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Outro instrumento de recolha de informação utilizado foi o inquérito por entrevista, que se caracteriza pela participação ativa do investigador havendo uma interação entre este e os inquirido. O inquérito por entrevista realizou-se recorrendo a ambientes online com base em ferramentas de comunicação síncronas e/ou assíncronas, já que se pretendeu realizar 2 entrevistas a especialistas reconhecidos pelo seu trabalho de inclusão dos museus nos social media. Este processo de recolha sistemática de dados foi muito útil na fase exploratória do processo. Teve-se atenção a pormenores que influenciam a elaboração do inquérito por entrevista, como por exemplo, o facto do estatuto do entrevistador e o do entrevistado poder limitar a comunicação (devido a diferenças de género, idades, fatores culturais ou sociais) (Carmo & Ferreira, 2008) As entrevistas qualitativas revestem-se de diferentes formas e podem ser de diferentes tipos: individual, em grupo, livre, dirigida, semidirigida (de Ketele & Roegiers, 1999). Pode também ser orientada em função dos objetivos que se pretendem atingir: orientada para a resposta ou orientada para a informação. (Lessard-Hébert et al., 2005).

Optou-se pela estruturação de uma entrevista semidirigida, obtendo ao mesmo tempo alguma abertura para informações extra indicadas pelo entrevistado, concebendo-se, no entanto, uma série de perguntas, organizadas num guião de apoio à entrevista, perguntas essas com um cariz relativamente aberto para que, na medida do possível, o entrevistado possa falar abertamente sobre as temáticas abordadas (Quivy & Campenhoudt, 2005).

Também se teve em conta o campo de experiência do entrevistado e a sua contextualização sociocultural. Na concepção e desenvolvimento do inquérito por entrevista teve-se em consideração vários fatores antes, durante e depois da entrevista. Antes do inquérito por entrevista, pretendeu-se definir de forma concreta objetivo da mesma, construindo um guião de apoio ao processo, conjuntamente com este processo também se teve em atenção a escolha e preparação dos entrevistados bem como a entrevistador, papel assumido pela investigador, dando marcando, com antecedência, a data, local e hora da entrevista. Durante a entrevista, o investigador teve em conta a entoação, colocação de voz, gestos e postura que irá adotar devendo começar por se apresentar e explicar as suas motivações, tentando, num primeiro momento, criar laços de relação mais aprofundados tendo como objetivo obter a confiança do entrevistado e deixa-lo mais à vontade. Também durante a entrevista o investigador tentou manter o controlo da entrevista e evitar questões indutoras de resposta. Depois do inquérito por entrevista existiram

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cuidados relevantes como a manutenção da autenticidade das respostas e o registo de observações sobre o ambiente e comportamentos tidos durante a mesma. Por limitações temporais e espaciais, não foi possível realizar as entrevistas de forma síncrona, recorrendo-se ao envio das questões via e-mail para o inquirido. Quando se optou por esta via, teve-se em consideração que seria necessário da mesma forma a criação de laços com o entrevistado, desta forma, procurou-se facultar informação sobre o estudo bem como trabalhos científicos já realizados e publicados no sentido de criar uma relação privilegiada com o interlocutor e dar algum reconhecimento e credibilidade ao estudo.

1.7.1. OBJETIVOS

A entrevista mostrou-se como um método eficaz de recolha de informações essenciais ao estudo. Os entrevistados foram cuidadosamente selecionados com a finalidade de ter acesso a uma visão privilegiada sobre a temática abordada. Obtendo desta forma uma série de informações, factos e representações cujo grau de pertinência, fiabilidade e respetiva validade é analisado em consonância com os objetivos do estudo (de Ketele & Roegiers, 1999).

No caso especifico deste estudo pretende-se com a entrevista obter resposta, ou pelo menos algumas perspetivas sobre os seguintes objetivos de investigação:

• Compreender o impacto da utilização dos social media pelos museus;

• Obter inputs/orientações sobre práticas museológicas de fomento à participação online.

Esta técnica mostrou-se como fulcral ao estudo visto que se concretizou como sendo a técnica que devido às suas características especificas permite ter uma melhor visão sobre o que acontece na realidade e mantem o investigador afastado de uma única visão, que por vezes pode ser enviusada, devido à falta de novas visões e perspetivas, permitindo desta forma, ao investigador, alargar novos horizontes (Quivy & Campenhoudt, 2005).

1.7.2. RELEVÂNCIA DA ENTREVISTA E DA ENTREVISTADA

A entrevista é uma das técnicas de recolha de dados tida como sendo uma forma racional procura de informação, Dirigindo-se de forma eficaz para especialistas por forma a sistematizar a informação necessária na perspetiva do entrevistado. Assim, a entrevista mostra-se como uma técnica pertinente para o estudo já que permite obter informações a respeito da problemática central do estudo, obtendo inputs sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes à temática, o

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que significa que vai além da descrição das ações, incorporando novas visões para a interpretação dos resultados.

Optou-se por convidar entrevistados com uma visão especializada em museologia, não obstante, a escolha deu primazia a indivíduos ligados não só à museologia mas com interesses na área da comunicação.

Escolheu-se como entrevistada a Dra. Maria Vlachou. A Dra Maria Vlachou é profissional da área de Gestão e Comunicação Cultural, mestre em Museum Studies pela University College London (1993- 1994),com a dissertação que se foca no marketing museológico. Foi Diretora de Comunicação do São Luiz Teatro Municipal (2006-2012) e Responsável de Comunicação do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva (2001-2006). É membro-fundador do GAM - Grupo para a Acessibilidade nos Museus e membro dos Corpos Gerentes do ICOM Portugal desde 2005. Tem também funções relacionadas com a edição do boletim trimestral Informação ICOM.PT. É correspondente nacional do European Museum Forum e coordenadora geral, em nome do GAM, do estudo "Museus e Público Sénior em Portugal". Autora do blogue Musing on Culture (http://musingonculture-pt.blogspot.com) e do livro Musing on Culture. O livro Musing on Culture da Edições Bypass foi apresentado em Março de 2013 e reúne uma selecção de textos publicados no blogue centrados nas preocupações da autora relacionadas com a cultura e com os museus.