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Em relação a implantação do PETI no Núcleo de Cidade Nova, deve-se levar em consideração o que expressava o lixão e a inclusão das famílias que lá viviam e de lá buscavam sua sobrevivência, na cata do lixo. Diante deste fato, passamos a nos indagar, até que ponto o programa PETI vem reduzindo os índices de pobreza e erradicando o trabalho infantil? O trabalho desenvolvido pelo PETI tem conseguido êxito no processo de inclusão social dessas famílias, minimizando o quadro de pobreza em que vivem?

A pesquisa nos aponta alguns pontos vulneráveis, outros sinalizadores e norteadores que estão na lógica da concepção do programa que reconhece a necessidade de intervenção direta nas condições de pobreza familiar e o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.

O Programa não conta com um sistema de aferição para o conjunto de informações obtidas, que possibilite a classificação de forma detalhada e objetiva, da situação sócio-econômica das famílias, a fim de serem avaliadas em conjunto com a renda declarada.

Podemos observar, que na intervenção direta, na base econômica das famílias, está longe de acontecer, no sentido mais abrangente da formação profissional, do trabalho e da renda, por parte do PETI.

Especificamente, em relação ao Núcleo de Cidade Nova, lócus deste estudo, percebemos que a inexistência de um perfil social e econômico das famílias foi agravada pela ausência de informação nos cadastros de acesso aos objetivos estabelecidos pelo PETI. Objetivos, tais quais: retirar as crianças e os adolescentes do trabalho infantil; possibilitar o acesso, o reingresso, a permanência e o bom desempenho de crianças e adolescentes na escola; proporcionar apoio e orientação às famílias beneficiadas; promover programas e projetos de qualificação profissional e de geração de trabalho e renda junto às famílias. Isto é, a disposição desses requisitos não se encontra organizada, no sentido de evidenciar a ordem de preferência que a cada um se concede, para o recebimento da Bolsa Cidadã. Por exemplo, uma família com crianças que não tem ocupação ou trabalho, pode ou não, ser inserida no programa? O

Programa deixa em aberto a seleção, a partir desses requisitos, sem estabelecer a ordem de prioridade conferida por cada um deles para a obtenção da bolsa do PETI. Durante a pesquisa foi constatado que tais crianças e adolescentes seriam oriundas do ‘lixão’ e que estariam dentro de um dos critérios de elegibilidade do programa. No entanto, o que se observou é que uma boa parte dessas crianças e desses adolescentes não estavam em situação de trabalho Infantil no lixão. Como mostra a fala da assistente social do Núcleo

Aqui no Núcleo temos alguns adolescentes que não desenvolviam atividades laboral, mas que segundo os pais, freqüentavam o lixão, para deixar refeições. Como também alguns jovens da comunidade, pois quando esse Núcleo foi inaugurada, foi destinado um pequeno percentual para a comunidade e esses adolescentes permanecem até hoje, pois não atingiram a idade limite para a exclusão no Programa.

Nesse contexto, observamos o caráter de prevenção, no que o PETI também contribui, para não permitir que crianças e adolescentes se introduzam no trabalho infantil. Fica evidente, na fala das mães de usuários do PETI, quando as mesmas abordam esse caráter preventivo:

Entrevistado M15:

eu coloquei [ PETI ], porque é assim toma mais o tempo dele, estuda e tem dois horário, aí evita de ta na rua, pra lá e pra cá no meio da rua, aí lá eu acho bom, ele ir pra lá, e ele gosta de lá também.

O entrevistado M2 também se pronunciou dizendo:

Ele não sei dizer ..., realmente, assim, porque ele, assim, é um menino muito levado mas ele gostava de vim pro PETI, sempre vem e não tem o que dizer assim não em termo ele era assim, gostava de fiar na rua, quando eu ia trabalhar ele vinha pra cá sempre gostava das brincadeiras, capoeira, jogos. Eu não podia botar eles pra fazer isso.

As famílias, naquele momento, em estado crítico, no Lixão e na pobreza, ao sair dessa situação, encontram no PETI um aporte de prevenção, junto aos seus filhos para o não ingresso ao trabalho infantil.

