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METODOLOGIA PARA ACOMPANHAMENTO

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Academic year: 2021

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(1)

FUNDAÇÃO

EDUCACIONAL

EDSON

QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR

MIA – Mestrado em Informática Aplicada

L

ANEVALDA

P

EREIRA

C

ORREIA DE

A

RAÚJO

P

RIMO

M

ETODOLOGIA PARA

A

COMPANHAMENTO

DE

C

URSOS DE

EAD

E

A

VALIAÇÃO DE

C

OMPETÊNCIAS

A

2

COMP

FORTALEZA

(2)

FUNDAÇÃO

EDUCACIONAL

EDSON

QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR

MIA – Mestrado em Informática Aplicada

L

ANEVALDA

P

EREIRA

C

ORREIA DE

A

RAÚJO

P

RIMO

M

ETODOLOGIA PARA

A

COMPANHAMENTO

DE

C

URSOS DE

EAD

E

A

VALIAÇÃO DE

C

OMPETÊNCIAS

A

2

COMP

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Informática

Aplicada - MIA da Universidade de Fortaleza como requisito

para a obtenção do título de Mestre em Informática Aplicada,

na linha de pesquisa Engenharia de Software.

Orientador: Prof

a

. Dr

a

. Elizabeth Furtado

Co-Orientador: Prof. Dr. J. B. Furlan Duarte

FORTALEZA

2004

(3)

FUNDAÇÃO

EDUCACIONAL

EDSON

QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR

MIA – Mestrado em Informática Aplicada

M

ETODOLOGIA PARA

A

COMPANHAMENTO DE

C

URSOS DE

EAD

E

A

VALIAÇÃO

DE

C

OMPETÊNCIAS

A

2

COMP

Lanevalda Pereira Correia de Araújo Primo

Banca Examinadora:

Defesa em: 1º/Dezembro/2004 Conceito Obtido: ____

Profa. Orientadora Dra. Elizabeth Furtado

Prof. Co-Orientador Dr. J. B. Furlan Duarte

Prof. Dr. Plácido Rogério Pinheiro

(4)

PRIMO, LANEvalda Pereira Correia de Araújo

Metodologia para Acompanhamento de Cursos de EAD e Avaliação de Competências – A2COMP/ Lanevalda Pereira Correia de Araújo Primo - Fortaleza, 2004.

140 p. 29,7 cm (UNIFOR/CE, MIA, Engenharia de Software, 2004) Dissertação - Universidade de Fortaleza - UNIFOR

1. Informática na Educação

2. Engenharia de Software aplicada a Educação 3. Educação a Distância

(5)

DEDICATÓRIA

A minha mãe Lanera e minha irmã Oslane,

A minhas filhas Bianca e Neyla que são a força motriz dos meus empreendimentos,

A meus netos Vinícius, Bruna e Vitória,

A meu companheiro Antônio Carlos pela compreensão e apoio, Aos educadores que, como eu, lutam por um mundo mais humano.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço...

... a Deus por permitir que eu possa gerar oportunidades para o crescimento humano, através do conhecimento,

... a minha família pelo apoio e torcida, ... aos companheiros do MIA e do NATI,

... aos meus orientadores Prof. Drs. Elizabeth e Furlan, ... ao Prof. Dr. Plácido, por me permitir realizar um sonho, ... ao Prof. Dr. Vasco cujas disciplinas proporcionaram a grande

motivação por este estudo,

... ao Prof. Dr. Bezerra, pelas orientações iniciais,

... à Unifor por permitir que eu desenvolva este trabalho,

... ao Senac Ceará pela oportunidade de colocar em prática os

meus conhecimentos, em especial, a Luna e a Mariana Alcântara, que foram responsáveis pelo Núcleo de EAD,

... aos Diretores do Senac Ceará, Luiz, Lia e Ana Cláudia, pelo apoio, ... às bibliotecárias Liana e Carmem, pelas orientações,,

... às amigas Gisela e Inajara, pelas correções, ... aos participantes do Prodev, pelo experimento,

... ao colega Valdir que me ajudou a colocar em prática minhas idéias, ... às amigas Germana, Miriam, Walkyria e Amelinha, pelo carinho,

... à Home School, pela experiência que acumulei no desenvolvimento de livros de auto-aprendizagem, em especial, ao Prof. Adolpho,

... à Editora Érica, em especial, aos editores Rosana, Paulo e Marco, ... à Proposta Editorial, onde tudo começou, em especial, a Beth e Valfrido, ... ao Senac Nacional/RJ e ao Senac Vila Nova/SP,

(7)

RESUMO

Esta dissertação propõe uma metodologia para auxiliar o tutor na tarefa de acompanhar cursos de educação a distância e avaliar o desenvolvimento de competências dos alunos, no contexto da educação profissional, utilizando conceitos de sistemas computacionais para o tratamento de incertezas. Os passos descritos permitem ao tutor verificar o desenvolvimento de competências dos alunos de forma personalizada, respeitando suas diferenças e ritmos. Isto é possível, por meio do acompanhamento da situação do aluno e com o auxílio das redes bayesianas. As redes são recursos de sistemas de inteligência artificial indicados para os casos em que há a necessidade de uma tomada de decisão em situações que lidam com incerteza. Essa metodologia de avaliação de competências possui as seguintes características: é formativa e ocorre durante o processo de ensino-aprendizagem, favorece a negociação e a autonomia do aluno no gerenciamento de seu apren-dizado e possibilita o desenvolvimento de competências sócio-profissionais.

Palavras-chave: educação profissional, avaliação de competências, educação a distância, sistemas adaptativos, redes bayesianas

(8)

ABSTRACT

This dissertation proposes a methodology to aid the tutor in the task of to accompany e-learning courses and to evaluate the development of the students' competences, in the professional education context, using concepts of artificial intelligence systems for treatment of uncertainties. The described steps allow to the tutor to verify the development of the students' competences in a personalized way, respecting their differences and learning rhythms. That is possible through the attendance of the student's situation and with the aid of the Bayesians networks. The Bayesians networks are resources of artificial intelligence systems indicated for cases that requires making decision in situations that deal with uncertainties. That methodology of competences evaluation has the following characteristics: it is formative and it happens during the teaching-learning process, it facilitates negotiation and student's autonomy in the administration of his/her learning proccess and it makes possible the social-professionals competences development.

Keywords: professional education, competences evaluation, e-learning, adaptative systems, Bayesians networks

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Desenvolvimento do Trabalho ... 24

Figura 1.1 – Representação do conceito de competência... 29

Figura 1.2 – Mudança de Paradigmas na Educação Profissional ... 30

Figura 1.3 – Representação da mediação na construção do conhecimento ... 32

Figura 1.4 – A informação, após modificações, passa a gerar conhecimentos ... 32

Figura 1.5 – O conhecimento produzido e seu contexto... 33

Figura 1.6 – Esquema da análise da utilização de recursos tecnológicos ... 34

Figura 1.7 – Equipe Técnica ... 38

Figura 1.8 – Estrutura curricular ... 39

Figura 1.9 – Recursos do TelEduc mais utilizados no Prode... 43

Figura 1.10 – Demonstrativo de acessos... 43

Figura 1.11 – Dificuldades observadas no Prode ... 44

Figura 1.12 – Conclusões preliminares ... 45

Figura 1.13 – Proposta de melhorias... 46

Figura 2.1 – Classificação da avaliação, segundo Rabelo. ... 49

Figura 2.2 – Fases de aferição do resultado, segundo Luckesi... 50

Figura 2.3 – Avaliação formativa, segundo Perrenoud. ... 52

Figura 2.4 – Evolução da Educação Profissional, segundo Depresbiteris... 54

Figura 2.5 – Aspectos da avaliação de competências... 54

Figura 2.6 – Etapas da avaliação no modelo de competências, segundo Azevedo, Trindade e Marchezini... 56

Figura 2.7 – Definição de critérios de avaliação no modelo de competências, segundo Depresbiteris... 58

