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PARTE I INTERDEPENDÊNCIA HIDROLÓGICA

CAPÍTULO 2- Interdependência Hidrológica: As águas pelo Planeta:

2.5 Distribuição Geopolítica da Água

No globo terrestre, os rios64 e lagos65 que perpassam as fronteiras de dois ou mais países são numerosos, sendo que 75% de todas as nações politicamente reconhecidas dividem com seus vizinhos suas fontes hídricas. Assim, conforme a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco (2007), existem 263 bacias compostas por rios e lagos transfronteiriços que abrangem o território de 145 países, cobrindo quase a metade da superfície terrestre global e concentrando 40% da população mundial.

Geograficamente sua distribuição contabiliza 69 das bacias hidrográficas na Europa, 59 na África, 57 na Ásia, 40 na América do Norte e 38 na América do Sul66, destacando-se que dentre os 25 maiores rios do mundo estão nesse último continente: o Amazonas, o Paraná, o Orinoco e o Magdalena, sendo a Bacia do Rio Amazonas a que maior destaque tem no

64A bacia fluvial mais internacional do mundo é a do Danúbio, na Europa, pois banha partes ou a totalidade de 18 países: Albânia, Áustria, Bosnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Checa, Alemanha, Hungria, Itália, ex-RepúblicaYugoslava de Macedônia, Moldávia, Polônia, România, Servia e Montenegro, Eslováquia, Eslovênia, Suíça e Ucrânia. Com a independência de Montenegro, a bacia abarcará 19 países. O rio Níger, no coração da África, atravessa com seus afluentes os territórios de Guiné, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Benim, Nigéria e Camarões. A bacia hidrográfica do rio Nilo, no Egito, é compartilhada por nove países do continente africano como Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Etiópia e Egito. O rio Rin, na Europa, cruza por oito países: Áustria, Alemanha, Bélgica, França, Luxemburgo, Suiza e os países Baixos. Já na América Latina, o rio Amazonas, por seis países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela. O rio Mekong, na Ásia, atravessa seis países: República Popular da China, Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnã. O rio Ganges, na Índia, atravessa Índia, Nepal, China e Blangadesh.

65 Os lagos que mais água doce aportam ao mundo são o Baikal, oTanganica e o Superior. Belt, D. ―Russia‟s

Lake Baikal: the world‟s great lake,” National Geographic, vol. 181, núm. 6 (junio, 1992:2- 36).Esferas de Actividad: Aguas Internacionales. Disponível em: www.theGEF.org. Acesso em julho de 2006. Ver

tambémWater for People, Water for Life: UN World WaterDevelopmentReport.Paris. 2003. 66

65 continente e no mundo, devido a seu aporte de águas doces e a sua magnitude, como se ilustra.

Figura 5. Bacia Hidrográfica Amazônica Fonte: Wikypedia67

Adicionalmente, segundo a publicação do primeiro mapa de aquíferos transfronteiriços da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ―96% dos recursos de água doce do planeta estão nos aquíferos, que, em sua maioria, cruzam as fronteiras nacionais‖. Conforme consta no mapa publicado por essa organização em outubro de 2008, se confirmou a existência de 273 aquíferos transfronteiriços em todo o mundo68. Destes, 68 estão no continente americano, 38 na África, 65 no Leste Europeu, 90 na Europa Ocidental e 12 na Ásia.

Cabe destacar, no entanto, que na América do Sul estão dois importantes aquíferos do mundo: o Sistema Aquífero Guarani (SAG) e o Aquífero Alter do Chão69. O primeiro, reconhecido como o segundo maior sistema de águas subterrâneas em extensão do mundo, conforme ilustra a figura, enquanto o segundo é o maior em volume.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Amazon_river_basin.png

68http://wwwbrasilia.unesco.org/primeiro-mapa-de-aquiferos-transfronteiricos.

