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Parte II Estudo empírico da sazonalidade do turismo

Capítulo 6 Análise e discussão dos resultados

6.2 Resultados do inquérito com a oferta turística

6.2.2 Emprego

O inquérito desenvolvido à oferta turística contemplou questões sobre o emprego, por ser uma das consequências da sazonalidade do turismo. O emprego foi o tema de várias investigações realizadas por pesquisadores como Lundtorp et al. (1999), Butler (2001), Flognfeldt (2001), Commons e Page (2001), Nadal et al. (2004), Andriotis (2005), entre outros discutidos no Capítulo 3 deste trabalho. Nesta etapa, foi questionado sobre o fluxo dos funcionários, sobre a faixa etária e sobre o nível de instrução.

O aumento do quadro de funcionários das empresas turísticas varia conforme a actividade de cada uma, entretanto, quando questionado sobre em qual mês aumenta-se o número de funcionários, a maioria respondeu Abril como o principal, conforme demonstrado na tabela 6.6. Para o alojamento, a maioria contrata funcionários a partir do mês de Abril, sendo que o alojamento tipo aldeamento turístico 4* apontou o mês de Maio como o principal e os hotéis 5* responderam que em Junho acontecem as contratações para a época alta.

Nos serviços de transporte a contratação acontece em Maio e nos restaurantes e serviços de lazer a contratação é no mês de Julho. Nos restantes serviços, culturais e agências, a maioria respondeu que não há variação no número de funcionários durante o ano.

No final da época alta do turismo, muitas empresas libertam-se de alguns dos funcionários contratados para esta época. Na questão sobre o mês em que a empresa diminui o quadro de funcionários, o mês de Outubro foi o mais indicado, seguido pelo mês de Novembro. As empresas de serviços de lazer apontaram o mês de Setembro como o principal na alteração deste quadro. Estas informações podem ser visualizadas na tabela 6.6, a qual aponta por produto característico do turismo os meses de contratação e de despedimento.

Tabela 6.6 Fluxo dos funcionários das empresas inquiridas

Mês em que aumenta o nº de funcionários Mês em que diminui o nº de funcionários

Não varia Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Não varia Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Alojamento 2 2 8 4 3 1 2 0 3 7 7 1

Restaurantes 1 1 1 0 1 2 1 0 0 3 2 0

Agências 4 0 2 1 0 0 4 0 0 1 2 0

Serviços Culturais 2 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0

Transporte 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0

Total 9 3 11 6 5 5 8 1 6 12 11 1

Fonte: elaboração própria.

Foi questionado sobre a faixa etária dos funcionários para cada tipo de empresa. Na grande maioria, a faixa etária ficou entre 26 a 40 anos. O gráfico 6.4 apresenta a percentagem de vezes na qual cada faixa etária foi indicada.

Gráfico 6.4 Faixa etária dos funcionários das empresas inquiridas

Faixa Etária dos Funcionários

17%

66%

13% 4%

menos de 25 anos 26 a 40 anos 41 a 55 anos mais de 56 anos

Fonte: elaboração própria.

Quando analisado pelo tipo de oferta, é possível verificar que apenas nos serviços de lazer a maioria dos funcionários têm menos de 25 anos e as agências, de entre os produtos característicos, possuem a maior concentração de funcionários com mais de 56 anos, conforme a tabela 6.7.

Tabela 6.7 Faixa etária dos funcionários das empresas inquiridas

MENOS DE 25 ANOS 26 A 40 ANOS 41 A 55 ANOS MAIS DE 56 ANOS

Alojamento 18% 49% 26% 7% Restauração 15% 64% 19% 2% Agências 3% 78% 8% 11% Serviços Culturais 4% 87% 9% 0% Serviços Lazer 60% 23% 13% 4% Transporte 0% 100% 0% 0%

Fonte: elaboração própria.

