3. Observação e Análise do jogo de Futebol

Como referi anteriormente, a observação e análise do rendimento nos jogos desportivos coletivos é fundamental devido à incapacidade dos treinadores se recordarem de todos os eventos críticos do jogo (Maslovat & Franks, 2008 citado por O’Donoghue & Mayes, 2013b). Dito isto, no Futebol, a análise do jogo é muito utilizada tanto na prática como na investigação científica sendo este um dos desportos mais analisados na literatura ciêntifica (Tenga, 2013).

A informação que provem da análise do jogo no Futebol pode ser diferenciada em dois tipos de análise: a análise quantitativa (análise notacional) que diz respeito à informação quantificável como estatísticas, frequência de ações, percentagem de sucesso das ações, distâncias percorridas, entre outros, e a análise qualitativa que diz respeito à observação e avaliação das ações dos jogadores ou equipas por parte dos treinadores ou analistas de forma a perceber os erros mais comuns (O’Donoghue & Mayes, 2013b).

Atualmente, no Futebol, a análise quantitativa nas equipas de alto rendimento é realizada através de softwares que podem ser agrupados em tracking através de vídeo semi-automático, tracking eletrónico ou GPS (Lemmink & Frencken, 2013). Sistemas de

tracking através de vídeo semi-automático como a ProZone, AMISCO Pro, SportVU ou Datatrax são muito utilizados por clubes de topo Europeus desde 1996, data onde se iniciou

a utilizar o sistema AMISCO Pro como sistema pioneiro no tracking de jogadores (Carling, Williams & Reilly, 2005; Lemmink & Frencken, 2013). Estes sistemas necessitam da instalação de várias câmaras cobrindo todo o campo e de supervisão para que o sinal

Figura 1. Análise do rendimento no contexto do treino desportivo (Mayes et al., 2009 adaptado por O’Donoghue & Mayes, 2013b)

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23 obtido esteja sempre correto (Lemmink & Frencken, 2013). Os sistemas de tracking

eletrónico como o Cairos consistem na utilização de material eletrónico por parte dos jogadores e na bola para que o sistema possa registar as posições momentâneas tanto dos jogadores como da bola durante todo o jogo. Este sistema tem a vantagem, relativamente aos sistemas de tracking através de vídeo semi-automático, de ser mais preciso e de não necessitar correção manual (Carling, Williams & Reilly, 2005). Quanto ao

GPS (“Global Positioning Sistem”), este é um sistema que recebe sinais de satélites

fornecendo informação da posição exacta do jogador ao longo do tempo (Carling, Williams & Reilly, 2005). Neste momento, é a tecnologia mais económica para realizar o tracking dos jogadores, mas, é o sistema menos fiável à exceção dos GPS com elevadas frequências (Lemmink & Frencken, 2013).

Estes três sistemas fornecem as mesmas informações devido ao facto de se basearem no registo das posições instantâneas dos jogadores ao longo de todo o tempo de jogo, mas, como existe algum erro quando comparadas entre si, aconselha-se a utilizar sempre a mesma tecnologia de forma a ser possível comparar os dados de jogos diferentes (Lemmink & Frencken, 2013).

Devido ao facto da componente tática ser preponderante no futebol de elite (Rein & Memmert, 2016), a análise qualitativa é fundamental na utilização prática da análise do jogo. Segundo Ventura (2013), existem três tipos de observação: na observação direta o jogo é analisado in loco; na observação indireta a análise é realizada através de vídeos; e na observação mista utilizam-se os dois tipos de observação. O vídeo é uma das fontes mais utilizadas na prática tanto na análise da própria equipa como das equipas adversárias porque, para além de fornecer um conhecimento mais preciso das características da equipa adversária ou dos comportamentos da própria equipa, torna possível ver algo que tenha escapado à observação direta e fornecer as imagens com os comportamentos avaliados aos jogadores (Ventura, 2013).