69Destaca-se sobre este aquífero, de ocorrência apenas confirmada em território brasileiro, que existe uma grande possibilidade deste ter ocorrência em mais Estados além do Brasil.

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Figura 6. Aquíferos Alter do Chão e SAG Fonte: Unesco (2007)

Na geografia política, a dimensão espacial de certos recursos naturais determina o comportamento político dos atores territoriais, ou seja, dos países. No caso da água, isso é visível, uma vez que a posição geográfica pode determinar tanto o comportamento doméstico dos Estados para o uso da água70, como pode determinar também suas relações com outros Estados, com quem compartilha sistemas hídricos interconectados, distribuídos de forma amplamente irregular no globo.

A partir do dito, é importante ter em vista um quadro da distribuição geopolítica da água e sua disponibilidade social. Salientando que, embora existam países dotados de grande riqueza natural, muitas das vezes, a disponibilidade social dessa água é baixa ou quase nula. A recomendação da ONU de que se disponibilize um total de 1,5 mil m³ de água por habitante é muito contrastante com a realidade dos países. As informações a seguir tencionam destacar a riqueza hídrica nos espaços amazônicos e paralelamente traçar, de forma global, uma

70 Usos consuntivos são os recorrentes da retirada de água de um manancial seguido por sua posterior devolução ao meio natural em quantidade e/qualidade inferior, ou seja, parte da água retirada é consumida durante seu uso (abastecimento público, irrigação, dessedentação animal, etc.) Uso não consuntivo refere-se à devolução do recurso retirado na mesma quantidade e qualidade ou, ainda, quando a água serve apenas como veículo para certa atividade não sendo, por tanto, consumida (geração hidroelétrica, navegação, pesca, turismo).

67 estimativa do acesso social a água, no intuito de salientar a dimensão social que a água toma a partir da sua acessibilidade física.

Para compreendermos de que forma se insere a importância da Bacia Amazônica no contexto mundial e regional, vejamos o seguinte panorama, que iniciamos com os continentes que possuem menos riqueza hídrica e no qual, além da distribuição da água, se destaca a sua dimensão social.

Os dados a seguir se alicerçam nas pesquisas de Nadia Rita Boscardin Borghetti, José Roberto Borghetti e Ernani Francisco da Rosa Filho. Para a elaboração de seus cálculos, esses autores se basearam nos dados fornecidos pela AQUASTAT (Sistema de Informação da Água na Agricultura), órgão de informação vinculado a FAO (organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e por Shiklomanov (1999). Os dados se referem ao ano de 2000, com atualização em 2002, e foram estimados por meio de métodos e períodos diferentes.

Para Borghetti et al., (2004:49) ―a disponibilidade hídrica social representa a quantidade de água disponível anualmente por pessoa (m3/hab./ano), é o critério mais comum para avaliar a disponibilidade de água renovável em uma região‖. Foi calculada pela divisão entre ―os valores de recursos hídricos renováveis anuais pela população do ano 2000, obtida em FAO (2002)‖. Com base nesses cálculos, os autores mencionados consideraram que a disponibilidade hídrica de 1.000 m3/hab./ano é geralmente usada como um indicador de escassez de água (FAO, 2003).

Conforme salientam Borghetti et al., (2004), a disponibilidade hídrica social, ainda que decorrente do número da população que muda a cada dia, é calculada normalmente a cada quatro anos ou até mais, dependendo do país, mas a diferença é sempre tão pequena que, embora se utilizem valores ―desatualizados. Conforme o dito, existe um variado quadro de situações físicas da água que contrastam com sua localização e sua disponibilidade social. Vejamos a esse respeito.

África

O continente africano é o continente mais pobre em fontes hídricas. Apenas a República Democrática do Congo (Zaire) e a República do Congo apresentam valores altos em fontes hídricas renováveis (1.283,0 e 832,0 km³/ano, respectivamente). Os demais países apresentam volumes que variam de 377,000 e 0,30 km³/ano. A República do Congo possui a maior disponibilidade hídrica social da África e uma das maiores do planeta (275.679 m³/hab./ano).

