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1º) Pela pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando fazemos uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de “vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam a precisar da oferenda para se comunicarem. Disso surgem pedidos cada vez mais frequentes impedindo a evolução da pessoa e da entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa ofertante. (nota do autor: Se isso ocorrer por parte de um Espírito, com certeza, essa entidade espiritual ainda encontra-se presa em seu ego, não podendo portanto, ser um Guia Espiritual, mas tão somente um Espírito comunicante)

2º) O nosso objetivo no Centro Espiritualista Caboclo Pery é orientar que a oferenda deva vir apenas como uma representação material de agradecimento e não de comunicação com as entidades, que basicamente e de maneira geral não precisam de oferenda. Quanto menos evoluída a entidade, mais ela “precisará” de oferendas.

Geralmente fazemos isso por ocasião do dia do Orixá ou entidade em forma de homenagem, pois como disse o nosso mentor, Pai Pery: “Amor, fé, estudo doutrinário e o desejo de fazer caridade desinteressada em retribuição, ofertadas com resignação e humildade, assim nos dispomos a ser médiuns”. E se dispor a ser médium não significa apenas entrar para a corrente de um Terreiro e dar incorporação. Mas se colocar a disposição, a serviço da caridade. E sabemos muito bem que não há necessidade da incorporação para que isso ocorra, assim como sabemos também que arriar oferenda não é “cuidar do Santo”.

(Mãe Iassan – Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery)

Vamos a um trecho pertinente, de um livro maravilhoso que deve ser lido por todos:

OFERENDANDO

Maria era mulher de fé. Acreditava em Deus, rezava todos os dias. Considerava-se sem preconceitos e, por isso, aos domingos (todos os domingos) ela frequentava a missa; e rezava. Na segunda-feira, ela gostava de assistir o culto carismático da igreja ao lado da sua casa, e cantava. Na terça-feira. Não perdia por nada a sessão de descarrego da igreja evangélica. Onde o pastor expulsava todos os demônios. E delirava. Na quarta-feira, Maria, que era filha de Deus, dava-se ao luxo de ir ao bailão e divertir-se, e dançava. Na quinta- feira, havia a missa das almas que Maria oferecia para seu falecido marido, e chorava.

Mas na sexta-feira, ah! Esse dia era sagrado. Pegava o ônibus e, lá num bairro bem distante, ela frequentava um Terreiro que se denominava de Umbanda, e oferendava.

O dinheiro de um dia de trabalho na semana Maria guardava para, na sexta-feira, comprar o material destinado à oferenda que o suposto “guia” lhe exigia a fim de quem sua vida progredisse, pois Maria pedia. E pedia tanto... ela precisava ganhar mais, o filho precisava de emprego, ela desejava arrumar um namorado, sua mãe estava adoentada.

Conforme a orientação que recebera, Maria precisava oferendar alguns maços de vela e mais alguns objetos preparados pelo “guia” no cemitério junto ao cruzeiro. Maria não gostava desses lugares, mas, confiava que as oferendas a ajudariam a melhorar a vida.

Acendeu as velas e, ajoelhada, rezava e pedia... Uma senhora negra de cabelos branquinhos e com um olhar muito amoroso se aproximou e. ajoelhando-se ao seu lado, rezava baixinho; mesmo assim, Maria pôde ouvir o que ela dizia:

- Senhor, meu Deus! Obrigada por ter me recebido neste mundo. Obrigado pela vida e por todos os filhos que posso ajudar. Permita que eu continue servindo aos meus irmãos na Terra. Ampara todas as almas que aqui estão perdidas, acolhendo-as com Teu imenso amor. Amém.

Quando Maria retornava, a mesma senhora estava sentada à sombra de uma árvore, próximo ao portão do cemitério. Abrindo um bonito sorriso, a senhora falou, educadamente:

- Bom dia. Você não quer se sentar um pouco à sombra para se refrescar? - Bom dia. Vou aceitar seu convite. A senhora vem sempre aqui para rezar? - Sempre que se faz necessário.

- Como assim?

- Ás vezes, precisamos ajudar algumas pessoas. Observei que a filha trouxe uma oferenda. - É.

- E percebi que esteve fazendo muitos pedidos.

- Pois é, o guia lá do centro me orientou a fazer as oferendas e os pedidos.

- E esse “guia” não a orientou a oferendar seu trabalho para o bem dos necessitados? Nem a agradecer o tanto de bênçãos que já tem?

Maria a essa altura, já não estava gostando muito daquela conversa e tratou logo de se despedir, alegando estar atrasada para seus compromissos.

Naquela noite, Maria adormeceu mais cedo que de costuma e em seus sonhos aquela senhora de olhar tranquilo apareceu. Escutava seu chamamento, e logo se viu com ela num lindo bosque onde as duas caminhavam e conversavam. Ao acordar já não lembrava mais do sonho, mas uma sensação muito boa tomava conta de Maria, que passou o dia cantarolando.

