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4 MULTIPARENTALIDADE: A POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO

4.5 EFEITOS ADVINDOS DO RECONHECIMENTO DA MULTIPARENTALIDADE

No que tange aos efeitos da Multiparentalidade, há um entendimento que estes podem ser legais e sociais. Como já foi amplamente discutido, hoje as famílias estão baseadas no afeto, sendo este o elemento fundamental para formação das entidades familiares. Visando esse aspecto, se pode destacar o primeiro efeito social que deve ser tutelado juridicamente, desse modo, o afeto, ao ser elemento basilar, gera efeitos secundários como, a busca da felicidade, a necessidade do reconhecimento da convivência social, a dignidade dessa relação e para todos os membros contidos nela, enfim, cada família terá sua particularidade quando ao aspecto social quanto ao reconhecimento da Multiparentalidade, no entanto, o que realmente importa, é o respeito deles, posto que eles foram criados perante um sentimento recíproco, ou seja, pelo amor.

De outro modo, os efeitos legais têm grande repercussão na esfera jurídica, então, merecem ser desmembrados e delineados para um melhor entendimento. Dessa forma, para iniciar, é importante lembrar que a jurisprudência já trouxe e elencou alguns direitos, como fora mencionado acima na decisão proferida pela Douta Juíza de Direito da 1ª Vara de Família de Sobradinho/DF, Dra Ana Maria Gonçalves Louzada116, ela entende que os direitos

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a) Direito ao parentesco: ao se admitir a multiparentalidade, também se deve assegurar o parentesco daí advindo. Assim, exemplificamente, se possuir dois pais e duas mães, terá oito avós e tantos tios quantos irmãos esses pais/mães possuírem, e assim por diante. Também os impedimentos matrimoniais no que diz com o parentesco deverão ser observados em todos esses casos. b) Direito ao nome: o nome faz parte de um dos direitos da personalidade. É através dele que somos conhecidos e reconhecidos pela vida afora.[...] O nome de família materno, paterno, da madrasta, do padrastro ou socioafetivo e o avoengo poderão ser incluídos no nome civil. Tal pretensão é admissível, mesmo que o interessado ainda não tenha atingido a maioridade, uma vez que o

advindos da multparentalidade são estes: direito ao nome; parentesco; convivência e guarda; a alimentos; ao reconhecimento genético; e, à herança.

De início, revela-se o direito ao parentesco, o qual produzirá efeitos uma vez que o vínculo de filiação for criado. Ou seja, o filho terá reconhecido o parentesco colateral e em linha reta com a família de ambos os pais, além de serem aplicados a ele as hipóteses de impedimentos matrimoniais e os efeitos sucessórios.

O direito ao nome é aquele que faz parte ao direito a personalidade, pode ser pleiteado perante o Oficial de Registro civil, sendo o registro de nascimento o meio oficial e mais prático de demonstrar a filiação. Com relação ao novo instituto da multiparentalidade, para este possa cumprir todos os seus efeitos, é necessário, ou melhor, de extrema importância, que seja dada publicidade através de modificações no assento de nascimento.

Posto que, sem esta publicidade, o reconhecimento afetivo não é válido, o que acarreta uma série de problemas e de demandas, ao tentar garantir, os direito dele advindo.

Ressalta-se que, o CNJ deu um grande passo para acompanhar o avanço do Direito de Família, pois ao realizar a padronização das certidões de casamento, nascimento e óbito em todo o país, e, substituindo a expressão dos campos “pai e mãe” para “filiação”, e nos campos “avós paternos” e “avós maternos” somente para “avós”. Tal mudança foi bastante significativa, visto que ao se falar em reconhecimento socioafetivo, juridicamente não houve

