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CAPÍTULO II: DA UNIÃO EUROPEIA E DO DIREITO PENAL EUROPEU

II.3: Da arquitetura do Direito Penal Europeu

II.3.2 Dos regulamentos, das diretivas e das decisões-quadro

Apresentados os princípios e as normas enquadrantes do TUE e TFUE, inicia-se a

análise dos seus quadros normativos derivados. No que respeita ao Direito Penal

substantivo europeu, o legislador europeu estabeleceu em primeira instância um catálogo

de definições legais que delimitam e preenchem as condutas e comportamentos ilícitos

que, posteriormente, devem obrigatoriamente integrar o Direito Penal dos Estados-

Membros. Neste âmbito, e atendendo aos objetivos da investigação, estabelece-se o

seguinte rol de definição legais, nos termos acima enunciados:

países terceiros” e “a coordenação, organização e realização de investigações e de ações operacionais, conduzidas em conjunto com as autoridades competentes dos Estados-Membros ou no âmbito de equipas de investigação conjuntas, eventualmente em articulação com a Eurojust” (art.º 88, n.º 2, alíneas a) e b), TFUE).

277 De acordo com o art.º 87, n. 1, TFUE, são incluídos os serviços de polícia, as alfândegas e outros serviços

com competências similares.

278 Todavia, HEGER (2009) defende que ambas as possibilidades dependem da prévia criação da PE de

modo a ser garantida a proteção efetiva e equivalente em toda a UE dos seus interesses financeiros.

279 Cfr. art.º 329, n.º 1, do TFUE.

280 Cfr. art.º 329, n.º 1, segundo parágrafo, do TFUE. 281 Cfr. art.º 334, do TFUE.

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- Interesses Financeiros da União (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e b), e n.º 2 da Diretiva

2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Organização criminosa e associação estruturada (art.º 1, n.

os

1 e 2, da Decisão-

Quadro 2008/841/JAI do Conselho);

- Grupo terrorista e associação estruturada (art.º 2, n.º 1, da Decisão-Quadro

2002/475/JAI do Conselho);

- Droga e precursor (art.º 1, n.

os

1 e 2, da Decisão-Quadro 2004/757/JAI do

Conselho);

- Pornografia e prostituição infantil (art.º 2, alíneas c) e d), da Diretiva 2011/92/UE

do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Funcionário (art.º 1, alíneas a) a c), da Convenção estabelecida com base no n.º

2, alínea c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam

implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, e

art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Corrupção passiva (art.º 2, n.

o

1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2,

alínea c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam

implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros,e

art.º 4, n.º 2, alínea a), da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do

Conselho);

- Corrupção ativa (art.º 3, n.

o

1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea

c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados

funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membrose art.º 4, n.º 2,

alínea b), da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Apropriação ilegítima (e art.º 4, n.º 3, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento

Europeu e do Conselho);

- Pessoa coletiva (art.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho, art.º 2,

alínea d), da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 2,

alínea b), da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Violação de dever (art.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);

- Não autorizado (art.º 2, alínea d), da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu

e do Conselho);

- Condições de trabalho especialmente abusivas (art.º 1, alínea i), da Diretiva

2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

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- Remuneração de nacionais de países terceiros em situação irregular (art.º 1,

alínea j), da Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instrumento financeiro, informação privilegiada e práticas de mercado aceites

(art.º 2, n.

os

1, 4 e 7, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do

Conselho);

- Branqueamento de capitais (art.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), e n.º 3, da Diretiva

2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva

91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea c), da Diretiva 2001/97/CE do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- Financiamento do terrorismo (art.º 1, n.º 4, da Diretiva 2005/60/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 1, alínea h), da Convenção de 1990 do

Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos

produtos do crime e ao financiamento do terrorismo, art.º 1, n.º 4, da Diretiva

2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instituição ou estabelecimento de crédito (art.º 3, n.º 1, da Diretiva 2005/60/CE,

do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do

Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea a), da Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu

e do Conselho);

- Instituição financeira (art.º 3, n.º 2, alíneas a) a f), da Diretiva 2005/60/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho,

art.º 1, n.º 1, alínea b), da Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu e do

