Fonte: ELABORADO PELA A AUTORA A PARTIR DE DADOS DO SEMURB, 2007; 2017; IBGE, 2015.
55 A partir da distribuição espacial dos estabelecimentos escolares, evidenciamos que o bairro Potengi apresenta maior concentração desses estabelecimentos. Isso ocorre devido a essa área ter sido ocupada em sua grande maioria pelos conjuntos habitacionais que deixaram áreas de reserva e possibilitaram a implantação dos equipamentos urbanos, como mencionado anteriormente. Comprovamos também a inexistência desses equipamentos no bairro Salinas; porém, ressaltamos que a maior parte desse bairro é ocupado pela área de preservação ambiental, com poucas residências e poucos habitantes. No entanto, observando os demais bairros, também é notório que há uma má distribuição dessas instituições, tendo em vista que há grandes áreas desprovidas desse serviço.
Com relação aos estabelecimentos de saúde, a área de estudo possui 22 unidades básicas, 2 hospitais, 1 policlínica, 2 unidades de pronto atendimento (UPA) e 1 maternidade (SEMURB, 2016) para atender a uma população estimada superior a 350 mil habitantes, conforme apresentado na Tabela 3.
Em relação aos equipamentos desportivos relativos ao lazer, esses estão distribuídos da seguinte forma: 60 praças, 49 quadras, 63 campos e minicampos e 3 ginásios de esportes (SEMURB, 2016); entre eles encontra-se o Ginásio Nélio Dias, localizado no bairro Lagoa Azul, que é considerado o maior equipamento poliesportivo da cidade de Natal (Imagem 1).
Imagem 1 – Ginásio Nélio Dias, Bairro: Lagoa Azul, Natal-RN
56 O referido ginásio foi inaugurado em 2008, tornando-se um ícone arquitetônico da cidade de Natal, cujo projeto arquitetônico foi assinado pelo arquiteto Moacyr Gomes da Costa9. Ao lado desse ginásio, está sendo construído o Centro de Iniciação ao
Esporte, que estava previsto para ser inaugurado no ano de 2018, mas isso não ocorreu. No entanto, muitos dos equipamentos desportivos que deveriam compor também os espaços de lazer se encontram deteriorados e/ou em péssimo estado de conservação, conforme pode ser visualizado na Imagem 2.
Esse fato desperta o sentimento de insegurança e põe fim a qualquer perspectiva de espaço sociável, de modo que as pessoas são levadas a buscar outras alternativas de lazer, como shoppings ou seus próprios espaços privados. A inadequação da oferta dos serviços, dos equipamentos urbanos e as altas tarifas dos serviços de transporte público restringem cada vez mais a população com menor poder aquisitivo dos serviços básicos de saúde, educação e lazer. Sobre esse aspecto, Gomide (2006, p. 244) discorre que
9 É um pioneiro arquiteto potiguar e autor de projetos emblemáticos da cidade de Natal, como, por exemplo: Ginásio Poliesportivo Humberto Nesi (Machadinho), Biblioteca Pública Estadual Luís da Câmara Cascudo, Faculdade de Odontologia, entre outros.
Imagem 2 – Praça da Paz, bairro Potengi, em janeiro de 2019
57 A privação do acesso aos serviços de transporte coletivo e as inadequadas condições de mobilidade urbana dos mais pobres reforçam o fenômeno da desigualdade de oportunidades e da segregação espacial, que excluem socialmente as pessoas que moram longe dos centros das cidades. Os principais impactos desta situação são sentidos sobre as atividades sociais básicas: trabalho, educação e lazer.
Os sistemas de transportes são vitais também para a modelagem das cidades, tendo em vista que as diferentes condições de transporte das distintas classes sociais presentes nas cidades oferecem diferenciadas possibilidades de deslocamento para os demais pontos da cidade; sendo assim, essa disponibilidade de deslocamento é vital para o homem urbano, sendo inclusive um índice revelador de riqueza e de desenvolvimento (VILLAÇA, 1986).
