CAPÍTULO II: DA UNIÃO EUROPEIA E DO DIREITO PENAL EUROPEU
II.3: Da arquitetura do Direito Penal Europeu
II.3.2 Dos regulamentos, das diretivas e das decisões-quadro
Apresentados os princípios e as normas enquadrantes do TUE e TFUE, inicia-se a
análise dos seus quadros normativos derivados. No que respeita ao Direito Penal
substantivo europeu, o legislador europeu estabeleceu em primeira instância um catálogo
de definições legais que delimitam e preenchem as condutas e comportamentos ilícitos
que, posteriormente, devem obrigatoriamente integrar o Direito Penal dos Estados-
Membros. Neste âmbito, e atendendo aos objetivos da investigação, estabelece-se o
seguinte rol de definição legais, nos termos acima enunciados:
países terceiros” e “a coordenação, organização e realização de investigações e de ações operacionais, conduzidas em conjunto com as autoridades competentes dos Estados-Membros ou no âmbito de equipas de investigação conjuntas, eventualmente em articulação com a Eurojust” (art.º 88, n.º 2, alíneas a) e b), TFUE).
277 De acordo com o art.º 87, n. 1, TFUE, são incluídos os serviços de polícia, as alfândegas e outros serviços
com competências similares.
278 Todavia, HEGER (2009) defende que ambas as possibilidades dependem da prévia criação da PE de
modo a ser garantida a proteção efetiva e equivalente em toda a UE dos seus interesses financeiros.
279 Cfr. art.º 329, n.º 1, do TFUE.
280 Cfr. art.º 329, n.º 1, segundo parágrafo, do TFUE. 281 Cfr. art.º 334, do TFUE.
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- Interesses Financeiros da União (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e b), e n.º 2 da Diretiva
2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Organização criminosa e associação estruturada (art.º 1, n.
os1 e 2, da Decisão-
Quadro 2008/841/JAI do Conselho);
- Grupo terrorista e associação estruturada (art.º 2, n.º 1, da Decisão-Quadro
2002/475/JAI do Conselho);
- Droga e precursor (art.º 1, n.
os1 e 2, da Decisão-Quadro 2004/757/JAI do
Conselho);
- Pornografia e prostituição infantil (art.º 2, alíneas c) e d), da Diretiva 2011/92/UE
do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Funcionário (art.º 1, alíneas a) a c), da Convenção estabelecida com base no n.º
2, alínea c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam
implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, e
art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Corrupção passiva (art.º 2, n.
o1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2,
alínea c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam
implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros,e
art.º 4, n.º 2, alínea a), da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do
Conselho);
- Corrupção ativa (art.º 3, n.
o1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea
c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados
funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membrose art.º 4, n.º 2,
alínea b), da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Apropriação ilegítima (e art.º 4, n.º 3, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento
Europeu e do Conselho);
- Pessoa coletiva (art.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho, art.º 2,
alínea d), da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 2,
alínea b), da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Violação de dever (art.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);
- Não autorizado (art.º 2, alínea d), da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu
e do Conselho);
- Condições de trabalho especialmente abusivas (art.º 1, alínea i), da Diretiva
2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);
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- Remuneração de nacionais de países terceiros em situação irregular (art.º 1,
alínea j), da Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instrumento financeiro, informação privilegiada e práticas de mercado aceites
(art.º 2, n.