Conselho);

- Bens (art.º 3, n.º 3, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do

Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea d), da

Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Produtos (art.º 1, alínea a), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa

ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao

financiamento do terrorismo

282

);

282 Esta substitui a Convenção de 1990 do Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção,

apreensão e perda dos produtos do crime. Ambas surgem na sequência das recomendações GAFI, à semelhança das diretivas relativas ao combate do branqueamento de capitais. O primeiro grupo de quarenta recomendações foi formulado em 1990 como uma iniciativa para combater o uso indevido dos sistemas financeiros por pessoas que queriam lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Estas foram então atualizadas em 1996, a fim de integrar as novas tendências e técnicas de lavagem de dinheiro e para ampliar o âmbito dos crimes precedente para além do tráfico de droga. Em 2001, o GAFI emitiu as oito (posteriormente expandidas a nove) Recomendações Especiais sobre o Financiamento do Terrorismo,

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- Instrumentos (art.º 1, alínea c), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa

relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao

financiamento do terrorismo);

- Atividade criminosa e crime grave (art.º 3, n.º 4, e n.º 5, alíneas a) a f), da Diretiva

2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva

91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea e), da Diretiva 2001/97/CE do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- Beneficiário efetivo (art.º 3, n.º 6, alíneas a) e b), da Diretiva 2005/60/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- Pessoas politicamente expostas (art.º 3, n.º 8, da Diretiva 2005/60/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- Relações de negócio (art.º 3, n.º 9, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento

Europeu e do Conselho);

- Banco de fachada (art.º 3, n.º 10, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento Europeu

e do Conselho);

- Congelamento ou apreensão (art.º 1, alínea g), da Convenção de 2005 do

Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos

produtos do crime e ao financiamento do terrorismo);

- Perda (art.º 1, alínea d), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa

ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao

financiamento do terrorismo);

- Moeda (art.º 2, alínea a), da da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do

Conselho).

Ancorado no quadro concetual exposto, consecutivamente, o legislador europeu

estabelece taxativamente o conjunto de condutas que devem ser consideradas penalmente

relevantes em todos os seus Estados-Membros, e, assim, puníveis à luz do seu próprio

Direito Penal. Elenca-se, deste modo, o conjunto de condutas típicas, acompanhado dos

prazos de prescrição mínimos associados

283

estabelecidos pelo DPE substantivo:

estendendo a sua competência a esta temática. Em 2003, as 40 recomendações GAFI foram novamente atualizadas no mesmo intuito do processo levado a cabo em 1996, vindo a ser novamente revistas em 2012 (GAFI, 2016).

283 Estes subjugam-se ao princípio da adequabilidade à investigação, ação penal e julgamento, e da eficácia

no combate — “os Estados-Membros tomam as medidas necessárias para prever um prazo de prescrição que permita proceder à investigação, à ação penal e ao julgamento das infrações penais (contempladas no diploma em questão), e proferir a decisão judicial sobre as mesmas, durante um período suficiente após a sua prática, a fim de que essas infrações penais possam ser combatidas com eficácia”. Cfr. art.º 12, n.º 1, da Diretiva 2017/1371, do Parlamento Europeu e do Conselho.

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- Fraude lesiva dos interesses financeiros da União com prazo de prescrição de

cinco anos ou três anos se este prazo for passível de interrupção ou suspensão

mediante certos atos (art.º 3, n.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), e art.º 12, n.

os

2 e 3, da

Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Outras infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União com prazo de

prescrição de cinco anos ou três anos se este prazo for passível de interrupção ou

suspensão mediante certos atos (art.º 4, n.º 1, n.º 2, alíneas a) e b), n.º 3, e n.º 4,

alíneas a) e b), e art.º 12, n.

os

2 e 3, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu

e do Conselho);

- Infrações relativas à participação em organização criminosa (art.º 2, alíneas a) e

b), da Decisão-Quadro 2008/841/JAI do Conselho);

- Financiamento de atividades terroristas (art.º 2, n.º 2, alínea b), da Decisão-

Quadro 2002/475/JAI do Conselho);

- Tráfico de drogas e precursores (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e d), da Decisão-Quadro

