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E DUCAÇÃO P ROFISSIONAL

No documento METODOLOGIA PARA ACOMPANHAMENTO (páginas 27-34)

CONCEITOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E RELATO DE EXPERIÊNCIA

1.2 E DUCAÇÃO P ROFISSIONAL

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96 (MEC, 1998, p. 34-35), a educação profissional ganhou um capítulo específico como resposta às demandas e transformações do mundo do trabalho.

As exigências de qualificação e a escassez de empregos formais têm provocado diversas mudanças no mercado de trabalho, entre elas: a rápida alteração nas estruturas de ocupações que implica na extinção de alguns postos e na criação de outros, o aumento da informalidade, o enxugamento de pessoal com a terceirização e o uso de trabalhos eventuais, a flexibilidade nas relações contratuais e o enfraquecimento dos movimentos sindicais que exigem do trabalhador o desenvolvimento de sua “capacidade de agir, intervir, decidir em situações nem sempre previstas ou previsíveis” (MANFREDI, 1998, p.27 apud GONÇALVES et al, 2001). Neste enfoque, a orientação é promover aprendizagens significativas utilizando-se conjuntos integrados e articulados de situações para o desenvolvi-mento de competências.

É exigido deste profissional, diante da nova situação advinda da revolução tecnológica e da reorganização do trabalho, maior flexibilidade de raciocínio, autonomia, criticidade, iniciativa, empreendedorismo, capacidade de antecipar, identificar e resolver problemas (MEC, 1999, p. 20).

As alterações na educação profissional são significativas, pois um novo ser está em construção. Ele deverá possuir uma visão ampla das possibilidades a explorar, valores a cultivar e uma posição a ocupar na sociedade.

1.2.1 D

EFINIÇÃO

Segundo o artigo 39 da LDB, “a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” (MEC, 1999, p. 34). É destinada a jovens, adultos ou trabalhadores em geral que estejam em curso ou sejam egressos do ensino fundamental, médio ou superior.

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Profissional de Nível Técnico, o foco principal é o de desenvolvimento de competências para o trabalho definidas pelo MEC como...

...“capacidade pessoal de articular o conhecimento com os favores característicos de situações concretas de trabalho. Essa competência, enquanto capacidade produtiva, inclui necessariamente as dimensões de inovação, dinamismo, percepção de relações, capacidade de empregar velhas regras a novos eventos e de enfrentar mudanças ambientais e outras tantas características de uma estrutura de saber em constante evolução, criatividade e flexibilidade, bem como o dinamismo do conhecimento.” (MEC, 1999, p.31).

As competências devem promover a laboralidade, entendida aqui, como capacidade do sujeito de manter-se em atividade produtiva e geradora de renda de forma consciente, de produzir e ser competitivo em um mercado caracterizado pela constante mutação.

As competências observadas como ações e operações mentais, com base nos Referenciais Curriculares de Educação Profissional de Nível Técnico (MEC, 2000, p.10), podem ser traduzidas na mobilização de conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser) que, articulados e colocados em ação, geram o desempenho eficiente e eficaz. São agregados saberes cognitivos, psicomotores e socioafetivos. Os saberes interrelacionam-se através de análises, sínteses, inferências, generalizações, analogias, associações, transferências de

es-quemas mentais que podem ser adaptados e flexíveis dentro de ações no contexto profissional. Neste estudo, pretende-se mostrar que adaptação e flexibilidade podem contribuir para o desenvolvimento de competências de forma personalizada. A figura 1.1 ilustra uma representação do desenvolvimento de competências profissionais:

Figura 1.1 – Representação do conceito de competência.

O conceito de competência é um elemento orientador de currículos que deixam de ser centrados no conteúdo para terem como foco a construção de conhecimentos, habilidades e atitudes articuladas. A educação profissional muda de ensinar para aprender a aprender. A formação de competências na educação profissional exige mudanças de metodologias, estratégias, recursos de ensino e de postura na relação professor x aluno.

Na figura 1.2, com base nos Referenciais Curriculares (MEC, 2000, p.11), pode-se verificar os pontos de mudança de paradigma na reforma da educação:

Paradigma em ... ...Superação ...Implantação

Foco nos/nas conteúdos a serem ensinados

competências a serem desenvolvidas nos saberes (saber, saber fazer e saber ser) a serem construídos.

Currículo como fim, como conjunto

regulamentado em disciplinas

conjunto integrado e articulado de situações-meio, pedagogicamente concebidas e organizadas para promover aprendizagens profissionais

significativas. Alvo do controle

oficial cumprimento do currículo

geração de competências profissionais gerais.

Figura 1.2 – Mudança de Paradigmas na Educação Profissional

Uma vez definido o perfil do profissional que se pretende formar, reunindo as competências que o habilitarão para o desempenho no mercado de trabalho, parte-se para a elaboração do plano de curso e do plano de ação docente que irão nortear as ações do curso. Neste trabalho, privilegiar-se-á o plano de ação docente visto que ele norteará as atividades e a relação professor x aluno.

Construir competências exige a quebra de diversos paradigmas educacionais vigentes até então. Significa sair do foco nos conteúdos a serem ensinados para o de competências a serem desenvolvidas, envolvendo um projeto mais amplo.

