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No passado, o ensino era concebido por objectivos pré concebidos centrados em saberes Aquilo que caracteriza os objectivos, é que cada aluno pode ou

5.1. Enquadramento da formação

Diversos factores educacionais e sociais contribuíram para aumentar e renovar o interesse pela avaliação na educação pré-escolar transformando-a numa questão fulcral da educação da criança. Provoca então, uma maior responsabilização dos profissionais da educação e surge um novo e diferente olhar sobre a avaliação.

As Orientações Curriculares, publicadas pelo Ministério da Educação no ano 1997, começam por definir linhas orientadoras para os educadores de infância promovendo uma organização intencional e estruturada do ambiente educativo, exigindo que o educador planeie o seu trabalho e avalie o processo e os seus efeitos no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

A avaliação formativa é a “ principal modalidade de avaliação na estrutura curricular do ensino básico e secundário” (M.E.1990, p.3.3.1). Esta modalidade de avaliação tem” carácter sistemático, positivo e contínuo”( M.E., 1990,p.3 3.2) dirigindo-se aos alunos, professores e encarregados de educação.

A acção de formação, Portfolio em Educação Pré-escolar surgiu de preocupações de um grupo de educadoras de infância que ao reflectirem sobre a sua prática pedagógica constataram falhas e constrangimentos a nível de uma efectiva e real avaliação. A formação, também veio proporcionar a capacidade de enfrentar situações novas, ou seja, outras formas de avaliar. A metodologia desenvolvida na formação integra-se no âmbito dos paradigmas de investigação de natureza qualitativa, estando subjacente ao seu desenvolvimento uma intenção de analisar e discutir os problemas, bem como o empenho na procura de soluções mais adequadas para os ultrapassar. Assim, como estratégia facilitadora da formação reflexiva que, os formandos a par da formadora foram construindo e partilhando saberes de uma forma progressiva. E como refere Alarcão (1993, p.91) “formar é formar-se” o formador também tem a tarefa de supervisionar do qual “ … requer procedimentos de vigilância sistemática no sentido de actuar de forma autocrítica e cientificamente actualizada, que possa favorecer o

desenvolvimento individual, grupal e social dos vários intervenientes na formação” (Ibidem).

A amostra apresentada abarcou 10 docentes do pré-escolar, sendo a totalidade de 11 educadoras de infância. Houve uma desistência por razões pessoais. Esta equipa pertence ao Agrupamento Vertical de Escolas Búzio. Os critérios estabelecidos partiram da parte das formandas visto já há muito tempo, sentirem necessidade de participarem numa formação desta natureza - avaliação em educação de infância (informação recolhida comprovada em documentos abaixo)

Procurando obter uma informação mais aprofundada do tema em estudo recorreu-se a informação diversificada, de natureza qualitativa e também quantitativa, de forma a encontrar dados que viessem a permitir caracterizar, a projecção ao nível de profissionais de educação de infância por uma avaliação adequada a uma faixa etária, alternativa e autêntica capaz de lhe reconhecer identidade, acarretando assim, com possíveis questões e dificuldades, problemática que a transcende mas que ajuda a explicá-la, em termos das concepções de formação e de supervisão de profissionais de educação de infância.

A recolha de informação refere-se ao período de Fevereiro a Maio do ano lectivo 2005/06 com sessões presenciais e de trabalho contextualizado (jardim de infância) com o objectivo de saber construir um portfolio, material que serviu para avaliarem as formandas (cf. Anexo10) e reflectir sobre as mudanças que ocorreram nos respectivos jardins-de-infância de que são responsáveis.

Foi na modalidade de Oficina de Formação que formador e formandos e num espírito colaborativo procuravam o mesmo rumo: “…construção colaborativa de saberes, que potenciasse a melhoria dos processos de formação na prática pedagógica” (Ibidem).

Para a interpretação das informações (cf. Anexo 15) apresentam-se exemplos de transcrições que pretendem ser submetidas a uma análise de conteúdo. São procedimentos sustentados por muitos autores como Zabalza (1991, p.20), que afirma que “nenhuma investigação se faz desde um vazio doutrinal ou sem pré concepções da realidade que procuramos estudar”.

