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1ª Magia Celeste: Amor

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência: ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso se aproveitará.

O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba. Mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará. Porque em parte conhecemos e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, o que então é em parte, será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como um menino, sentia como menino. Quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.

Porque agora vemos como um espelho, obscuramente, e então veremos face a face; agora conheço em parte, e então conhecerei como sou conhecido.

 Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e a Caridade. Estes três. Porém o maior deles é o Amor”. (Trecho da Carta de Paulo aos Coríntios – 1Cor 13, 1-13)

Sim, é verdade. O maior destes é mesmo o amor, simples e unicamente porque o amor é Deus, é o nosso Pai Maior – Zambi –, que tudo criou e nos fundiu no seu infinito, eterno e verdadeiro amor.

Em uma análise da Epístola de Paulo aos Coríntios encontramos claramente os Sete Poderes Reinantes Orixás do Divino Criador: Oxalá/Yemanjá, Oxum/Oxumarê, Ogum/Yansã, Xangô/Obá, Oxóssi/Ossain, Omulú/Obaluaiê/Nanã Buruquê, Yewá/Logunedé –, os quais reverenciamos em nossa Umbanda. Poderes Divinos que, sem amor, permanecem passivos e inoperantes na vida do ser. Senão, vejamos:

“... ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”. Aqui fica claro que a fé – o sentido divino do Poder irradiado pela Corporação Oxalá, mesmo a mais poderosa fé, sem o amor, é incapaz de produzir efeitos no ser, especialmente a cura dos males da alma e do corpo e a reforma do caráter. Quando Jesus disse à mulher que há doze anos sofria de uma hemorragia e que apenas lhe tocou as vestes e foi curada: “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre do teu mal”, é evidente que Ele se referia à fé com o mais puro e verdadeiro amor. O amor que essa mulher tinha pela fé em Jesus. Foi essa fé com amor que a curou.

O Poder Divino do amor e união, que nos incute a essência da Corporação Oxum e da Corporação Oxumaré, é confirmada quando Paulo diz: “O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece”. Isto significa que o amor com o amor é calmo, humilde e simples. Não precisa de artifícios para ser sentido ou demonstrado. Ele sabe esperar, é sempre bom, compreende a individualidade e não se orgulha por ser ou existir. Simplesmente existe e é irradiado de forma mágica.

No início dessa mesma frase – “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, nada serei” - Paulo mostra que todo o saber, todo o conhecimento (a ciência) – Poder Divino da Corporação Oxóssi e da Corporação Ossain –, mesmo o conhecimento do invisível (os mistérios), não têm valor algum sem o amor; sem o amor pelo esforço em ter adquirido o conhecimento e de poder/dever compartilhá-lo e dividi-lo com o mundo.

A frase “não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” é por si só explicativa e clara. O amor resplandece com a verdade e cresce com a justiça, Poder Divino da Corporação Xangô e da Corporação Obá. A verdade, a razão e a justiça, sem o amor de Deus, nada valem perante nosso Pai Maior e os homens, pois são passíveis de manipulação, como muito temos visto desde os tempos mais remotos. A justiça de Deus, com certeza, é a justiça com amor.

Em “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”  há uma clara indicação de que a Lei – Poder Divino da Corporação Ogum e da Corporação Yansã, pela crença e pela esperança no amor, impõe a obediência e a disciplina sem lamúrias ou questionamentos. Devemos aceitar com amor o que nós um dia fomos e hoje somos, o que plantamos e hoje colhemos, ou o modo como agimos e hoje sofremos como consequência de nossos atos passados.

Os Poderes Divinos irradiados pela Corporação Omulú/Obaluaiê e pela Corporação Nanã Buruquê estão na frase “não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal”.

Aqui estão as lições do equilíbrio no agir com amor, no amor sem esperar recompensa, no amor sem se desesperar e no amor a quem, em nossa avaliação, tenha nos causado algum mal. O amor nos ajuda a construir a nossa evolução.

E, finalmente a frase “ Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como címbalo que retine”, nos mostra que o amor é o poderoso ingrediente para gerar a vida e criar a comunicação entre seres, humanos, inclusive – Poder Divino da Corporação Yemanjá. Sentir o amor até nas mais simples criações, como o bronze ou o címbalo (que é cada um dos dois discos de metal que compõem o instrumento musical chamado prato). De nada adianta saber e dominar as línguas, pois sem o poder do amor, podemos ser incompreendidos. Mas, com certeza, apenas e tão somente com amor, sem conhecermos as línguas, alcançaremos a compreensão. O amor gera uma força poderosa de compreensão e cria a nossa ligação com a alma dos nossos irmãos.