68 A Guiné Equatorial possui um potencial hídrico renovável de apenas 26 km³/ano, que está entre os menores do continente, porém a disponibilidade per capita (56.893m³/hab./ano) está entre as maiores da África e do mundo (BORGHETTI et al., 2004).

Cerca de 60% dos países africanos encontram-se nos graus ―inferior crítico a baixo‖ (<500 a 5.000 m³/hab.ano) de disponibilidade hídrica social. Onze países já apresentam escassez de água. Destes, Líbia, Algéria, Djibouti e Tunísia enquadram-se no nível ―inferior crítico‖ (<500m³/hab.ano) e os demais se encontram no nível ―catastrófico‖ (>500 a 1.000 m³/hab.ano).

Oceania

Oceania é o continente formado por Papua Nova Guiné , Ilhas Salomão, Nova Zelândia, Ilhas Fiji; Austrália e Hawai. Este continente apresenta os mais baixos volumes de fontes hídricas (1.711,6 km³/ano). Entretanto, os seus países apresentam valores de disponibilidade hídrica social, posicionados entre os mais altos do mundo (166.563 a 25.708 m³/hab/ano, respectivamente), com exceção do Hawai que apresenta apenas 15.187 m³/hab./ano (BORGHETTI et al, 2004).

Europa

É um continente sabidamente pobre em fontes hídricas, sendo Malta o país que apresenta a mais baixa disponibilidade hídrica social (129 m³/hab./ano), esse país também figura entre os dez países mais pobres em água do mundo.

No continente, Rússia71 é a exceção, seu potencial de fontes hídricas é de 4.507,2 km³/ano. O país com maior disponibilidade hídrica social da Europa é a Islândia com 609.319 m³/hab./ano e fontes hídricas renováveis de 170 km³/ano. Os países escandinavos, em 2000, foram os que apresentaram a maior disponibilidade hídrica social junto com a Rússia, Croácia e Iugoslávia.

71 Antes de 1991, em função da União Soviética, a Rússia não era computada nas estatísticas referentes ao continente europeu. Cabendo a Noruega o posto de país com maior potencial hídrico, seguida pela Romênia, Iugoslávia, França, Itália e Suécia.

69 América Central e Caribe

América Central compreende sete países que cobrem uma área total de aproximadamente 507.000 km², mais o Caribe. O continente se caracteriza por apresentar volumes baixos em recursos hídricos (196,69 a 0,02 km³/ano), mesmo gozando de climas tropicais quentes que proporcionam uma produção hídrica superior à de muitos países e onde não deveria existir problema algum de disponibilidade de água72 (BORGHETTI et al., 2004).

Em termos gerais, cada país da América Central e do Caribe é afetado de maneira distinta e significativa conforme as vertentes dos oceanos Atlântico e Pacífico. El Salvador, por exemplo, que não está na vertente do Atlântico, encontra-se em desvantagem considerável.

São notáveis os altos níveis de precipitação na área sul da Nicarágua, Costa Rica e certas zonas do Atlântico panamenho. Porém, existem áreas na Guatemala e Nicarágua que registram médias de precipitação próximas aos 500 mm/ano (UNESCO, 2003).

Belize, Panamá, Nicarágua, Costa Rica, Honduras e Guatemala são os países que apresentam situação hídrica social confortável e, justamente, são os países que se localizam no estreito entre o Atlântico e o Pacífico. Barbados e as Bahamas se encontram no grau de disponibilidade hídrica social ―inferior crítico‖ (<500 m³/hab./ano), conforme dados da UNESCO (2003).