Figura 2.8 – Considerações acerca da avaliação ... 59

Figura 2.9 – Possibilidades de avaliação segundo Palloff e Pratt... 63

(10)

Figura 3.1 – Fundamentação teórica ... 79

Figura 3.2 – Os atores da Metodologia A2COMP ... 81

Figura 3.3 – Os atores e seus papéis ... 82

Figura 3.4 – As fases da Metodologia A2COMP ... 83

Figura 3.5 – Descrição do PAD ... 85

Figura 3.6 – Esquema da Avaliação Diagnóstica ... 86

Figura 3.7 – Agrupamento das questões da Avaliação Diagnóstica... 87

Figura 3.8 – Esquema da montagem da rede para Avaliação Diagnóstica ... 88

Figura 3.9 – Visões do Acompanhamento ... 89

Figura 3.10 – Esquema de Avaliação do Módulo ... 91

Figura 3.11 – Agrupamento das questões da Avaliação do Módulo... 91

Figura 3.12 – Esquema de montagem da rede para Avaliação do Módulo ... 92

Figura 3.13 – Tecnologia envolvida ... 93

Figura 4.1 – Equipe formadora ... 97

Figura 4.2 – Estrutura curricular do Prodev ... 98

Figura 4.3 – Definição de resultados ... 100

Figura 4.4 – Tela de inclusão do Plano de Ação Docente (PAD) ... 102

Figura 4.5 – Formulário on-line... 103

Figura 4.6 – Arquivo da situação de um aluno na rede bayesiana ... 104

Figura 4.7 – Ferramenta Atividades... 105

Figura 4.8 – Tela de acompanhamento por atividade... 106

Figura 4.9 – Tela de acompanhamento de atividade por aluno ... 107

Figura 4.10 – Tela da ferramenta Acessos – Relatório de Freqüência 108 Figura 4.11 – Tela da ferramenta Acessos – Relatório de Freqüência – Fóruns de Discussão ... 109

Figura 4.12 – Acessos no período compilados na planilha eletrônica . 109 Figura 4.13 – Gráfico de acessos no período compilados na planilha eletrônica... 110

Figura 4.14 – Tabela e gráfico com as ferramentas mais utilizadas no período ... 111

Figura 4.15 – Análise e plano pessoal de um dos alunos incluídos no Diário de Bordo... 112

(11)

Figura 4.16 – Análise de um dos alunos incluídos no Diário de Bordo 112 Figura 4.17 – Perfil enviado para aluna pelo Correio do Amb. Virtual . 113

Figura 4.18 – Reflexão sobre o perfil recebido ... 114

Figura 4.19 – A situação de um aluno na rede bayesiana... 115

Figura 4.20 – Resultado do módulo... 116

Figura 4.21 – Avaliação do Resultado ... 116

Figura 4.22 – Recursos mais utilizados ... 117

Figura 4.23 – Comentários sobre o Resultado por Competência ... 119

Figura A-1.1 – Plano de Ação Docente a preencher ... 129

Figura A-1.2 – Plano de Ação Docente preenchido... 129

Figura C-1.1 – Tela do Netica com a Estrutura da Rede de Avaliação de Diagnóstico ... 133

Figura D-1.1 – Tela de Acompanhamento dos Alunos por Atividade .. 134

Figura E-1.1 – Tela de Acompanhamento das Atividades por Aluno... 135

Figura F-1.1 – Tela do Netica com a Estrutura da Rede de Avaliação do Módulo ... 136

Figura G-1.1 – Plano de Ação Docente ... 137

Figura G-1.2 – Plano de Ação Docente ... 137

Figura H-1.1 – Resumo de Acessos ... 138

Figura I-1.1 – Mapa de Interação... 139

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEB/CNE Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação

Cefet Centro Federal de Educação e Tecnológica CHA Conhecimentos, Habilidades e Atitudes

EAD Educação a distância

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais LDB Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação e Cultura OIT Organização Internacional do Trabalho

PAD Plano de Ação Docente

Prode Programa de Desenvolvimento de Educadores

Prodev Programa de Desenvolvimento de Educadores Virtuais Semtec Secretaria de Educação Média e Tecnológica

Senac Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Senai Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

(13)

SUMÁRIO

Lista de Figuras ... ix

Lista de Abreviaturas e Siglas ... xii

Sumário ... xiii Introdução...16 A problematização ...18 Objetivo ...21 Hipóteses ...22 Relevância/Motivação ...22 A Metodologia ...23 Desenvolvimento do trabalho...24

Capítulo I - Conceitos básicos da Educação Profissional e Relato de Experiência ...26

1.1 Introdução ...26

1.2 Educação Profissional...27

1.2.1 Definição ...28

1.2.2 Recursos Tecnológicos ...30

1.3 A Educação de Adultos e a EAD...34

1.4 Relato de Experiência - Prode ...37

1.4.1 Metodologia de ensino ...40

1.4.2 Recursos didáticos ...41

1.4.3 Critérios de avaliação...41

1.4.4 O Ambiente Virtual ...42

1.4.5 As Observações ...43

1.4.5.1 Os recursos mais utilizados - Aspectos Quantitativos ...43

1.4.5.2 Dificuldades observadas ...44

1.4.6 Conclusões Preliminares...44

1.4.6.1 Sugestões de melhorias ...45

(14)

Capítulo II - Avaliação e Sistemas de Tratamento de Incertezas ...47

2.1 Introdução ...47

2.2 Planejamento, Aprendizagem e Avaliação...48

2.2.1 Definição de Avaliação...48

2.2.2 Resultados da Avaliação...50

2.3 A Avaliação na Educação Profissional ...53

2.3.1 Evolução da Avaliação da Educ. Profissional no Brasil...53

2.3.2 Aspectos da Avaliação de Competências ...54

2.3.3 Definição de Critérios e Indicadores...57

2.3.4 Resultados da Avaliação...59

2.4 A Avaliação na EAD ...60

2.4.1 Concepções de Avaliação na EAD...61

2.4.2 Os Resultados da Avaliação ...64

2.4.3 Trabalhos relacionados à Avaliação e às Competências .66 2.5 Sistemas de Tomada de Decisão...69

2.5.1 Teorias, Estatísticas e Heurísticas - uma breve reflexão .69 2.5.2 Teorema de Bayes ...71

2.5.3 As Redes Bayesianas ...74

2.5.4 Teoria da Utilidade e da Decisão ...75

2.6 Resumo do Capítulo...76

Capítulo III - Estrutura de Desenvolvimento da Metodologia A2COMP...77

3.1 Introdução ...77 3.2 A Metodologia A2COMP...78 3.2.1 Objetivo Geral ...78 3.2.2 Objetivos Específicos ...78 3.2.3 Fundamentação Teórica ...78 3.2.4 As Sugestões de Melhoria...80

3.2.5 A Descrição da Metodologia A2COMP ...80

3.2.5.1 Os Atores ...81

3.2.5.2 As Fases da Metodologia ...83

3.2.5.3 Fase 1 - Elaboração do PAD...84

3.2.5.4 Fase 2 - A Avaliação Diagnóstica...86

3.2.5.5 Fase 3 - O Acompanhamento ...89

(15)

3.2.5.7 A tecnologia envolvida...93

3.3 Resumo do Capítulo...94

Capítulo IV - A Aplicação da Metodologia A2COMP e Conclusão ...95

4.1 Introdução ...95

4.2 Visão Geral do Experimento ...96

4.3 O Prodev - Informações Básicas...96

4.3.1 Metodologia de Ensino...98

4.3.2 Recursos Didáticos e Computacionais...99

4.3.3 Condições de Acesso...99

4.3.4 Critérios de Avaliação ...100

4.4 A Aplicação da Metodologia...101

4.4.1 Fase 1 - A Elaboração do PAD ...101

4.4.2 Fase 2 - Avaliação Diagnóstica ...102

4.4.3 Fase 3 - Acompanhamento ...104

4.4.3.1 Registro das Atividades e Observações...105

4.4.3.2 Gráficos de Acesso ...108

4.4.3.3 Análise do Perfil ...113

4.4.4 Fase 4 - A Rede de Avaliação do Módulo ...114

4.5 Resultados e Considerações ...117 4.6 Conclusão ...118 4.7 Resumo do Capítulo...121 Referências Bibliográficas ...122 Bibliografia Recomendada...126 Bibliografia Consultada ...128 Apêndices ...129

(16)

INTRODUÇÃO

A realidade de hoje, foi o sonho de ontem; o sonho de hoje, será a necessidade de amanhã; e, em todas as épocas, zombou-se dos sonhadores. Zálking Piatigórsky

A Educação a Distância (EAD) atinge sua popularidade neste século em parte pela descoberta de novas tecnologias que encurtam distâncias e facilitam acessos. Poder estudar e desenvolver-se profissionalmente, independente de local e tempo, é fruto de um novo paradigma, no qual a globalização e a terceirização do trabalho são a maior alavanca.