E se mesmo assim, o amor não encontrar um lugar em nosso ser para ser sentido e irradiado ao mundo, podemos pedir pela graça do Poder Divino da Corporação Yewá ou pela alegria do Poder Divino da Corporação Logunedé que, com certeza, farão florescer em nós, a importância da prática da Caridade, o amor pelo próximo, o amor pela vida e o amor por existir.

Essa análise da Epístola de Paulo aos Coríntios nos deixa claro que o amor é o princípio fundamental, a partir do qual derivam tantos outros. Os raios de ação do amor ampliam-se cada vez mais. O amor é mais do que simplesmente desejar beneficiar os outros; é possuir um sentimento que se manifesta em todas as atitudes exteriores, das quais o relacionamento com o próximo é apenas uma delas. E quando falamos em mudar todas as nossas atitudes, temperando-as ou moldando-as com o amor, estamos falando sobre um dos pontos mais importantes para o nosso progresso: a reforma íntima.

“Desde o princípio, Jesus ratifica a importância da presença do amor em nossas vidas, conservando o mandamento – “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma. E amarás ao teu próximo como a ti mesmo” – afirma que só há um imperativo moral realmente fundamental – amar – do qual todos os outros princípios derivam. Jesus passou pouco tempo na Terra. Foram suficientes três anos de evangelização para que o seu domínio se estendesse a todos os cantos do Planeta. Não foi pela ciência, nem pela oratória que Ele seduziu e cativou as multidões: foi pelo amor! Mesmo depois da sua morte, seu amor ficou no mundo, como um foco sempre vivo! Quando instalou o primado do amor na Terra, Jesus deixou-se crucificar para adubar o solo das almas com seu sacrifício, como a dizer que no amor se encontram o princípio e o fim de tudo e de todas as criaturas”.(Joana de Angelis)

“Amai os vossos inimigos”. Talvez nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido como este mandamento. Há mesmo quem sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Consideramos fácil amar quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente e insidiosamente procuram nos prejudicar. Quando Jesus diz “amai os vossos inimigos”, não ignora a dificuldade dessa imposição e conhece bem o significado de cada uma das suas palavras. A responsabilidade que nos cabe é a de descobrir o significado deste mandamento e procurar apaixonadamente vivê-lo toda a nossa vida. Mas, como devemos nós, amar os nossos inimigos? Temos primeiro que desenvolver e manter a capacidade de perdoar. Aquele que não perdoa, não pode amar.

É mesmo impossível iniciar o gesto de amar o inimigo sem a prévia aceitação da necessidade de perdoar sempre a quem nos faz mal ou nos injuria. Também é preciso compreender que o ato do perdão deve partir sempre de quem foi insultado, daquele que foi injustiçado. O perdão não significa ignorância do que foi feito ou imposição de um rótulo falso em uma má ação. Deve significar, pelo contrário, que a má ação deixe de ser uma barreira entre as relações mútuas. Perdão significa reconciliação, um regresso a uma posição anterior; sem isso, ninguém pode amar os seus inimigos. O grau da capacidade de perdoar determina o da capacidade de amar os inimigos. Amamos os nossos inimigos porque sabemos que eles não são completamente maus, nem estão fora do alcance do amor redentor de Deus.

“Por que devemos amar os nossos inimigos? A principal razão é perfeitamente óbvia: retribuir o ódio com o ódio multiplica o ódio e aumenta a escuridão de uma noite já sem estrelas. A escuridão não expulsa a escuridão, só a luz é capaz de fazê-lo. O ódio não expulsa o ódio: só o amor pode fazê-lo. O amor é a única força capaz de transformar o inimigo em um amigo. Nunca nos livraremos de um inimigo opondo o ódio ao ódio  – só o conseguiremos, libertando-nos da inimizade. O ódio, pela sua própria natureza, destrói e dilacera; e

também pela sua própria natureza, o amor é criador e construtivo: a sua força redentora transforma tudo”.

(Martin Luther King Jr.)