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Capítulo 3 Brasil: política, economia, educação e psicologia

3.1 Primeiro período (1960-1970): Da euforia pré-revolucionária à Ditadura Militar

3.1.3 A Ditadura Militar

O governo militar que assume o país inicia suas ações com repressão e violência. Através de decretos institucionais, põe em marcha uma mudança na forma de dirigir o país. “Repressão a tudo e a todos considerados suspeitos de práticas ou ideias subversivas. A mera acusação de que uma pessoa, um programa educativo ou um livro tivesse inspiração comunista era suficiente para demissão, suspensão ou apreensão” (CUNHA e GÓES, 1985, p. 36). Vários setores da sociedade foram prejudicados. Na educação, os parcos programas que

poderiam beneficiar a população excluída do sistema educacional foram encerrados.

Anísio Teixeira, que era reitor da Universidade de Brasília, foi sumariamente demitido, logo nos primeiros dias do golpe. O Programa Nacional de Alfabetização, que utilizava o método Paulo Freire, que o dirigia, foi liquidado [...]. Milhares de projetores da Diafilmes [usados para a projeção de slides no programa de alfabetização], importados da Polônia (o local de fabricação trazia a marca do “comunismo”) foram vendidos a particulares a preço de liquidação. O Movimento Educação de Base desenvolvido pela Igreja Católica, principalmente no Nordeste, foi contido por todos os lados, tendo seu material educativo apreendido, monitores perseguidos e verbas cortadas. Os ingressantes da equipe de dirigentes da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler foram presos por seis meses, no mínimo. Um oficial da Marinha de Guerra assumiu o “comando” da Secretaria de Educação do Município de Natal, ordenou o abandono dos acampamentos e a incineração dos acervos da biblioteca. (CUNHA E GÓES, 1985, p. 36)

Os militares que assumiram o poder eram ligados à Escola Superior de Guerra, como presidente assume o General Castelo Branco, o grupo tinha a intenção de instituir uma “democracia restringida”. Entre 1964 e 1969, foram publicados dezessete Atos Institucionais24, com a finalidade de organizar Ditadura Militar25.

Imediatamente, foram tomadas medidas econômicas para conter uma inflação de 86% e um desequilíbrio nas contas públicas. Entre as medidas tomadas o governo militar aprovou uma lei de greve que praticamente impedia os trabalhadores de entrarem em greve, liquidou a estabilidade de trabalho após dez anos no emprego, e inseriu aos poucos o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A despeito de aprovarem o Estatuto da Terra (que tratava inclusive da reforma agrária) entre seus atos institucionais, este nunca saiu do papel e ainda realizaram uma forte repressão no campo. Revogou a lei restritiva de remessa de lucros que tanto reclamou o Estado norte-americano, atraindo os investidores estrangeiros. O plano alcançou seus objetivos, houve certo controle da economia e, em 1966, o PIB do país voltou a crescer. Tais medidas alcançaram algum efeito porque sacrificaram a classe trabalhadora, que não tinha autorização para resistir, e contaram com uma anuência do FMI com financiamento e maciça ajuda norte-americana Através da Aliança para o Progresso (FAUSTO, 1990).

24 Atos disponíveis na íntegra em <http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-historica/atos-

institucionais>.

25 O Ato Institucional nº I afirma que a “revolução” veio para organizar o país e busca convencer de que a

intervenção foi essencial e apoiada pela população, para eles o que ocorreu traduz a “opinião pública nacional, é uma autêntica revolução. A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação”, e reafirmam que foi necessário porque “os processos constitucionais não funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País” e uma vez “destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do Poder no exclusivo interesse do País”.

Ainda de acordo com Fausto, em 1965 foram realizadas eleições para os estados, os ânimos com a “revolução” já haviam diminuído, era difícil se convencer do combate a corrupção e os trabalhadores estavam sem dinheiro. Nesse cenário, apesar do veto a determinados candidatos, a oposição venceu em estados importantes, Guanabara, Minas Gerais, Brasília, Santa Catarina e Mato Grosso. O resultado alarmou os militares. O grupo linha-dura, adversário do atual presidente Castelo Branco, defendia um Estado mais autoritário com maior controle militar. Sob pressão, o General Castelo Branco publicou o segundo e terceiro AI, que tornaram a eleição para presidente indireta, e extinguiram os partidos políticos, criaram a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) onde estavam os aliados do governo e a oposição se organizou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB). O seguinte AI, o de número quatro, convoca a constituinte para 1967, de forma que possa ajustar a lei máxima à nova ordem existente no país. Na sequência, o grupo de castelistas não conseguiu fazer seu sucessor, foi eleito Artur Costa e Silva que assumiu em março de 1967. Cabe esclarecer que a eleição consistia em um referendo pela ARENA das orientações superiores, pois não se tratava de uma “ditadura pessoal”, mas um dos chefes militares era escolhido a cada período e nesta escolha havia algumas diferenças de estratégia entre eles, mas não de objetivo, que era combater o crescimento do comunismo no país e manter um nacionalismo liberal.