2004/757/JAI do Conselho);

- Tráfico e exploração de seres humanos (art.º 2, n.

os

1 a 6, da Diretiva 2011/36/UE,

do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Exploração sexual e pornografia infantis (art.º 4, n.

os

1 a 7, e art.º 5, n.os 1 a 8, da

Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Corrupção passiva e ativa (art.º 2, n.º 2, art.º 3, n.º 2, e art.º 4, n.

os

1 a 4, da

Convenção de 1997 estabelecida com base no n.º 2, alínea c), artigo K.3 do TUE,

relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das

Comunidades Europeias ou dos Estados-Membro, a par do art.º 4, n.º 2, alíneas a)

e b), da Diretiva 2017/1371);

- Corrupção ativa e passiva no setor privado (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e b), n.

os

3 a

5, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);

- Apropriação ilegítima (art.º 4, n.º 3, da Diretiva 2017/1371);

- Acesso ilegal a sistemas de informação (art.º 3, da Diretiva 2013/40/UE do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- Interceção ilegal e interferência ilegal nos sistemas e nos dados (art.

os

4, 5 e 6, da

Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instrumentos utilizados para cometer infrações (art.º 7, da Diretiva 2013/40/UE

do Parlamento Europeu e do Conselho);

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- Auxílio à imigração ilegal (art.º 1, n.º 1, alíneas a) e b), e n.º 2, da Diretiva

2002/90/CE do Conselho);

- Emprego ilegal (art.º 3, n.

os

1 a 3, e art.º 9, n.º 1, alíneas a) a e), da Diretiva

2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Abuso de informação privilegiada e recomendação ou indução de terceiros à

prática de abuso de informação privilegiada (art.º 3, n.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), da

Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Transmissão ilícita de informação privilegiada (art.º 4, n.

os

1 a 5, da Diretiva

2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Manipulação de mercado (art.º 5, n.º 1, e n.º 2, alíneas a) a d), da Diretiva

2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Branqueamento de capitais (art.º 9, n.º 1, alíneas a) a d), n.º 3, alíneas a) e b), n.º

5

284

, n.º 6, e n.º 7, da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa ao

branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao

financiamento do terrorismo, art.º 2, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho);

- Financiamento do terrorismo (art.

os

2 e 4, da Convenção Internacional para a

Eliminação do Terrorismo, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 9 de

dezembro de 1999);

- Contrafação, circulação e detenção de moeda (art.º 3, n.º 1, alíneas a) a d), n.º 2

e n.º 3, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

No quadro da responsabilização dos modos de prática das infrações penais

enunciadas e das formas de comparticipação relativas às condutas típicas anteriormente

mencionadas, são, de acordo com cada tipo de conduta, determinados os seus respetivos

termos de punibilidade:

- Instigação, cumplicidade e tentativa da fraude lesiva dos interesses financeiros

da União (art.º 5, n.

os

1 e 2, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do

Conselho;

- Instigação e cumplicidade de financiamento de atividades terroristas (art.º 4, n.

os

1 e 2, da Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho);

- Instigação, cumplicidade e tentativa de tráfico de drogas e precursores (art.º 3,

n.

os

1 e 2, da Decisão-Quadro 2004/757/JAI do Conselho);

284 Realça-se que a disposição legal mencionada encerra a autonomização do tipo penal de branqueamento

de capitais relativamente ao crime precedente, bem como, por outro lado, de condenação anterior ou simultânea pela prática desse mesmo tipo penal primário.

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- Instigação, auxílio e cumplicidade, e tentativa de tráfico e exploração de seres

humanos (art.º 3 da Diretiva 2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instigação, auxílio e cumplicidade, e tentativa de exploração e pornografia

infantis (art.º 7, n.

os

1 e 2, da da Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do

Conselho);

- Instigação, auxílio e cumplicidade de corrupção ativa e passiva no setor privado

(art.º 3, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);

- Instigação e cumplicidade no acesso ilegal a sistemas de informação, interceção

ilegal e interferência ilegal no sistema e dados e instrumentos utilizados para

cometer infrações (art.º 8, n.º 1, da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e

do Conselho);