No que concerne aos objetivos do Programa PETI, considera-se que a intenção dos formuladores, foi desenhar um programa que possibilitasse intervir nas condições estruturais que contribuem para impedir que crianças e adolescentes tenham que

trabalhar. Os seus objetivos foram traçados no sentido de viabilizar o atendimento do tripé educação/assistência/geração de renda.

Entende-se, assim, que a associação e a articulação com Políticas educacionais, de assistência, de geração de renda e de acompanhamento aos indicadores de saúde, possa constituir-se numa articulação básica necessária para que os Programas possibilitem, a perspectiva de reversão, para além dos resultados imediatos e definidos no tempo, dos fatores que impedem a escolaridade mínima dos filhos dessas famílias e a conseqüente perpetuação da pobreza.

Nesse sentido, o PETI pode formar o eixo central de uma intervenção pública de combate ao trabalho infantil, mediante a inclusão dos seus beneficiários em políticas setoriais complementares, sem as quais os seus impactos potenciais limitam-se àqueles decorrentes da transferência monetária durante o período de atendimento por esses programas, nos moldes, inclusive, dos Programas de Garantia de Renda Mínima. Como sintetiza Bava (1997, p. 123):

a sugestão de vários autores é, para além de garantir o acesso dos integrantes dos Programas de Garantia de Renda Mínima a serviços públicos de educação, saúde, assistência social, a de articular políticas de transferência de renda com programas de educação e capacitação profissional. Sem dúvida, esses são elementos essenciais a uma política de inclusão.

Os objetivos propostos pelo PETI, portanto, podem ser avaliados como determinados, à medida em que contemplam uma intervenção multidimensional, incorporando aspectos relativos à escolaridade, na questão da evasão e da repetência, a estrutura do PETI, com relação à educação (reforço) é limitado, por desconsiderar a importância da associação em programas pedagógicos específicos para os seus beneficiários, uma vez que o reforço escolar não mantém o atendimento às condições materiais mínimas, para combater os problemas crônicos passíveis de evasão e repetência apresentados.

O rendimento escolar das crianças e dos adolescentes beneficiados, revela-se até então, insuficientes, caracterizadas pela repetência e por elevados níveis de evasão. Este rendimento só passaria a ser satisfatório, a médio prazo, após um trabalho pedagógico direcionado com acompanhamento sistemático, levando em conta

as condições de aprendizagem das crianças e adolescentes inseridos no PETI. Essa questão torna-se ainda mais relevante quando se verifica que os membros familiares adultos, em especial as mães, usualmente as responsáveis pelo acompanhamento escolar dos seus filhos, apresentam, em sua grande parte, deficiência em sua escolaridade básica. Conforme Gráfico 2.

20,0 10,0 20,0 10,0 40,0 17,9 23,2 33,9 10,7 12,5 1,8 25,0 50,0 25,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 27 a 32 anos 33 a 38 anos 39 a 44 anos 45 a 50 anos 51 a 56 anos 57 a 62 anos 63 a 68 anos Não respondeu %

Analfabeto EF incompleto Não respondeu

GRÁFICO 2 – Escolaridade Segundo Faixa Etária Fonte: Pesquisa de campo.

Com relação às crianças e aos adolescentes do PETI, Núcleo de Cidade Nova apreendemos da fala da Coordenação do Programa :

Observamos que de dois anos para cá, o índice de repetência escolar vem crescendo, chegando a um percentual de 40%. Oferecemos na Jornada Ampliada, o reforço escolar mas ele não supre as necessidades da demanda do ensino escolar, pois a metodologia é diferenciada. Salientamos que as atividades de reforço escolar são prioridade em relação a outras atividades, no atendimento as crianças e aos adolescentes.

Em sentido amplo, essa articulação, com programas específicos de melhoria das condições de aprendizagem dos usuários do PETI, introduz a questão fundamental

representada pela qualidade do ensino oferecido na rede escolar pública. A desconsideração desse aspecto, absolutamente relevante, esvazia o potencial redistributivo para além da manutenção do benefício de programas dessa natureza.

Como afirma Cattani (1996, p. 135):

Face ao infinito da liberdade, o ser humano precisa da educação para crescer moralmente, para libertar-se da opressão e da dependência de leis arbitrárias. É, sobretudo, através da educação que é possível oportunizar a igualdade de oportunidades, base do princípio de justiça.

