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EFEITOS PRODUZIDOS PELA SELEÇÃO NATURAL SOBRE O AUMENTO DO USO OU NÃO USO DAS PARTES

No documento A Origem das Espécies (páginas 151-160)

Os fatos citados no primeiro capítulo não permitem, creio eu, dúvida alguma sobre este ponto: que o uso, nos animais domésticos, reforça e desenvolve certas partes, enquanto que o não uso as diminui; e, além disso, que estas modificações

são hereditárias. No estado de natureza, não temos termo algum de comparação que nos permita julgar os efeitos de um uso ou de um não uso constante, porque não conhecemos as formas-tipo; mas, muitos animais possuem órgãos de que somente se pode explicar a presença pelos efeitos do não uso. Não há, como o professor Owen o fez notar, anomalia maior na natureza do que uma ave que não possa voar; contudo, há muitas neste estado. O ganso de asas curtas da América Meridional deve contentar-se em bater com as asas a superfície da água, e estão elas, para ele, quase nas mesmas condições das do pato doméstico de Ailesbúria; demais, se é necessário acreditar M. Cunningham, estes patos podem voar quan- do são muito novos, enquanto que são incapazes de o fazer no estado adulto. As grandes aves que se nutrem sobre o solo, apenas voam para fugir ao perigo; é pois provável que a falta das mesmas asas, em muitas das aves que habitam atu- almente ou que, ultimamente ainda, habitavam as ilhas oceânicas, onde se não encontrava nenhum animal de presa, provêm do não uso das asas. O avestruz, é verdade, habita os continentes e está exposto a muitos perigos aos quais não po- de subtrair-se pelo vôo, mas pode, bem como um grande número de quadrúpe- des, defender-se dos seus inimigos a coices. Estamos autorizados a acreditar que um antepassado do gênero avestruz tinha hábitos semelhantes aos da betarda, e que, à medida que o tamanho e o peso do corpo desta ave aumentavam durante longas gerações sucessivas, o avestruz se serviu sempre mais das pernas e me- nos das asas, até que por fim se lhe tornou impossível voar.

Kirby fez notar, e eu tenho observado o mesmo fato, que os tarsos ou parte posterior das patas de muitos escaravelhos machos que se nutrem de excremen- tos, são muitas vezes quebrados; examinou dezessete especímenes na sua pró- pria coleção e nenhum deles tinha o mais pequeno vestígio dos tarsos. No Onites apelles os tarsos desaparecem tantas vezes, que se tem descrito este inseto co- mo não os possuindo. Em alguns outros gêneros, os tarsos existem, mas no esta- do rudimentar. No Ateuchus, ou escaravelho sagrado dos Egípcios, faltam por completo. Não se poderá ainda afirmar positivamente que as mutilações aciden- tais sejam hereditárias; todavia, os casos notáveis observados por M. Brown- Séquard, relativos à transmissão, por hereditariedade, dos efeitos de certas ope-

rações na cobaia, devem impedir-nos de negar em absoluto esta tendência. Por conseguinte, é talvez mais prudente considerar a ausência total dos tarsos anterio- res no Ateuchus, e o seu estado rudimentar em alguns outros gêneros, não como casos de mutilações hereditárias, mas como efeitos de um não uso por muito tem- po continuado; com efeito, como muitos dos escaravelhos que se nutrem de ex- crementos perderam os seus tarsos, este desaparecimento deve ter-se dado nu- ma idade pouco avançada da sua existência, e, por isso, os tarsos não devem ter muita importância para estes insetos, ou não devem servir-se muito deles.