art. 56 da Lei nº 6015 não trata de alterações pela via judicial, mas administrativa, em que a pessoa pode pleitear junto ao oficial do Registro Civil, “ pessoalmente ou por procurador bastante”, que se averbe a mencionada alteração. Portanto admite-se alteração de nome pleiteada por menor, e, da mesma forma que se admite a inclusão do sobrenome do padrasto, também é possível que seja retirado do assento de nascimento o patronímico do genitor, nos casos, por exemplo, de abandono afetivo. Contudo a retirada do sobrenome não excluiria o direito sucessório e tampouco alimentar. Caso contrário, sua desídia em relação ao filho traria como consequência a sua dispensa com qualquer obrigação em relação a ele. c) Direito de convivência e guarda: havendo vários pais/mães, necessário será a definição de convivência e guarda, a fim de assegurar o melhor interesse da criança. Assim, caso essa família não conviva sob o mesmo teto, importante que todos os que façam parte dessa multiparentalidade tenham dias de convivência definidos, judicialmente ou não. Quanto à guarda, o ideal é que ela seja compartilhada, podendo todos os envolvidos dialogar sobre os destinos desse filho. Não sendo possível, a guarda poderá ser determinada a favor da dupla com quem resida o infante. Ainda não havendo acordo, caberá ao Judiciário decidir no caso concreto[..] d) Direito a alimentos: a pensão alimentícia está embasada, dentre outros, no princípio da solidariedade familiar. Assim se a pessoa possuir mais de um pai ou mais de uma mãe, natural que o dever de pensionamento seja estendido a todos. E essa obrigação não se limitará aos pais, mas incluirá também todos os avós[...] e) Direito ao reconhecimento genético: o direito ao reconhecimento genético está intimamente relacionado com o princípio da dignidade da pessoa humana. Todos temos o direito de saber de onde viemos, por quem fomos gerados. Além da curiosidade natural, gravita em torno desse direito a necessidade de sabermos quem pode vir a ser nossos irmãos e pais biológicos, até mesmo para evitar relacionamento sexual com essas pessoas. Ademais, há casos em que somente parentes consanguíneos podem ajudar no caso de transplante. f) Direito à herança: admitida a multiparentalidade, todos os efeitos daí advindos são estendidos. É dizer, como o direito sucessório é assegurado aos filhos, eles terão direito de receber herança de tantos pais/mães quantos tiver. O princípio do melhor interesse da criança deve subsidiar todas as relações jurídicas116. LOUZADA, apud CASSETTARI, Cristiano, p. 128-129

mais nenhum embaraço registral, aliás ainda diminuiu os preconceitos e os constrangimentos117.

Por conseguinte, no registro de nascimento deverá contar os nomes dos pais biológicos, do pai ou mãe socioafetivo(a), bem como constarão como avós todos os ascendentes destes, ou seja, o filho poderá usar o nome de todos os pais

As famílias multiparentais também tem o direito à guarda, para isso alguns requisitos e princípios deverão ser analisados para que se possa chegar a uma decisão, como, por exemplo, o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente e o princípio da afetividade.

Vale ressalta, que o pai ou a mãe que não ficarem com a guarda terão seu direito de visitas assegurado, e terão o dever de fiscalizar sua manutenção e educação. Este direito de convivência também se estende aos avós tanto biológicos como socioafetivos.

Nos casos de separação entres os pais, sejam eles biológicos ou afetivos, será aplicada a regra do Código Civil, da guarda compartilhada, que deverá ser exercida de maneira equilibrada, responsável, sempre visando atender as necessidades do filho. Já no que se refere ao direito de visita, este será aplicado de forma análoga aos modelos de família "tradicionais", em que as responsabilidades deverão ser acordadas entres os pais.

O direito a alimentos também é um dever das famílias constituídas através da multiparentalidade, posto que, se não há mais distinção entre filhos, conforme previsto expressamente no artigo 227, § 6º da CF, não há outra forma de aplicação do direito dos alimentos a não ser a legal, vigente em nosso país.

A douta juiza Louzada entende que o direito de prestar alimentos, encontra-se embasado, dentre outros, no princípio da solidariedade familiar. Contudo, além dos princípios, o direito aos alimentos também está contido em dois artigos, em dois diplomas legais brasileiros, um na Constituição Federal e o outro no Código Civil Brasileiro, são eles, respectivamente: "Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade118"; "Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros119".

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OLIVEIRA, Silvânia Silva de. Multiparentalidade: as consequências jurídicas.

118 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 119 BRASIL. Código Civil Brasileiro de 2002

Por óbvio, com fundamento nessas duas normas, na multiparentalidade não deve ser diferente, considerando sempre o binômio, possibilidade e necessidade em respeito ao parágrafo 1º do artigo 1.694 do Código Civil, para muitos juristas, atendendo o princípio do melhor interesse da criança, presente no Estatuto da Criança e do Adolescente, na tripla filiação multiparental o menor necessitado poderá requerer alimentos de qualquer um dos pais. Perante esse contexto, nos casos onde os magistrados decidissem por reconhecer a tripla filiação, sempre haverá a prévia relação familiar de fato, restando apenas reconhecer uma regulamentação de direito. Não se esquecendo de lembrar a obrigação alimentar é recíproca.