Fausto também comenta que Costa e Silva tinha um vice-presidente civil, ligado à UDN, o mineiro Pedro Aleixo. O estilo de Costa e Silva não coincidia com o estilo intelectualizado do ex-presidente Castelo Branco, pois tinha simpatia pelos grupos mais linha- dura do exército e os nacionalistas autoritários das Forças Armadas, que não concordavam com a aproximação com os Estados Unidos e com a facilitação dada aos capitais estrangeiros. Costa e Silva trocou todos os ministros do governo anterior, aumentou o número de militares em postos importantes, mas, ao mesmo tempo, estimulou a organização dos trabalhadores com lideranças “confiáveis” procedendo com a “liberalização” restrita. A oposição vinha se articulando, muitos membros da Igreja se defrontavam com o governo, os estudantes na UNE se reorganizaram e, no cenário político institucional, antigos opositores se aliavam, Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubistchek se encontram no Uruguai e definem uma Frente Ampla que se propunha a lutar pela redemocratização do país e pela afirmação dos direitos dos trabalhadores. Em 1968, a resistência ganhou fôlego, inclusive com os acontecimentos internacionais, entre outros, as grandes mobilizações contra a guerra do Vietnam em solo norte-americano, na França as lutas contra as mudanças no sistema educativo, que no Brasil refletiu diretamente na cultura e na arte. Um fato que mobilizou grandes manifestações

contrárias ao governo foi o assassinato do estudante Edson Santos, em um ato pela melhoria da alimentação estudantil no restaurante Calabouço no Rio de Janeiro. Esses fatos criaram as condições para um grande ato de protesto contra o governo conhecido como a passeata dos Cem Mil, realizada em 25 de junho de 1968, reuniu não somente estudantes, mas também, artistas, setores representativos da Igreja e parte da classe média. Nesse mesmo período, ocorreram grandes greves operárias em Belo Horizonte e em Osasco. Nessa fase, parte da oposição inicia a defesa da luta armada para reconquistar a democracia. Tradicionalmente, o PCB se opunha à luta armada, mas a partir de então, grupos se organizam e iniciam suas primeiras ações em 1968, Carlos Marighela rompe com o partido e organiza a Aliança para Libertação Nacional (ANL), também surgiu a Ação Popular (AP) que foi o primeiro grupo a se definir pela luta armada. Surgiram ainda o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR- 8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), esta última com vários militares de esquerda. Entre as ações dos grupos, cabe destacar o sequestro do embaixador norte- americano Charles Elbrick, em setembro de 1969, numa ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que resultou na libertação de quinze presos políticos.

As ações populares contra o governo cresciam, mas o pretexto para a adoção da linha-dura foi uma fala no plenário da Câmara de um deputado incitando o povo para boicotar a parada de 7 de setembro. Os militares indignados pediram um processo criminal contra o Deputado Moreira Alves que realizou o discurso, mas ele tinha imunidade e o Congresso negou-se a suspendê-la, em menos de 24 horas, Costa e Silva sancionou o AI 5, fechando o congresso e editando medidas mais duras (FAUSTO, 1990).

Podemos conferir a partir dos fragmentos do AI 5 a amplitude da repressão iniciada neste período:

O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.

Parágrafo único Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos [...]

Art. 4º No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

Parágrafo único Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quórum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.

Art. 5º A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

I cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;

IV aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança: a) liberdade vigiada;

b) proibição de frequentar determinados lugares; c) domicílio determinado,

§ 1º O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados. (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969) [...]

Art. 6º Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.

§ 1º O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.

§ 2º O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.

Art. 7º O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.[...] Art. 10 Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Art. 11 Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.

Tais medidas duraram até 1979, quando se encerraram os anos mais duros da Ditadura no Brasil. Após a publicação do AI 5, as lutas se acirraram, abriu-se um novo ciclo de cassações e exonerações, estabeleceu-se a censura dos meios de comunicação, e as ações armadas se multiplicaram. Costa e Silva sofreu um derrame e, a partir de inicio de setembro de 1969, uma junta armada com representante da Marinha, Exército e Aeronáutica, passou a governar o país, pois não admitiriam um vice-presidente civil e que ainda tinha se oposto ao AI 5 (FAUSTO, 1990).