Em muitos casos, poderia facilmente atribuir-se à falta de uso certas modifi- cações de estrutura que são principalmente devidas à seleção natural. M. Wollas- ton descobriu o fato notável de, em quinhentas e cinqüenta espécies de escarave- lhos (conhece-se um maior número hoje) que habitam a ilha da Madeira, duzentos serem tão pobremente providos de asas, que não podem voar; descobriu, além disso, que, sobre vinte e nove gêneros indígenas, todas as espécies pertencendo a vinte e três destes gêneros se encontram neste estado! Numerosos fatos, a sa- ber: que os escaravelhos, em muitas partes do mundo, são levados freqüentemen- te para o mar pelo vento e aí perecem; que os escaravelhos da Madeira, assim como o observou M. Wollaston, ficam ocultos até que o vento pare e o sol brilhe; que a proporção de escaravelhos sem asas é muito mais considerável nos deser- tos expostos às variações atmosféricas, do que na própria Madeira; que-e é o fato mais extraordinário sobre o qual M. Wollaston insistiu com muita razão - certos grupos consideráveis de escaravelhos, que têm absoluta necessidade de asas, outra parte muito numerosa, quase que faltam aqui inteiramente; estas diferentes considerações, digo eu, levam-me a crer que a falta de asas em tantos escarave- lhos da Madeira é principalmente devida à ação da seleção natural, combinada provavelmente com o não uso destes órgãos. Durante muitas gerações sucessi- vas, todos os escaravelhos que menos se entregavam ao vôo quer porque as su- as asas se encontravam menos desenvolvidas, quer em razão dos seus hábitos indolentes, devem ter tido a maior probabilidade em persistir, porque não estavam expostos a ser transportados para o mar; por outra parte, os indivíduos que se elevavam facilmente no ar, estavam mais expostos a ser levados para o largo e,

por isso, a ser destruídos.

Os insetos da Madeira que se não nutrem sobre o solo, mas que, como cer- tos coleópteros e certos lepidópteros, se nutrem de flores, e que devem, por con- seqüência, servir-se das asas para encontrar os alimentos, têm, como observou M. Wollaston, as asas muito desenvolvidas, em vez de reduzidas. Este fato é per- feitamente compatível com a ação da seleção natural. Com efeito, à chegada de um novo inseto a uma ilha, a tendência ao desenvolvimento ou à redução das a- sas, depende do fato de um grande número de indivíduos escapar à morte, lutan- do contra o vento ou deixando de voar. É, em suma, o que se passa com os mari- nheiros que naufragam e dão à costa; é importante para os bons nadadores o po- der nadar tão longe quanto possível, mas é melhor para os maus nadadores não saber nadar coisa alguma, e segurar-se ao navio naufragado.

As toupeiras e alguns outros roedores cavadores têm os olhos rudimenta- res, algumas vezes mesmo completamente cobertos de uma película e de pêlos. Este estado dos olhos é provavelmente devido a uma diminuição gradual, prove- niente do não uso, aumentando sem dúvida pela seleção natural. Na América Me- ridional, um roedor chamado Tucu-Tuco ou Ctenomys tem costumes ainda mais subterrâneos que a toupeira; asseveravam-me que estes animais são freqüente- mente cegos. Observei um vivo e realmente este era cego; dissequei-o depois da morte, e descobri então que a cegueira provinha de uma inflamação da membrana pestanejante. A inflamação dos olhos é necessariamente nociva ao animal; ora, como os olhos não são necessários aos animais que têm hábitos subterrâneos, uma diminuição deste órgão, seguida da aderência das pálpebras e da proteção pelos pêlos, poderia neste caso tornar-se vantajosa; se é assim, a seleção natural vem completar a obra começada pelo não uso do órgão.

Sabe-se que muitos animais pertencendo às classes mais diversas, que vi- vem nas grutas subterrâneas da Carniola e do Kentucky, são cegos. Em muitos caranguejos, o pedúnculo que sustenta o olho é conservado, posto que o órgão da visão tenha desaparecido, isto é, que o suporte do telescópio existe, faltando contudo o próprio telescópio e os seus vidros. Como é difícil de supor que o olho, posto que inútil, possa ser nocivo a estes animais vivendo na obscuridade, pode

atribuir-se a ausência do órgão ao não uso. Em um destes animais cegos, o rato de caverna (Neotoma), de que dois especímenes foram capturados pelo professor Silliman a cerca de meia milha da abertura da gruta, e, por conseguinte, nas par- tes mais profundas, os olhos eram grandes e brilhantes. O professor Silliman me ensina que estes animais acabavam por adquirir uma vaga aptidão para perceber os objetos, depois de submetidos durante um mês à luz gradual.