A crescente diminuição dos postos de trabalho exige, dos candidatos a em-prego uma formação continuada em busca da qualificação. E aqueles que estão na seleta casta dos que têm carteira assinada também precisam estar em processo contínuo de aprendizagem, para que não sejam substituídos em suas funções por outros melhor preparados.

Esta alta competitividade aliada a uma crise na educação formal motivam programas de reciclagem que possam atingir uma grande massa a custos baixos. Por outro lado, as pessoas que ocupam assentos fixos nem sempre podem se ausentar para voltar aos bancos da escola, por estarem em posição de decisão na empresa, impedindo-as de rever o mundo com um novo olhar e de reconstruir o seu conhecimento. Eis que os cursos da chamada educação continuada a distância

(17)

entram no contexto para permitir o crescimento dos que estão empregados e a inclusão dos que estão fora do mercado, seja ele formal ou informal.

A contribuição da EAD na formação profissional permitiu que milhares de trabalhadores pudessem reciclar e adquirir conhecimentos, favorecendo o desenvolvimento continuado. Programas de educação corporativa com a criação de universidades dentro de empresas são frutos desses novos tempos. Estas escolas corporativas espalharam-se pelo mundo, buscando a elevação da qualidade do trabalhador na prestação de serviços, devido à exigência de uma formação mais abrangente que o integre ao mundo globalizado, preparando-o para a sociedade do conhecimento. Pontos cada vez mais distantes são atingidos graças às novas tecnologias e à expansão das telecomunicações. Ferramentas cada vez mais interativas retratam a realidade e, de forma remota, permitem que profissionais em pontos isolados do mundo possam atualizar-se e adquirir novos conhecimentos e técnicas. Os que estão fora do mercado de trabalho encontram, nas ferramentas de EAD, uma oportunidade para a inclusão.

A reforma da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, durante a década de 90, contemplou a formação profissional com um capítulo, definindo-a como complementar ao ensino médio. A Lei 9.394/96, regulamentada pelos Decretos 2.208/97, o Parecer 16/99 e a Resolução 04/99 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE) estabelecem que a orga-nização curricular da educação profissional deve orientar-se para a formação ba-seada em competência, definida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) (2000, p.96) como: “capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessárias para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho.”

(18)

Na interpretação de Perrenoud (1999a, p.7), competência significa “capa-cidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhe-cimentos, mas sem se limitar a eles.” Imprime-se uma nova relação do ser e do objeto do conhecimento. Experiências acumuladas ao longo da vida e saberes já adquiridos são essenciais na construção de novas competências. Segundo Alcântara (2002, p.52), componentes afetivos e motivacionais da ação do traba-lhador no mundo também devem ser levados em conta.

Ao considerar essas definições, a relação ensino-aprendizagem na educação para o trabalho está sendo repensada e discutida. Isso já mobilizou instituições de formação profissional de todo o mundo a se reunirem em fóruns de discussão. No Brasil, entidades, como universidades, sistema S - Serviço Nacional de Aprendi-zagem Industrial (Senai) e Comercial (Senac) e Centros Federais de Educação Tec-nológica (Cefets), estão mobilizadas em busca de soluções que orientem a formação com foco em competências. Se competência é um tema desafiador, o que dirá ava-liação? Torna-se mais complexo ainda, quando ambientado na EAD.

A

PROBLEMATIZAÇÃO

A EAD beneficia milhares de pessoas em todo o mundo. Ela existe há muito tempo, atravessou séculos, modernizou-se e ganhou tecnologia. Evoluiu da carta para o e-mail 1 e o chat2; do rádio ao pé do ouvido para a videoconferência. No entanto, até o momento, as preocupações concentram-se em fazer com que ela se

1 Troca de correspondências digitais por meio de um aplicativo que envia e recebe mensagens

utilizando um endereço eletrônico.

(19)

concretize usando a Internet, sem um cuidado maior em se verificar o real desenvolvimento de competências de uma pessoa que a utiliza e nem tampouco em avaliar as interações deste processo.

Muitos estudos são feitos sobre como implementar a infra-estrutura de uma escola virtual, como cadastrar o aluno e liberar o conteúdo para o estudo on-line, como colocar notas de aula ou transparências confeccionadas para retroprojetor na forma eletrônica, mas percebe-se que há pouca reflexão no sentido de auxiliar o professor a saber se a interação do aluno e o conteúdo estão permitindo a construção de competências profissionais.

O que há hoje à disposição do professor são ferramentas e recursos, como as interfaces gráficas, que puderam acelerar o desenvolvimento da EAD, culminando no surgimento dos ambientes virtuais de aprendizagem3. Os recursos gráficos aliados à utilização de imagens e multimídia aumentaram a comunicação, ampliando o acesso a um número cada vez maior de pessoas (LUCENA e FUKS, 2000). As facilidades da internet e da Web incluíram novas formas de diálogo, entre elas: o chat, os e-mails e as conferências, possibilitando a interação e a colaboração nos cursos em rede. Dessa maneira, um professor pode disponibilizar os conteúdos de sua aula, provocar uma discussão, propor um exercício coletivo, o intercâmbio de experiências, sem trocar olhares com seus alunos. Os discentes, por sua vez, possuem a liberdade de programar seu estudo de acordo com suas conveniências e seu tempo disponível, independente de lugar. Porém essa liberdade exige disciplina

3 Sistemas que, em alguns casos, simulam uma sala de aula e disponibilizam ferramentas de

(20)

para o cumprimento das tarefas e a continuidade dos estudos a fim de que todas as competências propostas pelo curso sejam desenvolvidas.

Apesar de os ambientes virtuais disponibilizarem ferramentas e recursos para facilitar o aprendizado on-line, observa-se que os professores enfrentam alguns

desafios no trabalho com competências, entre eles:

– Dificuldades em avaliar aspectos qualitativos, devido à subjetividade do trabalho com competências;

– Falta de elementos que os ajudem a verificar os resultados quanto à aquisição de competências de cada aluno;

– Ausência de parâmetros que ajudem o professor a estabelecer estratégias eficazes e adequadas para o desenvolvimento de competências de cada aluno;

– Resultados de desenvolvimento dos discentes não satisfatórios provo-cados pela aplicação de estratégia única a todos os alunos, sem levar em conta os ritmos e características individuais.

Se competência é articular saberes... ... Conhecimentos

... Habilidades e ... Atitudes,

.então, como isso pode ser avaliado na educação virtual?

– De que forma um professor pode estabelecer estratégias que se adaptem a diversos tipos de alunos e situações para o desenvolvimento de competências?

– Como verificar, de forma eficaz, os resultados quanto à aquisição de competências de cada aluno?

(21)

Diante da mudança de paradigma, que antes priorizava a transmissão de conteúdos para o desenvolvimento de competências, os professores defrontaram-se com uma série de questionamentos, dúvidas sobre como proceder, como saber se sua prática está de acordo com o que o mercado exige para estes profissionais em formação, como saber se sua avaliação é justa, visto que aspectos psicológicos, am-bientais, motivacionais, temporais e interesses diferenciam seus alunos, modificando e, dessa forma, influenciando no grau de desenvolvimento de cada um deles. Essas e outras inquietações serão refletidas ao longo deste trabalho.

