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3.1 Panorama histórico do vegetarianismo no mundo ocidental

3.1.1 Dos pitagóricos aos abolicionistas

Inicio essa trajetória com uma das referências mais citadas em qualquer gênese do vegetarianismo: Pitágoras e seu seus discípulos, que viveram cinco séculos antes da era cristã e foram responsáveis pela formatação dos ideais de um regime alimentar adequado aos humanos como base para a manifestação de seus princípios éticos, religiosos e de saúde. Regime pitagórico foi o termo usado para definir uma dieta alimentar que excluísse o consumo

de carnes, cuja abstenção voluntária era condição sine qua non àqueles que compartilhavam da tríade: responsabilidade ecológica, veneração religiosa e saúde física.

Baseados na doutrina da transmigração da alma, Pitágoras e seus seguidores acreditavam que a alma imortal poderia migrar para outros seres vivos. Nesses termos, comer carne seria considerado um assassinato, já que está implícita a ideia de um “parentesco” e um destino comum a todas as espécies (BEARDSWORTH & KEIL, 1997). De acordo com Spencer (1993 apud BEARDSWORTH & KEIL, 1997), os ensinamentos de Pitágoras parecem ser uma fusão de ideias derivadas do Egito, Babilônia e também do hinduísmo e zoroastrismo. E representa, antes, uma reação contra a ênfase dada na cultura grega ao consumo de grandes quantidades de carne e da vinculação desse consumo com ideais de força e virilidade.

Séculos depois, entre a elite intelectual romana, a defesa da abstenção do consumo de carne animal ganha destaque. O escritor e filósofo Sêneca, que viveu entre 4 a.C e 65 d.C, defendia o vegetarianismo motivado pela obrigação moral de evitar o sofrimento dos animais. Plutarco, filósofo grego de grande prestígio, que viveu de 46 a 126 d.C, se dedicou ao estudo da inteligência dos animais comparando-a à dos humanos. Para ele, comer carne era um ato arbitrário e não natural. Para provar sua ideia, desafiou aqueles que queriam comer carne a matar o animal com suas próprias mãos, sem a ajuda de ferramentas e armas, como fazem os animais carnívoros, e depois consumí-la da mesma forma que os animais fazem na natureza (DOMBROWSKI, 1985 apud BEARDSWORTH & KEIL, 1997). Para Plutarco, essa espécie de teste serviria de prova do caráter antinatural do ato de comer carne aos seres humanos, dado a relativa incapacidade humana para realizar tais atos absolutamente carnívoros. Sua ética baseava-se, acima de tudo, na convicção de que, para alcançar a felicidade e a paz, é preciso controlar os impulsos das paixões. Um tipo de controle que não poderia ser exercido por comedores de carne.

Porfírio, um filósofo romano que viveu entre os séculos II e III, foi o único do período Clássico a realmente dedicar trabalhos inteiros ao tema do vegetarianismo. Escreveu duas obras: De abstinentia ab esum animalum (Da abstinência do alimento animal) e De non necandis ad epulandum animantibus (aproximadamente, Da inadequação da matança de seres vivos para alimentação), sendo o primeiro livro citado até hoje como referência obrigatória na literatura vegetariana. Em momento anterior a esses escritos, Porfírio passou por um período de confinamento, quando estudava as ideias neoplatônicas sobre a divisão do homem em espírito, alma e corpo, tomando horror ao próprio corpo e se abstendo da alimentação.

Aceitando, posteriormente, alimentar-se como meio de sustentar a sua alma. Pensamento que está na raiz de um conjunto de ideias que será mais tarde refinado como parte do conteúdo defendido pelo paradigma cartesiano em relação a certo desprezo no que se refere ao corpo, à natureza e à “carnalidade”, já manifesto nas asserções judaico-cristãs.

No mundo greco-romano, o vegetarianismo foi, com efeito, uma espécie de crítica da moral ortodoxa e das suposições culturais em vigor. A carne se situava entre os elementos que simbolizavam as estruturas de poder e os valores dominantes, a força, a virilidade e domínio do mais forte sobre o mais fraco. Além disso, as noções sobre a constituição do homem, dividido e dependente de sua porção corpórea - limitadora da livre expressão de seu espírito, trouxe a percepção do alimento a partir de suas possibilidades de sustento e elevação do corpo ou da alma. Nesse sentido, a carne, como em outros contextos dos quais falaremos, figura entre o tipo de alimento responsável por alimentar o corpo e denegrir o espírito.