Um dos efeitos jurídicos mais discutidos, quando se fala de reconhecimento a Multiparentalidade é o direito a sucessão. Tal razão se dá pelo fato, das demandas que tem como objeto o não reconhecimento da Multiparentalidade, em razão da exclusão daquele que foi criado como filho não ter direito a herança, como, por exemplo, os casos de reconhecimento post mortem, onde os filhos biológicos não aceitam o reconhecimento da filiação socioafetiva daquele que foi criado como filho, para que este não tenha direito a sua cota. Ou, nos casos postos em vida, visto que em algumas circunstâncias há a necessidade de ver a possibilidade da Multiparentalidade não está sendo usada como forma de fraudar ou de se obter vantagens financeiras futuras.

Dessa forma, os casos de Multiparentalidade devem ser analisados com cuidado, pois o juiz, não deve focar somente em aspectos formais, mas também, observar os aspectos relacionados à convivência do entendes familiares, da afetividade, evitando que tal reconhecimento tenha um cunho exclusivamente patrimonial, sob a ótica do direito sucessório.

Conquanto, levando em consideração a boa-fé da pessoa humana, ou que a Multiparentalidade já tenha sido reconhecida de forma amigável, há um princípio constitucional previsto expressamente no artigo 227, § 6º da CF e reforçado no art. 1.596 do Código Civil Brasileiro, regulamentando que “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação120”. Nessa perspectiva, a forma de reconhecimento dos filhos, sejam esses naturais, afetivos ou multiparentais, independe, pois estes possuem os mesmos direitos, inclusive sucessórios.

Dado o exposto, reconhecida a multiparentalidade, quando houver a transmissão da herança, o filho multiparental, será herdeiro necessário de todos os pais ou mães que tiver.

Assim como, em sentindo inverso, que seria o direito de sucessão de todos os pais como herdeiros necessários do seu filho.

A última consequência jurídica se refere aos efeitos previdenciários, assim como acontece no direito aos alimentos e de sucessão, onde a obrigação e o direito são recíprocos, configuração muito semelhante ao que acontece nos direitos previdenciários, pois também existe a reciprocidade entre os pais e os filhos. Como aduz o art. 16121, da Lei Federal nº. 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

Portanto, havendo o reconhecimento da filiação socioafetiva, haverá, também, a necessidade de se reconhecer direitos previdenciários. Também será conferido esse direito aos pais e irmãos socioafetivos, estes últimos não emancipados, menores de 21 anos ou inválidos.

5 OS PRINCÍPIO DA BUSCA DA FELICIDADE E DA AFETIVIDADE APLICADOS AO INSTITUTO DA MULTIPARENTALIDADE

Antes de realizar um estudo discriminado acerca dos princípios da busca da felicidade e da afetividade, aplicando ao instituto da Multiparentalidade, é de bom fazer uma análise, de modo geral, quanto a etimologia da própria palavra “princípio”, tal qual como sua finalidade enquanto norma precursora, a fim de obter uma correta compreensão sobre o tema.

Com uma rápida leitura do vocábulo em estudo, este é capaz de levar o leitor a entender que o significado da palavra princípio está atrelado ao conceito de início. Com razão, pelo menos segundo o Dicionário Michaelis, que preceitua, in verbis:

1 Momento em que uma coisa, ação, processo etc. passa a existir; começo, exórdio, início: [...] 3 Em uma área de conhecimento, conjunto de proposições fundamentais e diretivas que servem de base e das quais todo desenvolvimento posterior deve ser subordinado. 4 Regra ou norma de ação e conduta moral; ditame, lei, preceito: [...]Proposição lógica, formada por um conjunto de verdades fundamentais, sobre a qual se apoia todo raciocínio. [...] Na dedução, proposição filosófica que lhe serve de

121 Veja-se o dispositivo da Lei Federal nº. 8.213/91: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou invalido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

II - os pais;

I - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave121.

fundamento. 8 Elementos básicos e elementares de alguma ciência, disciplina, matéria [...].122.