Naquela semana, inacreditavelmente ela não sentiu vontade de realizar a romaria de todas as igrejas. Na quinta-feira, encontrou na rua, ao acaso, uma antiga amiga, que a convidou para visitarem juntas um Terreiro de Umbanda próximo a sua casa.

Quando ajoelhou-se em frente à Preta-Velha e esta tomou-lhe as mãos entre as suas, teve a impressão de que aquele carinho lhe era conhecido. Enquanto a bondosa entidade, através de sua médium, cantarolava e a benzia com um galho de erva verde, Maria, sem saber por quê, deixava as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Uma espécie de saudade brotava do fundo de sua alma e, ao mesmo tempo, uma imensa paz a envolvia.

- Sarava, mi zi fia! O que suncê veio buscar nesse Terreiro?

- Salve, minha mãe! Nem sei o que pedir... estou me sentindo estranha.

- Então não precisa pedir nada, zi fia, pois o Grande Pai sabe de tudo aquilo que nós precisamos e nos dá conforme nosso merecimento. Nossa obrigação é dar graças todos os dias por cada minuto que nos é concedido viver.

- Pois é... mas a vida é tão difícil, preciso de tantas coisas que não acontecem, embora já tenha feito tantas oferendas...

- Nega veia sabe que zi fia foi até ao cemitério oferendar e pedir. Nada contra as oferendas quando se fazem necessárias, desde que tenham um fundamento, que sejam colocadas no lugar certo, de maneira correta e na energia adequada. Os Sagrados Orixás e seus falangeiros não haverão de ficar felizes com os filhos que sujam seus sítios sagrados. A maior e melhor oferenda aos Orixás, zi fia, é o nosso amor e respeito ao nosso semelhante. É trabalhar para melhorar nossos defeitos, elevar nossos sentimentos. De nada adianta oferecermos coisas materiais para solicitar a realização de nossos desejos, de nossas vontades, que nem sempre é o melhor, pois as dificuldades estão aí para nos mostrar que necessitamos mudar algumas coisas em nossas vidas. Isso é permuta, é negociação. Com o “divino” não se negocia, pois como bem disse Nosso Sinhozinho Jesus, “a cada um segundo as suas obras”. Se zi fia acha que precisa oferendar coisas materiais, plante uma flor ao lado de uma cachoeira e ofereça-a com amor a Oxum; Vá até uma praia e oferte seu trabalho a Iemanjá, limpando seu sítio sagrado, juntando os lixos que as pessoas deixam por lá; plante uma árvore ou uma simples erva em seu quintal e oferte-a a Oxóssi; visite uma creche e leve doces às crianças, além de seu carinho e estará agradando aos Ibejis; preencha seu tempo vago fazendo a caridade, ajudando os mais necessitados, e estará agradando a todos os Orixás e, em consequência, sua vida vai melhorar e as bênçãos brotarão abundantemente. Nós recebemos da vida aquilo que a ela doamos.

Todos os caminhos levam ao Pai, mas precisamos encontrar o nosso e segui-lo. Siga aquele no qual seu coração vibre de amor e de alegria.

Maria agora tinha muito o que pensar, e pensou. E mudou a partir de então, seguindo os conselhos da Preta- Velha.

Enquanto no mundo terreno Maria seguia seu caminho, melhorando a cada dia, no mundo espiritual sua protetora, que não media esforços para ajudar sua tutelada e que para tanto até se fez visível aos seus olhos, estava feliz, pois sua própria evolução dependia da evolução de Maria...

(Trecho extraído do livro: “Causos de Umbanda” – volume 2 – Outras Histórias – Obra psicografada por Leni W. Saviscki)

Importante:

Durante todo o ano, devemos sempre nos lembrar dos Sagrados Orixás. Eles devem sempre povoar nossos pensamentos e preencher nossos sentimentos, a fim de que, irmanados, possamos compreender as irradiações salutares que nos são enviadas, para que possamos nos centrar em nossa evolução, no estudo, no entendimento das Leis que nos regem, no exercício constante da reforma íntima, na prática da oração, e no trabalho caritativo desinteressado.

Poderíamos no perguntar: o que temos que ofertar aos Sagrados Orixás? O que temos que fazer, ou o que temos de nós mesmos pra honrá-los? Podemos homenagear e louvar os Orixás nos Terreiros e na Natureza, cantando hinos e canções. Comemorar com oferendas e luzes de velas. Infelizmente, tudo isso tem comoção passageira. Não são homenagens desse tipo que os Orixás esperam de nossa parte.

No documento Livro - Magias e Rituais Da Umbanda - Volume i (páginas 130-132)