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Nós não estamos escrevendo somente por escrever, para deliciar os leitores com narrativas tidas como contos maravilhosos e fábulas que levam o cunho das fantasias. Recorremos à escrita, por amarmos esta arte maravilhosa que ajuda a nos libertar da peia da ignorância.

Em nossos relatos, a bem da verdade, não existe ficção, como dá a impressão a muitos leitores que desconhecem o mundo dos Espíritos, com a sua vida intensa em labor permanente. Tudo que escrevemos é por ordem do Plano Maior que nos pede para colocarmos em nossas palavras, algo que eduque sempre. E isso, afirmamos quantas vezes forem necessárias, serve muito mais a nós, do que aos outros; quem doa, é sempre o primeiro beneficiado.

As experiências nos levam a crer que, quanto mais nos aproximamos do bem da coletividade, mais sentimos o céu dentro e fora de nós.

O Espírito foi estruturado pela Inteligência Maior, para a felicidade, tanto que, quem se desvia do caminho reto, sofre consequências desastrosas e recua, renovando ideias e mudando atitudes, na afirmação de que o Bem com Deus é a escolha acertada, da alma que já despertou para a luz da Verdade.

A Terra é considerada por nós, na nossa faixa de trabalho, como um lar maior, onde as necessidades são iguais às do lar menor. Se nós não aprendemos a viver bem entre os familiares que estão ligados a nós pelos laços do sangue, como poderemos viver em harmonia com a família maior? Os que se reúnem como pais e filhos, esposos e parentes, estão testando as suas próprias forças e ampliando seus dons de amar e servir, para fazer parte da grande família universal despertando nos corações o amor verdadeiro, que não sofre restrições em nenhum momento da vida.

Há pessoas que dizem que nós, Espíritos, por não estarmos na matéria, não precisamos trabalhar, nem estamos presos aos compromissos familiares; que somos livres e, por isso mesmo, poderíamos ajudar mais aos que estão limitados pela prisão da carne.

Esses irmãos desconhecem ou esquecem a lei natural e a vida além-túmulo. As nossas ocupações são muito mais do que se pensa, por termos muitos compromissos no campo da ajuda à humanidade. Além disso, cada criatura só recebe o que merece; aquele que faz por merecer mais, recebe mais. Não é essa a verdadeira justiça?

Há certos espíritas e espiritualistas em geral, que desconhecem que em todo lugar da natureza estão presentes inteligências, trabalhando em nome de Deus e sob a Sua magnânima assistência. E o que estamos tentando provar neste modesto livro, onde muitas inteligências estão dando a sua colaboração, em forma de experiências, para que

possamos ofertar-lhes um fruto nutritivo, de forma a alimentar o leitor sequioso e faminto de conhecimentos espirituais. Estamos trabalhando em tal empreendimento com toda a boa vontade, transmitindo nossas experiências e aprendendo muito com todos, que nos ajudam no aprendizado.

Por Mercê de Deus e sob as bênçãos de Jesus, no Brasil as teorias estão quase chegando ao fim e é hora de acelerarmos a prática do Bem.

As outras nações do mundo, que muito respeitamos e às quais muito devemos, dão a aparência, pela civilização que apresentam e pelo nível científico e tecnológico que atingiram, de uma evolução maior do que o rebanho que forma o lar do Cruzeiro. Como se engana quem assim pensa! Eles, os Espíritos encarnados nas outras pátrias, estão vivendo sob o perfume das flores de todas as teorias, de todas as filosofias, ciências e religiões até então divulgadas no mundo; no entanto, o fruto irá surgir nesta nova Jerusalém, que é o nosso país. E, como a caridade pulsa no coração do povo do Brasil, ele cederá alimentação espiritual para o resto do mundo, cansado e faminto, oprimido e ansioso por seguir o Cristo. Aí, então, depois das tempestades inevitáveis, todos seguirão as pegadas marcadas pelo Amor, que a caridade deixou salientes, como virtudes vividas passo a passo.

Muitos acham que o mundo será o que os homens fizerem dele. Novo engano! O mundo será, e sempre foi, o que Deus determinou ou determinar. Jesus Cristo é o nosso Pastor em todas as frentes evolutivas.