Apesar desse entendimento inicial, os significados trazidos pelo próprio dicionário se aproximam também de uma finalidade ligada ao direito no ordenamento jurídico, como se pode observar nos grifos acima, Isto porque, primeiramente, é de fundamental importância frisar que em uma área de conhecimento, como, exemplo, a jurídica, o princípio é conjunto de proposições fundamentais e diretivas que servem de base e das quais todo desenvolvimento posterior deve ser subordinado, melhor dizendo, são conjuntos de verdade fundamentais sobre uma determinada área, sobre a qual será apoiado todo um raciocínio.

Comumente, a principal consequência disto é que as leis positivadas buscam sua fortificação nos dogmáticos e nos valores estabelecidos nas normas principiológicas, a fim de se efetivar os interesses fundamentais consignados, sobretudo, na Constituição Federal123.

Este silogismo implica em dizer que o sistema jurídico, teve sua origem através dos princípios, sendo estes, base para as disciplinas regidas pelo Código Civil e demais leis esparsas que regulamentam o Direito de Família, e que deve imperiosamente se encontrado nos dogmas enraizados pela Carta Magna.

Em continuidade, vale destacar alguns princípios relevantes para o Direito de Família, e, consequentemente para a Multiparentalidade. O primeiro, e porque não o mais, é o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, no direito contemporâneo, é considerado o valor supremo da República. Tanto é sua importância que este se encontra disposto no primeiro artigo da Constituição Federal de 1988, arraigado como fundamento republicano, juntamente com a soberania nacional, a cidadania, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo política, senão vejamos: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana;124”.

Este princípio passa a tratar a pessoa como o centro do universo jurídico, com máxima prioridade no direito, dando a pessoa humana, a ideia é detentor de dignidade, sem qualquer distinção de ordem econômica, social, gênero, étnica e religiosa.

122 Michealis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.

123 CANSIAN, Caroline Dos Santos. MULTIPARENTALIDADE À LUZ DOS PRINCÍPIOS

CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DE SEUS PRINCIPAIS REFLEXOS

JURÍDICOS, p. 16

No que concerne ao direito de família, esse princípio, mudou os paradigmas das tradicionais, de uma família conservadora, patriarcal e patrimonial. Dando as pessoas que constituem as novas entidades familiares dignidade e o direito de escolha, prevalecendo sua autonomia de vontade, para fazer o entender ser melhor para sua vida.

Tanto que o reconhecimento da multiparentalidade em muito se alimenta do princípio sub examen, tendo em vista que a partir da noção de dignidade, a premissa de que o critério biológico é exclusivo fator de vinculação filial ficou para trás, para que fosse englobado também a afetividade como elemento essencial para fundamentar a extensão do vínculo paternal/maternal125.

Destaca-se ainda, importante para a presente pesquisa, falar de maneira clara, sobre o Princípio do Melhor Interesse da Criança, que significa que a criança e ao adolescente, segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, devem ter ser interesses tratados com prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela família.

Este princípio parte da concepção de que a criança e o adolescente são sujeitos de direito, são pessoas em desenvolvimento, importantes para a prosperidade das gerações futuras, e não meros objetos de intervenção jurídico e social quando em situação irregular, como ocorria com a legislação anterior sobre os ditos “menores”126

. Desse modo, a criança e o adolescente tornam-se os protagonistas do direito.

Neste sendo, ressalta-se também que, este princípio é de bastante serventia nas ações de investigação de paternidade, de guarda, como também, para o reconhecimento da filiação socioafetiva.

Outros princípios, relevantes são o da solidariedade familiar, que nada mais é do que o dever recíproco de cuidado e de auxílio entre os membros do núcleo familiar, onde serão impostas obrigações de prestarem assistência moral e material entre sim, sendo eles cônjuges, companheiros, filhos, entre outros, uma vez que, na atualidade há diversas formas de composições familiares. O princípio da convivência familiar encontra consonância legal na própria Constituição Federal, através do que impõe o art. 227, caput, do referido diploma legal. E, por fim, o princípio da igualdade que é um dogma fundamental do Estado Democrático de Direito contemplando pela Constituição. Sendo sua ideia clássica a de que a lei deve considerar a todos de forma igual, na exata medida de suas desigualdades.

125 CANSIAN, Caroline Dos Santos. MULTIPARENTALIDADE À LUZ DOS PRINCÍPIOS

CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DE SEUS PRINCIPAIS REFLEXOS

JURÍDICOS, p. 22