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Efeito das variáveis climáticas nas emissões de CO

Revisão bibliográfica Capítulo

Categoria 13 – Qualidade sanitária do ar 13.1 Garantia de uma ventilação eficaz

2.3. Emissões de COV pelos Revestimentos Vinílicos

2.3.4. Efeito das variáveis climáticas nas emissões de CO

A temperatura, umidade e a ventilação são parâmetros físicos que influenciam nos níveis de emissão de compostos orgânicos voláteis pelos materiais e produtos utilizados no ambiente interno dos edifícios. Em seguida, serão apresentadas algumas particularidades acerca dos efeitos destes parâmetros nas emissões.

2.3.4.1. O efeito da temperatura

O aumento da temperatura é um dos fatores que afetam as emissões de COV pelos materiais de construção, sejam estas emissões controladas por difusão dentro do próprio material ou por transferência de massa da superfície para o meio envolvente (ECA, 1991a). Isto pode acelerar as reações químicas nos materiais, provocando emissões de COV adicionais. Mesmo que o intervalo de temperatura habitualmente encontrado nos ambientes internos dos edifícios esteja entre 17 e 28°C, há alguns materiais que podem atingir temperaturas entre 50 e 60°C, como é o caso do piso de cimento exposto continuamente às temperaturas de radiação solar, que incide no interior do edifício pelas janelas (SILVA, 2000).

Em estudo realizado por Wolkoff (1998) para diversos materiais, incluindo o PVC, os resultados indicaram que as temperaturas entre 23 e 35ºC têm pouca influência sobre as emissões primárias de COV nos materiais sólidos, ao contrário do que acontece com os materiais líquidos que são mais sensíveis às variações de temperatura,

conforme pode ser observado na figura 1. Entretanto, há o aumento das emissões primárias6 nos materiais sólidos em temperaturas superiores à 60°C.

Figura 1: Gráficos das variações dos níveis das concentrações de COV (µg/m³) emitidos por

material sólido (PVC) e por material líquido (wall paint ou tinta de parede), sob influência de temperaturas de 23, 35 e 60ºC, entre 25 e 30 dias.

Fonte: Wolkoff (1998).

Em outro estudo realizado por Sollinger et al. (1994), sobre o efeito da temperatura nas emissões de COV de carpetes, foram feitos testes sob temperaturas de 23, 30, 40, 50, 61 e 71°C, tendo-se concluído que o efeito da temperatura variava com os tipos de compostos. Por exemplo, para o estireno, um composto relativamente volátil e de baixa polaridade, a dependência da concentração na atmosfera com a temperatura foi reduzida. Comportamento semelhante foi observado para muitos alquilbenzenos, enquanto que para a benzotiazola esta dependência é forte.

2.3.4.2. O efeito da umidade relativa

A umidade relativa é outra variável que pode afetar as emissões de COV pelos materiais de construção. No caso de materiais líquidos, um ambiente com baixo grau de umidade pode provocar um processo de secagem mais rápido e, portanto, emissões iniciais superiores e concentrações de COV mais baixas no período subsequente. Por outro lado, em um ambiente com grau elevado de umidade, o vapor

6. Isto ocorre devido aos COVs primários que são emitidos por difusão dentro do próprio material e as emissões

de COVs secundários que são provenientes de fenômenos de desadsorção, decomposição e reações químicas neste mesmo material. Nos casos em que as emissões são controladas por difusão interna, o impacto da temperatura sobre o material é baixo.

de água pode transportar COV hidrofílicos da superfície do material, e desse modo aumentar as emissões destas substâncias (GUÍO, 2013).

Em algumas pesquisas verificou-se que materiais vinílicos expostos à umidade relativa originavam 2-etil-1-hexanol, fenol, cresol, entre outros. A hidrólise do plastificante di (2-ethylhexyl) phthalate, conhecido como DEHP, resulta na sua decomposição irreversível em 2-etil-1-hexanol e ácido ftálico (GUSTAFSSON,1992). Entretanto, em estudos realizados por Clausen, Xu, Sorensen et al. (2007), durante medições ao longo do tempo, foi comprovado que na faixa de umidade entre 0% e 50%, a emissão do composto 2-etil-1-hexanol a partir do DEHP, presente na formulação de um revestimento de PVC, se mantém inalterável.

Figura 2: Concentração do composto 2-etil-1-hexanol em 400 dias pela

emissão proveniente do DEHP presente no piso de vinil, em umidades relativas entre 0 e 50%, à 23 ° C, durante 400 dias.

Fonte: Clausen, Xu, Sorensen et al. (2007).

2.3.4.3. O efeito da velocidade do ar

A velocidade do ar na superfície do material de construção é outro fator que pode ter impacto na emissão dos COV, pois, em geral, quanto maior for esta velocidade maior é o coeficiente de transferência de massa. De acordo com Haghighat et al (1995), as velocidades utilizadas em câmaras de teste variam entre 0,10 e 0,20 m/s, um pouco acima ou semelhante aos valores médios encontrados em edifícios reais entre 0 e 0,39 m/s. Entretanto, Knudsen et al. (1998) revela que as maiores variações são

esperadas durante as emissões iniciais de materiais líquidos, já que após a formação do filme o processo pode passar também a ser controlado por difusão interna. No entanto, já foram observadas variações das emissões de 2-etil-1-hexanol e fenol com a velocidade (de 0,10 a 0,30 m/s) para materiais como o PVC.

Na tabela 11 é representado o resumo dos impactos da temperatura, umidade e velocidade do ar nas taxas de emissão de COV de diferentes materiais construtivos.

Tabela 11: Impacto das variáveis climáticas na emissão de COVs em produtos de construção.

Parâmetro Fonte primária Fonte secundária Comentários Velocidade do ar

1 – 10 cm/s

Efeito não significativo

depois de 2 – 4 dias Altas velocidades do ar podem promover a emissão do ar oxidativo.

A emissão de evaporação controlada parece não ter impacto depois de alguns dias. As fontes secundárias de emissão dependem dos COVs a serem analisados, e dos tipos de produtos de construção. Temperatura 23 – 60 ºC O impacto depende do produto da construção e do tipo de COV emitido, maior efeito a 60ºC

Para produtos como carpete e revestimento de PVC não existe diferença entre 23 e 35ºC. Umidade relativa 0 – 50% O impacto depende do produto da construção e do tipo de COV emitido Plastificantes parecem decompor- se por elevada umidade relativa.

Nitrogênio / ar Alguns compostos

orgânicos voláteis ou plastificantes pare- cem ser sensíveis à oxidação do ar.

Testes anaeróbicos podem informar sobre produtos de construção suscetíveis ao ar.

Fonte: Adaptação Wolkoff P. (1998)