Nós somos crianças que, por vezes, brincamos com fogo, e esse deverá nos queimar para aprendermos a escolher e agir corretamente, de acordo com as nossas possibilidades.

*

Estávamos em uma tarde encantadora, onde tudo traduzia alegria e paz. Era uma grande escola, denominada Educandário Schubert, em homenagem ao compositor alemão, um dos maiores na área dos Clássicos, que viveu na Terra apenas trinta e um anos. Como se explica, sem a reencarnação, um ser humano com essa pouca idade, atingindo e se expressando na mais alta nota de harmonia cósmica? E o seu conhecimento em outras áreas da ciência?

O educandário era uma espécie de sítio, onde a luz e a música eram o instrumento maior de equilíbrio para os enfermos. Ali estávamos nós, fazendo planos para novos trabalhos. Tínhamos a impressão de que a música saía das árvores e das flores que se postavam com abundância naquela oficina bendita, onde tudo expressava alegria.

Se não foi defeito da minha audição, estávamos ouvindo duas músicas conjugadas, que esse mestre da harmonia deixou no mundo, Eram a Harpa Encantada e Rosamunda. Antecedendo essas duas músicas, como prelúdio, ouvimos uma valsa intitulada Avançar, que conduzia magnetismo para nós, os ouvintes, de maneira a nos predispor para o trabalho. A influência era tamanha que, sem percebermos, estávamos acompanhando, solfejando a canção, já com disposição para quaisquer planos de realização. Era um verdadeiro "elixir de bom ânimo".

O progresso é como um veículo motorizado: ele tem a sua marcha natural, com possibilidade de avançar mais depressa, se o seu condutor fizer a sua parte, através da maturidade espiritual que o tempo confere, com as bênçãos do Criador. Avancemos, que mãos benditas aparecerão de todos os lados para nos ajudar!

Aí estávamos, Miramez, Fernando, Kahena, Celes, Galeno, Abílio e eu, todos já esfregando as mãos, ansiosos pelo trabalho.

Respirávamos em longos haustos o ar que era um bálsamo perfumado e que nos fornecia poderoso auxílio magnético, que cada um recebia de acordo com a sua evolução. Senti, então, em minha ânsia de aprender, curiosidade sobre como nosso instrutor Miramez recebia esse benefício. Logo notei que Miramez percebera meus pensamentos. Eu quis, então, desviá-los, sentindo sincera humildade.

Agindo assim, elevou-se o meu padrão vibratório e eu pude, para minha felicidade, entrar em sintonia com o companheiro maior. Percebi logo a sabedoria da natureza e que significa a cada um, segundo o seu merecimento. Não é possível transformar em palavras o que senti naquele momento; além disso, Miramez, sempre se esquivando de demonstrar superioridade, pediu-me que não o fizesse. Direi apenas que se eu pudesse respirar permanentemente nesse clima, ficaria em êxtase constante tendendo a afastar-me do trabalho. É por isso que não é dado a mim, no estágio em que me encontro, tal estado de felicidade.

O grande proveito que tiramos de uma experiência igual a esta, é a certeza de que elevação espiritual se consegue com a sublimação dos sentimentos. O amor é a fonte da eterna ventura. Ele é de gradação infinita, e aquilo que nós pensamos ser amor puro, na verdade está muito longe da pureza real. Esse sentimento é desfigurado pela inferioridade dos Espíritos que povoam a Terra, que o mesclam de egoísmo, vaidade, orgulho, determinação própria e, o que é lamentável, de abusos do sexo desequilibrado.

O amor só será sublimado quando ouvirmos o chamado do Mestre e nos educarmos nos moldes do seu Evangelho.

Após ligeira oração, demos as mãos, cheios de alegria, e planamos na atmosfera como aves de Deus em busca do trabalho. Subimos vertiginosamente e pudemos contemplar o esplendor da constelação do Cocheiro, onde se via com maior realce os encantos da estrela Beta Aurigae, na sua magnitude 0,09 e que se distancia do nosso sistema solar quase 50 anos-luz. Pulsava no coração daquele mundo distante, pela impressão que nos era dada, uma vida intensa, onde o amor se faz sentir pela própria luz que irradia em todas as direções do universo. Se nos fosse possível levar ao laboratório espiritual, fragmentos da luz desprendida por essa estrela grandiosa, notaríamos na sua composição, certamente, vibrações elevadas daqueles que ali vivem, no esplendor de quem já atingiu um alto grau de escala evolutiva e que trabalham pelo pensamento, a maior força do universo, em benefício de toda a criação.