A baixa escolaridade produz efeitos perversos para as crianças e os adolescentes, como avalia (DRAIBE, 2001, p. 171):

A baixa escolaridade apresenta uma relação de causa e efeito em relação à cristalização da pobreza inter-geracional. Para as famílias pobres, a escolarização das crianças tem um custo de oportunidade, uma vez que o tempo despendido na escola poderia estar sendo utilizado na realização de uma atividade remunerada, seja em regime de economia familiar, prática usual no meio rural, seja no mercado informal de trabalho, como se verifica nos centros urbanos.

As conseqüências da não escolaridade e o ingresso precoce em situação de trabalho infantil, naturalizam a pobreza dessas famílias que estarão sempre ligadas a um ciclo constante de ‘não desenvolvimento e promoção da qualidade de suas vidas, sem acesso aos direitos garantidos pela Constituição Federal, na execução das Políticas Públicas’.

Portanto, a efetividade do Programa PETI, na consecução dos objetivos propostos no âmbito da sua dimensão educacional está condicionada à adoção de um conjunto de medidas que visem a capacitação dos recursos humanos envolvidos e a adequação às condições pedagógicas e de infra-estrutura, utilizadas em seu desenvolvimento.

A possibilidade de consecução do objetivo geral do PETI, bem como das demais intervenções de concepção similar, entendidos, como o acesso e a permanência na escola, de crianças e adolescentes em condições de pobreza e a minimização da precária situação social, estão condicionados pelo êxito da articulação entre esse Programa e àqueles voltados para a geração de renda.

A implementação de Políticas de geração de emprego e renda preconizadas pelo PETI, apresenta, pelo lado das famílias beneficiárias, alguns fatores que impedem a melhoria das suas condições sócio-econômicas, em virtude das deficiências no perfil educacional dos adultos, que dificulta a sua inserção nessas Políticas. Esse fato, é comprovado, quando questionamos a Assistente Social se havia dificuldades de participação dos pais em programas ou projetos de geração de renda. Na fala da assistente social se obteve a seguinte resposta:

Sim. A maior dificuldade é a falta de escolaridade. Muitos não sabem ler e escrever.

Dessa forma, a possibilidade de constituição de uma Política de combate à pobreza, na qual a articulação entre o PETI e programas de geração de emprego e renda, representa o eixo central, como se argumenta, e requer, principalmente, a conjugação de intenções e condições políticas integradas nessa promoção, como esclarece Telles (1998):

o maior ou menor sucesso desses programas vai além dos constrangimentos ou possibilidades ‘técnicas’ a serem levados em conta pelos agentes sociais diretamente envolvidos em sua execução. Pois a questão é política e depende da ampliação do horizonte democrático de mobilização e ação conjugada de sujeitos políticos. E depende, sobretudo, da construção de uma noção de bem público e responsabilidade política pública que tenha como medida, o direito de cidadania.(TELLES, 1998, p. 13).

Na análise avaliativa do PETI, vê-se ressaltadas contradições e determinações no processo de desenvolvimento de Políticas de geração de emprego e renda para as famílias beneficiadas, destacando-se fatores agravantes, decorrentes desse estudo: primeiro, não há uma prioridade política efetiva em âmbito municipal que possa atender de forma consistente, essas famílias, observando peculiaridades no enfrentamento à pobreza; segundo, falta ações concretas na implantação de um programa que articule a inserção dessas famílias numa ocupação de trabalho e renda, na promoção de cursos de capacitação e garantia de medidas direcionadas para o financiamento, assistência técnica e comercial, visando ao fomento de pequenos negócios e do trabalho autônomo ou em regime de cooperativa.

À inclusão das famílias beneficiárias em programas de geração de trabalho e renda de forma efetiva e ao seu atendimento no âmbito da assistência social, são condições para a melhoria da qualidade de vida das famílias.