A região caribenha, mesmo dotada de bom potencial hídrico, tem a sua disponibilidade hídrica social convertida num dos principais fatores que ameaçam o desenvolvimento socioeconômico. Toda vez que existe dificuldade em prover abastecimento suficiente de água para as demandas e necessidades da população; ao mesmo tempo em que não consegue manter os níveis da qualidade da água, dadas as crescentes demandas causadas pelo alto crescimento populacional e, ainda, pelas pressões derivadas do setor econômico (UNESCO, 2003), sendo altos os índices de deterioração hídrica.

América do Norte

Neste continente, os maiores volumes de água se encontram, segundo a FAO, nos Estados Unidos e no Canadá. No México o potencial hídrico é de apenas 457,2 km³/ano.

72 A região possui uma grande diversidade de micro-climas, devido às diferenças de altitude e ao fato da sua porção continental ser bastante estreita, o que a converte numa zona altamente vulnerável à influência dos regimes oceânicos do Pacífico e do Atlântico. Os rios na vertente do Pacífico são curtos, dificultando a captação de águas para uso humano. Em contraste, a vertente do Atlântico e do Mar do Caribe tem rios mais largos, cujos caudais são abundantes durante quase todo o ano.

70 Entretanto, vale a pena salientar que, conforme Borghetti et al. (2004:64), o Alasca, com 980 km³/ano, é tecnicamente analisado separadamente dos Estados Unidos, e a Groenlândia, com 603 km³/ano, que é um território da Dinamarca, está incluída na América do Norte, meramente por uma questão geográfica. Assim, a Groenlândia e o Alasca apresentam, respectivamente, os maiores valores de disponibilidade hídrica social do mundo (10.767.857 e 1.563.168 m³/hab./ano).

O Canadá, de acordo com a FAO, mesmo apresentando um potencial hídrico menor que o dos Estados Unidos, teve, em 2000, uma disponibilidade hídrica social consideravelmente maior, explicado pela sua baixa densidade populacional.

Ásia

No continente asiático, depois de América do Sul, estão os maiores volumes hídricos renováveis. Na Ásia, no entanto, se reúnem os países mais pobres em água do planeta, sabidamente, os do Oriente Médio. Em contra partida, os países mais ricos em fontes hídricas renováveis são a China, Indonésia, Índia, Bangladesh e Mianmá73. Estes países são, também, os mais populosos do continente asiático. Por essa causa, apresentam algumas situações críticas de deterioração nas águas.

Na disponibilidade hídrica social, se destacaram, em 2000, Laos, Bufão, Camboja, Malásia, Brunel e Mianmá. Mas apenas Mianmá, Malásia e Camboja estão entre os dez países mais ricos em potencial de recursos hídricos renováveis. Tal como apontado por Borghetti et al.,(2004):

Curiosamente dos seis países mais ricos em disponibilidade hídrica social, em 2000, apenas Mianmá, Malásia e Camboja estão entre os 10 mais ricos em potencial de recursos hídricos renováveis. Chama a atenção Brunei, que apesar de apresentar baixo potencial hídrico (8,5 km³/ano), teve a quinta melhor disponibilidade hídrica social do continente com 25.915 m³/hab.ano.

Quatorze são os países asiáticos mais pobres em disponibilidade hídrica social74. Doze se enquadram no grau de disponibilidade ―inferior a crítico‖ (<500 m³/hab/ano) e os dois restantes, Chipre e West Bank, se registram no grau catastrófico (>500 a 1000 m³/hab./ano) (BORGHETTI et al.,2004).

73 Respectivamente (2.896,6 km³/ano); (2.838,0 km³/ano); (1.896,7 km³/ano); (1.210,6 km³/ano) e (1.045,6 km³/ano) BORGHETTI et al (2004).

74

Chipre; West Bank; Omã; Israel; Lêmen; Baharin; Jordânia; Singapura; Arabia Saudita; Maldivas; Qatar; Emirados árabes Unidos; Faixa de Gaza (Palestina) e Kuwait – Segundo a FAO 2002. Review of Water

resources statistics by country.