Alguns dos Espíritos que nos assistem já receberam a bênção de visitar esses mundos iluminados. Eles nos falam alguma coisa a respeito, quando isso pode nos tornar melhores, nunca, porém, por vaidade nem para se destacar entre os outros.

Perguntei ao nosso Miramez, se era possível a ida de um irmão encarnado, em viagem astral, a um desses mundos distantes, como, por exemplo, a estrela Capela, ao que ele nos respondeu com sabedoria e simplicidade:

— Não, meu filho. Mesmo que esse companheiro tenha todas as credenciais para tanto, não seria possível, pois a sua situação como encarnado não permitiria essa viagem sideral. Apesar de toda a evolução que ele pudesse ter, o seu cordão de prata se partiria na extensão da viagem e ele faleceria com essa violência. E, ainda mais, se pudesse, com toda a ciência já alcançada no nosso plano, consubstanciar recursos para a dilatação desse cabo divino que liga o perispírito corpo, esse não suportaria as vibrações assimiladas pelo Espírito no passeio cósmico. Em pouco tempo ele sucumbiria. As leis não permitem violência em nenhum campo de vida.

Outras perguntas fervilhavam em minha mente, o que o nosso companheiro logo percebeu e, pelo seu sorriso acolhedor que dizia mais que as palavras, entendi que poderia perguntar. Encorajado, prossegui:

— Desde quando o nosso assunto maior é viagem astral, o senhor poderia nos dizer mais alguma coisa acerca desse tão falado cordão de prata? Isso, porque muitos pesquisadores, que examinam todos os tipos de experiências, notadamente com os viajantes astrais encarnados, nos descrevem posições diferentes do cordão luminoso em sua ligação ao corpo denso. Por que essas contradições?

Miramez parecia distraído, observando as estrelas, que pareciam cachos de flores. No entanto, seus ouvidos estavam atentos, registrando todas as interrogações que eu fazia. Logo as respostas começavam a surgir dos seus lábios, que a inteligência comandava na luz do coração. Deixando transparecer seriedade, ele respondeu serenamente:

— Lancellin, o que observaste em livros e em experiências, não são contradições: é porque ainda não atinaste para a maleabilidade da natureza espiritual. Quando viajamos em experiências com os encarnados, ou os observamos no mundo dos Espíritos durante o sono, certamente que o facho de luz, como que um cordão energizado, está ligado na base do crânio espiritual; contudo, esse cordão poderá parecer estar ligado na cabeça, entre os supercílios, no plexo solar, ou ainda, em certos centros de força. Isso depende muito das condições de cada ser e da orientação dos Espíritos-guias que estão dando assistência ao seu tutelado. Todavia, as amarras do perispírito no corpo físico estão em vários pontos da cabeça e, se fizermos uma observação mais profunda, veremos que ele se ata fortemente no coração e no plexo solar; se desdobrarmos mais nossas observações, vamos encontrar fios tenuíssimos sustentando todas as células do agregado fisiológico.

Senti-me agradecido pela resposta, mas não satisfeito de todo, e tentei mais uma pergunta:

— O senhor poderia nos responder sobre a elasticidade desse cordão fluídico? Há pessoas encarnadas que descrevem a morfologia de outros mundos e a aparência dos seus habitantes como se estivessem na própria Terra. O que dizer desses irmãos? É possível distender tanto o cordão sem rompê-lo? Marte, por vezes, se distancia da Terra quatrocentos milhões de quilômetros; esse corda fluídico poderia ser esticado nessa distância? Meu raciocínio não acha explicação para tal fato.