No processo de inclusão social dos beneficiários, exige-se uma Política fundamentada na articulação entre assistência social, escolaridade e geração de renda, representadas pelos objetivos definidos, fazendo-se necessário que seja analisada a estrutura do PETI, avaliando-se os mecanismos previstos para a sua execução. Conforme constatamos na fala da assistente social

Hoje, as maiores dificuldades dizem respeito ao processo administrativo, devido aos poucos recursos, a burocracia e entraves inerentes às políticas públicas praticadas nesse país. Essa situação, reflete no atraso do pagamento do benefício; na falta de reposição de materiais pedagógicos e jogos educativos; na conservação da estrutura do ambiente e na falta de ações voltadas para as famílias com relação a qualificação profissional.

Esse fato revela o comprometimento e o alcance de alguns dos objetivos do PETI, especialmente quanto à promoção e acompanhamento do desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor, na perspectiva duma formação integral para a cidadania das crianças e dos adolescentes.

Vale ressaltar que, somente a montagem de uma infra-estrutura adequada (recursos humanos, financeiros e materiais) permitirá que a equipe técnica envolvida na operacionalização do PETI desenvolva, a partir das informações, um processo sistemático de acompanhamento e elaboração de indicadores que possibilitem a sua avaliação e a eventual adoção de ajustes considerados necessários, tornando mais eficientes as ações desenvolvidas no Programa.

Essa condição seria a ideal para o fortalecimento do programa, na questão da eliminação do trabalho infantil, porém constatamos uma realidade inversa, quando abordamos se o PETI estaria atingindo seus objetivos, propostos em retirar, efetivamente, a criança e o adolescente do trabalho infantil. Observamos, nesta direção, a fala da coordenadora do PETI:

a palavra erradicação é muito forte, quer dizer, acabar de vez; e nós sabemos que muitos fatores não contribuem para essa atitude. O fator principal é o atraso no pagamento do benefício, que deveria ser feito

mensalmente, obedecendo um calendário de pagamento, como acontece com outros programas, pois as famílias assistidas são bastante carente, vivendo num grau de miséria acentuado, onde muitas não possuem sequer banheiros em sua residência, morando, muitas vezes, em barracos de favelas ou nos morros. Então, a luta pela sobrevivência consiste em buscar algo de imediato e esse algo é para muitas, a comida; por isso, alguns pedem nas ruas ou fazem alguma atividade de trabalho de vez em quando. Como programa de política pública, o PETI, não foge à regra de ser focalista e assistencialista.

Nesse contexto, a análise sobre o PETI está articulada nas propostas que visem à reversão dos fatores que determinam a pobreza estrutural, cuja natureza manifesta-se no padrão de crescimento econômico, caracterizado pela concentração de renda e do sistema de proteção social, basicamente direcionado para o desenvolvimento de Políticas de natureza compensatória, apresentando escassos impactos redistributivos e ineficientes na promoção da mobilidade social. Como refere-se Marcio Pochmann (2003) a sociedade brasileira passa para a fase da imobilidade social, há uma crise de mobilidade social, ou até de regressão social. A mobilidade está bloqueada, interrompeu-se a “mobilidade social para cima” em que todos, dentro de determinados espaços sociais, movimentam-se, permitindo, a cada nova geração, uma melhor situação, relativa à anterior. Neste mesmo sentido, César Benjamin explica que os anos 90 cortam a trajetória da mobilidade social ascendente no Brasil. Afirma, este autor, que o Brasil de hoje não é um país em que a nova geração olhe para trás e diga: “Eu tenho um horizonte mais seguro ou melhor que o dos meus pais”.Pelo contrário, a insegurança e a incerteza travam, escurecem o horizonte dos jovens, particularmente os jovens pobres, que sobrevivem na zona rural, nos milhares de municípios brasileiros, nas periferias urbanas das cidades e nas metrópoles.

Assim, a justificativa para a utilização de programas como o PETI residiria, exatamente, em seus impactos imediatos, sobre as condições de carência material dos usuários, associando-se a outros mecanismos cabíveis para a promoção da autonomia econômica e para a inserção social das famílias atendidas.

Nessa perspectiva de transformação dos fatores que contribuem para a manutenção da pobreza, o acesso à educação representa uma condição necessária, de forma que o PETI, em desenvolvimento, têm priorizado a sua articulação com a escolaridade das crianças e adolescentes, pertencentes às famílias atendidas.