O

BJETIVO

O objetivo geral desta dissertação consiste em descrever uma

metodologia de acompanhamento de cursos a distância e de avaliação de competências. Esta metodologia utilizará conceitos de sistemas de tratamento de incertezas, a fim de facilitar a avaliação e o acompanhamento dos alunos de forma personalizada, respeitando suas diferenças e ritmos.

Para tanto, foram estudados os seguintes tópicos:

• A mudança de paradigmas na educação privilegiando-se o desenvolvimento de competências;

• As técnicas e formas de avaliação na educação presencial e a distância; e, • Os sistemas de tratamento de incertezas4, utilizando redes bayesianas5, que

podem ajudar a avaliar a situação do aluno.

(22)

H

IPÓTESES

Para atingir o objetivo geral definido, acredita-se que:

• A avaliação de competências eficaz leva em conta o perfil de cada aluno, respeitando suas características pessoais e ritmos;

• Redes bayesianas podem auxiliar no processo de avaliação do aluno, porque permitem analisar a sua situação durante o curso.

R

ELEVÂNCIA

/M

OTIVAÇÃO

Sem a intenção de tecer críticas a uma estrutura já montada que beneficia um grande contingente no mundo, a relevância deste trabalho está explicitada nos se-guintes pontos:

• Até o momento, há poucos estudos sobre a avaliação de competências na EAD. Parte por que esse tema, com apoio da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), é muito recente e, também, em virtude da preocupação maior em se montar uma estrutura e fazer com que ela funcione;

• A reformulação das Leis de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, principalmente a profissional, pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) com foco em desenvolvimento de competências;

5 Rede bayesiana é uma ferramenta da inteligência artificial que representa o conhecimento dentro de

(23)

• O interesse da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das entidades de educação profissional, universidades e Cefets pelo tema “avaliação de competências”;

• As inúmeras contribuições que poderão surgir e ajudar os gestores e desen-volvedores a refletir e, se possível, incorporar melhorias no processo e na interação com o usuário, para tornar o aprendizado cada vez mais acessível e eficaz.

O propósito desta dissertação é o aspecto humano na aprendizagem e a construção do seu conhecimento. Sua aplicação pode ser efetiva na educação virtual, a distância, corporativa e profissional no modelo de competências, carac-terizando sua delimitação.

A

M

ETODOLOGIA

Esta pesquisa científica utilizou uma abordagem indutiva baseada na observação e experimentação, que compreendeu as seguintes etapas:

• A constatação do problema (descrito no capítulo I);

• Investigações bibliográficas nos campos das ciências de Tecnologia Educa-cional (profissional e formal), pesquisa de trabalhos correlatos em relação à avaliação e competências; Psicologia Cognitiva e Engenharia de Software, descritas no capítulo II;

• A formulação da proposta, utilizando ferramentas da Informática, da Inteli-gência Artificial e da Tecnologia Educacional, descrita no capítulo III;

(24)

• O uso de pré-teste com a aplicação da metodologia em um curso de formação de tutores e acompanhamento e avaliação dos resultados no capítulo IV.

D

ESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Esta dissertação está dividida em quatro capítulos além desta Introdução. A figura 1 mostra a distribuição do trabalho:

Figura 1 – Esquema de distribuição do trabalho

O capítulo I aborda os principais conceitos da educação profissional e a educação de adultos no contexto da EAD. Também foi feito um relato de uma expe-riência observada em um curso de EAD no Senac do Ceará, incluindo: os recursos mais utilizados, aspectos quantitativos, dificuldades encontradas e sugestões de melhorias. Este acompanhamento motivou o desenvolvimento deste trabalho.

No capítulo II, há um levantamento dos estudos relacionados à avaliação, procurando identificar as características na educação formal, na profissional e na EAD. Foi dado um enfoque pedagógico, procurando-se contextualizar o modelo de

(25)

competências. Foi feito um levantamento sobre trabalhos científicos desenvolvidos com os temas avaliação e competências, utilizando recursos computacionais no contexto da EAD, para configurar o estado da arte. Também foi realizada uma introdução aos sistemas de tratamento de incertezas e tomadas de decisão, para fundamentar a solução proposta.

O capítulo III descreve a estrutura de desenvolvimento da metodologia proposta, que recebeu o nome de A2COMP – Acompanhamento de cursos de EAD e

Avaliação de Competências. Serão mostrados os objetivos, a fundamentação

teórica e as sugestões de melhoria adotadas. Também foi feita uma descrição da metodologia, dos atores e de seus papéis; além da discriminação das fases e a relação da tecnologia utilizada para apoiar a aplicação da metodologia, durante a realização do curso no acompanhamento da situação do aluno e na tomada de decisão na avaliação do desenvolvimento de competências.

O capítulo IV mostra a aplicação da metodologia A2COMP em um curso de EAD do Senac do Ceará. Parte de uma visão geral do experimento, caracterizando participantes e ações executadas. Foi feita uma apresentação do curso que serviu para a experiência. Na descrição da aplicação da metodologia, foram explicadas suas fases, mostrados exemplos, feitos comentários, exibidos resultados parciais e colocações que justificam os procedimentos adotados. Nesse mesmo capítulo, podem-se ver os resultados obtidos com a aplicação da metodologia e as dificuldades. Por fim, foram relatadas as conclusões, incluindo a delimitação do trabalho e as pro-postas de estudos a serem desenvolvidos.

Nos apêndices, poderão ser encontrados os instrumentais elaborados para este trabalho.

(26)

CAPÍTULO I

CONCEITOS BÁSICOS DA EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL E RELATO DE EXPERIÊNCIA

Vamos seguir Reinventar o espaço Juntos manter o passo Não ter cansaço Não crer no fim

Gilberto Gil

1.1

I

NTRODUÇÃO

Neste capítulo, serão abordados os conceitos básicos que envolvem a edu-cação profissional com base no modelo de competências dentro de um contexto de aprendizagem continuada a distância, utilizando-se ambientes virtuais. Em seguida, será relatada a experiência da observação de um curso do programa de educação corporativa de uma instituição de educação profissional, realizado a distância, que motivou o desenvolvimento desta dissertação. O objetivo é fornecer subsídios para um melhor entendimento do trabalho a ser desenvolvido nos capítulos seguintes.

(27)

1.2

E

DUCAÇÃO

P

ROFISSIONAL

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96 (MEC, 1998, p. 34-35), a educação profissional ganhou um capítulo específico como resposta às demandas e transformações do mundo do trabalho.

As exigências de qualificação e a escassez de empregos formais têm provocado diversas mudanças no mercado de trabalho, entre elas: a rápida alteração nas estruturas de ocupações que implica na extinção de alguns postos e na criação de outros, o aumento da informalidade, o enxugamento de pessoal com a terceirização e o uso de trabalhos eventuais, a flexibilidade nas relações contratuais e o enfraquecimento dos movimentos sindicais que exigem do trabalhador o desenvolvimento de sua “capacidade de agir, intervir, decidir em situações nem sempre previstas ou previsíveis” (MANFREDI, 1998, p.27 apud GONÇALVES et al, 2001). Neste enfoque, a orientação é promover aprendizagens significativas utilizando-se conjuntos integrados e articulados de situações para o desenvolvi-mento de competências.

É exigido deste profissional, diante da nova situação advinda da revolução tecnológica e da reorganização do trabalho, maior flexibilidade de raciocínio, autonomia, criticidade, iniciativa, empreendedorismo, capacidade de antecipar, identificar e resolver problemas (MEC, 1999, p. 20).

As alterações na educação profissional são significativas, pois um novo ser está em construção. Ele deverá possuir uma visão ampla das possibilidades a explorar, valores a cultivar e uma posição a ocupar na sociedade.