É difícil imaginar condições ambientes mais sensíveis que as das vastas cavernas, cavadas nas profundas camadas calcárias, em países tendo quase o mesmo clima. Assim, na hipótese de que os animais cegos foram criados separa- damente para as cavernas da Europa e da América, deve-se esperar encontrar uma grande analogia na sua organização e suas afinidades. Ora, a comparação destas duas faunas prova-nos que não é assim. Schiödte faz notar só relativamen- te aos insetos: «Podemos pois considerar apenas o conjunto do fenômeno como um fato puramente local, e a analogia que existe entre aquelas faunas que habi- tam a caverna do Mammouth (Kentucky) e as que habitam as cavernas da Carnio- la, como a expressão da analogia que se observa geralmente entre a fauna da Europa e a da América do Norte». Na hipótese que considero, devemos supor que os animais americanos, dotados na maior parte dos casos da faculdade ordinária da vista, têm deixado o mundo exterior, para se mergulhar lentamente e por gera- ções sucessivas nas profundezas das cavernas do Kentucky, ou, como o fazem outros animais, nas cavernas da Europa. Possuímos algumas provas da gradação deste hábito; SchiZidte acrescenta, com efeito: Podemos, pois, considerar as fau- nas subterrâneas como pequenas ramificações que, destacadas das faunas geo- gráficas limitadas da vizinhança, penetravam a terra e que, à medida que mergulhavam cada vez mais na obscuridade, se acomodavam às suas novas condições de existência. Animais pouco diferentes das formas ordinárias trouxeram a transição; em seguida, vêm os conformados para viver na meia-luz; por fim, os destinados à obscuridade completa e de que a estrutura é muito particular». Devo juntar que estes reparos de Schiddte se aplicam, não a uma só espécie, mas a muitas espécies distintas. Quando, após inúmeras gerações, o animal atinge as maiores profundidades, o não uso do órgão tem-se atrofiado mais ou menos completamente, e a seleção natural dá-lhe, algumas vezes, uma

te, e a seleção natural dá-lhe, algumas vezes, uma espécie de compensação pela cegueira, determinando um aumento nas antenas. Apesar destas modificações, devemos ainda encontrar certas afinidades entre os habitantes das cavernas da América e os outros habitantes deste continente, assim como entre os habitantes das cavernas da Europa e os do continente europeu. Ora, o professor Dana diz- me que o mesmo sucede com alguns dos animais que habitam as grutas subter- râneas da América; alguns insetos que habitam as cavernas da Europa são muito próximos dos que habitam a região adjacente. Na hipótese ordinária de uma cria- ção independente, seria difícil explicar de forma racional as afinidades que existem entre os animais cegos das grutas e os restantes habitantes do continente. Deve- mos, além disso, procurar obter, entre os habitantes das grutas subterrâneas do antigo e novo mundo, a analogia bem conhecida que referimos a respeito da maior parte das outras produções. Como se encontra em abundância, sobre os rochedos escondidos, longe das grutas, uma espécie cega de Bathyscia, a perda da vista na espécie deste gênero que habita as grutas subterrâneas, não tem provavelmente relação alguma com a obscuridade do seu habitat; parece muito natural, em ver- dade, que um inseto já privado de vista se adapte facilmente a viver nas grutas escuras. Um outro gênero cego (Anophthalmus) oferece, como o fez notar M. Mur- ray, a particularidade notável de se encontrar apenas nas cavernas; ademais, os que habitam as diferentes cavernas da Europa e da América pertencem a espé- cies distintas; mas é possível que os ancestrais destas diferentes espécies, en- quanto foram dotados de vista, tivessem podido habitar os dois continentes, e de- pois se extinguissem, sem exceção daqueles que habitam os pontos retirados que ocupam atualmente. Longe de ficar surpreendido porque alguns dos habitantes das cavernas, como o Amblyopsis, peixe cego indicado por Agassiz, e o Proteu, igualmente cego, apresentam grandes anomalias nas suas relações com os rép- teis europeus, eu fico admirado de não encontrarmos nas cavernas um maior nú- mero de representantes de animais extintos, em razão da pouca concorrência à qual os habitantes destas sombrias habitações estão expostos.