Apesar da influência das ideias neoplatônicas sobre pensamento judaico-cristão e também islâmico, no que diz respeito ao caráter comprometedor da carne tanto para o corpo como para o espiríto, a defesa do domínio humano sobre o mundo natural, corrente no âmbito doutrinário dessas três grandes religiões, tornou o consumo de carne e o uso dos animais para diferentes fins um imperativo da condição outorgada ao homem.

A supremacia humana sobre a natureza é afirmada em diferentes livros do texto bíblico e está presente desde a narrativa do Gênesis:

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1: 27-28).

Se a ideologia da abstinência total de carne, na alimentação, deve ser suprimida a partir do paradigma religioso, podemos ainda perceber, na própria cosmologia judaico-cristã, que o simbolismo da carne e a regulação de seu consumo e abstinência temporária relacionam-se a uma série de significados que se repetem em contextos histórico-culturais diferenciados. Exemplo disso são as determinações listadas no Levítico e Deuteronômio, que, se por um lado supõe o consumo da carne de animais, por outro, trata de regular esse consumo como forma de garantir a pureza corpórea e espiritual, posta em risco diante da impureza da carne de certos animais, ou de partes específicas dos animais, como o sangue. O risco eminente de contaminação através do consumo de carne de um animal considerado impuro teria potencial de comprometer corpo e espírito. Essa noção também se faz presente quando observamos as

abstenções de carne em dias específicos e no contexto de determinadas festas religiosas (MONTANARI, 1994), que funcionavam como demonstrações de abnegação penitencial. Ou ainda, quando, no contexto da Igreja Cristã Primitiva, a abstinência total da carne era usada como forma de alcançar um maior grau de ascese e espiritualidade (BEARDSWORTH & KEIL, 1997).

Porém, as ideias dos pensadores clássicos irão florescer novamente no período do Renascimento através de nomes como os de Erasmus, Thomas More, Montaigne e Leonardo Da Vinci, este último um dos mais conhecidos defensores do vegetarianismo na história do pensamento ocidental. A crítica à crueldade infligida aos animais foi o principal fator de defesa de uma dieta vegetariana nesse período. Mas, principalmente, a ascensão do humanismo e o questionamento da visão de mundo cristã foram responsáveis por criar um ambiente favorável ao florescimento do vegetarianismo, particularmente, entre as elites intelectuais.

Outro aspecto que ganha maior notoriedade é a relação entre a abstenção do consumo de carne e um melhor nível de saúde corporal. Essa definição, por outro lado, era um tipo de relação dissonante no contexto em que o consumo de carne se tornou mais popular. Entre os séculos XVI e XVIII, princípios médicos e dietéticos em defesa do vegetarianismo ganharam força com Luigi Cornaro, dietista italiano, Thomas Tryon, escritor inglês, e o médico George Cheyne a partir das considerações sobre o vegetarianismo como um dispositivo importante na promoção da saúde e da longevidade (BEARDSWORTH & KEIL, 1997).

No século XVII, encontramos um ambiente intelectual que consolidará as bases do pensamento moderno com ressonâncias até os dias atuais. Falo do paradigma cartesiano, que lançou os alicerces a respeito da própria definição de humano e seu contraste em relação às demais espécies. O cogito cartesiano “Penso, logo existo” assegurou a superioridade do mundo espiritual (mental, intelectual) em relação ao mundo físico e fundamentou um conceito de humano distante das características animais (físicas, biológicas) da espécie. Além disso, ofereceu uma definição do humano como “uma coisa que pensa” e, consequentemente, excluiu e negou às outras espécies o caráter existencial. Já que os animais não têm alma, não pensam e não sentem dor, sendo qualquer tipo de ação impetrada contra eles, justificada, tendo em vista os interesses humanos.

Como reação aos princípios cartesianos, alguns filósofos iluministas, entre eles Rousseau, que publicou, em 1754, Discurso sobre a origem e fundamentos das desigualdades entre os homens, reafirmou a importância da classificação dos seres humanos como animais dotados das faculdades do “intelecto e da liberdade”. Ao passo que, classificou os animais

enquanto seres sencientes, que “deveriam também participar do direito natural”, e afirmou que o homem é responsável no cumprimento de alguns deveres em relação às demais espécies, especificamente, “o direito de não ser desnecessariamente maltratado pelo outro”. De forma semelhante, Voltaire responde a Descartes no mesmo período:

Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê- lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias. Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.(VOLTARIE, 2001: 127)

Esse mesmo escritor francês declarou no romance A Princesa da Babilônia III, escrito em 1768:

Os homens que comem carne e tomam beberagens fortes têm todos um sangue azedo e adusto, que os torna loucos de mil maneiras diferentes. Sua principal demência se manifesta na fúria de derramar o sangue de seus irmãos e devastar terras férteis, para reinarem sobre cemitérios.