(28)

1.2.1

D

EFINIÇÃO

Segundo o artigo 39 da LDB, “a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” (MEC, 1999, p. 34). É destinada a jovens, adultos ou trabalhadores em geral que estejam em curso ou sejam egressos do ensino fundamental, médio ou superior.

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Profissional de Nível Técnico, o foco principal é o de desenvolvimento de competências para o trabalho definidas pelo MEC como...

...“capacidade pessoal de articular o conhecimento com os favores característicos de situações concretas de trabalho. Essa competência, enquanto capacidade produtiva, inclui necessariamente as dimensões de inovação, dinamismo, percepção de relações, capacidade de empregar velhas regras a novos eventos e de enfrentar mudanças ambientais e outras tantas características de uma estrutura de saber em constante evolução, criatividade e flexibilidade, bem como o dinamismo do conhecimento.” (MEC, 1999, p.31).

As competências devem promover a laboralidade, entendida aqui, como capacidade do sujeito de manter-se em atividade produtiva e geradora de renda de forma consciente, de produzir e ser competitivo em um mercado caracterizado pela constante mutação.

As competências observadas como ações e operações mentais, com base nos Referenciais Curriculares de Educação Profissional de Nível Técnico (MEC, 2000, p.10), podem ser traduzidas na mobilização de conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber ser) que, articulados e colocados em ação, geram o desempenho eficiente e eficaz. São agregados saberes cognitivos, psicomotores e socioafetivos. Os saberes interrelacionam-se através de análises, sínteses, inferências, generalizações, analogias, associações, transferências de

(29)

es-quemas mentais que podem ser adaptados e flexíveis dentro de ações no contexto profissional. Neste estudo, pretende-se mostrar que adaptação e flexibilidade podem contribuir para o desenvolvimento de competências de forma personalizada. A figura 1.1 ilustra uma representação do desenvolvimento de competências profissionais:

Figura 1.1 – Representação do conceito de competência.

O conceito de competência é um elemento orientador de currículos que deixam de ser centrados no conteúdo para terem como foco a construção de conhecimentos, habilidades e atitudes articuladas. A educação profissional muda de ensinar para aprender a aprender. A formação de competências na educação profissional exige mudanças de metodologias, estratégias, recursos de ensino e de postura na relação professor x aluno.

Na figura 1.2, com base nos Referenciais Curriculares (MEC, 2000, p.11), pode-se verificar os pontos de mudança de paradigma na reforma da educação:

(30)

Paradigma em ... ...Superação ...Implantação

Foco nos/nas conteúdos a serem ensinados

competências a serem desenvolvidas nos saberes (saber, saber fazer e saber ser) a serem construídos.

Currículo como fim, como conjunto

regulamentado em disciplinas

conjunto integrado e articulado de situações-meio, pedagogicamente concebidas e organizadas para promover aprendizagens profissionais

significativas. Alvo do controle

oficial cumprimento do currículo

geração de competências profissionais gerais.

Figura 1.2 – Mudança de Paradigmas na Educação Profissional

Uma vez definido o perfil do profissional que se pretende formar, reunindo as competências que o habilitarão para o desempenho no mercado de trabalho, parte-se para a elaboração do plano de curso e do plano de ação docente que irão nortear as ações do curso. Neste trabalho, privilegiar-se-á o plano de ação docente visto que ele norteará as atividades e a relação professor x aluno.

Construir competências exige a quebra de diversos paradigmas educacionais vigentes até então. Significa sair do foco nos conteúdos a serem ensinados para o de competências a serem desenvolvidas, envolvendo um projeto mais amplo.

1.2.2

R

ECURSOS TECNOLÓGICOS

Recursos tecnológicos são materiais utilizados no desenvolvimento dos cursos cujo objetivo é favorecer a construção do conhecimento por parte do aprendiz. No geral, são utilizados impressos, audiovisuais, informáticos (softwares ou recursos com apoio do computador), redes de comunicação e multimídias.

(31)

A palavra tecnologia tem sua origem na Grécia. A raiz “téchne” significa conhecimento prático que visa a um fim concreto ou, segundo Aurélio (1995, p.627), “maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo”; combinado com logos (razão) dava o significado de como e o porquê da produção. Portanto, um fazer com raciocínio, com o domínio do saber o que se estava produzindo. Ao longo dos séculos, o termo perdeu seu significado devido ao caráter tecnicista imposto pelas modificações do mercado marcadas pela mecanização e a era industrial. Tornou-se sinônimo de equipamentos ou maquinário e não mais de técnica. Hoje em dia, acredita-se que a tecnologia não se traduz apenas em equipamento e sim em um processo de desenvolvimento, uma forma de vida (GONÇALVES et al, 2001, p. 56).

À luz da pedagogia, os recursos tecnológicos são conhecidos como media-dores do objeto do conhecimento. Segundo Petrovski apud Vasconcelos (1995, p. 63), esta mediação pode ser “objetal6, ilustrada, verbal ou simbólica7”. Favorecer mais ou menos conhecimento depende da qualidade da mediação do objeto. Quanto mais próxima da realidade do aluno, maior será o significado gerado e, por conse-guinte, maior será a qualidade da mediação no processo de construção do conhe-cimento. Na figura 1.3, visualiza-se uma representação da utilização dos recursos tecnológicos como mediação.

6 Objetal – relativo à manipulação de objetos, sua elaboração mecânica, montagem e

desmontagem, pesagem, medição, translação.

7 Simbólica – atividades envolvendo representação gráfica, nomeação, designação ou descrição

(32)

Figura 1.3 – Representação da mediação na construção do conhecimento.

A evolução dos meios de comunicação provocou modificações nas formas de pensar e de construir o conhecimento, gerando um grande impacto. Há uma enorme facilidade de acesso aos dados e informações graças à Internet, além de grandes possibilidades de interação.

O receptor das mensagens oriundas dos meios de comunicação pode atribuir um tratamento adequado de acordo com o grau de significância. Uma informação se transforma em conhecimento apenas se houver alguma modificação. Caso contrário, será apenas uma transferência. Com base nos trabalhos de Lévy apud Gonçalves et al (2001, p. 60), no processo de transformação, a informação precisa ser contex-tualizada, problematizada e/ou relacionada pelo sujeito, a fim de se tornar conhe-cimento, como pode ser visualizado na figura 1.4.

(33)

Este trabalho pretende mostrar que o processo pode acontecer de forma personalizada, adaptando-se a cada aluno. A produção de conhecimento se dá quando o aluno consegue estabelecer relações com o objeto nos contextos social, cultural e laboral8. Neste sentido, acredita-se que os recursos tecnológicos podem desenvolver potencialidades individuais, cognitivas, afetivas, sociais e estéticas por meio da utilização e experimentação tanto no espaço de aprendizagem virtual quanto presencial, sendo essa a base deste trabalho. Na figura 1.5, uma representação da relação da produção do conhecimento e seus contextos.

Figura 1.5 – O conhecimento produzido e seu contexto.

Na educação profissional, a utilização de recursos tecnológicos incentiva a aplicação de técnicas de uso que acrescentam significado ao exercício da profissão. À medida que a técnica é praticada, seu o domínio favorece um grau maior de conhecimento que passa a ser acumulado. Isso não se traduz, necessariamente, em aparelhos de última geração, mas em ações e práticas que tragam ao aluno um sentido para o exercício da atividade profissional.

Para Haetinger (2003, p. 196), “o uso da tecnologia está relacionado ao aperfeiçoamento do ensino-aprendizagem, porém não pode ser somente uma

(34)

modificação da técnica, precisamos mudar os paradigmas pedagógicos”. Entende-se, pois, que cabe ao mediador, seja no ensino formal ou no profissional, o papel de promover a transformação da informação em conhecimento para o aluno.

Ao analisar um recurso, para sua efetiva utilização em um plano de trabalho, o professor precisa identificar como irá utilizá-lo e em que medida isso ocorrerá, de forma a permitir a integração dos demais componentes do curso (conteúdo, objetivos, metodologia), observando-se a característica de cada aluno ou grupo em um ambiente pedagógico propício. Na verdade, busca-se um sentido modificador da prática por meio do levantamento das necessidades dos alunos (cognitivas, afetivas e sociais) com o intuito de consolidar os conhecimentos (saber, fazer e ser).

