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3.1. M USEUS E I NTERNET

3.1.1. W EBSITE

A importância atual da Internet, para uma sociedade cada vez mais digital, é fulcral. O digital, torna o acesso à informação móvel, imediato, ubíquo e universal (Gouveia, 2009). A Internet revelou-se como uma ferramenta poderosa de comunicação revolucionando a forma como as instituições se relacionam com o seu público. As instituições culturais, perante a potencialidade das Tecnologias de Informação e Comunicação, dos novos media e da Internet, questiona-se sobre o seu papel na rede e as transformações necessárias para aproveitar este desenvolvimento comunicacional tecnológico. A instituição e o objeto museológico estão a sofrer alterações onde florescem novas formas de pensar o Museu, vendo-o como instituição que não deve estar limitado ao espaço físico e devendo-se tornar acessível a um público maior onde a interação, facilidade de acesso à informação e possibilidade de personalização tornam o seu visitante num utilizador ativo capaz de contribuir e colaborar com o Museu criando laços mais estreitos entre as duas entidades. A sociedade atual está cada vez mais familiarizada com as novas tecnologias e utiliza a Internet como meio normal de comunicação tanto síncrona como assíncrona. Esta utilização natural da Internet como meio de comunicação faz como que as instituições culturais tenham que desmistificar a utilização da rede como meio de chegar ao seu público, já que parte da nova geração cresceu inteiramente ligada às novas tecnologias e tem expectativas altas no que diz respeito às possibilidades ilimitadas que as organizações têm ao seu alcance na utilização destas tecnologias para expansão dos seus recursos. A Internet não pode ser vista como algo à parte do mundo real, as suas raízes já são tão profundas que a questão deixa de ser vista como presença ou não na Internet, para ser vista como a comunicação, por parte da instituição cultural, ser feita eficazmente ou não.

A necessidade da presença na Internet e o desenvolvimento dos websites levantam questões sobre os perigos em que é colocado o Museu físico perante a concorrência do Museu virtual. Será que os visitantes, tendo acesso ao acervo e coleções de um Museu online, ainda se deslocam ao Museu físico para o visitar? Muitos autores refletem sobre a temática, vários pensam que o Museu físico continuará a receber visitas mesmo que permitam uma experiência de visita online do Museu. Um sítio web, ou um website, é um conjunto de páginas web, cuja informação está acessível através de hipermedia35. Esta ferramenta tão disseminada e quase banal na atualidade da Sociedade da Informação pode ser utilizada para diversos fins e com várias funcionalidades.

35 O conceito hipermédia (Nelson, 2005), juntamente com hipertexto, foi criado na década de 1960 pelo sociólogo Theodor Nelson. Hipertexto é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons (Parente, 1999), cujo acesso se dá através de

A ADOPÇÃO DE SOCIAL MEDIA POR MUSEUS COMO UMA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO

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Numa perspetiva museológica e de forma resumida, o website do Museu pode ter:

 Cariz informacional, onde o Museu indica uma série de informações úteis sobre si próprio (horários, funcionamento, exposições, etc);

 Cariz expositivo, onde o sitio do Museu é pensado como um portfólio do Museu, mostrando o seu acervo e/ou exposições;

 Cariz coletivo, onde o Museu pretende recolher informações sobre o utilizador;

 Cariz comunitário, onde o Museu promove a utilização de fóruns de discussão e impulsiona o sentido de comunidade.

Naturalmente os websites dos museus, poderão incorporar um dos pontos assinalados ou mesmo todos, cumprindo desta forma diferentes solicitações de vários públicos.

Um estudo realizado por Paul Marty conclui que os visitantes do Museu virtual têm-no como complementar no que diz respeito a informação e recursos fornecidos mas não substituem os recursos disponibilizados pelos museus físicos. Também conclui que muitos utilizadores procuram o Museu online antes da visita in loco para lhes permitir aferir o interesse da exposição bem como obter informações adicionais sobre as mesmas (P. Marty, 2006)

Também Thomas e Carrey (2005) defendem que a visualização dos objetos museológicos de uma forma virtual pode levar o utilizador a criar interesse na visita física (Thomas & Carrey, 2005). Maria Piacente em 1996 desenvolve uma tipologia tripartida de análise dos websites de museus (Teather, 1998). Segundo esta tipologia existem três tipos de websites: folheto eletrónico, Museu virtual e o Museu interativo. O folheto eletrónico serve para a apresentação institucional do Museu, esta página serve de rosto da instituição na Web, permitindo uma exposição constante para o mundo exterior sem limitação horária ou espacial. O Museu virtual é definido como um site em que o Museu ou organização cultural apresenta informações mais detalhes sobre o Museu e o seu acervo projetando no site a exposição física enriquecida com informações adicionais e permitindo a continuidade da exposição no virtual e a manutenção da informação vital do acervo. Quanto ao último tipo, os museus interativos, a palavra-chave é a interatividade, visto que, na realidade, pode ter por base o Museu físico ou o Museu virtual mas a sua maior diferença é que a disponibilização da informação é feita de forma interativa permitindo ao utilizador ter um papel ativo no percurso expositivo. Esta tipologia permite distinguir a forma como os museus utilizam a Internet, pela evolução tecnológica inerente à Web 2.0 os museus virtuais, são eminentemente interativos, mas o site de um Museu não é necessariamente um Museu virtual. Desta forma, a visão pretendida agrega a ideia de Museu virtual à ideia de Museu interativo.

referências específicasdenominadas hiperlinks, mais conhecidos por links. Hipermedia é a reunião de várias medias num suporte computacional, suportado por sistemas eletrónicos de comunicação (Scavetta & Lauffer, 1997).

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Atualmente, um grande número de museus possui websites institucionais, meramente informativos. A utilização das páginas web como meio de divulgação de informação institucional tornou-se a forma mais prática e eficaz de comunicação sobre o seu acervo, atividades e exposições com o seu público. Um grande número de museus nacionais e internacionais já o faz de uma forma muito eficaz. No entanto, os museus encontram-se perante questões de desenvolvimento da museologia em si, questionando as formas de aproximação do Museu com o público permitindo nas suas páginas uma maior interação, podendo transformar-se como ponto de maior informação sobre o acervo existente, bem como uma alternativa à visita in loco.