os1, 4 e 7, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho);
- Branqueamento de capitais (art.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), e n.º 3, da Diretiva
2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva
91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea c), da Diretiva 2001/97/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- Financiamento do terrorismo (art.º 1, n.º 4, da Diretiva 2005/60/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 1, alínea h), da Convenção de 1990 do
Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos
produtos do crime e ao financiamento do terrorismo, art.º 1, n.º 4, da Diretiva
2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instituição ou estabelecimento de crédito (art.º 3, n.º 1, da Diretiva 2005/60/CE,
do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do
Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea a), da Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu
e do Conselho);
- Instituição financeira (art.º 3, n.º 2, alíneas a) a f), da Diretiva 2005/60/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho,
art.º 1, n.º 1, alínea b), da Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho);
- Bens (art.º 3, n.º 3, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, art.º 1, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea d), da
Diretiva 2001/97/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Produtos (art.º 1, alínea a), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa
ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao
financiamento do terrorismo
282);
282 Esta substitui a Convenção de 1990 do Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção,
apreensão e perda dos produtos do crime. Ambas surgem na sequência das recomendações GAFI, à semelhança das diretivas relativas ao combate do branqueamento de capitais. O primeiro grupo de quarenta recomendações foi formulado em 1990 como uma iniciativa para combater o uso indevido dos sistemas financeiros por pessoas que queriam lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Estas foram então atualizadas em 1996, a fim de integrar as novas tendências e técnicas de lavagem de dinheiro e para ampliar o âmbito dos crimes precedente para além do tráfico de droga. Em 2001, o GAFI emitiu as oito (posteriormente expandidas a nove) Recomendações Especiais sobre o Financiamento do Terrorismo,
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- Instrumentos (art.º 1, alínea c), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa
relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao
financiamento do terrorismo);
- Atividade criminosa e crime grave (art.º 3, n.º 4, e n.º 5, alíneas a) a f), da Diretiva
2005/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 1, da Diretiva
91/308/CEE do Conselho, art.º 1, n.º 1, alínea e), da Diretiva 2001/97/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- Beneficiário efetivo (art.º 3, n.º 6, alíneas a) e b), da Diretiva 2005/60/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- Pessoas politicamente expostas (art.º 3, n.º 8, da Diretiva 2005/60/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- Relações de negócio (art.º 3, n.º 9, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho);
- Banco de fachada (art.º 3, n.º 10, da Diretiva 2005/60/CE, do Parlamento Europeu
e do Conselho);
- Congelamento ou apreensão (art.º 1, alínea g), da Convenção de 2005 do
Conselho da Europa relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos
produtos do crime e ao financiamento do terrorismo);
- Perda (art.º 1, alínea d), da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa
ao branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao
financiamento do terrorismo);
- Moeda (art.º 2, alínea a), da da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho).
Ancorado no quadro concetual exposto, consecutivamente, o legislador europeu
estabelece taxativamente o conjunto de condutas que devem ser consideradas penalmente
relevantes em todos os seus Estados-Membros, e, assim, puníveis à luz do seu próprio
Direito Penal. Elenca-se, deste modo, o conjunto de condutas típicas, acompanhado dos
prazos de prescrição mínimos associados
283estabelecidos pelo DPE substantivo:
estendendo a sua competência a esta temática. Em 2003, as 40 recomendações GAFI foram novamente atualizadas no mesmo intuito do processo levado a cabo em 1996, vindo a ser novamente revistas em 2012 (GAFI, 2016).
283 Estes subjugam-se ao princípio da adequabilidade à investigação, ação penal e julgamento, e da eficácia
no combate — “os Estados-Membros tomam as medidas necessárias para prever um prazo de prescrição que permita proceder à investigação, à ação penal e ao julgamento das infrações penais (contempladas no diploma em questão), e proferir a decisão judicial sobre as mesmas, durante um período suficiente após a sua prática, a fim de que essas infrações penais possam ser combatidas com eficácia”. Cfr. art.º 12, n.º 1, da Diretiva 2017/1371, do Parlamento Europeu e do Conselho.
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- Fraude lesiva dos interesses financeiros da União com prazo de prescrição de
cinco anos ou três anos se este prazo for passível de interrupção ou suspensão
mediante certos atos (art.º 3, n.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), e art.º 12, n.
os2 e 3, da
Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Outras infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União com prazo de
prescrição de cinco anos ou três anos se este prazo for passível de interrupção ou
suspensão mediante certos atos (art.º 4, n.º 1, n.º 2, alíneas a) e b), n.º 3, e n.º 4,
alíneas a) e b), e art.º 12, n.