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Através de leitura das informações disponíveis (avaliação final no âmbito da oficina de formação, de uma ou outra reflexão pessoal e de umas perguntas abertas inseridas na avaliação externa) usaram-se as seguintes categorias: - Referência ao interesse manifestado pelas educadoras de infância para as

mudanças na compreensão do conceito de avaliação em educação de infância

a forma como manifestaram o desejo em querer implementar uma forma alternativa de avaliação em educação de infância;

_ Questões e dificuldades ao longo do processo – Estas, detectadas na implementação de práticas no âmbito desta nova compreensão da avaliação; -- Apreciação do processo de formação – as referências que revelam a forma como as educadoras percepcionaram e vivenciaram o processo de formação;

5.2. Análise de conteúdo dos documentos dos formandos

Relativamente ao interesse manifestado pelas educadoras de infância para as mudanças na compreensão do conceito de avaliação em educação de infância

As informações recolhidas permitem reflectir sobre as questões e fazer uma análise interpretativa positiva. Está patente um grau elevado de motivação e empenho dos educadores de infância, de forma a desenvolver as suas competências profissionais e assim melhorar o processo ensino/aprendizagem. Na linha de Piaget, Vygotsky, Bruner e Bronfenbrenner, a educação de infância é vista numa perspectiva construtivista e ecológica. A reflexão integradora segundo os mesmos autores advém de

“os seus pressupostos teóricos permitirem estabelecer um fio orientador que, numa dimensão de complementaridade e de integração globalizante, repõe coerência na complexidade dos processos de ensino-aprendizagem, quer ao nível do processo de intervenção dos futuros educadores, enquanto formadores, quer em relação ao seu próprio processo de formação, enquanto formandos”(Idália Sá - Chaves, 2000,p.72).

Deste modo, os educadores fundamentam e contextualizam processos e estratégias de formação promovendo a partilha e a colaboração quer a nível pessoal quer a nível profissional. A formação constitui uma oportunidade para os educadores procurarem respostas para questões com que se deparam. A vontade de querer aprender a construir um portfolio e a oportunidade de conhecer novos procedimentos no âmbito de avaliação foram motivos para

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estes educadores aceitarem o desafio como é documentado aqui por testemunhos.

Nesta sequência os educadores sentem um reconhecimento do papel activo e dinâmico da pessoa na construção do seu próprio conhecimento e desenvolvimento,

“Já há muito tempo, que ouvia falar de portfolios, desde que tirei o Complemento em Educação de Infância. Algo ficou no ar, mas pouco sabia, pois não tinha sido orientada para isso.

A curiosidade fez com que lê-se alguns livros sobre este assunto, e que me ia interessando, cada vez mais, mas daí a pô-lo em prática, ia uma longa distância (Edu Cl, Relatório final Oficina de Formação).

“ - Porque queria aprender a organizar um portfolio

- Para aprofundar o conceito de avaliação no jardim-de-infância - Para partilhar com as colegas certas experiências e estratégias

(…) A minha intencionalidade – No próximo ano lectivo tenciono construir portfolios com um grupo de crianças” (Educ FM, Relatório final Oficina de

Formação).

“Inscrevi-me nesta acção de formação “Portfolios na Educação Prè-Escolar”, porque quero aprofundar o conceito de avaliação em Educação de Infância e como tal utilizar os Portfolios como uma forma inovadora de avaliação” (Edu C,

Relatório final – Oficina de Formação).

“Sou educador de infância há vários anos e esperava uma oportunidade para

poder participar numa acção sobre a avaliação em educação do pré-escolar por ser um aspecto de grande importância em todo o processo ensino- aprendizagem” (Edu T, Relatório final – Oficina de Formação).

“Foram várias as razões que me levaram a participar nesta acção de formação apesar de trabalhar há mais de trinta anos. Há muito tempo que ouvia falar, com certo entusiasmo, em portefólio, despertando a minha curiosidade e a minha vontade de inovar processos de aprendizagem.

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Fui perguntando aqui e ali, mas achei que sem um suporte teórico seria

impossível implantar na minha prática educativa este precioso instrumento de trabalho e avaliação. Encontrei um livro que abordava o assunto, mas era inadequado para o pré-escolar (Edu F, Relatório final – Oficina de Formação). “Os motivos que me levaram à frequência desta Acção de Formação foram: 1- apesar de já ter conhecimento da existência de um instrumento de avaliação o portfolio que valorizava a prática pedagógica no jardim de infância não possuía bases teóricas nem práticas para o poder pôr em prática ( Edu V,

Relatório final - Oficina de Formação).