ACLIMATAÇÃO

Os hábitos são hereditários nas plantas; assim, por exemplo, a época da floração, as horas consagradas ao sono, a quantidade de chuva necessária para assegurar a germinação das sementes, etc., e isto conduz-me a dizer algumas palavras sobre a aclimatação. Como nada é mais fácil do que encontrar espécies do mesmo gênero em países quentes e em países frios, é necessário que a acli- matação tenha, numa longa série de gerações, desempenhado um papel conside- rável, se é verdade que todas as espécies do mesmo gênero derivam de uma mesma fonte. Cada espécie, é evidente, está adaptada ao clima do país que habi- ta; as espécies que habitam uma região ártica, ou mesmo uma região temperada, não podem suportar o clima dos trópicos, e vice-versa. Além disso, muitas plantas gordas não podem suportar os climas úmidos. Mas tem-se muitas vezes exagera- do o grau de adaptação das espécies aos climas em que vivem. É o que podemos concluir do fato de, desde há tanto tempo, nos ser impossível predizer se uma planta importada poderá suportar o nosso clima e deste outro fato, que um grande número de plantas e animais, provindo dos mais diversos países, vivem entre nós com excelente saúde. Temos razão para acreditar que as espécies no estado na- tural são restritas a um habitat pouco extenso, bem mais pela luta que têm de sus- tentar com outros seres organizados, do que pela adaptação a um clima particular. Que esta adaptação, na maior parte dos casos, seja ou não muito rigorosa, nem por isso deixa de provar-se que algumas plantas podem, em certa medida, habitu- ar-se naturalmente a temperaturas diferentes, isto é, aclimatar-se.

O Dr. Hooker recolheu sementes de pinheiros e de rododendros em indiví- duos da mesma espécie, crescendo a alturas diferentes no Himalaia; ora, estas sementes, semeadas e cultivadas em Inglaterra, possuem aptidões constitucionais diferentes relativamente à resistência ao frio. M. Thwaites diz-me que observou fatos semelhantes em Ceilão; M. H. C. Watson fez observações análogas em es- pécies européias de plantas trazidas dos Açores para Inglaterra; eu poderia citar muitos outros exemplos. Com respeito a animais, podem citar-se muitos fatos au- tênticos provando que, desde os tempos históricos, certas espécies emigraram em

grande número de latitudes quentes para as mais frias, e reciprocamente. Todavi- a, não podemos afirmar, de uma maneira positiva, que estes animais sejam estri- tamente adaptados ao clima do seu país natal, posto que, na maior parte dos ca- sos, admitamos que o sejam; não sabemos tampouco se estão subseqüentemente tão bem aclimatados na sua nova pátria, se aí se adaptaram melhor do que esta- vam no princípio.

Poderiam, sem dúvida, aclimatar-se facilmente em países completamente diferentes, muitos animais vivendo hoje no estado selvagem; o que parece prová- lo, é que os nossos animais domésticos foram originariamente escolhidos pelos selvagens, porque lhes eram úteis e porque se reproduziam facilmente no estado doméstico, e não porque se percebesse mais tarde que se poderiam transportar aos países mais diversos. Esta faculdade extraordinária dos nossos animais do- mésticos em suportar os climas mais diversos, e, o que é uma prova ainda mais convincente, ficar perfeitamente fecundos em toda a parte para onde os transpor- tem, é sem dúvida um argumento em favor da proposição que acabamos de emi- tir. Não seria necessário, contudo, levar este argumento tão longe; com efeito, os nossos animais domésticos derivam provavelmente de muitas origens selvagens; o sangue, por exemplo, de um lobo das regiões tropicais e de um lobo das regiões árticas pode encontrar-se misturado nas raças dos nossos cães domésticos. Não podem considerar-se a ratazana e o rato como animais domésticos; não foram, pelo menos, transportados pelo homem a muitas partes do mundo, e têm hoje, contudo, um habitat muito mais considerável que os outros roedores; suportam, com efeito, o clima frio das ilhas Feroé, no hemisfério boreal, o das ilhas FalKland, no hemisfério austral, e o clima esbraseante de muitas ilhas da zona tórrida.