O esquema da figura 1.6 sintetiza o pensamento do parágrafo anterior:

Figura 1.6 – Esquema da análise da utilização dos recursos tecnológicos.

1.3

A

E

DUCAÇÃO DE

A

DULTOS E A

EAD

O perfil do aluno da EAD é caracterizado por grupos de pessoas que foram impedidas de estudar devido a limitações geográficas, físicas, sociais e econômicas. Em geral, adultos, trabalhadores que necessitam de formação continuada ao longo da vida (Bonamino et al, 2000, p. 16).

(35)

Peters (2001, p. 37-38) verificou que os alunos de EAD possuem experiência de vida amadurecida; vivência profissional que influencia no seu modo de estudar (principalmente quando precisa dividir o tempo entre trabalho e estudo), condição social que o faz procurar a EAD como uma segunda oportunidade, já que não foi possível estudar no tempo adequado; busca de uma situação socioeconômica mais elevada devido às suas experiências profissionais e, em geral, o estudo tem um objetivo mais contextualizado em seus planos de vida.

Chermann e Bonini ([2001], p. 32) destacam que alguns elementos devem ser lembrados ao tratar da educação de adultos visto que, diferente do presencial, não há voz ou gesto para chamar atenção. O autor, neste caso, refere-se ao contato pessoal não se reportando aos recursos de som e imagem que podem ser incluídos na EAD. Portanto, no planejamento dos módulos do curso, é importante: ter objetivos claros, demonstrar relevância do conteúdo a ser apresentado e estimular o envolvimento do aluno. Com base nisso, este trabalho propõe no capítulo III a elaboração de um plano de ação docente utilizando competências no contexto da EAD. Ainda, segundo Chermann e Bonini, deve-se, também, atentar para a motivação por tratar-se de um público adulto (em geral dividindo-se entre vários afazeres) e planejar retornos imediatos. Por isso, o ambiente de aprendizagem deve envolver os alunos em um clima de compartilhamento de informações de forma a validar a base de conhecimento por meio de uma comunicação bidirecional, cujo retorno deve ser imediato, para que o aluno se sinta seguro quanto à disponibilidade de suportes. Para tanto, este trabalho propõe que o acompanhamento personalizado de acordo com as características e necessidades do aluno é a saída para um melhor aproveitamento.

O documento “Educação, um tesouro a descobrir” (Delors, 1996 apud Bonamino, 2001, p. 73) enfatiza que “cada indivíduo deve aprender a aprender. E

(36)

também aprender a compreender as pessoas e o mundo ao seu redor”. Segundo o documento, os pilares para a educação do século XXI são: “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser ao longo da vida”. A educação revela seu caráter de renovação constante e necessária do indivíduo. Na andragogia9, destaca-se a necessidade do desenvolvimento contínuo de habilidades, conhecimentos e experiências no decorrer de sua existência.

Em detrimento do condutivismo10 que prima a ação e o reforço, o aluno adulto é capaz de fazer suas próprias opções, controlar seu ritmo de aprendizagem e agir de modo ativo no seu desenvolvimento educacional com base no princípio da autonomia.

Os alunos, na fase adulta, possuem características próprias da idade que interferem no processo de aprendizagem, entre elas: experiências, compromissos e responsabilidades familiares, profissionais e sociais. Em geral, procuram formação profissional pressionados pela necessidade de emprego, de ascensão e projeção social (PINHEIRO e GONÇALVES, 1997, p. 28).

Para superar esses desafios, eles precisam aprender conteúdos e habilidades necessárias para a obtenção de um emprego, manutenção do mesmo ou ascensão a níveis superiores; desenvolver comunicação oral e escrita para facilitar sua participação na vida profissional, social e política.

9 Educação para adultos

10 Condutivismo – teoria formulada por Skinner na qual considera-se o estímulo e o reforço. Neste

modelo, utilizado em programas militares de adestramento dos EUA, nos anos 50, os objetivos das condutas esperadas eram especificados, suas condições de execução, os graus de medida e os critérios de avaliação. (LEITE, 1999 apud GONÇALVES et al, 2001, p. 57)

(37)

A aprendizagem de adultos está relacionada ao desenvolvimento de experiências próximas da realidade profissional. Será mais fácil, se as atividades forem dirigidas para suas expectativas, centradas na ação (saber fazer), se houver dinâmicas contextualizadas e se a cooperação e autonomia forem estimuladas.

As atividades a serem desenvolvidas pelos alunos durante o curso devem proporcionar a participação e a reflexão. O ambiente deve ser um espaço de diálogo e troca. O aluno deve ser respeitado enquanto indivíduo que possui experiências pessoais e profissionais a serem compartilhadas.

A seguir, será relatada a experiência de um curso a distância do programa de educação corporativa de uma instituição de educação profissional. As observações realizadas serviram de base para a investigação e o desenvolvimento deste trabalho.

1.4

R

ELATO DE

E

XPERIÊNCIA

-

PRODE

O Programa de Desenvolvimento de Educadores (Prode) foi elaborado e executado no período de outubro a dezembro de 2002 no Senac de Fortaleza. É um dos programas da Educação Corporativa destinado ao corpo técnico (instrutores, supervisores e coordenadores) para o desenvolvimento de competências operativas que são aquelas que visam a aperfeiçoar o desempenho das atividades ou funções.

A missão do Prode consiste em preparar multiplicadores que possam dar continuidade às ações da Instituição, ou seja, desenvolver pessoas e empresas para o mundo do trabalho voltado para comércio e serviços, cultivando valores éticos, de preservação do meio ambiente e de cidadania.

(38)

O Prode tem, como objetivo, desenvolver um agente de formação profissional que, em seu perfil de conclusão, deverá demonstrar ser um indivíduo capaz de:

• Dominar os atuais fundamentos teóricos e legais da educação profissional; • Adotar postura e atitude profissional coerentes com os princípios

institu-cionais e educainstitu-cionais do Senac;

• Refletir sobre as tendências em planejamento e metodologias de ensino com foco em competências junto a equipes de educadores;

• Atualizar-se para o redimensionamento da ação pedagógica;

• Aprofundar conhecimentos que subsidiem a prática pedagógica, possi-bilitando além da apropriação de conteúdos, o desenvolvimento de novas formas de pensar o fazer docente;

• Contribuir na reflexão acerca do perfil do líder educador.

O Prode foi realizado dentro de uma carga horária de 168 horas-aulas, utili-zando uma metodologia semi-presencial, 93 aulas presenciais e 75 horas-aulas a distância.

O Prode foi montado por uma equipe multidisciplinar de técnicos em edu-cação profissional composta dos elementos descritos na figura 1.7.

Quant. Técnico em... Com formação em... Função 1 Responsável pela EAD Psicologia Coordenação

1 Educação corporativa Pedagogia Coordenação logística

1 Informática Informática Suporte técnico

1 Formação profissional Pedagogia Suporte técnico-pedagógico

(39)

A equipe também foi responsável pela definição dos professores que desenvolveram o programa cuja operacionalização seguiu alguns passos:

1. Contato com o professor para discussão do programa; 2. Preparação do plano de aula do módulo;

3. Preparação do material didático;

4. Disponibilização do material no ambiente virtual; 5. Execução;

6. Fechamento/Avaliação.

A estrutura curricular do Prode foi montada de maneira a propiciar o desenvolvimento de competências gerais e específicas necessárias para atender à perspectiva da qualidade política e formal da educação profissional no Senac. A partir das competências necessárias a essa perspectiva, foram definidos os conteúdos do programa, carga horária (descritos na figura 1.8), metodologia de estudo, o material necessário, o tipo de tutoria e o sistema de avaliação.

Carga Horária

Módulo Competências Unidades temáticas

Presencial A dist.