os2 e 3, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu
e do Conselho);
- Infrações relativas à participação em organização criminosa (art.º 2, alíneas a) e
b), da Decisão-Quadro 2008/841/JAI do Conselho);
- Financiamento de atividades terroristas (art.º 2, n.º 2, alínea b), da Decisão-
Quadro 2002/475/JAI do Conselho);
- Tráfico de drogas e precursores (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e d), da Decisão-Quadro
2004/757/JAI do Conselho);
- Tráfico e exploração de seres humanos (art.º 2, n.
os1 a 6, da Diretiva 2011/36/UE,
do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Exploração sexual e pornografia infantis (art.º 4, n.
os1 a 7, e art.º 5, n.os 1 a 8, da
Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Corrupção passiva e ativa (art.º 2, n.º 2, art.º 3, n.º 2, e art.º 4, n.
os1 a 4, da
Convenção de 1997 estabelecida com base no n.º 2, alínea c), artigo K.3 do TUE,
relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das
Comunidades Europeias ou dos Estados-Membro, a par do art.º 4, n.º 2, alíneas a)
e b), da Diretiva 2017/1371);
- Corrupção ativa e passiva no setor privado (art.º 2, n.º 1, alíneas a) e b), n.
os3 a
5, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);
- Apropriação ilegítima (art.º 4, n.º 3, da Diretiva 2017/1371);
- Acesso ilegal a sistemas de informação (art.º 3, da Diretiva 2013/40/UE do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- Interceção ilegal e interferência ilegal nos sistemas e nos dados (art.
os4, 5 e 6, da
Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instrumentos utilizados para cometer infrações (art.º 7, da Diretiva 2013/40/UE
do Parlamento Europeu e do Conselho);
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- Auxílio à imigração ilegal (art.º 1, n.º 1, alíneas a) e b), e n.º 2, da Diretiva
2002/90/CE do Conselho);
- Emprego ilegal (art.º 3, n.
os1 a 3, e art.º 9, n.º 1, alíneas a) a e), da Diretiva
2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Abuso de informação privilegiada e recomendação ou indução de terceiros à
prática de abuso de informação privilegiada (art.º 3, n.º 1, n.º 2, alíneas a) a d), da
Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Transmissão ilícita de informação privilegiada (art.º 4, n.
os1 a 5, da Diretiva
2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Manipulação de mercado (art.º 5, n.º 1, e n.º 2, alíneas a) a d), da Diretiva
2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Branqueamento de capitais (art.º 9, n.º 1, alíneas a) a d), n.º 3, alíneas a) e b), n.º
5
284, n.º 6, e n.º 7, da Convenção de 2005 do Conselho da Europa relativa ao
branqueamento, deteção, apreensão e perda dos produtos do crime e ao
financiamento do terrorismo, art.º 2, da Diretiva 91/308/CEE do Conselho);
- Financiamento do terrorismo (art.
os2 e 4, da Convenção Internacional para a
Eliminação do Terrorismo, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 9 de
dezembro de 1999);
- Contrafação, circulação e detenção de moeda (art.º 3, n.º 1, alíneas a) a d), n.º 2
e n.º 3, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
No quadro da responsabilização dos modos de prática das infrações penais
enunciadas e das formas de comparticipação relativas às condutas típicas anteriormente
mencionadas, são, de acordo com cada tipo de conduta, determinados os seus respetivos
termos de punibilidade:
- Instigação, cumplicidade e tentativa da fraude lesiva dos interesses financeiros
da União (art.º 5, n.
os1 e 2, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do
Conselho;
- Instigação e cumplicidade de financiamento de atividades terroristas (art.º 4, n.
os1 e 2, da Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho);
- Instigação, cumplicidade e tentativa de tráfico de drogas e precursores (art.º 3,
n.
os1 e 2, da Decisão-Quadro 2004/757/JAI do Conselho);
284 Realça-se que a disposição legal mencionada encerra a autonomização do tipo penal de branqueamento
de capitais relativamente ao crime precedente, bem como, por outro lado, de condenação anterior ou simultânea pela prática desse mesmo tipo penal primário.
