• Nenhum resultado encontrado

A partir da década de 70 do século passado, o Museu começa a ser perspetivado de um modo divergente da visão tradicional de Museu, cada vez mais se sentia a necessidade de integrar o Museu na comunidade e na sociedade aproximando a organização das pessoas, com esta visão em mente, começa-se a redefinir novos parâmetros em conformidade com as transformações sociais sentidas. Desta forma, foi na mesa redonda sobre a função do Museu em Santiago do Chile, em 1972 que surgiu o conceito de Nova Museologia. A visão da Nova Museologia, transforma e dinamiza o Museu de uma forma verdadeiramente integradora do mesmo na comunidade. Assim, a instituição museológica abandona a caracterização de local de depósito de objetos de interesse cultural e passa a integrar um novo paradigma, onde o envolvimento com a comunidade é um alicerce essencial à construção de um projeto em ação, dinâmico e interativo (Kavanagh, 2005). Esta nova visão paradigmática do Museu levou a conceção de um Museu voltado para o desenvolvimento da comunidade apoiado no património, dedicando-se à articulação com a sociedade no sentido de promover a identidade social, património imaterial e cultura da comunidade em que está inserido (Maure, 1994). Na Nova Museologia, o Museu deixa de ser uma organização estante, com a intervenção social o processo museológico fica enriquecido, já que a aproximação da comunidade faz com que as pessoas se envolvam no processo, abandonando o

A ADOPÇÃO DE SOCIAL MEDIA POR MUSEUS COMO UMA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO

56

papel de meros observadores e passando a ter um papel ativo na construção do processo museológico (C. Santos, 1996). Desta forma, o processo do Museu deixa de se esgotar em si próprio visto ampliar a sua capacidade com os inputs da sociedade onde a pesquisa, preservação e comunicação são tidos como fatores essenciais de sucesso para o novo Museu (C. Santos, 2002). Esta nova ligação à comunidade, faz pensar no papel dos profissionais museológicos que, neste novo paradigma, têm uma intervenção fundamental pois para além de detentores de um conhecimento especializado no acervo, passa também a ser essencial que se convertam em agentes culturais cujo principal papel é a ligação entre o objeto e a comunidade (de Varine, 1991), articulando o papel do Museu com o sentido de comunidade. O Museu, começa a direcionar-se para um caminho onde permite aos seus visitantes uma visão própria e pessoal do acervo, esta visão está dependente do visitante, das suas vivências e experiência, não do Museu.

Assim, o Museu não é apenas museologia21, no sentido restrito da palavra, é um cruzamento de diversas áreas, tornando-se transdisciplinar o que resulta numa nova prática social mais enriquecedora para a cultura e para a comunidade.

Nas últimas décadas denota-se uma tendência para massificação da comunicação. Com esta massificação surgiram, no Museu, novas visões museológicas conseguindo atingir novos públicos, usando novas tecnologias e abordando temáticas que na museologia tradicional não tinham valor ou eram consideradas tabu. Os museus também começam a refletir sobre o seu financiamento, utilizando parceiros, mecenas para conseguir financiamento, como fazem vários museus nacionais como Museu do Chiado22, Museu Nacional de Arte Antiga23, Museu Nacional Soares dos Reis24 entre outros, ao abrigo do Decreto-Lei nº 108/2008 de 26 de Junho. Mas também vêm sendo consideradas novas formas de financiamento como marketing ou campanhas publicitárias que têm por objetivo a promoção e reconhecimento do Museu na sociedade.

Esta perspetiva de Museu subentende-o como uma instituição da comunidade e para a comunidade, que se adapta às necessidades sociais relevantes atuais sendo a sociedade o seu campo de atuação e, ao mesmo tempo e de uma forma abstrata o seu objeto de estudo, já que o Museu, como afirmado anteriormente, estabelece outro papel, com grande relevância, às pessoas e às suas visões e perspetivas do património. A Nova Museologia sugere o desaparecimento de toda e qualquer barreira, perspetivando um Museu aberto, vivo e participativo(Hernández, 1998). Este ponto é essencial à mudança da Nova Museologia, já que o Museu na sua conceção

21 Museologia é o estudo dos museus e como estes criaram e desenvolveram o seu papel como um mecanismo educativo mediante o contexto social e politico (Vergo, 1989).

22 http://www.museuartecontemporanea.pt/pt/node/66 - consultado em 20 de Julho de 2013

23 http://www.museudearteantiga.pt/pt-PT/mecenas/ContentDetail.aspx - consultado em 20 de Julho de 2013 24 http://www.museusoaresdosreis.pt/pt-PT/mecenas/ContentDetail.aspx - consultado em 20 de Julho de 2013

A ADOPÇÃO DE SOCIAL MEDIA POR MUSEUS COMO UMA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO

57

tradicional, é uma instituição fechada e elitista, dando grande relevância à conservação mas não à comunicação ou às relações sociais.

Moutinho, indica oito pontos essenciais definidos em 1984, na Declaração de Québec, as características inovadoras da Nova Museologia (Moutinho, 1989):

 Memória coletiva;

 O foco passa a ser o individuo e a sociedade e não só o objeto museológico;

 A Nova Museologia deve ser vista como um fator neutro e equilibrador entre a institucionalização do processo e a permanente busca de novos processos e movimentos;

 A criação de comunidades de interesse, de vários pontos de vista deve ser um dos objetivos do Museu, além da conservação e preservação do objeto museológico;

 Trabalho em rede e em equipas multidisciplinares trazem mais-valias à instituição;

 A participação da comunidade deve estar refletida em todos os aspetos funcionais e estruturais do Museu;

 O visitante passivo passa a visitante colaborativo;

 O novo Museu requer novas atitudes, relações sociais e métodos de trabalho.

De uma forma sucinta, o Museu, visto de uma perspetiva tradicional é centrado no objeto museológico sendo ele o seu foco de estudo e o seu objetivo a conservação e informação sobre o mesmo, já o Museu, perspetivado através das linhas orientadoras da Nova Museologia, é um meio de desenvolvimento de comunidades de interesse, tendo por base a comunicação com a sociedade utilizando para a tal a imersão entre o público e o seu património material, imaterial (Fernández, 1999).

Esta nova perspetiva museológica, deve ser vista como uma evolução natural assentes nos princípios da Sociedade da Informação, não deve ser considerada como a solução de modernização dos museus. É antes uma adaptação e modernização dos métodos e técnicas de documentação, administração e movimento no Museu, ao serviço e disposição da comunidade numa perspetiva educativa e cultural (Moutinho, 1989).