2.3.1. Análise Quantitativa / Análise Notacional

A análise notacional no Futebol consiste na obtenção de estatísticas de jogo, frequência de eventos dos jogadores e outros dados quantificáveis que fornecem, rapidamente, informação pertinente aos treinadores (Carling et al., 2005; O’Donoghue & Mayes, 2013b). Na literatura ciêntifica, a análise notacional tem sido muito estudada relacionando vários dados quantificáveis com o sucesso das equipas (Collet, 2013; Lemmink & Frencken, 2013) e, com a evolução dos sistemas de recolha de dados como

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24 sistemas de tracking e GPS, também tem sido muito utilizada na prática por parte dos

clubes de topo que utilizam a análise notacional em treino e competição para recolher informação sobre a posição dos jogadores ao longo do tempo, deslocamentos e velocidades (Carling et al., 2008, 2009 citado por Lemmink & Frencken, 2013).

Apesar do principal objetivo da utilização deste tipo de análise ser o de obter informações sobre a intensidade e tipo de esforço do exercício realizado pelos jogadores em treino e competição (Carling et al., 2005; Marcelino et al., 2011), a análise quantitativa tem sido um pouco criticada porque não fornece muita informação tática aos treinadores (Marcelino et al., 2011; Lemmink & Frencken, 2013). Nos últimos anos, têm sido realizados alguns estudos com variáveis obtidas através da análise notacional que providem alguma informação tática sobre o jogo como o espaço geométrico ocupado pelas equipas no campo durante o jogo, os centróides de cada equipa (posição média de todos os elementos da mesma equipa), as oportunidades de golo e sua relação com outros indicadores, entre outros (Lemmink & Frencken, 2013). Estes estudos pretendem analisar o jogo através da díade ataque-defesa, ou seja, consistem no estudo da relação/coordenação entre as duas equipas que se opõem no jogo para perceber quais são os indicadores que representam uma rutura no estado de equilíbrio do sistema (sistema complexo composto por todos os elementos de ambas as equipas), logo, é possível associar alguns indicadores quantificáveis com a ocorrência de oportunidades de golo que, por sua vez, representam sucesso dos comportamentos táticos da equipa em questão (Lemmink & Frencken, 2013). Outra forma de análise notacional que tem sido comummente utilizada na literatura ciêntifica e na prática para recolher indicadores objetivos capazes de atribuir um valor tático ao rendimento das equipas em competição, é a análise de redes que consiste na representação gráfica dos canais de comunicação entre os jogadores (a comunicação entre os jogadores, neste tipo de análise, é objetivada através dos passes realizados com sucesso) e tem como finalidade identificar a organização, estrutura e dinâmica da equipa, os atletas que mais interagem entre si, os principais canais de comunicação / circulação de bola da equipa, os jogadores-chave e as áreas mais influentes no jogo da equipa (Gama et al., 2017).

Esta representação gráfica consiste em onze nódulos correspondentes a cada jogador com setas que os “ligam” entre si dependendo da quantidade de passes que realizaram / receberam durante o jogo originando uma rede que fornece algumas informações como a quantidade de passes realizados com sucesso, a densidade da rede, o “clustering cofficient” (força da ligação com os nódulos próximos de cada jogador), a

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25 posição média (“centróide”) de cada jogador, a “Degree centrality” (quantidade de ligações

de cada jogador), entre outros (Clemente, Martins, Mendes & Silva, 2016).

Um estudo realizado por Grund (2012), identificou que redes mais densas e menos centralizadas estavam associadas a melhores rendimentos em equipas da Premier League Inglesa, logo, a análise de redes pode ajudar a perceber a forma como as interações entre os jogadores origina padrões de jogo nas equipas e a sua relação com sucesso no rendimento desportivo, ou seja, com o desempenho tático da equipa. Desta forma, a análise de redes é uma abordagem promissora na análise do rendimento no Futebol combinando o registo da posição dos jogadores ao longo do tempo através do tracking com dados estatísticos fornecendo alguma informação sobre os padrões de jogo das equipas (Lamb & Barlett, 2013).

Para Lemmink & Frencken (2013), mesmo com a evolução da análise notacional devido aos avanços tecnológico e aparecimento da análise de redes, a análise quantitativa tem muitas limitações principalmente numa perspectiva tática, ou seja, como grande parte dos indicadores centram a sua antenção na bola e no que os jogadores fizeram, não se analisa profundamente os comportamentos táticos dos jogadores atribuindo um valor qualitativo aos mesmos nem se retira informação objetiva sobre o que estes podem corrigir para melhorar o rendimento, logo, de acordo com Vilar et al. (2012), é uma análise algo reducionista.