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- Instigação, auxílio e cumplicidade, e tentativa de tráfico e exploração de seres
humanos (art.º 3 da Diretiva 2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instigação, auxílio e cumplicidade, e tentativa de exploração e pornografia
infantis (art.º 7, n.
os1 e 2, da da Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho);
- Instigação, auxílio e cumplicidade de corrupção ativa e passiva no setor privado
(art.º 3, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho);
- Instigação e cumplicidade no acesso ilegal a sistemas de informação, interceção
ilegal e interferência ilegal no sistema e dados e instrumentos utilizados para
cometer infrações (art.º 8, n.º 1, da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e
do Conselho);
- Tentativa de interferência ilegal no sistema ou nos dados (art.º 8, n.º 2, da Diretiva
2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instigação, participação, e tentativa de auxílio à imigração ilegal (art.º 2, n.º 1,
alíneas a) a c), da Diretiva 2002/90/CE do Conselho);
- Instigação, favorecimento, e cumplicidade no emprego ilegal (art.º 9, n.º 2, da
Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instigação e cumplicidade de abuso de informação privilegiada e recomendação
ou indução de terceiros à prática de abuso de informação privilegiada, transmissão
ilícita de informação privilegiada e manipulação de mercado (art.º 6, n.º 1, da
Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Tentativa de abuso de informação privilegiada e recomendação ou indução de
terceiros à prática de abuso de informação privilegiada e manipulação de mercado
(art.º 6, n.º 2, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- Instigação, cumplicidade e tentativa de contrafação, circulação e detenção de
moeda falsa (art.º 4, n.
os1 e 2, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e
do Conselho);
Por conseguinte, são também estabelecidas as punibilidades mínimas das infrações
listadas, entendidas como simbólicas por SATZGER (2010)
285, subjugadas,
invariavelmente ao princípio geral da proporcionalidade e dissuasão — “no que respeita
às pessoas singulares, os Estados-Membros asseguram que as infrações penais referidas
285 Este autor considera que, ao nível das medidas de pena, os sistemas jurídico-penais são excessivamente
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(infrações catalogadas anteriormente e formas de responsabilização/consubstanciação)
sejam passíveis de sanções penais efetivas, proporcionadas e dissuasivas”
286,
cumulativamente suscetíveis de implicar extradição, noutros casos
287. O legislador
europeu procura, consecutivamente, concretizar normas específicas de punibilidade,
molduras penais associadas e circunstâncias agravantes, atenuantes ou de exclusão de
pena a cada prática:
- pena máxima de prisão para a fraude lesiva dos interesses financeiros da União
ou outras infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União, se os
prejuízos ou vantagens forem superiores a 10.000,00 Euros, que deverá ser no
mínimo de quatro anos quando estes ultrapassarem os 100.000,00 Euros, quando se
refiram a condutas específicas
288ou a que correspondam circunstâncias agravantes
no Direito Penal nacional, sendo uma delas inevitavelmente o seu cometimento de
forma organizada
289(art.º 7, n.
os1 a 5, e, art.º 8, da Diretiva 2017/1371 do
Parlamento Europeu e do Conselho);
- pena máxima de prisão de dois a cinco anos para a participação em organização
criminosa e, equivalente ao limite máximo da pena de prisão previsto para a
infração cometida, ou pelo menos, também de dois a cinco anos, para o
estabelecimento de um acordo com essa organização criminosa destinado a levar
a cabo uma atividade, sendo isento de pena o agente nos casos tipificados de
renúncia e colaboração com a justiça (art.º 3, n.º 1, alíneas a) e b), e art.º 4, alíneas
a) e b), da Decisão-Quadro 2008/841/JAI do Conselho);
- pena privativa de liberdade não inferior a oito anos para o financiamento de
atividades terroristas, sendo atenuada a pena do agente nos casos tipificados de
286 Cfr. art.º 7, n.º 1, da Diretiva 2017/1371 do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 4, n.º 1, da Decisão-
Quadro 2004/757/JAI do Conselho, art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, art.º 4, n.os 1 e 2, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea c), artigo K.3 do TUE,
relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, art.º 4, n.º 1, da Decisão-Quadro 2003/568/JAI do Conselho, art.º 9, n.º 1, da Diretiva 2013/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 3, da Diretiva 2002/90/CE do Conselho, retomada pelo art.º 1, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/946/JAI, do Conselho, art.º 5, n.º 1, e art.º 10, n.º 1, da Diretiva 2009/52/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 7, n.º 1, da Diretiva 2014/57/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, e art.º 5, n.º 1, da Diretiva 2014/62/UE do Parlamento Europeu e do Conselho.