71 América do Sul

O continente Sul Americano é reconhecido no mundo, entre outras características, pela abundância de recursos naturais e pelas amplas riquezas hídricas que incluem importantes aquíferos, rios e bacias que, em sua maioria, são corpos hídricos transfronteiriços, como já destacado. A figura 7, ilustra a abundancia hídrica superficial, formada a partir de rios de grande porte como o Amazonas, o Prata e o Orinoco, e outros de menor porte, como o rio São Francisco e Paraná, no Brasil, e o Magdalena, na Colômbia (UNESCO)75.

Figura 7. Principais Bacias Hidrográficas na América do Sul Fonte: Unesco76 (2007)

Nessa relação destacam-se o Amazonas e o Orinoco por estarem geograficamente na Amazônia Continental com volumes de água bastante expressivos, sendo a Bacia do rio Amazonas, no entanto, a maior produtora de água na região, no continente e no mundo.

75 UNESCO. Atlas continental: el agua en América. Instituto Panamericano de Geografía e Historia, México. 2003. Disponível em <htpp://unesco.org/water/ihp/db/index.shtml>. Acesso em abril de 2007.

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72 Mesmo com o maior potencial hídrico do mundo, a disponibilidade da água na América do Sul, apresenta, entretanto, uma distribuição desoladora em alguns países, devido à coexistência de zonas áridas e semi-áridas de extensão considerável77. Tal é o caso da Argentina, Bolívia, Peru e do Chile, na sua região norte, assim como o nordeste brasileiro, países que apresentam grandes dificuldades para resolver suas necessidades de água nessas áreas (BORGHETTI et al., 2004).

Os países com menor potencial hídrico no continente são Uruguai, a Guiana Francesa e o Suriname – porém, com valores acima da maioria dos países europeus e africanos, e de todos os países do Médio Oriente. Com respeito à disponibilidade hídrica social, calculada no ano 2000, a Guiana Francesa, a Guiana e o Suriname78 apresentaram os valores mais altos, como ilustram Borghetti et al., (2004), na figura 8.

Figura 8. Recursos Hídricos Renováveis e Disponibilidade Hídrica Social nos países da América do Sul ano (2000)

Fonte: Borghetti et al., (2004).

Embora o Brasil se destaque mundialmente pelas suas riquezas hídricas, provenientes de importantes bacias como a Amazônica e a Platina, apresentou, no entanto, uma

77 Em mais de 10% (1.852.000 km²) da área total da América do Sul a média de precipitação é de 247 mm anuais, com valores mínimos de 40 mm anuais em vastas zonas do Chile.

78

73 disponibilidade hídrica social de 48.314 m³/hab./ano, apenas superior à de Uruguai, Equador e Argentina, informam Borghetti et al., (2004). Cabe nesse ponto destacar que o caso brasileiro é exemplo de paradoxais relações hídricas, já que considerando as recomendações da ONU de que se disponibilize 1,5 mil m³/hab./ano Roraima, segundo Camdesus et al.,2005, dispõe de 1,74 milhões de m³ /hab./ano, enquanto que Pernambuco dispõe de 1,3 mil m³/hab./ano., abaixo da recomendação da ONU.

A grande abrangência do Sistema Aquífero Guarani em solo brasileiro é muito significativa, considerando que esse sistema aquífero é o mais extenso do mundo79, ocupando boa parte dos territórios da Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, numa extensão calculada em 1.200.000 km², sendo que a maior parte das águas deste aquífero está em território brasileiro, na Bacia Geológica do Paraná80, com volume calculado em 46.000 km³.

De igual forma, boa parte do território brasileiro abriga importantes aquíferos, como o Solimões e o aquífero Alter do Chão na região amazônica. Por outro lado, a Bacia do Rio Amazonas é a principal fonte de riqueza hídrica do país e do continente Sul Americano. Em função disso, cabe tocarmos em detalhe a importância da Amazônia Continental no contexto hídrico e climático.