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DISSERTAÇÕES DO PPGP SOBRE A RELAÇÃO ENTRE AVALIAÇÕES

No documento joséleonardoferreiragomes (páginas 56-61)

3 AÇÕES EDUCACIONAIS E AVALIAÇÕES EXTERNAS: SUPORTE

3.1 DISSERTAÇÕES DO PPGP SOBRE A RELAÇÃO ENTRE AVALIAÇÕES

Tendo em vista que a presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação – PPGP do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora – CAEd/UFJF, realizou-se um levantamento de alguns trabalhos do programa que abordam temáticas e reflexões acerca de currículo, aprendizagem e avaliações externas. Dessa forma, foi feita uma pesquisa na plataforma de dissertações do PPGP utilizando palavras-chaves como avaliação externa, apropriação de resultados, ações pedagógicas, currículo e aprendizagem. Além disso, também realizou-se uma leitura dos trabalhos a fim de selecionar as pesquisas que se relacionavam com os temas deste trabalho. Com isso chegou-se à seleção dos trabalhos de Alves (2017), Amorim (2016), Dolzanes (2017), Matos (2017) e Mayerhofer (2014). As dissertações selecionadas têm por objetivo gerar discussões acerca da relação entre ações educacionais, aprendizagem e avaliações externas, levantando assim o que já foi pesquisado no PPGP acerca desses temas.

Os trabalhos de Alves (2017), Amorim (2016), Dolzanes (2017), Matos (2017) e Mayerhofer (2014) indicam que o principal desafio para aprimorar a relação entre avaliações externas e currículo envolva o uso competente dos dados desses instrumentos. Todos os autores apontam em suas respectivas pesquisas que para aprimorar a relação entre avaliação externa e currículo, é fundamental o trabalho com apropriação dos dados.

É tanto que as ações propostas nos PAE dos trabalhos são voltadas majoritariamente para a melhoria do uso dos dados nas escolas. Mesmo em trabalhos como os de Dolzanes (2017) e Alves (2017), que demonstram que existem práticas de apropriação de resultados nas instituições pesquisadas, há sugestões de práticas e de reformulação de práticas para o uso competente dos dados das avaliações, haja vista que nesses trabalhos também demonstrou-se a existência de fragilidades no processo de apropriação.

Dessa forma, as ações de apropriação dos resultados estão presentes na maioria das dissertações que abordam avaliações externas, aprendizagem e ações educacionais, evidenciando que esse é um dos caminhos para melhorar a relação entre avaliação e currículo.

Dentre os achados da pesquisa de Dolzanes (2017), a autora relata que observou que as práticas de apropriação existem na escola pesquisada, porém de maneira desorganizada e não sistemática. Além disso, a pesquisadora também relata a ausência de um trabalho direcionado para os alunos com baixo desempenho. Logo, Dolzanes (2017) sugere dentre outras ações para resolver essa problemática a elaboração de um manual de orientações para apropriação de resultados e a execução de um projeto de recuperação da aprendizagem pensado no grupo de alunos que apresentam baixo desempenho nas avaliações.

A autora explica que “o conteúdo deste manual seria direcionado para ajudar na compreensão de tudo que envolve as Avaliações Externas. Portanto, pensa-se em um conjunto de informações técnicas e pedagógicas reunidas em um único instrumento para servir como suporte inicial aos profissionais.” (DOLZANES, 2017, p.99).

Essa proposta é interessante na medida em que gera um meio de informação para os professores e possibilita ações coordenadas para todos os atores da escola. Por exemplo, com um manual de apropriação de dados professores, gestores e professores coordenadores de áreas podem elaborar um planejamento complementar com ações coordenadas.

Visando alcançar a equidade educativa e garantir o direito a aprendizagem para todos, Dolzanes (2017) também propõe que as escolas pesquisadas elaborem um projeto de recuperação de aprendizagem que objetive minimizar o déficit de aprendizagem de alunos que tenham baixo desempenho nas avaliações externas. Nesse caso, percebe-se que a autora parte de uma visão utilitária da avaliação externa, que nessa ação funciona como uma ferramenta fundamental para a identificação de alunos que possuem dificuldade de aprendizagem e que deverão passar por uma intervenção para tentar suprir essas necessidades de aprendizagem. Nesse sentido, a avaliação externa seria uma ferramenta para o alcance da equidade educativa.