287 Cfr. art.º 5, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho, art.º 4, n.º 4, da Diretiva 2011/36/UE,
do Parlamento Europeu e do Conselho, art.º 4, n.o 1, da Convenção estabelecida com base no n.º 2, alínea
c), artigo K.3 do TUE, relativa à luta contra a corrupção em que estejam implicados funcionários das Comunidades Europeias ou dos Estados-Membros, art.º 1, n.º 1, da Decisão-Quadro 2002/946/JAI, do Conselho.
288 As condutas tipificadas no art.º 3, n.o 2, alínea d), e sob reserva do art.º 2, n.º 2, da Diretiva 2017/1371
do Parlamento Europeu e do Conselho, in casu.
CAPÍTULO II: DA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE LIBERDADE SEGURANÇA E JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA E DO DIREITO PENAL EUROPEU: Da arquitetura do Direito Penal Europeu
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renúncia e colaboração com a justiça (art.º 5, n.º 3, e art.º 6, alíneas a) e b), da
Decisão-Quadro 2002/475/JAI do Conselho);
- pena máxima de prisão com duração de, no mínimo, um a três anos para o tráfico
de drogas e percursores, agravada, mediante circunstâncias especiais, para uma
pena máxima de prisão com duração de, no mínimo, entre cinco e dez anos,
novamente agravada se cometida de uma forma organizada e relativamente a drogas
para uma pena privativa de liberdade com uma duração de, no mínimo, dez anos, e
entre cinco e dez anos se relativamente a precursores. A penas referidas são
atenuadas nos casos tipificados de renúncia e colaboração com a justiça (art.º 4, n.º
1, n.º 2, alíneas a) e b), n.º 3, e n.º 4, e art.º 5, alíneas a) e b), da Decisão-Quadro
2004/757/JAI do Conselho);
- pena máxima com duração de, pelo menos, cinco anos de prisão para o tráfico e
exploração de seres humanos, agravada para dez anos com a verificação de
circunstâncias agravantes (art.º 4, n.º 1 e n.º 2, alíneas a) a d), da Diretiva
2011/36/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho);
- não se define um padrão mínimo ao nível da punibilidade das condutas suscetíveis
de integrar os crimes de exploração e pornografia infantis, mas elenca-se um
conjunto de circunstâncias agravantes (art.º 9, alíneas a) a g), da Diretiva
2011/92/UE do Parlamento Europeu e do Conselho);
- pena de prisão com duração entre um e três anos, com aplicação de medida de
proibição de exercício da atividade profissional em causa ou similar nos crimes de
corrupção passiva e ativa e no setor privado (art.º 4, n.
os2 e 3, da Decisão-Quadro
2003/568/JAI do Conselho);
- pena máxima de prisão não inferior a dois, nos casos que revistam alguma
gravidade nos crimes de acesso ilegal a sistemas de informação, interceção ilegal
ou interferência ilegal no sistema ou nos dados, e instrumentos utilizados para
cometer infrações, agravada para um mínimo de três anos nos casos das
interferências ilegais se cometidas intencionalmente, afetem um número
significativo de pessoas eou com recurso a instrumentos específicos, ainda agravada
para um mínimo de cinco anos mediante determinadas circunstâncias agravantes
elencadas (art.º 9, n.º 2, n.º 3, n.º 4, alíneas a) a c), e n.º 5, da Diretiva 2013/40/UE
do Parlamento Europeu e do Conselho);
CAPÍTULO II: DA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DE LIBERDADE SEGURANÇA E JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA E DO DIREITO PENAL EUROPEU: Da arquitetura do Direito Penal Europeu
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