Do que vimos analisando ao longo dessa pesquisa, ressaltamos alguns questionamentos balizadores do PETI no Núcleo de Cidade Nova, resultantes da nossa análise, como se segue:

Em relação à seleção dos Usuários

A disposição aleatória dos critérios de acesso prioritário ao Programa, bem como as insuficiências verificadas nas fichas de cadastro utilizadas para a caracterização do perfil sócio-familiar, comprometem o processo de seleção das famílias a serem beneficiadas. Tais deficiências devem ser superadas, de forma a garantir maior objetividade nesse processo, que deveria estar dentro dos critérios técnicos do programa.

Em relação à Infra-estrutura do Programa

O Programa não dispõe de infra-estrutura de recursos humanos e materiais que permitam o acompanhamento sistemático dos critérios básicos de inscrição, nível de renda familiar e de manutenção do benefício e retirada das crianças e adolescentes da ocupação do trabalho. O desenvolvimento de infra-estrutura adequada ao acompanhamento sistemático das famílias beneficiárias, possibilitará a avaliação do Programa, além de uma rede de informações relevantes para a implementação de outras políticas públicas, notadamente nas áreas de saúde, educação, habitação e trabalho.

Em relação aos objetivos do PETI

No âmbito da execução, os objetivos pretendidos pelo PETI contemplam as dimensões da escolaridade, na questão do reforço escolar, embora revele-se fragilidades na qualidade do atendimento dessa modalidade. O atendimento assistencial às famílias e a sua inserção em programas de geração de trabalho e renda, na perspectiva de reversão das causas estruturais da pobreza, são insuficientes,

quando executadas apenas pelo Programa. Assim sendo, a base técnica do PETI é deficiente, ao desconsiderar fatores indispensáveis à consecução dos objetivos propostos. Em relação ao aspecto da escolaridade, o PETI não prevê a necessidade do acompanhamento das condições de avaliação da aprendizagem das crianças e dos adolescentes atendidos, imprescindíveis para o enfrentamento dos problemas de evasão e repetência apresentados por parte desses.

Apesar de estar previsto pelo documento de ordenação legal do PETI, uma etapa para o início do processo de inserção das famílias atendidas em programas de geração de trabalho e renda, esse aspecto tem sido desenvolvido de forma insuficiente. As razões para essa precariedade situam-se tanto no interior da alçada municipal, como ultrapassam essa esfera de governo. Em relação aos fatores internos, a inexistência de dotação orçamentária própria, e a conseqüente indisponibilidade financeira, dificultam a implementação de medidas voltadas para o atendimento às famílias.

Quanto aos fatores externos, destaca-se o restrito alcance das políticas exclusivamente municipais, para a geração de trabalho e renda. Posto que, além das restrições orçamentárias e financeiras a que estão circunscritos o Município, e da sua incipiente experiência nessa área de intervenção, o grau de efetividade dessas Políticas está diretamente relacionado às articulações inter-governamentais, considerando a mobilização institucional requerida para a necessária complementaridade das Políticas.

Ainda é preciso situar essas Políticas, quando efetivamente implementada na perspectiva de uma dinâmica econômica, cujos reflexos, decorrentes da reestruturação produtiva, têm-se caracterizado pela elevação dos níveis de desemprego e pela precarização das condições de trabalho. Considero que é a partir desse contexto que deve ser vista a questão de concepção e desenvolvimento das políticas de geração de emprego e renda.

Em relação à Gestão do PETI.

A gestão do PETI está a cargo do Governo Municipal da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social, cuja autonomia nesse processo, limita-se à execução do programa. Os recursos financeiros da Bolsa junto as famílias, decorrem de repasse do

Fundo Nacional de Assistência Social para o Fundo Municipal de Assistência Social, como também dos recursos para manter a Jornada ampliada, ficando o Núcleo de Ação Social do PETI na dependência dos repasses dos recursos para a manutenção da estrutura e administrativa de pessoal que são limitados, levando a coordenação a fazer uma gestão de âmbito pessoal, buscando alternativas individuais (como doações, sorteios de brindes, etc) para cobrir as deficiências na manutenção do PETI, que deveria ser suprido pelo órgão gestor.

Na perspectiva dessa autonomia insuficiente a Coordenação do PETI realiza o