Para se entender a complexidade do jogo e analisar corretamente o mesmo na prática em clubes de elite, é importante combinar a análise quantitativa com a análise notacional (Morrison, 2000 citado por Gama et al., 2017; Garganta, 1999).

2.3.2. Análise Qualitativa

Para realizar a análise qualitativa do rendimento de uma equipa num jogo é necessário um perito (treinador ou observador) que observe o jogo e avalie taticamente a(s) equipa(s) de acordo com as suas experiências pessoais (Rein & Memmert, 2016). Segundo alguns estudos, está comprovado que treinadores e observadores qualificados apenas consegue recordar uma percentagem dos eventos críticos do jogo (59%) (Laird & Waters, 2008 citado por O’Donoghue & Mayes, 2013b). Devido a esta razão, a análise do jogo realizada através de vídeo é fundamental para se observar as ações de jogo repetidamente facilitando a avaliação, para ver algo que tenha escapado ao treinador/observador durante o jogo e até mesmo para mostrar imagens aos jogadores de forma apelativa para facilitar a comunicação entre treinador e jogador (Carling et al., 2005).

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26 Esta discussão entre jogadores e treinadores permite que o rendimento individual e coletivo

das equipas analisadas melhore devido à correção de erros concretos e objetivos detetados na análise vídeo (Carling et al. 2005; O’Donoghue & Mayes, 2013b). Alguns

softwares de edição de vídeo como o Sportscode, são frequentemente utilizados por

analistas e treinadores de Futebol em contextos profissionais com o objetivo de criar sequências de vídeo mais interativas e apelativas facilitando assim a transmissão de informação para os jogadores (Carling et al., 2005; O’Donoghue & Mayes, 2013b).

A análise qualitativa através de vídeo ou da observação direta do jogo permite identificar os aspetos do jogo que os atletas ou equipas podem corrigir para melhorar o rendimento, auxiliando o treinador a planear o processo de treino. Após identificar a forma como os jogadores se comportaram taticamente na competição ou treino, é possível compreender as razões dos seus comportamentos e o que poderiam ter realizado de diferente que contribuísse para o sucesso da equipa (O’Donoghue & Mayes, 2013b).

O facto das observações na análise qualitativa, mesmo realizadas por peritos, serem impressões subjetivas do que aconteceu e dependentes das experiências do analista, contribui para algumas das limitações na análise qualitativa como a dificuldade em obter dados objetivos e sistematizar apenas uma forma de avaliar o jogo independentemente do observador (Lamb & Barlett, 2013). Para colmatar estas limitações, Costa, Garganta, Greco, Mesquita & Maia (2011) criaram um sistema de avaliação tática no Futebol denominado por FUT-SAT (Sistema de avaliação tática no Futebol) que consiste na avaliação dos comportamentos táticos de cada jogador de acordo com os princípios de jogo ofensivos (Penetração, Cobertura ofensiva, Mobilidade, Espaço e Unidade ofensiva) e defensivos (Contenção, Cobertura defensiva, Equilíbrio, Concentração e Unidade defensiva) atribuindo um valor ao rendimento de cada jogador a partir do somatório do valor de todas as ações que realizou durante o jogo.

Para além da análise da própria equipa, a análise qualitativa também é muito utilizada no Futebol para analisar as equipas adversárias de forma a codificar o modelo de jogo dessa equipa e ajudar a equipa técnica a preparar estrategicamente o próximo jogo (Ventura, 2013). Tanto na observação direta como indireta, é importante definir o que se quer observar antes de iniciar a análise do jogo para que o olhar esteja direcionado para a informação mais importante, logo, Ventura (2013) identificou alguns parâmetros que os treinadores utilizam para caracterizar as equipas adversárias sendo estes: os 4 grandes momentos do jogo e esquemas táticos; as substituições normalmente utilizadas; o comportamento da equipa em função do resultado momentâneo; os padrões de jogo em função do local do jogo (casa ou fora); e os jogadores referência.