Instituem-se através dos atos assinados em setembro de 1969 por Augusto Grünewald, o banimento do país (Ato nº 13), e a autorização “caso necessário”, a pena de morte (Ato nº 14): “Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo nos casos de guerra externa psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva nos termos que a lei determinar”. Para atacar os dissidentes dentro do próprio exército, o governo militar publica o Ato nº 17, em 14 de outubro de 1969:

Art. 1º - O Presidente da República poderá transferir para a reserva, por período determinado, os militares que hajam atentado, ou venham a atentar, comprovadamente, contra a coesão das forças armadas, divorciando-se, por motivos de caráter conjuntural ou objetivos políticos de ordem pessoal ou de grupo, dos princípios basilares e das finalidades precípuas de sua destinação constitucional.

Cria-se o Destacamento de Operações e Informações e o Centro de Operações e Defesa Interna (DOI-CODI), que se organizaram em vários estados e foram os grandes centros de tortura do regime militar. De acordo com Fausto (1990), em função da doença de Costa e Silva, as eleições foram antecipadas e, em 30 outubro de 1969, assume o general Emílio Garrastazu Médici, iniciando o período mais repressivo da história brasileira, os chamados “anos de chumbo”. Os militares conseguiram neutralizar a guerrilha urbana e restou somente uma guerrilha rural que o PCdoB coordenava na região do Rio Araguaia, próximo a Marabá, no leste do Pará. Ali, permaneceu até 1975, em contato com os camponeses, até o exército liquidar a resistência, matando ou prendendo seus membros, episódio que não foi conhecido pelo grande público, pois o assunto era proibido. Além disso, o governo Médici não se limitou à repressão, com a grande massa fez um uso bastante planejado da propaganda aproveitando o crescimento das telecomunicações, pois as residências que tinham televisão haviam passado de 9%, em 1960, para 40%, em 1970. A propaganda governamental tomou proporções que jamais havia tido no país. Foi a época do “Pra frente Brasil” e do “Ninguém segura este país”, lemas que se fortaleceram com a grande vitória da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. No auge do chamado “milagre brasileiro”26.

Na educação, de acordo com Saviani, a década de 1960 foi uma época de “intensa experimentação educativa, deixando clara a predominância da concepção pedagógica renovadora. Além das escolas experimentais [...] os colégios de aplicação consolidam-se nesse período” (2011, p. 336). Havia seis colégios e foram criados mais seis na década de 1960. Eram colégios vinculados às universidades e o acesso era restrito para a maioria da população, porque o ginásio neste período era regulado por um exame de admissão. Ainda nesta década foram instalados os Ginásios Vocacionais que desapareceram na década de 1970, além da “inovação” pedagógica da chamada Matemática Moderna, originada na França na década de 1950, e foi um novo método de ensino27 que contou com a colaboração de Jean Piaget (Valente, 2008).

A Matemática Moderna foi ponto central de discussão de vários encontros e congressos na década de 1960. Em 1961, foi criado o Grupo de Estudos de Ensino de

26 O chamado “milagre econômico” brasileiro – período de excepcional crescimento da economia entre 1968 e

1973 – decorreu principalmente do efeito tardio das reformas associadas ao Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg), durante o governo de Castello Branco (1964-1967). Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/27302/milagre-economico-explicado/>. Acesso em 20 Jul. 2016.

27 Com vistas à reformulação do ensino da Matemática cria-se em 1950, a CIEAEM - Commission Internationale

pour l´Étude et l´Amélioration de l´Enseignement des Mathématiques. A comissão produz material de orientação de um novo ensino de Matemática. É pela iniciativa de Caleb Gattegno, matemático, pedagogo e filósofo da Universidade de Londres, que se reúnem, entre outros, matemáticos como Jean Dieudonné, Gustave Choquet, André Lichnerowicz e o psicólogo Jean Piaget. (VALENTE, 2008, p. 584-585)

Matemática (GEEM) em São Paulo, que ofertava cursos sobre Matemática Moderna com a intenção de mobilizar adeptos. Os professores Osvaldo Sangiorgi, Scipione de Pierro Neto, Luiz Mauro Rocha, Ruy Madsen Barbosa, Renate Watanabe e Jacy Monteiro lançaram nos anos de 1966, 1967 e 1969 compêndios de Matemática Moderna para orientar o ensino no ginásio e no colegial (SAVIANI, 2011).

