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ONDE REALIZAR UMA OFERENDA OU ENTREGA MAGÍSTICA PARA UM TAREFEIRO (EXUS E POMBAS-GIRA DA LEI) DE UMBANDA?

No documento Livro - Magias e Rituais Da Umbanda - Volume i (páginas 105-107)

As oferendas (relembrando: tendo oferenda como o sentido de um presente em agradecimento, ou, simplesmente um gesto de gratidão, sem intenção magística ou mesmo para obter favores. Numa oferta, como um simples ato de dar uma lembrança para que em gosto, posso presentear com o que eu quero. Para oferendas só se devem utilizar materiais de natureza positiva), e as entregas magísticas (nesse caso, não se trata de despachos) com o concurso dos Tarefeiros da Umbanda, deverão ser realizadas nos pontos de força da Natureza, que se liga ao tipo de necessidade requerida.

1º) Identifique o ponto de força da Natureza, de acordo com a natureza do requerido,

2º) Providencie os materiais necessários para o trabalho (todos de energia positiva; nunca utilizar carnes, sangue, ossos ou qualquer tipo de material de baixa vibratória).

3º) Chegando ao ponto de força da Natureza, firme uma vela na cor da vibratória do Orixá correspondente; de joelhos, peça licença para o trabalho que irá realizar. Se afaste deste ponto por 07 (sete passos, aproximadamente 07 metros), para qualquer lado; aí está o ponto de força onde o Tarefeiro da Umbanda invocado irá manipular as energias elementais próprias do local, óbvio, dependendo do merecimento do requerente.

Vamos a um exemplo prático: O trabalho a ser realizado, com o auxílio de um Tarefeiro, tem como finalidade o reajustamento fraterno de uma família em desajuste.

Magisticamente falando, o ponto de força da Natureza que emana um magnetismo positivo para tratar de assuntos domésticos em geral; para modificar o caráter, para atrair paz e calma aos nervosos, para todos os assuntos relacionados ao lar, é um rio. Com isso já definido, lá chegando, acenda uma vela cor-de-rosa para Oxum, e de joelhos faça suas preces, pedindo o que necessita. Logo após, afaste-se 07 (sete) passos para qualquer lado.

Não importa o Tarefeiro da Umbanda que será invocado para o auxílio no requerido, mas sim, o que vibra no ponto de força, onde esse Tarefeiro irá atuar segundo a Lei e a Justiça Divina.

A real encruzilhada dos Tarefeiros da Umbanda não está no campo físico, mas sim no campo astral, na combinação dos elementos naturais, que são os já conhecidos Ar – Fogo – Água – Terra – Metal – Vegetal – Mineral – Animal – Humano, formando o ciclo da vida, havendo os segredos invioláveis destes poderes que são conhecidos pelos Orixás Mediadores e pelas Linhas Mestras de Trabalhos Espirituais (Caboclo da Mata e Pretos-Velhos) da Umbanda e a quem eles abrem os segredos.

No ponto de força especifico do Orixá, existem linhas de forças ascendentes e descendentes em grande fluxo vibratório. Quando se afasta por aproximadamente 07 passos do ponto onde invocou-se um poder de uma “Corporação Orixá”, essa linha de força passa a ser entrecruzada com outras. Este é ponto vibratório magístico, onde os Tarefeiros da Umbanda irão atuar, pois estão situados nos entrecruzamentos vibratórios presentes nos pontos de força da Natureza.

Importante: Na realização das entregas magísticas ou despachos ordenatórios, devemos atentar para o fato de que em cada sítio vibratório da Natureza, não encontraremos somente a vibração propicia ligada aos Sagrados Orixás, mas também uma natureza vibratória específica, utilizada em reajustamentos, pedidos, preceitos, afirmações relacionadas com a espiritualidade, bem como o valor magístico da operação (quanto a natureza vibratória de cada ponto de força da Natureza, leia logo abaixo no subtítulo: “DIRETRIZES PARA A COMUNICAÇÃO COMO AS CORPORAÇÕES ORIXÁS”).

Pode acontecer que um Guia Espiritual ou um Tarefeiro da Umbanda determine que um despacho demandador seja efetuado em encruzilhadas de rua ou de cemitério, bem como também poderá determinar que um despacho ordenatório seja efetuado num caminho ou trilha de mata, pedreira, cachoeira, mar, etc. Qual a diferença???

Todo despacho, demandador ou ordenatório só será efetuado na presença de magias negras, feitiçarias, perseguições espirituais, atuações de obsessores kiumbas, encomendadas por um desafeto, ou mesmo demandas espirituais. Qualquer despacho, seja demandador ou ordenatório, só será efetuado por ordenação de um Guia Espiritual, ou a pedido de um Tarefeiro da Umbanda, gabaritados para tal, e não tão somente a bel prazer ou mesmo quando achamos (o achar é a mãe de todos os erros), que só um despacho resolverá nossos problemas. Só temos que atentar que se for solicitado a realização de um despacho, estaremos diante de uma manipulação magística para desfazimento de magias negras, feitiçarias, ódios, olhos gordo, invejas, perseguições, maledicências e demandas espirituais.

Por demanda espiritual vamos entender que é pelo fato de haver uma peleja com Espíritos malfazejos. Isso se dará somente quando houver simbiose fluídica, ou seja, o demandado está agindo com vida desregrada, falta de moral, atitudes maldizentes, hábitos infelizes, posturas equivocadas perante as leis espirituais que regem o nosso mundo. Portanto, junto com o despacho, devemos bem orientar o assistido na eficiente e insubstituível reforma íntima, calcada nos ensinamentos crísticos. Só assim se obterá o pleno resultado do requerido.