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27

2.4. Importância da Observação e Análise no Futebol

A análise do rendimento no Futebol tem muitas finalidades como a de contribuir para captar a atenção e entreter a audiência através dos media (Kirkbride, 2013), contribuir para avaliar e melhorar os comportamentos dos treinadores (O’Donoghue & Mayes, 2013a), aumentar o conhecimento sobre o jogo de futebol (Sampaio et al., 2013) e recrutar jogadores para as equipas principais ou de formação (Ventura, 2013), mas, o seu principal objetivo é aumentar o rendimento das equipas, logo, a qualidade dos processos utilizados na análise do jogo é fundamental para o treinador (Tenga, 2013). Para Hughes & Franks (1997 citado por Garganta, 2001), a análise dos comportamentos dos atletas em contextos de treino ou competição é considerada uma das variáveis que mais afetam a aprendizagem dos jogadores, logo, o feedback utilizado pelos treinadores deve ser suportado pela análise do rendimento.

De acordo com Garganta (1997, citado por Ventura, 2013), a análise do jogo permite, ao treinador, interpretar a organização e as ações que contribuem para a qualidade do jogo da própria equipa, planificar o treino tornando os seus conteúdos mais específicos, criar planos táticos adequados ao adversário que vai defrontar na competição e regular a aprendizagem e o treino.

2.4.1. Futebol de Formação

No Futebol de formação, como o principal objetivo dos treinadores é contribuir para o desenvolvimento dos jovens como seres humanos e jogadores de futebol, a observação e análise do jogo deve focar-se no aumento do conhecimento do jogo dos atletas e não tanto no rendimento das equipas. (Ventura, 2013).

Através da análise do jogo no futebol de formação é possível monitorizar a evolução dos jogadores (O’Donoghue & Ingram, 1998; Sampaio, 1999 citados por Gama et al., 2017), mostrar aos jogadores a sua própria prestação sob orientação do treinador (Bacconi e Marella, 1995 citado por Gama et al., 2017), recolher informação sobre o processo de treino e competição (MacGarry & Franks, 1995 citado por Gama et al., 2017), aumentar a qualidade do treino devido à maior focalização tática e espeficidade (Carling et al. 2005; Ventura, 2013), entre outros. De todas as potencialidades da análise de jogo no Futebol de formação, o aumento da quantidade e da qualidade do feedback do treinador (feedback mais específico, criação de vídeos apelativos com informação sobre o rendimento e outras

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28 funcionalidades) é uma das mais referenciadas na literatura visto ser fundamental para que

um jogador consiga chegar a um nível de elite (Carling et al., 2005; O’Donoghue & Mayes, 2013b; Nicholls & Worsfold, 2016).

Para além desta vertente da evolução dos jogadores no futebol de formação, a análise do jogo também é fundamental para selecionar talentos para as equipas de formação sendo esta uma componente da observação e análise do jogo cada vez mais importante no Futebol (Lamb & Barlett, 2013; Nicholls & Worsfold, 2016).

2.4.2. Futebol de Alto Rendimento

No Futebol de Alto Rendimento, contexto onde o rendimento desportivo é prioritária, a utilização da análise do jogo por parte dos treinadores tem vindo a crescer nos últimos anos resultado da importância que estes atribuem à análise do rendimento no jogo moderno (Carling et al., 2005). É certo que os procedimentos/métodos para analisar o rendimento das equipas depende do nível dos jogadores, do acesso à tecnologia e da capacidade financeira do clube, mas, de qualquer forma, grande parte das equipas já possuem departamentos de “scouting” / Observação e análise do jogo. (Ventura, 2013; O’Donoghue & Mayes, 2013b).

Com os avanços tecnológicos, muitas equipas de elite e com capacidade financeira utilizam tecnologias como sistemas de tracking ou GPS devido à importância dos dados que estes sistemas fornecem sobre a intensidade do esforço realizado pelos jogadores em treino e competição (Carling & Bloomfield, 2013; Carling et al., 2005). Esta informação é fundamental para treinadores e fisiologistas tomarem decisões quanto ao processo de treino de forma a adaptá-lo de acordo com as necessidades de cada atleta e da equipa.