Miramez meditou um instante e respondeu sem se alterar:

— Existem muitas maneiras da alma observar as coisas sem, contudo, estar presente no lugar desejado. A visão espiritual atinge o infinito, quando a pessoa, ou o

Espírito, possui o dom da visão à distância, sem carecer da própria viagem. A vidência, quando atinge determinados mundos, nos dá a impressão de estarmos lá, por nos fazermos presentes pela luz espiritual que emitimos em uma velocidade sem paralelo, dependendo da evolução da criatura. Quanto ao cordão de prata e sua resistência, poucas pessoas encarnadas conseguem viajar por seu próprio país e muito raramente encontramos quem possa visitar outras nações. Milhões de pessoas sonham suas próprias criações mentais grande parte não consegue sair da cidade ou lugarejo onde mora; outros, muitos também, não arredam pé da casa onde moram; finalmente, existem os que adormecem com o corpo. Isso é uma variedade muito grande. Para falar a verdade, são poucos os Espíritos desencarnados que conseguem viajar até outros mundos, assim mesmo, o fazem em companhias adestradas em viagens interplanetárias. Isso é assunto muito sério, do qual nos convém falar pouco, por precisarmos do tempo para outras coisas mais úteis, como a educação, a disciplina e a instrução que o campo evolutivo da Terra exige.

Fizemos uma curva no espaço, de quase cento e oitenta graus, e começamos a descer naquela sensação encantadora de bem-estar. Todos, de mãos dadas, vibrávamos em um hino de gratidão ao Criador, pela oportunidade do trabalho a nós oferecida.

As estrelas nos davam ideias iluminadas acerca da vida que palpita em toda parte. Com os olhos espirituais podíamos sentir e observar os lençóis etéricos, como ondas sobrepostas, a banhar o infinito. Não há um ponto mínimo na criação de Deus, onde não vibre essa energia estuante portadora de vida, a tudo interligando.

Quando parecia que eu ia explodir em interrogações, Miramez falou com bondade:

— Lancellin, esse hálito divino que ora observamos e no qual respiramos, é uma prova da bondade de Deus, oferecida a todas as criaturas e criações, dentro da harmonia universal. Cada coisa e cada ser empresta o que tem, agregando o seu próprio magnetismo a essa bênção do Senhor e com ela se alimenta. É por isso que, se emites pensamentos negativos, sejam de ódio, de egoísmo, de inveja, de orgulho, endereçados a outra pessoa, as vibrações desse naipe alteram o fluido cósmico que te envolve, e o primeiro a absorvê-lo és tu mesmo. Essa carga ativa atingirá os teus centros de força, passando para o corpo físico, que receberá os choques, criando embaraços imprevisíveis.

Era o que eu queria ouvir; o assunto foi altamente esclarecedor, e eu passei ter mais cuidado com os meus pensamentos.

Os outros que faziam parte do grupo estavam atentos e degustavam o manjar espiritual, emitindo vários comentários, o que enriqueceu mais ainda os assuntos ventilados.

Descemos suavemente em uma grande avenida, mas, ao nos aproximarmos do solo, uma força nos repelia. Sentindo a nossa hesitação, Miramez nos acudiu, explicando:

— Com relação à matéria, quanto mais um corpo se aproxima da Terra, mais ele é atraído por ela. Em se tratando do Espírito, entretanto, já somos influenciados por outra faixa de forças, da mesma dimensão em que vivemos. Essa influência age de acordo com a evolução do Espírito: quanto mais evoluído, maior a repulsão. Estamos em um local onde se agregam pensamentos inferiores e se assemelha, para os Espíritos

elevados, a um pantanal, cuja lama revolvida pelos habitantes encarnados dificulta a mobilidade dos companheiros. Eis porque a reencarnação é um sacrifício para o Espírito e não menos difícil para os Espíritos do Bem que trabalham na crosta.

Meditou por instantes e prosseguiu, com um leve sorriso:

— Jesus Cristo, que é o anjo mais puro que conhecemos, desceu de plano em plano, até pisar no solo pesado da Terra, para nos servir, sem nunca reclamar. Por que nós, Espíritos endividados acostumados a sorver esse mingau magnético, vamos recuar diante de um trabalho que nos educa e nos disciplina? Vamos dar graças a Deus, por respirarmos de vez em quando um ar mais puro, como o de onde viemos, e pedir a Ele para que as nossas tarefas sejam aumentadas na face do planeta. Se assim acontecer, seremos agraciados pelos Céus.