Vamos explicar superficialmente os tipos de despachos existentes:

Muitas vezes, ao ser orientado, somente por um Guia Espiritual ou mesmo um Tarefeiro da Umbanda a realização de um despacho, seja demandador ou ordenatório, pode-se ocorrer de utilizarem certos materiais naturais (sal grosso, carvão, ervas, ovo, pipoca, pão, terra, água, tabaco, aguardente, bifes, etc.), passados pelo corpo do assistido, ou por um local especifico, atraindo a negatividade da pessoa para esses materiais, a fim de, posteriormente, serem despachados em encruzilhadas de rua ou de cemitérios.

No geral, é recomendado que esses materiais sejam “enterrados” na encruzilhada específica, e por cima é efetuado o dito despacho, que irá implodir o negativismo que foi acondicionado nos materiais, anteriormente, quando manipulados por sobre o necessitado.

Reiteramos: o procedimento de “passar” esses materiais no corpo de um assistido é efetuado por um Guia Espiritual ou um Tarefeiro da Umbanda, pessoalmente, ou mesmo ordenado que seja feito por um médium competente. Isso é coisa seriíssima e requer grande conhecimento e concentração, senão os resultados podem ser funestos.

Sempre ouvimos muito sobre “trabalhos” efetuados nas encruzilhadas de rua, cemitério, praça, etc., e sempre achamos que essa questão de se despachar materiais nesses locais fosse coisa da Umbanda. Ledo engano. Encontramos um estudo efetuado por Luís Câmara Cascudo, historiador, antropólogo, advogado e jornalista, em seu livro “Meleagro – Depoimento e Pesquisa sobre a Magia Branca no Brasil”, pela Livraria Agir Editora, 1951, Rio de Janeiro, onde nos elucida sobre certos ângulos do uso de uma “encruzilhada” em processos magísticos, mormente de magias negras ou para despachos, corroborando com o que cremos:

(...) Ainda a encruzilhada é o melhor lugar para os “trabalhos”, outro dos mil elementos da bruxaria europeia.

“O povo tem muitoas superstições ainda hoje com as encruzilhadas dos caminhos (trivium quadrivium); aparece lá o Diabo ao meio-dia, meia-noite e Trindades, Nas aldeias todas as encruzilhadas tem em regra uma cruz de pedra ou de pau”, nota de Leite de Vasconcelos (Tradições Populares de Portugal, 266, Porto, 1882). Os portugueses que colonizaram o Brasil eram aqueles de Gil Vicente. A encruzilhada caracterizava a feitiçaria. (...)

(...) e a Celestina rezava pela mesma cartilha: “Y aun la uma le levantaron que era bruja porque la hallaron de noche com unas candelillas cogiendo tierra de uma encrucijada” (ato VII). (...)

(...) em Roma o quadrifuncus, era o domínio de Hécate (nota do autor: Hécate: Deusa das terras selvagens e dos partos, era geralmente representada segurando duas tochas ou uma chave, e em períodos posteriores na sua forma tripla. Estava associada a encruzilhadas, entradas, fogo, luz, a lua,  magia, bruxaria, o conhecimento de ervas e plantas venenosas, fantasmas, necromancia e feitiçaria), deusa dos malefício, dos encantamentos, dos feitiços. Nas encruzilhadas depositavam os ricos der Roma e da Grécia alimentos e bebidas, nas festas lustrais, o jantar de Hécate, que às vezes matava os pobres que o comiam (Luciano de Samosata, “Diálogos dos Mortos, I, Passagem de Barca, 270”). Era lugar de encanto, o trivium ou quatrivium, domínios de Ékate Triodités. Em Bengala, a deusa das epidemias, Raksha Kall recebe a homenagem essencial numa encruzilhadas de quatro caminhos. Outrora sacrificavam criaturas humanas. (...)

(...) A escolha da encruzilhada como sitio de assombros é anterior ao Cristianismo e a associação com a cruz de Jesus Cristo é explicável, mas não justifica sua continuidade por todo o mundo. Hamurábi, 2.323 antes de Cristo, numa de suas leis de Babilônia, nº 91, dispões: “A balança deve colocar-se para o Oriente, imóvel, no seu lugar purificado, seja num templo de Indra ou de Darma, seja numa sala de justiça ou numa encruzilhada”. (Cit. Fernando Ortiz, “Los Negros Brujos, 163, nota”). Todo o culto de Hécate era nas encruzilhadas. Hermann Steuding informa: Em las noches de luna clara aparecia em las encrucijadas como una figura fantástica (Ékate Triodites, Trivia) acompanada del tropel de almas sin descanso, y también como almas errantes. Para apaciguar y contentar a Hécate, al final de todos los meses, se depositaban em los cruces de los caminos los residuos de los sacrifícios de purificación. (Mitologia Griega Y Romana, 83.) a encruzilhada como terreno propício para os “despachos”, canto sagrado, “cantos abertos” na magia negra, já era consagradas há quarenta e dois séculos.

A encruzilhadas era o ponto da fatalidade, dos assombros, onde o destino se cumpria. No cruzamento das estradas de Derlfos e Daulia, Édipo, sem reconhecer, matou o rei Laius, seu pai (Sófocles, “èdipo Rei.).

No documento Livro - Magias e Rituais Da Umbanda - Volume i (páginas 105-107)