Tempos depois, Jeremy Bentham, filósofo britânico do final do século XVIII e início do XIX, considerado o precursor na luta pelos direitos dos animais, argumenta que a dor animal é tão real e moralmente relevante como a dor humana e que "talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os direitos dos quais jamais poderiam ter sido privados, a não ser pela mão da tirania"(SINGER 2010: 12). Para ele, a capacidade de sofrer, e não a capacidade de raciocínio, deveria ser a medida usada em relação ao tratamento dispensado a outros seres. A senciênia como critério para consideração moral passará a ser utilizada, desde então, pelo movimento dos direitos dos animais como base para defesa do vegetarianismo. Betham questiona a consideração moral dos animais ancorado no critério da razão, defendendo, inclusive, a ideia de que muitos seres humanos, entre eles, os bebês e as pessoas com algum tipo de deficiência cognitiva, de acordo com esse critério, deveriam ser

considerados e tratados como “coisas”. Portanto, para ele, “a questão não é: eles pensam? Ou eles falam? A questão é: eles sofrem?”.

A ideia a respeito da incapacidade humana em lidar diretamente com a morte dos animais dos quais se alimenta novamente aparece numa publicação, de 1793, de John Oswald, no livro The cry of nature or an appeal to mercy and justice on behalf of the persecuted animals. O escritor escocês defendeu a tese de que o ser humano é naturalmente equipado com sentimentos de misericórdia e compaixão, por isso, segundo ele, “se cada ser humano tivesse que testemunhar a morte do animal que ele come... a dieta vegetariana seria bem mais popular”. Na modernidade, essa distância em relação à morte dos animais de consumo humano aumentou consideravelmente, principalmente, a partir da industrialização do abate e da produção de carne. Um modelo industrial que privou a maioria de nós da “experiência de alerta às sensibilidades naturais do ser humano”, o qual Oswald se refere.

O conceito de direitos dos animais se faz presente em obras como o influente livro de Henry Salt, Animals' Rights: considered in relation to social progress (1894). O escritor britânico também teve um papel de ativista na luta pelos direitos dos animais, especificamente, contra a prática da caça como esporte em seu país, formando a organização Humanitarian Leagueemm, em 1891, mesmo antes da publicação de sua obra de referência.

Apenas em 1847, no contexto da Primeira Reunião da Sociedade Vegetariana do Reino Unido, em Londres, o termo vegetariano emerge, consolidando um movimento concentrado na divulgação e defesa do vegetarianismo como dieta e ideologia de vida. O termo derivado do latim vegetus significando “vigoroso” ou “vivo”, passou a ser usado de forma corrente para designar uma dieta sem carne, substituindo os termos “pitagóricos” e “regimes vegetais”. Entre os membros filiados à Sociedade Vegetariana de Londres, um dos ícones da alimentação vegetariana como princípio de não violência, o ativista político e espiritual, Mahatma Gandhi, teria tido acesso ao pensamento de Henry Salt no período de sua formação em Direito em Londres (BEARDSWORTH & KEIL, 1997).

O termo vegan aparece pela primeira vez apenas em 1944, em reunião organizada por David Watsone com outros membros dissidentes da The Vegatarian Society, na qual criaram The Vegan Society, diante das divergências com a antiga organização, passando a utilizar, inclusive, o novo termo para designar a si próprios e outros seguidores desse estilo de vida. O termo foi considerado por esse grupo mais amplo do que o termo vegetariano, por incluir um vegetarianismo estrito ou profundo, ou seja, aquele em que não se consome produto nenhum derivado de animais, nem que seja fruto da exploração seus recursos, nem nenhum outro

produto, como vestimentas, calçados, cosméticos, medicamentos e outros artefatos nos quais tenha sido usada matéria-prima de animais, e inclui também uma posição contrária à prática do confinamento para qualquer fim, como entretenimento, além do uso dos animais em pesquisas ou para fins didáticos, como as pesquisas médicas e a vivissecção. O veganismo, termo usado em português para definir o movimento, se constitui, assim, num conjunto de práticas que se relacionam ou são influenciadas pelas ideias incipientes sobre os direitos dos animais do final do século XIX, e ganha força nas décadas seguintes com a emergência do movimento em defesa dos direitos dos animais.