Não tive outros argumentos, nem me interessei por perguntas naquele momento, porque, na verdade, não estava me sentindo bem naquela avenida, tão bonita aos olhos dos homens, mas, imunda, na nossa faixa de vida.

Dois homens surgiram à nossa frente, vindos de uma esquina, envolvidos em pesados capotes. Uma chuva fina umedecia toda a cidade. Aproximei-me mais um pouco daqueles dois irmãos, e pude escutar sua conversa quase ao pé do ouvido.

— Escuta aqui, companheiro — falava um deles, o mais escuro —: nós vamos pegar o primeiro táxi que passar nessa rua — e apontou uma rua transversal —; sentamos no banco de trás. Passados alguns instantes, você leva o cano do trinta e oito à base do crânio do bicho; se ele reagir, você puxa; se não reagir, eu limpo e o deixamos ir embora, tá?

O companheiro, impaciente, não estava concordando em deixar o motorista sair com vida, demonstrando verdadeira sede de sangue.

Duas entidades mal-encaradas acompanhavam os dois homens, falando-lhes telepaticamente. Com planos de vingança, intuíram um chofer, alvo de seu ódio, a passar por aquela rua, onde o esperavam os dois homens mal intencionados.

As duas entidades se apossaram quase por completo da mente dos malfeitores, estimulando-lhes a ideia de roubo, de vingança, de sangue e de revolta.

Acompanhamos o carro, que deslizou para determinado local. O motorista já começava a desconfiar das intenções dos passageiros e sentia-se aflito por dentro sem, contudo, deixar transparecer. Com ansiedade, passou a orar mentalmente a determinado santo de sua simpatia, rogando proteção.

Nesse momento, quando já estávamos todos em posição para agir, notamos que um dos obsessores pegara a mão de um dos malfeitores, ordenando-lhe que pegasse a arma. Automaticamente, ele obedeceu.

Rapidamente, Fernando e Celes saíram do carro, tomando certo rumo. Ao mesmo tempo, Miramez olhou para nós com ar grave e compreendemos a seriedade do momento. Ele levou as mãos à cabeça dos assaltantes que, instantaneamente se sentiram sonolentos. Em uma esquina surgiu um carro em alta velocidade, avançando em direção ao táxi. O motorista desviou com rapidez, subindo no passeio, enquanto o outro veículo derrapou, rodopiou no asfalto molhado e parou. Era um carro da polícia que estava em diligência e não percebera o táxi. Agora, os policiais se aproximavam para se desculpar e ver se tudo estava bem. O profissional, quase vítima do assalto, sentiu-se seguro e,

aliviado da tensão, pediu socorro aos policiais. Os dois marginais tentaram fugir, mas foram agarrados e reconhecidos como perigosos assaltantes, cujos nomes constavam da lista de procurados dos patrulheiros.

Os dois acompanhantes espirituais das sombras, quando viram frustrados os seus planos, saíram a correr, sem rumo. O motorista agradeceu aos policiais e partiu para a sua casa, interrompendo o trabalho daquela noite. Lá chegando, procurou sua esposa para lhe contar o ocorrido e a encontrou ajoelhada diante de um oratório, onde a imagem de Maria, mãe de Jesus, refletia bondade, candura, compreensão e esperança, orando pelo companheiro que, pensava ela, naquela hora da noite estava sujeito a assaltos e desastres. Aquele lar, aquelas crianças que dormiam inocentes, dependiam do trabalho do marido. Ele, ao ver aquele quadro, ajoelhou-se silenciosamente e agradeceu aos céus pelo socorro que se manifestou por intermédio dos patrulheiros.

Sua esposa terminou a oração e, virando-se, assustou-se com sua presença. Emocionado, aquele irmão narrou o acontecido, e a mulher, não menos imantada de emoção, contou-lhe:

— Marido, eu estava na janela, tentando ver as estrelas que tanto admiro, quando, em dado momento, veio-me um pensamento de que estavas em dificuldades. Quis chorar, mas não pude. Senti algo que não sei explicar o que era e procurei a Mãe Santíssima para pedir em teu favor.

Abraçou o seu companheiro, chorando de alegria e dizendo: — Deus, estás aqui! E estás vivo! Graças a Deus!

No documento Iniciação - Viagem Astral - João Nunes Maia (páginas 148-163)