A Região Administrativa Norte dispõe de aproximadamente 12 linhas de transporte alternativo – que são veículos autônomos, ou seja, não pertencem a nenhuma empresa específica – e de aproximadamente 50 linhas de ônibus que realizam trajetos dentro da própria região administrativa e para as demais regiões, sendo de responsabilidade de três empresas de transporte público urbano de passageiros: a Transportes Guanabara; a Transflor Transportes Ltda., que utiliza o nome fantasia de Via Sul; e a Reunidas Transportes Urbanos. Essas linhas de ônibus circulam principalmente nas seguintes avenidas: Bacharel Tomaz Landim; Dr. João Medeiros Filho; Itapetinga; Fronteiras; Guadalupe; Paulistana; Governador Antônio de Melo e Souza (comumente conhecida como av. Pompéia); e Moema Tinoco da Cunha Lima; todas podem ser visualizadas no Mapa 4.
58 FONTE: ELABORADO PELA A AUTORA A PARTIR DE DADOS DO SEMURB, 2007; 2017; IBGE, 2015; OPEN STREET MAP, 2018.
59 As avenidas que recebem maiores fluxos provenientes das outras vias são a Bacharel Tomaz Landim e a Dr. João Medeiros Filho. Sendo que a primeira é utilizada como via expressa de ônibus que realizam percursos intermunicipais e interestaduais, pois seu prolongamento faz parte da BR-101; é também uma avenida que serve como divisora, tendo em vista que define o limite da Região Administrativa Norte com o município de São Gonçalo do Amarante e é responsável ainda por direcionar os tráfegos de veículos para a ponte Presidente Costa e Silva.
A avenida Dr. João Medeiros Filho, por sua vez, perpassa quase todos os bairros da Região Administrativa Norte, com exceção apenas dos bairros Lagoa Azul e Nossa Senhora da Apresentação; porém, serve como via de acesso a esses bairros. A referida avenida também interliga as duas pontes – a Presidente Costa e Silva e a Newton Navarro –, além de ser nela que estão inseridos os principais estabelecimentos econômicos e alguns dos novos empreendimentos verticais da parte norte da cidade de Natal.
Sendo assim, as vias se constituem como importantes elementos da cidade, servindo como canais de circulação dos habitantes, onde os elementos se organizam e se relacionam (LYNCH, 1997). Portanto, as avenidas traduzem também significados a seus moradores, seja por meio de alguma característica singular que as diferencie das demais, pela concentração de algum tipo de serviço que somente ali é oferecido, por ser simplesmente o caminho habitual de uma linha de ônibus que restrinja aquele percurso ao morador ou por ser uma avenida que perpassa diferentes ecossistemas naturais.
Nesse sentido, no que se refere aos aspectos físicos da Região Administrativa Norte, é perceptível que essa área possui diversos ecossistemas que estão macrozoneados, conforme será descrito no próximo subcapítulo.
3.1.3 Áreas ambientais e socialmente frágeis da Região Administrativa Norte de Natal-RN
A Região Administrativa Norte possui diferentes ecossistemas que necessitam ser preservados, assim como também possui áreas consideradas socialmente vulneráveis que precisam de maior rigor na legislação do seu uso e ocupação. Nesse contexto, a partir das criações de alguns marcos legais, foram criadas: a Zona de Proteção Ambiental 8- Ecossistema Manguezal e estuário do Potengi/Jundiaí; a Zona de Proteção
60 Ambiental 9- Ecossistema de Lagoas e Dunas ao longo do rio Doce; a Zona Especial de Interesse Turístico (ZET) 4 e as Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS) do Jardim Progresso e a Favela da África (Mapa 5).
Fonte: ELABORADO PELA A AUTORA A PARTIR DE DADOS DO SEMURB, 2007; 2017; IBGE, 2015.
No entanto, apesar de considerarmos que os espaços especiais urbanos são extremamente importantes na análise da (re)produção do espaço urbano da Região Administrativa Norte, optamos por realizar maior detalhamento da ZPA 8 tendo em vista que é nas imediações dessa área que estão inseridos alguns empreendimentos verticais. Entretanto, com a finalidade de situar onde estão localizadas as demais áreas especiais, realizamos uma breve caracterização das mesmas.
As ZPAs 8 e 9 são importantes para preservar as características físicas e hidrogeológicas da área norte da cidade de Natal. Porém, mesmo possuindo essa importância, ambas ainda estão em processo de regulamentação, sendo controladas pelo poder público por meio de um subzoneamento que caracteriza os limites dos gabaritos de construção e o coeficiente de adensamento básico das proximidades dessas áreas.
Mapa 5 – Áreas de Interesse Social e Zonas de Proteção Ambiental da Região