- Tentativa de interferência ilegal no sistema ou nos dados (art.º 8, n.º 2, da Diretiva

2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instigação, participação, e tentativa de auxílio à imigração ilegal (art.º 2, n.º 1,

alíneas a) a c), da Diretiva 2002/90/CE do Conselho);

- Instigação, favorecimento, e cumplicidade no emprego ilegal (art.º 9, n.º 2, da

Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instigação e cumplicidade de abuso de informação privilegiada e recomendação

ou indução de terceiros à prática de abuso de informação privilegiada, transmissão

ilícita de informação privilegiada e manipulação de mercado (art.º 6, n.º 1, da

Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Tentativa de abuso de informação privilegiada e recomendação ou indução de

terceiros à prática de abuso de informação privilegiada e manipulação de mercado

(art.º 6, n.º 2, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- Instigação, cumplicidade e tentativa de contrafação, circulação e detenção de

moeda falsa (art.º 4, n.

os

1 e 2, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e

do Conselho);

Por conseguinte, são também estabelecidas as punibilidades mínimas das infrações

listadas, entendidas como simbólicas por SATZGER (2010)

285

, subjugadas,

invariavelmente ao princípio geral da proporcionalidade e dissuasão — “no que respeita

às pessoas singulares, os Estados-Membros asseguram que as infrações penais referidas

285 Este autor considera que, ao nível das medidas de pena, os sistemas jurídico-penais são excessivamente

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(infrações catalogadas anteriormente e formas de responsabilização/consubstanciação)

sejam passíveis de sanções penais efetivas, proporcionadas e dissuasivas”

286

,

cumulativamente suscetíveis de implicar extradição, noutros casos

287

. O legislador

europeu procura, consecutivamente, concretizar normas específicas de punibilidade,

molduras penais associadas e circunstâncias agravantes, atenuantes ou de exclusão de

pena a cada prática:

- pena máxima de prisão para a fraude lesiva dos interesses financeiros da União

ou outras infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União, se os

prejuízos ou vantagens forem superiores a 10.000,00 Euros, que deverá ser no

mínimo de quatro anos quando estes ultrapassarem os 100.000,00 Euros, quando se

refiram a condutas específicas

288

ou a que correspondam circunstâncias agravantes

no Direito Penal nacional, sendo uma delas inevitavelmente o seu cometimento de

forma organizada

289

(art.º 7, n.

os

1 a 5, e, art.º 8, da Diretiva 2017/1371 do

Parlamento Europeu e do Conselho);

- pena máxima de prisão de dois a cinco anos para a participação em organização

criminosa e, equivalente ao limite máximo da pena de prisão previsto para a

infração cometida, ou pelo menos, também de dois a cinco anos, para o

estabelecimento de um acordo com essa organização criminosa destinado a levar

a cabo uma atividade, sendo isento de pena o agente nos casos tipificados de

renúncia e colaboração com a justiça (art.º 3, n.º 1, alíneas a) e b), e art.º 4, alíneas

a) e b), da Decisão-Quadro 2008/841/JAI do Conselho);

- pena privativa de liberdade não inferior a oito anos para o financiamento de

atividades terroristas, sendo atenuada a pena do agente nos casos tipificados de

286 Cfr. art.º 7, n.º 1, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 4, n.º 1, da Decisão-

Quadro 2004/757/JAI do Conselho, art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do

Conselho, art.º 4, n.os 1 e 2, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea c), artigo K.3 do TUE,

relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, art.º 4, n.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho, art.º 9, n.º 1, da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 3, da Diretiva 2002/90/CE do Conselho, retomada pelo art.º 1, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/946/JAI, do Conselho, art.º 5, n.º 1, e art.º 10, n.º 1, da Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 7, n.º 1, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 5, n.º 1, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho.

287 Cfr. art.º 5, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho, art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2011/36/UE,

do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 4, n.o 1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea

c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, art.º 1, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/946/JAI, do Conselho.

288 As condutas tipificadas no art.º 3, n.o 2, alínea d), e sob reserva do art.º 2, n.º 2, da Diretiva 2017/1371

do Parlamento Europeu e do Conselho, in casu.