No fim da segunda metade do século XX, dá-se a eclosão do movimento pelos direitos dos animais a partir dos questionamentos de um grupo de filósofos e pensadores da Universidade Oxford, utilizando argumentos de Betham e Salt. Entre esses, o psicólogo Richard Ryder, responsável pelo uso do termo especismo, em 1970, para descrever o tipo de discriminação estabelecida com base na classificação biológica das espécies. Animals, men and morals: an inquiry into the maltreatment of non-humans, de 1972, teve grande impacto sobre as ideias de autores como Peter Singer, que, em 1975, lança o livro Libertação animal.

Considerado um dos ícones do movimento de defesa dos animais, Peter Singer e, o também filósofo, Tom Regan vão polarizar as discussões a respeito da constituição de um novo paradigma de consideração moral sobre as espécies não humanas. Apesar de não usar a linguagem do direito na defesa dos interesses dos animais, Singer propõe a igual consideração dos interesses das diferentes espécies, mesmo assim, tem sido fortemente criticado por apresentar uma perspectiva utilitarista no tocante ao julgamento desses interesses, ainda que suas ideias representem uma perspectiva transformadora da relação entre humanos e animais.

A defesa de Singer (1990) em prol de uma dieta vegetariana está baseada no julgamento acerca dos interesses de todos os seres vivos envolvidos em uma relação. Para ele, todos devem ter seus interesses considerados de forma igualitária. Nesse sentido, a utilização de animais para a alimentação, como ocorre nos nossos dias, seria injustificável diante do sofrimento desnecessário que lhes é imputado. Pois representaria um claro desrespeito aos interesses das espécies que servem de alimento ou para outros fins à espécie humana.

Outro nome importante na história da defesa do vegetarianismo, Tom Regan, distancia- se da visão utilitarista de Singer e considera que todos os seres vivos são portadores de direitos e merecem igual consideração e respeito, o que, definitivamente, torna incorreta sua utilização na satisfação dos interesses de outros. A perspectiva radical de Regan equipara direitos e

estabelece um solo comum para o estabelecimento de relações igualitárias entre as espécies - o direito de não ser usado como meio para a satisfação das necessidades de outrem.

Além disso, desde a década de 1970, com a emergência do paradigma ecológico, a dieta vegetariana passa a ser vista e defendida como a mais adequada à ideia de sustentabilidade que rege as preocupações do ativismo ambiental. A crítica ao estilo de vida consumista, descompromissado e despolitizado que caracteriza o mundo ocidental capitalista, é a tônica do movimento de contracultura que se dissemina e abarca uma gama de movimentos de contestação desse modelo de mundo. A mobilização em torno das demandas de grupos específicos, como o movimento feminista, o movimento negro, a luta por liberdade política, a busca por um estilo de vida mais simples e próximo da natureza, fazem parte da diversidade de temas que surgiram em meio a um ambiente de contestação da estrutura social, econômica e política baseada nos valores patriarcais capitalistas e ocidentais.

O movimento ganha força nas décadas seguintes, e multiplicam-se os grupos defensores de uma dieta vegetariana e um estilo de vida vegano. Além de incorporar, a partir dos anos 1980, um tipo de ativismo com ações mais diretas a partir de manifestações que vão da panfletagem às performances de impacto, boicotes a empresas que usam animais em sua produção até as notórias invasões e ataques realizados por grupos mais radicais às indústrias com o objetivo de libertar animais, danificar seu capital ou registrar as condições e os maus- tratos sofridos em diferentes contextos.

Nessa breve introdução, procurei mostrar alguns fatos históricos e fundamentos filosóficos e morais de destaque na gênese do vegetarianismo na sociedade ocidental. Contudo, apesar da ilusão de linearidade desse desenvolvimento, as ideias e noções sobre uma dieta alimentar livre da carne animal tecem outras relações e transbordam em influências para além das que foram citadas até aqui. Além disso, o vegetarianismo que vemos hoje, bem como seu desenvolvimento ao longo do processo histórico, reflete uma confluência de ideias e símbolos de outras cosmologias, fora do eixo ocidental, (re)apropriadas dentro do ambiente das sociedades industrializadas ocidentais, como, por exemplo, as cosmologias orientais.