A interferência na educação do Brasil proveniente dos Estados Unidos foi sutil. Apesar de um ou outro grupo primar pelo nacionalismo, a inserção do pensamento norte- americano foi paulatinamente sendo introduzido pelos acordos MEC-USAID. Depois do Golpe, conforme Cunha e Góes (1985, p. 33/34) foram assinados inúmeros contratos:

a) 26 de junho de 1964: Acordo MEC-USAID para Aperfeiçoamento do Ensino Primário;

b) 31 de março de 1965: Acordo MEC-Contap (Conselho de Cooperação Técnica da Aliança para o Progresso)-USAID para melhoria do ensino médio [ginásio e colegial];

c) 29 de dezembro de 1965: Acordo MEC-USAID para dar continuidade e suplementar com recursos e pessoal o primeiro acordo para o ensino primário;

d) 5 de maio de 1966: Acordo do Ministério da Agricultura-Contap-USAID para treinamento de técnicos rurais;

e) 24 de junho de 1966: Acordo MEC-Contap-USAID de assessoria para a expansão e aperfeiçoamento do quadro de professores de ensino médio e proposta de reformulação das faculdades de Filosofia no Brasil; f) 30 de junho de 1966: Acordo MEC-USAID de assessoria para

modernização da administração universitária;

g) 30 de dezembro de 1966: Acordo MEC-INEP-Contap-USAID sob a forma de termo aditivo dos acordos para aperfeiçoamento do ensino primário;

h) 30 de dezembro de 1966: Acordo MEC-SUDENE-Contap-USAID para a criação de Centro de Treinamento Educacional de Pernambuco;

i) 6 de janeiro de 1967: Acordo MEC-SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros)-USAID, de cooperação para publicações técnicas, científicas e educacionais;

j) Acordo MEC-USAID de reformulação do primeiro acordo de assessoria à modernização das universidades, então substituído por assessoria do planejamento do ensino superior, vigente até 30 de junho de 1969; k) 27 de novembro de 1967: Acordo MEC-Contap-USAID de cooperação

para continuidade do primeiro acordo relativo a orientação vocacional e treinamento de técnicos rurais;

l) 17 de janeiro de 1968: Acordo MEC-USAID para dar continuidade e complementar o primeiro acordo para desenvolvimento do ensino médio.

Todos esses acordos traziam nas orientações a visão tecnicista e pragmatista-liberal da sociedade norte-americana.

Ao final deste período a nova Constituição do país de 1967 ajusta a supremacia do poder executivo sobre o judiciário e o legislativo e adequa algumas das decisões anteriores estabelecidas pelos atos institucionais, em relação à educação tal Constituição afirma o seguinte:

Art. 168 A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola; assegurada à igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e de solidariedade humana. § 1º O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Poderes Públicos. § 2º Respeitadas às disposições legais, o ensino é livre à Iniciativa particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive bolsas de estudo.

§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas: I o ensino primário somente será ministrado na língua nacional;

II o ensino dos sete aos quatorze anos é obrigatório para todos e gratuito nos estabelecimentos primários oficiais;

III o ensino oficial ulterior ao primário será, igualmente, gratuito para quantos, demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou insuficiência de recursos. Sempre que possível, o Poder Público substituirá o regime de gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o posterior reembolso no caso de ensino de grau superior;

IV o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio.

V o provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de grau médio e superior será feito, sempre, mediante prova de habilitação, consistindo em concurso público de provas e títulos quando se tratar de ensino oficial;

VI é garantida a liberdade de cátedra.

Art. 169 Os Estados e o Distrito Federal organizarão os seus sistemas de ensino, e, a União, os dos Territórios, assim como o sistema federal, o qual terá caráter supletivo e se estenderá a todo o País, nos estritos limites das deficiências locais.

§ 1º A União prestará assistência técnica e financeira para o desenvolvimento dos sistemas estaduais e do Distrito Federal.

§ 2º Cada sistema de ensino terá, obrigatoriamente, serviços de assistência educacional que assegurem aos alunos necessitados condições de eficiência escolar.

Art. 170 As empresas comerciais, industriais e agrícolas são obrigadas a manter, pela forma que a lei estabelecer, o ensino primário gratuito de seus empregados e dos filhos destes.

Parágrafo único - As empresas comerciais e industriais são ainda obrigadas a ministrar, em cooperação, aprendizagem aos seus trabalhadores menores. Art. 171 As ciências, as letras e as artes são livres.

Parágrafo único O Poder Público incentivará a pesquisa científica e tecnológica.

Art. 172 O amparo à cultura é dever do Estado.

Parágrafo único - Ficam a sob a proteção especial do Poder Público os documentos, as obras e os locais de valor histórico ou artístico, os