1.2.2 R

ECURSOS TECNOLÓGICOS

Recursos tecnológicos são materiais utilizados no desenvolvimento dos cursos cujo objetivo é favorecer a construção do conhecimento por parte do aprendiz. No geral, são utilizados impressos, audiovisuais, informáticos (softwares ou recursos com apoio do computador), redes de comunicação e multimídias.

A palavra tecnologia tem sua origem na Grécia. A raiz “téchne” significa conhecimento prático que visa a um fim concreto ou, segundo Aurélio (1995, p.627), “maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo”; combinado com logos (razão) dava o significado de como e o porquê da produção. Portanto, um fazer com raciocínio, com o domínio do saber o que se estava produzindo. Ao longo dos séculos, o termo perdeu seu significado devido ao caráter tecnicista imposto pelas modificações do mercado marcadas pela mecanização e a era industrial. Tornou-se sinônimo de equipamentos ou maquinário e não mais de técnica. Hoje em dia, acredita-se que a tecnologia não se traduz apenas em equipamento e sim em um processo de desenvolvimento, uma forma de vida (GONÇALVES et al, 2001, p. 56).

À luz da pedagogia, os recursos tecnológicos são conhecidos como media-dores do objeto do conhecimento. Segundo Petrovski apud Vasconcelos (1995, p. 63), esta mediação pode ser “objetal6, ilustrada, verbal ou simbólica7”. Favorecer mais ou menos conhecimento depende da qualidade da mediação do objeto. Quanto mais próxima da realidade do aluno, maior será o significado gerado e, por conse-guinte, maior será a qualidade da mediação no processo de construção do conhe-cimento. Na figura 1.3, visualiza-se uma representação da utilização dos recursos tecnológicos como mediação.

6 Objetal – relativo à manipulação de objetos, sua elaboração mecânica, montagem e desmontagem, pesagem, medição, translação.

7 Simbólica – atividades envolvendo representação gráfica, nomeação, designação ou descrição verbal.

Figura 1.3 – Representação da mediação na construção do conhecimento.

A evolução dos meios de comunicação provocou modificações nas formas de pensar e de construir o conhecimento, gerando um grande impacto. Há uma enorme facilidade de acesso aos dados e informações graças à Internet, além de grandes possibilidades de interação.

O receptor das mensagens oriundas dos meios de comunicação pode atribuir um tratamento adequado de acordo com o grau de significância. Uma informação se transforma em conhecimento apenas se houver alguma modificação. Caso contrário, será apenas uma transferência. Com base nos trabalhos de Lévy apud Gonçalves et al (2001, p. 60), no processo de transformação, a informação precisa ser contex-tualizada, problematizada e/ou relacionada pelo sujeito, a fim de se tornar conhe-cimento, como pode ser visualizado na figura 1.4.

Este trabalho pretende mostrar que o processo pode acontecer de forma personalizada, adaptando-se a cada aluno. A produção de conhecimento se dá quando o aluno consegue estabelecer relações com o objeto nos contextos social, cultural e laboral8. Neste sentido, acredita-se que os recursos tecnológicos podem desenvolver potencialidades individuais, cognitivas, afetivas, sociais e estéticas por meio da utilização e experimentação tanto no espaço de aprendizagem virtual quanto presencial, sendo essa a base deste trabalho. Na figura 1.5, uma representação da relação da produção do conhecimento e seus contextos.

Figura 1.5 – O conhecimento produzido e seu contexto.

Na educação profissional, a utilização de recursos tecnológicos incentiva a aplicação de técnicas de uso que acrescentam significado ao exercício da profissão. À medida que a técnica é praticada, seu o domínio favorece um grau maior de conhecimento que passa a ser acumulado. Isso não se traduz, necessariamente, em aparelhos de última geração, mas em ações e práticas que tragam ao aluno um sentido para o exercício da atividade profissional.

Para Haetinger (2003, p. 196), “o uso da tecnologia está relacionado ao aperfeiçoamento do ensino-aprendizagem, porém não pode ser somente uma

modificação da técnica, precisamos mudar os paradigmas pedagógicos”. Entende-se, pois, que cabe ao mediador, seja no ensino formal ou no profissional, o papel de promover a transformação da informação em conhecimento para o aluno.

Ao analisar um recurso, para sua efetiva utilização em um plano de trabalho, o professor precisa identificar como irá utilizá-lo e em que medida isso ocorrerá, de forma a permitir a integração dos demais componentes do curso (conteúdo, objetivos, metodologia), observando-se a característica de cada aluno ou grupo em um ambiente pedagógico propício. Na verdade, busca-se um sentido modificador da prática por meio do levantamento das necessidades dos alunos (cognitivas, afetivas e sociais) com o intuito de consolidar os conhecimentos (saber, fazer e ser).

O esquema da figura 1.6 sintetiza o pensamento do parágrafo anterior:

Figura 1.6 – Esquema da análise da utilização dos recursos tecnológicos.

No documento METODOLOGIA PARA ACOMPANHAMENTO (páginas 27-34)