I

Conhecer as principais ferramentas de ensino/aprendizagem a distância utilizadas na Internet e a instalação de curso on-line a ser implementado durante a experiência

Utilizando ambientes na Internet para a

EAD 15 —

II Conhecer os fundamentos teóricos, legais e institucionais norteadores da educação profissional para a construção adequada de planos de cursos

Fundamentação legal e teórica da educação

profissional: 12 15

III Aplicar os fundamentos da inteligência

emocional na prática pedagógica Educação Emocional 8 15 IV Usar adequadamente a voz para melhor se expressar oralmente e para evitar distúrbios

no aparelho fonador Comunicação, dicção e impostação da voz 16 — G E R A I S

V Adotar um comportamento social adequado à profissão, a fim de representar a instituição em qualquer evento.

Comportamento

profissional e social 4 15

(40)

Carga Horária

Módulo Competências Unidades temáticas

Presencial A dist. I Compreender as tendências pedagógicas, reconhecendo as suas implicações no

desenvolvimento da educação profissional

Tendências pedagógicas na

educação profissional 4 — II Compreender a nova concepção de currículo centrado em competências, para aplicação

na elaboração de planos de cursos e de aula.

Planejamento de ensino com foco em

competências 8 12

III Adotar uma prática interdisciplinar, utilizando, entre outros recursos, a pedagogia de projetos.

Metodologia de ensino: a pedagogia

de projetos 8 —

IV Conhecer os recursos de multimeios

existentes e utilizá-los corretamente Utilização de multimeios 4 — V Trabalhar as disciplinas Ética e Meio Ambiente de modo transversal, garantindo a

integração curricular. Temas transversais 6 18 E S P E C Í F I C A S VI

Compreender a nova perspectiva de

avaliação com foco nas competências, a fim de sistematizar o modelo de avaliação do Senac/CE.

Avaliação com foco

em competências 8 12

Carga horária total 93 75

168

Figura 1.8 – Estrutura curricular (continuação da página anterior)

1.4.1 M

ETODOLOGIA DE ENSINO

O desenvolvimento do programa utilizou uma metodologia de educação semi-presencial, adotando-se as seguintes estratégias:

• Estudos individualizados intercalados com momentos presenciais e oficinas para experimentação na prática educativa (prática experimental); • Uso de ambiente virtual de aprendizagem descrito no item 1.4.4.

Contou com o apoio pedagógico de orientadores de aprendizagem (tutores) que tinham como função:

• Esclarecer dúvidas, procurando sanar as dificuldades;

• Sugerir leituras, vídeos e bibliografia complementar para enriquecer os estudos;

(41)

• Avaliar as produções de textos, orientando quanto aos resultados da avaliação.

1.4.2 R

ECURSOS DIDÁTICOS

Os recursos didáticos utilizados no curso foram os seguintes:

• Manual de orientações – um resumo impresso contendo uma introdução geral ao curso, com o objetivo de fornecer as informações e as orientações necessárias para a participação do aluno nas atividades propostas.

• Textos para leitura e aprofundamento do estudo. • Textos on-line.

• Pesquisas em sites. • Utilização de vídeos.

1.4.3 C

RITÉRIOS DE

A

VALIAÇÃO

A avaliação dos participantes ocorreu ao longo do processo, com o objetivo de acompanhar o progresso individual, procedendo orientações, quando necessário, para uma constante promoção qualitativa.

O desempenho individual foi avaliado através da participação ativa nos momentos presenciais, nas oficinas, nas produções textuais e no trabalho final que tratou de um relatório da prática experimental. Foram atribuídos, às produções textuais e ao trabalho final, conceitos A, B e C, observando-se os seguintes critérios:

Quanto ao conteúdo:

• Clareza dos conceitos;

(42)

• Propriedade das relações com a prática. Quanto à estrutura:

• Encadeamento lógico das idéias; • Capacidade de síntese;

• Coerência e consistência do discurso em relação ao tema proposto; • Contribuição para a prática.

Os professores foram orientados a trabalhar com base em competências; porém, dos planos apresentados, apenas 2 seguiram esta linha, os demais foram montados de maneira tradicional, ou seja, por conteúdos.

1.4.4 O

AMBIENTE VIRTUAL

O ambiente virtual escolhido para aplicação do Prode foi o TelEduc. O TelEduc é um ambiente para criação, participação e administração de cursos na Web. Foi desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Informática Aplicada à Educação – NIED da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Foi projetado para facilitar o processo de formação de professores na área de Informática na Educação (ROCHA, [2001], p. 197).

Os fatores que influenciaram na escolha do TelEduc como ambiente virtual:

• Facilidade de uso por pessoas que tinham pouca experiência em Informática;

• Flexibilidade na sua utilização, permitindo inserir diversos tipos de arquivos; • Funções objetivas que foram facilmente identificadas pelos usuários; • Sem custos para a entidade.

(43)

1.4.5

A

S OBSERVAÇÕES

O curso foi desenvolvido no período de 09/10 a 06/12/2002. Os participantes demonstraram grande expectativa e curiosidade em relação à utilização do ambiente virtual, por se tratar da primeira experiência da equipe com o TelEduc. Na seqüência, serão relatadas as observações feitas:

1.4.5.1

O

S RECURSOS MAIS UTILIZADOS

A

SPECTOS QUANTITATIVOS

Das opções disponíveis no ambiente virtual TelEduc, as mais utilizadas estão descritas na figura 1.9:

Agenda Programação atualizada das atividades. Perfil Apresentação dos alunos e formadores.

Fórum de discussão Aberto para troca de idéias sobre três grandes temas: Educação profissional, Ambientes virtuais e Inteligência emocional. Pasta de leituras Textos e slides das aulas presenciais.

Portfólio Arquivos pessoais dos alunos. Serviços de mensagens Troca de e-mails.

Mural Mensagens e avisos gerais.

Figura 1.9 – Recursos do TelEduc mais utilizados no Prode

Na figura 1.10, pode-se observar um demonstrativo da interação da turma:

Dos 26 inscritos...

com freqüência 11

Acessaram o TelEduc

< 2 vezes 7

com freqüência 7

Enviaram e receberam mensagens

freqüência 0 6

Ambientes virtuais de aprendizagem 9

Educação profissional 35

Participaram no fórum de discussão

Inteligência emocional 13

Evadiram Devido ao acúmulo de atividades paralelas 7

Concluíram Todos os módulos 19

(44)

1.4.5.2

D

IFICULDADES OBSERVADAS

Ao longo do curso, a equipe técnica observou alguns obstáculos que foram agrupados em três categorias de dificuldades: técnica, de gestão e pedagógica (figura 1.11):

Técnica

ƒ Nem todos os participantes tinham computador para acessar e desenvolver a parte a distância;

ƒ O serviço de bate-papo do TelEduc não estava funcionando, não permitindo explorar esta ferramenta;

ƒ O TelEduc ficou fora do ar por 15 dias, devido a problemas com a queda de energia na provedora, desestimulando a parti-cipação.

Gestão

ƒ O período do curso coincidiu com uma série de atividades importantes provocando evasões.

ƒ Extensa carga horária para o tempo a ser cumprido.

Pedagógica

ƒ O planejamento do curso deixou a desejar notadamente nas estratégias e formas de controle da parte a distância;

ƒ Os professores não estavam familiarizados com a metodologia a distância;

ƒ Ausência do estabelecimento de prazos e outros sistemas de controle da participação no ambiente virtual de aprendizagem e nas atividades propostas;

ƒ Indefinição das formas e critérios de avaliação dos alunos desde o início do curso.

Figura 1.11 – Dificuldades observadas

1.4.6 C

ONCLUSÕES PRELIMINARES

A equipe técnica do Prode acompanhou de perto seu desenvolvimento, avaliou cada ponto e buscou soluções para reduzir ou minimizar os impactos causados pelos obstáculos. O sucesso desta ação foi reconhecido pelos partici-pantes e por seus gerentes, por meio da observação das mudanças qualitativas que provocaram e nos resultados positivos apresentados ao longo dos desempenhos dos profissionais; atendendo, assim, aos objetivos da Educação corporativa do Senac/CE.