A faixa etária pôde ser analisada juntamente com o nível de instrução dos funcionários de cada empresa. Para tanto, foi questionado sobre a percentagem de funcionários nos níveis: apenas alfabetizado, nível de ensino básico, ensino complementar e ensino superior. O nível de ensino complementar corresponde à maioria dos funcionários da oferta turística, conforme o gráfico 6.5.

Sendo assim, ao associar a informação da faixa etária com o nível de instrução, pode-se dizer que os funcionários das empresas turísticas possuem, na maioria, o perfil com idade inferior a 40 anos e com ensino complementar, e alguns destes com ensino superior. Para o estudo da sazonalidade do turismo, seria uma

Nível Educacional dos Funcionários

2%

19%

47% 32%

Alfabetizado Básico Complementar Superior

mais valia ter estes dados por mês, assim, seria possível ter o perfil dos funcionários da época alta e da época baixa. O perfil identificado nesta investigação pode representar os funcionários da época alta, quando as empresas possuem o quadro completo dos colaboradores.

Gráfico 6.5 Nível de instrução dos funcionários das empresas inquiridas

Fonte: elaboração própria.

O nível educacional, quando verificado pelo tipo de empresa, demonstra que os serviços culturais, seguidos pelas agências, possuem a maior concentração de mão-de-obra com ensino superior. Os funcionários com ensino básico, de entre os sete produtos característicos, estão mais concentrados nos produtos tipo alojamento seguido pelos serviços de lazer, conforme resultado apresentado na tabela seguinte.

Tabela 6.8 Nível de instrução dos funcionários das empresas inquiridas

ALFABETIZADO BÁSICO COMPLEMENTAR SUPERIOR

Alojamento 2% 38% 45% 15% Restauração 9% 28% 33% 30% Agências 0% 5% 50% 45% Serviços Culturais 0% 11% 18% 71% Serviços Lazer 2% 30% 58% 10% Transporte 0% 0% 80% 20%

Fonte: elaboração própria.

Ao associar as informações da época de contratação e despedimento com a informação sobre a faixa etária e sobre o nível educacional para cada produto característico do turismo, temos, aproximadamente, o perfil dos funcionários de cada área: alojamento – entre 26 a 40 anos com ensino complementar e cinco meses sem trabalho; restauração – entre 26 a 40 anos com ensino complementar e nove meses sem trabalho; agências –

entre 26 a 40 anos com ensino complementar e com trabalho durante todo o ano; transporte – entre 26 a 40 anos com ensino complementar e seis meses sem trabalho; serviços culturais – entre 26 a 40 anos com ensino superior e com trabalho durante todo o ano; e serviços de lazer – menores de 25 com ensino complementar e nove meses sem trabalho.

Os gestores dos serviços de lazer, para não terem prejuízos com o factor ‘emprego’, podem adoptar a estratégia recomendada por Flognfeldt (2001; 113): contratação de estudantes. O perfil dos funcionários deste sector permite que os estudantes passem nove meses na escola e nos meses da época alta possam ser contratados pelas empresas.

No item III do questionário aplicado nesta investigação, os resultados demonstraram que as agências e os serviços culturais são as empresas que menos alteram o número de funcionários durante o ano e são também as que mais possuem trabalhadores com mais de 56 anos. O que demonstra que nestas empresas deve haver um plano de carreira, onde o funcionário pode ter perspectivas de crescimento/melhoramento de cargo, o que ajuda a manter o grau de qualidade dos serviços, do atendimento e da imagem da empresa no mercado turístico. As agências possuem a segunda menor taxa de sazonalidade (tabela 6.3). O contrário foi verificado nas empresas de serviços de lazer, as quais possuem a maior taxa de sazonalidade, verificando-se a validade

da hipótese 6 (H6), pois o emprego temporário é proporcional ao elevado índice da taxa de sazonalidade, ou

seja, quanto mais a empresa é sazonal mais há contratação temporária.