Numa perspetiva de rendimento, também é fundamental os treinadores conseguirem corrigir os seus jogadores para melhorar o rendimento da equipa e prepararem-na para a próxima competição fornecendo informações sobre os adversários (Carling et al. 2005). De acordo com Wiltshire (2013) dados objetivos sobre o rendimento aceleram o processo de aprendizagem dos jogadores e facilitam a comunicação entre treinador e jogador, logo, a análise do jogo é fundamental para melhorar o rendimento individual e coletivo das equipas. Quanto à análise de adversários, Calvo (2008 citado por Ventura, 2013) defende que recursos humanos para analisar adversários são indispensáveis no futebol de alto rendimento pois o treinador necessita de informação resumida sobre as principais características dos mesmos para as utilizar no treino e no jogo. A observação de adversários é fundamental no Futebol de alto rendimento porque

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29 permite ao treinador antecipar o que vai acontecer no jogo retirando alguma

imprevisibilidade do mesmo (Ventura, 2013), explorar as fraquezas e contrapor os pontos fortes dos adversários (Carling et al., 2015) e delinear a estratégia/plano de jogo tendo em conta as características da equipa adversária (Mahlo, 1997; Castelo, 1996, 2000 e 2004 citados por Ventura, 2013).

Por fim, tal como no Futebol de formação, a análise do jogo também é fundamental para identificar talentos para as equipas principais dos clubes de forma a aumentar o rendimento das mesmas (Lamb & Barlett, 2013).

2.5. Tendências evolutivas na Observação e análise do Jogo

Apesar de ser muito difícil generalizar a utilização dos sistemas computarizados devido aos custos associados, o avanço tecnológico irá proporcionar novos sistemas que serão o futuro da análise do rendimento nos clubes com capacidade financeira suficiente para estar na vanguarda das boas práticas (Marcelino, et al., 2011).

Com a recente aprovação da FIFA em utilizar sistemas GPS em competição, é possível combinar a análise de redes com as informações provenientes do GPS fornecendo alguma informação sobre informação estatística de todos os jogadores (distâncias percorridas, número de sprints, tempos de recuperação, entre outros) e sobre os padrões de jogo das equipas (Lamb & Barlett, 2013). Esta evolução registada nos últimos anos permite atribuir algum valor qualitativo aos dados obtidos através destes sistemas, mas, de acordo com Lemmink & Frencken (2013) é crucial os treinadores trabalharem em conjunto com os cientistas para descobrir variáveis que analisem as equipas taticamente através destes sistemas.

Para Lamb & Barlett (2013), será possível obter avaliações sobre o rendimento tático das equipas ao intervalo dos jogos através da combinação entre o registo das posições em campo dos jogadores e da bola obtidas através do tracking com a inteligência artificial que avalia os comportamentos dos jogadores. Este sistema de avaliação poderia ser um passo importante na área da análise do rendimento porque iria permitir ter dados objetivos sobre o rendimento tático dos jogadores, mas, este avanço na metodologia da análise do jogo só é possível após a resolução do problema de realizar o tracking da bola e de avaliar qualitativamente as ações (só é possível avaliar qualitativamente as ações quando existirem investigações que estudem os padrões de movimentos dos jogadores e da bola) (Lamb & Barlett, 2013).

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30 Outra inovação que se pretende realizar na análise do rendimento no Futebol de

elite está relacionada com as “Big data tecnologies” que consistem em sistemas/infrastruturas capazes de obter dados fisiológicos, de rastreamento (sistemas de

tracking e GPS) e dados observacionais provenientes da análise vídeo. Estes sistemas

também devem facilitar o armazenamento e acesso destes dados para, posteriormente, fornecer os dados mais pertinentes e elaborar um modelo explicativo/preditivo. (Coutts, 2014 citado por Rein & Memmert, 2016). O projeto Arcane desenvolvido por Couceiro, Dias, Araújo & Davids (2016), pretende resolver o problema “Big Data” fornecendo aos treinadores, investigadores e jogadores um output probabilístico do resultado do jogo e outras informações como o risco de lesões dos jogadores, entre outros. Este projecto tem como objetivo criar um sistema que utiliza os dados obtidos através de sistemas de

tracking, GPS, análise notacional para fornecer feedback para melhorar o desempenho dos

(31)