É interessante ressaltar que em seu trabalho, Dolzanes (2017) não aponta um projeto já desenhado para a recuperação da aprendizagem. Apenas propõe que as escolas levem em consideração a necessidade de construir um projeto voltado para este objetivo. Acredita-se que essa ausência de um projeto desenhado e pronto seja um déficit na pesquisa da autora.

Em seu trabalho Amorim (2016) pesquisou ações pedagógicas de uma escola que apresentou evolução no desempenho em avaliações externas. Dentre outras conclusões, o autor verificou que as ações educacionais coordenadas pela equipe gestora da escola têm potencialidades para embasar os bons resultados alcançados pela instituição. Dessa forma, as

ações sugeridas pelo pesquisador não visam resolver problemas da escola, mas objetivam fortalecer as práticas de sucesso da escola e compartilhar essas ações com outras escolas.

Destacam-se como ações sugeridas por Amorim (2016), a padronização das ações de sucesso e a socialização das ações desenvolvidas na escola com as demais escolas da regional. Nesse sentido, percebe-se um plano de ação direcionado para o enaltecimento das fortalezas da escola e para o compartilhamento das práticas de sucesso da instituição, algo simples de ser feito, mas, que por vezes, gestores não contemplam em suas ações.

Em sua pesquisa Mayerhofer (2014) revela uma falha na gestão de resultados das avaliações externas e uma necessidade de apropriação e uso dos resultados dessas avaliações como uma ferramenta pedagógica. A autora relata que na escola investigada, os professores não são informados sobre as possibilidades de utilização dos resultados das avaliações externas em sua prática pedagógica. Como algumas das ações para resolver essa problemática, Mayerhofer (2014) destaca a realização de reuniões estratégicas para o uso dos resultados das avaliações externas e a execução de um plano de uso dos resultados dessas avaliações.

Mayerhofer (2014) explica que as reuniões estratégicas objetivam preparar todos os atores da escola para o uso dos dados das avaliações externas. Dessa forma, haverá disseminação da cultura de avaliação externa na escola. Além disso, as reuniões possibilitarão uma visão deste instrumento como uma ferramenta pedagógica trazendo informação para os atores da escola. A pesquisadora também relata que essas reuniões devem abranger pautas como oficinas de apropriação e uso dos resultados de avaliações externas; criação de inventário de dados com os resultados das avaliações externas; elaboração de plano de ação; avaliação das ações do plano e replanejamento de ações.

Dessa forma, percebe-se que as reuniões propostas por Mayerhofer (2014) objetivam além de divulgar informações e conhecimentos acerca das avaliações externas e do uso de seus resultados, estimular professores e gestores a pensar, preparar e agir na elaboração de planos de ações e na reestruturação de práticas da escola.

Assim como Mayerhofer (2014), Matos (2017) defende que, para resolver o problema de apropriação de dados das avaliações externas nas escolas, é necessário haver informação. Dessa forma, a autora sugere um PAE direcionado para a gestão participativa no contexto de utilização pedagógica dos resultados do SPAECE e para o fortalecimento dos planejamentos enquanto espaço-tempos de formação dos professores. Dentre as ações propostas por Matos

(2017) pode-se destacar a formação de um grupo de estudos entre os professores e estudos direcionados aos professores.

O grupo de estudos proposto por Matos (2017) tem foco nos resultados e no planejamento estratégico da escola, objetivando gerar reflexão entre os professores acerca das avaliações externas, assim como promover a elaboração de planos de ação que visam o aprimoramento da aprendizagem na escola e o alcance de metas de desempenho em avaliações.

Alves (2017) também propõe ações de informação dentro do seu plano de ação, destacando como sugestões a realização de rodas de conversas com estudantes, a realização de capacitações com o conselho escolar e a elaboração de um grupo de estudo docente. A autora sugere que esse grupo de estudos seja direcionado para a cultura avaliativa tendo em vista a complexidade dessa temática.