“ Longe de mim pensar que me iria ser dada a oportunidade de aprender mais…o que é certo é que ela surgiu: a agora Formadora Maria Fernanda Alves ia tornar essa possibilidade em realidade, a paixão com que Ela falava de investigação, de saber mais, de procurar mais, de envolver cada vez mais as

crianças, pais e educadores no seu processo de

desenvolvimento/aprendizagem, de reflectir, recriar, inovar não podia de modo algum deixar-me indiferente, não podia perder esta oportunidade

Foi assim que despertou de novo em mim aquela vontade de ir mais além, de não permitir que o desânimo condicione a necessidade de evoluir, de continuar vivo esse processo de formação inacabado que iniciei quando entrei no Curso de Educação de Infância…” (Edu A, Relatório final - Oficina de Formação). - Questões e dificuldades sentidas pelas formandas ao longo do processo

Muitas foram as questões e dificuldades apresentadas e identificadas pelas educadoras e maioritariamente em torno da observação: como e quando observar para posteriormente registar (actividade pouco praticada no jardim de infância),

“ …Os desafios que tínhamos que desenvolver, relativamente as competências, nomeadamente competências de observar, registar e compreender documentar, planificar, informar e comunicar com os pais, outros educadores e outros profissionais. (…)

Uma das maneiras de observação e registos das crianças feita na prática do nosso quotidiano. O diário de bordo ou diário de aprendizagem em que

podemos realizar observar a qualquer momento e registá-los para não nos

esquecermos (Edu Cl, Relatório final – Oficina de Formação).

E numa reflexão pessoal que a educadora expressa:

“Observar e registar as aprendizagens das crianças, as suas dificuldades,

progressões e necessidades faço-o no diário de bordo, isto é, num pequeno caderno de bolso, fácil de aceder, onde registo facilmente as observações. Sem dúvida que, sinto muita dificuldade na sua prática, mas com o tempo vou tornando um hábito mais fácil e rotineiro” (Edu J, Reflexão pessoal).

Em contexto de formação muitas das formandas realçaram o quanto é difícil fazer uma avaliação mais sistemática com o portfolio tendo um número elevado de crianças por sala, com dificuldades em observar e registar enquanto orientavam as actividades. Atendendo à falta de experiência e de forma a contornar a situação, propuseram que de inicio iam limitar a realização do

portfolio a um grupo mais restrito, à faixa etária de 5 anos para gradualmente

implementarem este instrumento de avaliação,

“ (…) Porque esta Acção de Formação vinha ao encontro de uma dificuldade que todos os anos sentia ao realizar a avaliação das crianças. Avaliar sim mas como, com que instrumentos e em que momentos.

Penso que esta acção ficou em aberto muito há ainda para explorar, reformular e testar para maior enriquecimento deste instrumento já de si tão interessante. Verifiquei que a prática do Portfolio é extremamente exigente com o educador pois coloca-o constantemente em observação, reflexão e registo para que seja possível a sua concretização com grupos heterogéneos e numerosos (25 crianças) a prática deste instrumento é quase impossível, só com grupos pequenos é possível pô-lo em prática. Isto foi o que senti ao realizar um portfolio de uma criança no período de três meses” (Edu V, Relatório final -

Oficina de Formação).

“Com certeza que tive dificuldades em me adaptar, pois encontrávamo-nos a meio de um ano lectivo, com um grupo bastante grande (22 crianças) e com uma sala pouco espaçosa. A maior dificuldade que senti foi em conseguir

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registar as apreciações das crianças nos seus trabalhos, pois este processo

leva muito tempo” (Edu Mn, Relatório final – Oficina de Formação).

Os condicionalismos existentes abordados foram o tempo em que iniciou a formação e consequentemente a não adequação, no inicio do ano lectivo dos conteúdos programáticos em contexto educativo com o devido prejuízo:

“O período de tempo em que decorreu esta acção de formação revelou-se exíguo para a elaboração do portfolio que realizei de uma criança, o que resultou num processo/produto algo incompleto” (Edu J, Relatório final - Oficina

de Formação).

“ Dado que a acção teve início numa altura em que o ano lectivo já há muito se

desenrolava, foi para mim um pouco difícil transpor para a prática tudo o que apreendi, senti também alguma dificuldade no envolvimento da criança… (…) Convinha ser colocada em primeiro lugar e se possível para todo o ano lectivo, pois sem estes factores será difícil desenvolver um trabalho sério, sequencial, gradual, com sentido… “( Edu A, Relatório final - Oficina de

Formação).

“Confesso que no início da acção entusiasmei-me muito, quis logo pôr os portfolios a funcionar na minha sala, mas com o tempo, também descobri que afinal não era assim tão fácil como havia pensado” (Edu Cl, Relatório final -

Oficina de Formação).

- Apreciação do processo formação:

Um processo de formação cooperada para a realização de um portfolio de