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renúncia e colaboração com a justiça (art.º 5, n.º 3, e art.º 6, alíneas a) e b), da

Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho);

- pena máxima de prisão com duração de, no mínimo, um a três anos para o tráfico

de drogas e percursores, agravada, mediante circunstâncias especiais, para uma

pena máxima de prisão com duração de, no mínimo, entre cinco e dez anos,

novamente agravada se cometida de uma forma organizada e relativamente a drogas

para uma pena privativa de liberdade com uma duração de, no mínimo, dez anos, e

entre cinco e dez anos se relativamente a precursores. A penas referidas são

atenuadas nos casos tipificados de renúncia e colaboração com a justiça (art.º 4, n.º

1, n.º 2, alíneas a) e b), n.º 3, e n.º 4, e art.º 5, alíneas a) e b), da Decisão-Quadro

2004/757/JAI do Conselho);

- pena máxima com duração de, pelo menos, cinco anos de prisão para o tráfico e

exploração de seres humanos, agravada para dez anos com a verificação de

circunstâncias agravantes (art.º 4, n.º 1 e n.º 2, alíneas a) a d), da Diretiva

2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho);

- não se define um padrão mínimo ao nível da punibilidade das condutas suscetíveis

de integrar os crimes de exploração e pornografia infantis, mas elenca-se um

conjunto de circunstâncias agravantes (art.º 9, alíneas a) a g), da Diretiva

2011/92/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- pena de prisão com duração entre um e três anos, com aplicação de medida de

proibição de exercício da atividade profissional em causa ou similar nos crimes de

corrupção passiva e ativa e no setor privado (art.º 4, n.

os

2 e 3, da Decisão-Quadro

2003/568/JAI do Conselho);

- pena máxima de prisão não inferior a dois, nos casos que revistam alguma

gravidade nos crimes de acesso ilegal a sistemas de informação, interceção ilegal

ou interferência ilegal no sistema ou nos dados, e instrumentos utilizados para

cometer infrações, agravada para um mínimo de três anos nos casos das

interferências ilegais se cometidas intencionalmente, afetem um número

significativo de pessoas eou com recurso a instrumentos específicos, ainda agravada

para um mínimo de cinco anos mediante determinadas circunstâncias agravantes

elencadas (art.º 9, n.º 2, n.º 3, n.º 4, alíneas a) a c), e n.º 5, da Diretiva 2013/40/UE

do Parlamento Europeu e do Conselho);

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- pena privativa de liberdade de duração máxima não inferior a oito anos para o

auxílio à imigração ilegal, ajustável em certas situações para seis anos

290

, se

verificadas as circunstâncias agravantes, sendo aplicadas em todos os casos

medidas específicas (art.º 1, n.

os

2 e 3, da Decisão-Quadro 2002/946/JAI, do

Conselho);

- sanções financeiras no caso de emprego ilegal (art.º 5, n.º 2, alíneas a) e b), e art.º

10, n.

os

1 e 2, da Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- pena máxima de prisão não inferior a quatro anos para o abuso de informação

privilegiada e recomendação ou indução de terceiros à prática de abuso de

informação privilegiada e manipulação de mercado (art.º 7, n.º 2, da Diretiva

2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);

- pena máxima de prisão não inferior a dois anos para a transmissão ilícita de

informação privilegiada (art.º 7, n.º 3, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento

Europeu e do Conselho);

- pena privativa de liberdade ou com uma medida de segurança de uma duração

máxima superior a um ano ou seis meses para o branqueamento de capitais, ou, em

circunstâncias agravantes, penas privativas da liberdade de uma duração máxima

igual ou superior a quatro anos (art.º 1, alínea b), e art.º 2, da Decisão-Quadro

2011/500/JAI do Conselho e art.º 6, da Convenção de 2005 do Conselho da Europa

relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao

financiamento do terrorismo);

- pena de prisão cujo limite máximo seja, pelo menos, oito anos para a contrafação

de moeda, pena de prisão cujo limite máximo seja, pelo menos, cinco anos para a

circulação de moeda em conluio com o produtor, e de multa ou pena de prisão a