Dessa forma, percebe-se que, por mais que Matos (2017) e Alves (2017) proponham a realização de grupos de estudos entre os professores, as propostas das autoras são bem diferentes. Enquanto Matos (2017) propõe um grupo de estudo direcionado para o estudo específico dos resultados da escola e para a proposição de ações com bases nesses resultados, Alves (2017) sugere um grupo de estudos mais teórico voltado para a apropriação da cultura avaliativa entre os docentes. Todavia, ressalta-se que ambas as autoras baseiam suas propostas de grupo de estudo no pensamento de que a avaliação externa representa uma ferramenta pedagógica, que, quando tem seus dados usados de maneira correta, acarreta muitas colaborações para o processo educativo.

Dentre as ações defendidas por Matos (2017) e Alves (2017) há ênfase as ações de formação continuada para os professores, o que entende-se ser de extrema importância para a carreira profissional dos docentes. Afinal, se gestores e professores estão com dificuldades para usar de maneira efetiva os dados provenientes das avaliações externas, acredita-se que estudar e investigar maneiras de se apropriar desses dados e buscar informações seja fundamental para que esses profissionais superem os desafios advindos da avaliação externa.

A sugestão de grupos de estudos entre docentes como proposta de ação para apropriação de dados aparece em várias dissertações, logo, é imprescindível questionar-se se essas ações de formação continuada são atrativas aos professores. Assim, entende-se que seja fundamental que o PAE que abranja ações de formação continuada contemple propostas

inovadoras e que tenham significância para os atores da escola, afinal, não basta realizar a formação, é importante que haja uma participação efetiva do público nos estudos.

Nesse sentido, a presente pesquisa também acredita que ações de formação continuada para o trabalho com o uso de dados seja o melhor caminho para aperfeiçoar as relações entre currículo e avaliação externa. Afinal, entende-se que estudando essa relação e compreendendo os problemas que ela pode originar, podemos evitar que as avaliações externas se sobressaiam no contexto escolar e utilizá-las como aliadas e não protagonistas na escola.

Todavia, também destacamos a importância de se propor ações de formação continuada que prezem em ser atrativas aos atores escolares. Além disso acreditamos que essas ações devem ser bem desenhadas, apresentando os devidos direcionamentos e especificidades.

Assim, sustentando-se em posicionamentos de Amorim (2016), Alves (2017), Dolzanes (2017), Matos (2017) e Mayerhofer (2014) defende-se que para que haja uma relação saudável entre o currículo praticado com as avaliações externas, é fundamental utilizá- las apenas como ferramentas de apoio, assumindo os resultados dessas avaliações como instrumento pedagógico para um processo contínuo de desenvolvimento de competências e habilidades e reestruturação de ações educacionais. Afinal, quando a escola visualiza a avaliação externa como oportunidade e a tem como uma ferramenta reflexiva para a superação de dificuldades, desenvolvimento de fortalezas, e reestruturação de ações e projetos acredita-se que haja uma contribuição efetiva para o melhoramento da aprendizagem.

Também, ressalta-se a importância da formação continuada com os professores e da capacitação destes para o uso adequado dos instrumentos de avaliações em larga escala. Esse uso adequado envolve tanto a apropriação dos resultados quanto a autorreflexão do trabalho docente a partir desses resultados.

Finalizando esse movimento de diálogo com algumas pesquisas do PPGP, acredita-se que, embora a presente pesquisa também investigue avaliação externa e uso de dados, ela irá trazer complementos aos trabalhos apresentados nessa subseção, na medida em que: I. Foi realizada em uma escola/contexto diferente, enriquecendo assim o acervo de pesquisa na área de avaliação externa; II. Realizamos uma abordagem mais direcionada ao currículo, na medida em que comparamos os níveis de seu desenvolvimento visando entender como eles se relacionam com as avaliações externas; III. Propomos ações de formação continuada para

apropriação de dados em interface com o currículo, algo que não observamos nos PAE dos trabalhos investigados. Além disso, as ações sugeridas visam ser atrativas aos docentes.

Assim, o diferencial dessa pesquisa está no estudo das relações existentes entre avaliações externas e currículo, buscando a compreensão de como esses elementos podem se envolver em prol do aprimoramento da educação ofertada pela escola.

No documento joséleonardoferreiragomes (páginas 56-61)