(45)

No entanto, o corpo técnico também estava consciente de que o Prode preci-sava de melhorias para a sua nova versão. Dos resultados obtidos na observação deste programa, foi possível constatar os tópicos relacionados na figura 1.12:

Conclusões preliminares

ƒ A mudança de paradigma de foco em conteúdos para foco em competências gerou inquietação e insegurança no corpo docente;

ƒ O tema competências é complexo, por envolver muitas características subjetivas, dificultando a avaliação do desempenho dos alunos por parte dos professores;

ƒ A falta de verificação dos resultados de cada aluno no ambiente virtual prejudicou a avaliação do mesmo;

ƒ O uso do ambiente virtual não possibilitou o acompanhamento individual dos alunos, devido ao despreparo dos professores e à indisponibilidade de uma metodologia eficaz;

ƒ As características individuais dos alunos não foram trabalhadas o suficiente para que pudesse chegar aos objetivos de acordo com seus ritmos;

ƒ As falhas técnicas e a falta de acesso de alguns participantes prejudicaram a motivação; ƒ As estratégias adotadas não estavam voltadas para competências dentro da EAD.

Figura 1.12 – Observações

1.4.6.1

S

UGESTÕES DE MELHORIAS

A experiência desencadeou um processo de reflexão com vistas a aperfeiçoar o programa, dada a importância do produto para a entidade e seu efeito contínuo na formação de novos educadores. Os desafios, no desenvolvimento de um projeto no modelo de competências, são muitos. Uma avaliação eficaz para esse novo paradigma precisa estar adequada ao perfil individual de cada aluno, respeitando suas características pessoais e ritmos de aprendizado.

As propostas de reajuste, com o intuito de corrigir e aprimorar o programa de forma que atenda ao caráter personalizado de cada aluno, estão relacionadas na figura 1.13, divididas nas categorias de gestão e pedagógica.

(46)

Gestão

ƒ Estabelecer responsabilidades e papéis de cada profissional envolvido na organização e execução do Prode;

ƒ Distribuir melhor a carga horária das aulas presenciais – evitando choques com atividades importantes para evitar ausências;

ƒ Enviar e-mails ou utilizar outras formas de comunicação para manter a participação dos alunos ativa;

ƒ Estabelecer e cobrar prazos de entrega de trabalhos, número de faltas permitidas, participações virtuais, cumprimento de horários, entre outros.

Pedagógica

ƒ Elaborar planejamento do curso com as coordenações envolvidas e com o suporte técnico-pedagógico, utilizando o modelo de competências;

ƒ Elaborar e comunicar critérios de avaliação e aprovação dos alunos logo no início do curso, de forma clara;

ƒ Orientar professores sobre como utilizar a carga horária a distância; ƒ Criar atividades virtuais a serem desenvolvidas fora de sala de aula para

cada disciplina;

ƒ Cobrar dos professores a criação de alternativas para sistematizar e sintetizar a participação dos alunos nos fóruns de discussão e outras atividades virtuais;

ƒ Utilizar o bate-papo como estratégia de interação e aprendizagem; ƒ Utilizar a avaliação formativa dos alunos na metodologia a distância.

Figura 1.13 – Proposta de Melhorias

Alguns desses tópicos serão abordados no modelo sugerido e desenvolvido nos próximos capítulos.

1.5

R

ESUMO DO CAPÍTULO

Neste capítulo, foram colocados os conceitos básicos da educação profis-sional no modelo de competências. Também foram levantadas algumas reflexões em relação a educação de adultos e a EAD.

Por fim, foi feito um relato de experiência de um curso de EAD. Foram relacionadas as observações acerca dos recursos mais utilizados, aspectos quantitativos e as dificuldades encontradas. Algumas conclusões que já puderam ser levantadas. A partir delas, foi possível sugerir alguns tópicos como solução para a melhoria da qualidade da EAD utilizando-se o modelo de competências, respeitando o ritmo de cada aluno.

(47)

CAPÍTULO II

AVALIAÇÃO E SISTEMAS DE

TRATAMENTO DE INCERTEZAS

“A observação é o que me possibilita o exercício do aprendizado do olhar. Olhar é como sair de dentro de mim para ver o outro. É partir da hipótese do momento de educação que o outro está para colher dados da realidade, para trazer de volta para dentro de mim e repensar as hipóteses. É uma leitura da realidade para que eu possa me ler.”

(FREIRE, M., 1989, p.3)

2.1

I

NTRODUÇÃO

Neste capítulo, será discutida a avaliação dentro dos contextos da educação formal, profissional e a distância. Para isso, será feito um levantamento dos estudos relacionados ao tema, suas características e objetivos. Dar-se-á um cunho peda-gógico, procurando contextualizar o foco em competências. E, por fim, será feita uma introdução sobre o sistema de tratamento de incertezas, para fundamentar a proposta a ser apresentada nos capítulos seguintes.

(48)

2.2

P

LANEJAMENTO

,

A

PRENDIZAGEM E

A

VALIAÇÃO

Em boa parte, os trabalhos sobre avaliação estão ligados à educação formal, com base nas teorias de aprendizagem voltadas para o ensino fundamental.

2.2.1

D

EFINIÇÃO DE AVALIAÇÃO

Hoffman (1991, p. 17) assegura que “a avaliação é essencial à educação. Ine-rente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação”. E mais:

“A avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acom-panhamento, passo a passo, do educando na sua trajetória de construção do conhecimento”. (p.18).

Luckesi (1995, p.118) afirma que “enquanto o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na verificação de como estamos construindo o nosso projeto.” Segundo ele, a avaliação é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planejou, como também, no redimensionamento da direção da ação. Ele defende que avaliar é um ato amoroso, no sentido de acolher uma situação e não julgá-la. O acolhimento dá suporte à mudança, se necessária. (p. 172).

Ribeiro, V.M.B. (2000, p. 12) considera que “avaliar é agir observando a realidade, idealizar qual deverá ser esta realidade e a ela atribuir um juízo de valor para tomar decisões sobre o que fazer”. Nessa lacuna entre a realidade e a tomada de decisão, revela-se a importância do planejamento. A avaliação está entre o julgamento de valores e a tomada de decisão.

(49)

Classificação da Avaliação

Categorias Descrição Significado

Contínua Ocorre durante o processo de ensino e aprendizagem. Regularidade

Pontual É realizada no final do período. Interna É o papel do próprio professor. Avaliador

Externa É realizada por outra pessoa (coordenador, supervisor). Explícita A situação é clara e conhecida.

Explicidade

Implícita Os alunos não sabem que estão sendo avaliados. Normativa Compara o rendimento do indivíduo com o do grupo. Comparação

Criterial Situa o aluno em relação ao alcance ou não de critérios-alvo (vestibular, concursos). Diagnóstica Realiza prognóstico sobre as capacidades dos alunos. Somativa Faz o balanço de um trabalho de formação. Informa, situa ou classifica. Formação

Formativa Proporciona informações acerca do desenvolvimento de um processo. Contribui para melhorar a aprendizagem.

Figura 2.1 – Fonte: RABELO, 1998, p.72.

A função reguladora da avaliação formativa faz com que alunos e professores ajustem suas estratégias e dispositivos. De um lado, reforça de modo positivo as competências atingidas que estão em conformidade com os objetivos definidos previamente. De outro, permite ao aluno analisar situações de forma a identificar e proceder às correções para eventuais erros nas atividades.

Pretende-se no experimento, utilizar uma avaliação formativa. Acredita-se que o desenvolvimento das competências será favorecido, buscando confirmar que a regulação é um facilitador de aprendizagens.

A avaliação reguladora enfrenta muitos obstáculos na medida que exige o reconhecimento das diferenças e o combate às desigualdades. Nesse caso, a prática docente deve ser diferenciada para poder considerar ritmos e tempos individuais de aprendizagem diferente de um modelo de organização curricular distribuído em disciplinas que estabelece um tempo comum e igual para o grande

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