É lícito, pois, considerar-se a adaptação a um clima especial como uma qualidade que pode facilmente enxertar-se sobre esta larga flexibilidade de consti- tuição que parece inerente à maior parte dos animais. Nesta hipótese, a capacida- de que o próprio homem oferece, e bem assim os seus animais domésticos, de poderem suportar os climas mais diversos; e o fato de o elefante e o rinoceronte terem outrora vivido num clima glacial, enquanto que as espécies existentes atu- almente habitam todas as regiões da zona tórrida, não deveriam ser consideradas

como anomalias, mas como exemplos de uma flexibilidade ordinária de constitui- ção que se manifesta em certas circunstâncias particulares.

Qual é a parte que é necessário atribuir aos simples hábitos? qual a que deve atribuir-se à seleção natural das variedades tendo constituições inatas dife- rentes? qual a que, enfim, se deve atribuir a estas duas causas combinadas na aclimatação de uma espécie a um clima especial? É esta uma questão muito obs- cura.

O hábito ou o costume tem sem dúvida alguma influência, se devemos a- creditar na analogia; as obras sobre agricultura e mesmo as antigas enciclopédias chinesas dão a cada passo o conselho de transportar os animais de uma região para outra. Demais, como não é provável que o homem tenha chegado a escolher tantas raças e sub-raças, de que a constituição convém tão perfeitamente aos pa- íses que habitam, eu creio que deve atribuir-se ao hábito os resultados obtidos. Por outro lado, a seleção natural deve tender inevitavelmente para conservar os indivíduos dotados de uma constituição bem adaptada aos países que habitam. Prova-se, nos tratados sobre muitas espécies de plantas cultivadas, que certas variedades suportam melhor um clima que outro. Encontra-se a prova nas obras sobre pomologia publicadas nos Estados Unidos; aí se recomenda, com efeito, empregar certas variedades nos Estados do Norte, e outras nos Estados do Sul. Ora, como a maior parte destas variedades tem uma origem recente, não se pode atribuir ao hábito as suas diferenças constitucionais. Cita-se mesmo, para provar que, em certos casos, a aclimatação é impossível, a alcachofra de Jerusalém, que jamais se propaga em Inglaterra por sementes e de que, por conseguinte, se não tem podido obter novas variedades; faz-se notar que esta planta ficou tão delicada como era. Tem-se muitas vezes citado também, e com muita mais razão, o feijão como exemplo; mas não se pode dizer, neste caso, que a experiência tenha real- mente sido feita; seria preciso para isso que, durante vinte gerações, alguém ti- vesse o trabalho de semear feijões muito cedo para que uma grande parte fosse destruída pelo frio; em seguida se recolhesse a semente dos sobreviventes, tendo o cuidado de impedir os cruzamentos acidentais; e por fim se recomeçasse cada ano este ensaio cercando-se das mesmas precauções. Não seria necessário su-

por, além disso, que não aparecessem jamais diferenças na constituição dos fei- jões, porque muitas variedades são mais rústicas que outras; é este um fato de que eu mesmo pude observar exemplos marcantes.

Em resumo, podemos concluir que o hábito ou ainda o uso e não uso das partes têm, em alguns casos, desempenhado um papel considerável nas modifi- cações da constituição e do organismo; podemos concluir também que estas cau- sas são freqüentemente combinadas com a seleção natural de variações inatas, e que os resultados são, igualmente, dominados por esta última causa.

No documento A Origem das Espécies (páginas 151-160)

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