31

3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO PROCESSO DE TREINO E COMPETIÇÃO

Sendo o meu processo de estágio diferente devido ao facto de estar integrado numa equipa técnica como observador/analista, este capítulo do relatório de estágio terá como objetivo relatar as minhas atividades de estágio no Benfica Lab, mais concretamente, na área de observação e análise do jogo tanto no escalão de Juvenis “A” como no Futebol profissional. Para isso, esta componente do relatório de estágio estará dividida pelas várias tarefas de estágio estando estas agrupadas em 5 diferentes grupos: formações e avaliação diagnóstica, tarefas operacionais no escalão de Juvenis “A”, tarefas operacionais do Futebol profissional, tarefas de treinador na Escola de Futebol Benfica – Estádio e tarefas complementares.

3.1. Formações e avaliação diagnóstica

No primeiro mês de estágio, os responsáveis pela área da Observação e análise do jogo do Benfica Lab realizaram um diagnóstico das nossas capacidades e características individuais para procederem à seleção dos estagiários para cada um dos escalões de formação e futebol profissional com o objetivo de ajustar as características e desejos dos estagiários ao contexto em que iriam trabalhar, logo, para que o processo de estágio fosse ao encontro das expetativas e objetivos de cada estagiário.

Realizámos várias formações específicas sobre os softwares utilizados no Benfica Lab tanto para o futebol profissional como para o futebol de formação e elaborámos duas avaliações diagnósticas que consistiram na construção de um relatório de jogo de raiz com a análise qualitativa de duas equipas e na análise crítica de um artigo científico.

3.1.1. Formação específica do software Sports Analyzer

O Sports Analyzer é um software criado pela DSI (Direção de sistemas informáticos) em colaboração com o Benfica Lab e que tem como principal funcionalidade a criação de animações 2D muito úteis para a análise de equipas adversárias. O Benfica Lab é o único departamento com acesso a este software e utiliza-o para descrever, de uma forma gráfica, comportamentos individuais ou coletivos da equipa adversária como as movimentações nos esquemas táticos, movimentações padrão ofensivas ou defensivas e sistemas táticos.

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32 Para além disso, também é útil para criar exercícios de treino, armazenar

informação de planteis e dados quantitativos (através da ligação com o S.I.A.D., é possível atualizar equipas/planteis com todos os jogadores e respetivos números) e para criar desenhos que integrem os relatórios de jogo da própria equipa ou de observação das equipas adversárias.

Apesar das várias funcionalidades desta ferramenta, o Sports Analyzer foi utilizado, maioritariamente, pelos estagiários do Futebol profissional quando estes tiveram de realizar a análise qualitativa dos esquemas táticos da equipa adversária que era utilizada no relatório de adversários para todas as equipas que defrontam a equipa principal do Benfica na Liga NOS.

3.1.2. Formação específica do software Photoshop

O Photoshop é um programa de edição de imagens muito utilizado pelos observadores/analistas estagiários tanto do Futebol profissional como do

Futebol de formação. Devido à facilidade na sua utilização e na aprendizagem das suas funcionalidades básicas, o Photoshop é um programa muito utilizado na área da Observação e análise do jogo no Benfica Lab para editar imagens que colocávamos nos relatórios de jogo escritos ou vídeo e nas análises individuais e de adversários.

Também utilizámos este software para a realização de outras tarefas que não estão relacionadas com a análise de jogo e de adversários, mas que foram solicitadas aos estagiários da área da

Observação e análise do jogo devido ao facto de o sabermos utilizar. Um exemplo destas tarefas é a edição de imagens de exercícios de força em que fomos solicitados para retirar o fundo das respetivas imagens ficando apenas com o corpo do jogador que realizava o exercício.

Figura 2 – Logotipo do software Photoshop

Imagem

Figura 1. Análise do rendimento no contexto do treino desportivo (Mayes et al., 2009  adaptado por O’Donoghue & Mayes, 2013b)
Figura 5.Software Adobe Premier
Figura 9 e 10. Imagem do mesmo jogo em plano aberto e fechado respetivamente (Figura 9 à direita e Figura 10 à  esquerda)
Figura 11. Valor médio da percentagem de passes realizados  com sucesso no pré e pós-teste
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Referências

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