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No passado, o ensino era concebido por objectivos pré concebidos centrados em saberes Aquilo que caracteriza os objectivos, é que cada aluno pode ou

2.3 Da supervisão o desenvolvimento pessoal e profissional contínuo e os contextos de intervenção

2.3.1 O âmbito de supervisão e suas características

A supervisão não se limita somente ao professor em formação inicial e à sua interacção pedagógica em sala de aula. Abrange uma ”dimensão colectiva”. Nesta perspectiva, a supervisão e a melhoria de qualidade das aprendizagens é extensível a toda a escola e aos professores na dinâmica das suas interacções entre si e com os outros, com o espírito dialogante, aprendente e qualificante. A outra característica, “dimensão formativa”, visa o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, docentes e funcionários da instituição.

Assim, a supervisão abrange segundo Alarcão & Tavares (2003,p.144), ”…a formação (inicial e contínua) e o desenvolvimento profissional dos agentes da educação e a sua influência no desenvolvimento dos alunos e o desenvolvimento e aprendizagem organizacionais e o seu impacto na vida das escolas”.

A acção dos supervisores pode estender-se a vários níveis: integração dos novos professores, mesmo professores estagiários, de profissionalização dos professores vinculados e da formação contínua, dos responsáveis pela gestão intermédia (ou grupo ou grupos que formem uma comunidade de profissionais em desenvolvimento e em aprendizagem).

Estes supervisores são membros do corpo docente e por conseguinte estão dentro da escola. Segundo Oliveira (2000), “um supervisor é sempre um formador que recorre a modalidades de formação/supervisão específicas e diversificadas consoante um conjunto de variáveis presentes nos contextos supervisivos ”(apud Alarcão & Tavares2003,p.47). Fazem parte integrante da escola e são responsáveis por dinamizar iniciativas com vista à melhoria da qualidade da educação, incluindo também a formação e a avaliação dos recursos humanos, conforme o projecto de escola. Podem fazer parte, inclusive, da Comissão Executiva das escolas. É importante existir um elemento com esta formação na escola e a nova concepção de supervisor em

situações organizacionais educativas devem possuir “competências cívicas, técnicas e humanas” (apud Alarcão & Tavares 2003,p.151), as quais são agrupadas em quatro tipos: “competências interpretativas” que possibilitam a realidade em vários sectores e detectam desafios emergentes relativos à escola, à educação, à formação; as “competências de análise e avaliação” abarcam projectos, iniciativas, situações, e desempenhos; as competências de dinamização de formação englobam as comunidades colaborativas dando-lhes apoio e estímulo; as “competências de comunicação e de relacionamento interpessoal”, são importantes para mobilizar as pessoas, gerir conflitos e criar empatia necessária para um relacionamento construtivo.

A existência das hierarquias são ultrapassadas se houver entre elas espírito colaborativo, mas se porventura existir diferenças,”…a actividade de supervisão tem de ser exercida na base do respeito mútuo e do reconhecimento do trabalho e das capacidades de cada um” (Alarcão & Tavares, 2003, p.149).

Assim, a supervisão abarca, na área de conhecimento e actuação transdisciplinar, o âmbito dos saberes para obter conhecimentos específicos. A nova concepção do papel da escola, na sociedade actual, definida pela autonomia, responsabiliza e alarga as funções do supervisor. Segundo Alarcão & Tavares, (2002,p.8) que “…os detentores desses cargos apoiem e orientem os professores no desempenho das suas tarefas e coordenem e avaliem os projectos e actividades que são da sua responsabilidade” Assim, as funções do supervisor, como membro do corpo docente da escola, são certamente uma mais valia para os contextos de desenvolvimento profissional dos professores. Segundo Formosinho (2002,p.218 –vol I)

“… a qualidade da formação dos professores e do ensino que praticam, deve ser vista não simplesmente no contexto da sala de aula, mas no contexto mais abrangente da escola, como lugar e tempo de aprendizagem para todos ( crianças e jovens, educadores e professores, auxiliares e funcionários) e para si própria como organização qualificante que, também ela aprende e se desenvolve”

A escola, como organização é onde ocorrem múltiplas interacções e proporciona a todos os seus membros oportunidades de formação e qualificação.

E, segundo Júlia Formosinho (2002, p.18),

“À medida que as escolas se tornem instituições auto-renovadoras, locais de trabalho nos quais a aprendizagem é valorizada, compreendida e praticada por todos, as interacções no

âmbito da supervisão serão construídas com base em relações recíprocas em grupos ou associações para a aprendizagem. As interacções no âmbito da supervisão terão como objectivo a obtenção de resultados a nível do crescimento mútuo e do desenvolvimento profissional”

A supervisão pedagógica, “…inscreve-se no conjunto mais limitado das actividades orientadas para a organização do ensino e dos actores pedagógicos em contexto da sala de aula” (apud Oliveira, 2000, p.47). Está integrada na formação de professores e privilegia o desenvolvimento profissional e pessoal, com vista a melhorias no processo de ensino/aprendizagem.

Os professores inseridos no terreno necessitam da formação para fazer uma reflexão sistemática sobre a acção que desenvolvem de direito próprio. Eles são “…supervisores aos mais diversos níveis, embora nem sempre disso tenham consciência pela falta de tempo e de hábitos de reflexão sobre as suas acções e atitudes e sobre as implicações que as consequências das mesmas pressupõem” (Sá-Chaves & Amaral, 2000,p.82).

O professor em exercício necessita de permanecer em formação “life long learning”, isto é, o professor passou a ser um formador, não só pela actividade profissional que exerce, como também pessoal “ numa perspectiva de aprendiz que forma e de formador que aprende” (Formosinho, 2002, p.10).

Na década 90, foram criados centros de formação de professores com um programa financeiro para promover e sustentar as acções e um conselho de acreditação de entidades formadoras, formadores e acções de formação. É exigida a frequência de um número mínimo de acções de formação aos professores. Estas, ainda hoje, são financiadas pelo Fundo Social Europeu, e visam a progressão na carreira do docente. Estas acções de formação podem ser solicitadas dentro da escola para fazer face à necessidade de se reequacionar e reorganizar o actual processo ensino/ aprendizagem. Segundo Formosinho (2002,p.222)“Neste processo emergem novas consciencializações, novos saberes, novas atitudes e novas capacidades, a que não é alheia a capacidade de aprendizagem activa, mobilizada pelo desejo de saber agir, adequadamente, em contexto”.

Em suma, o papel de supervisor surge como facilitador do desenvolvimento e da aprendizagem dos professores em formação inicial e contínua, individual e em grupo, com efeitos a ter na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos. Ser supervisor implica grande responsabilidade e conhecimento no

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desenvolvimento de áreas científicas como consciencialização do modo como os adultos aprendem e se desenvolvem, o refinamento de técnicas de observação, avaliação e dinâmica de grupos, novos saberes em termos de gestão de recursos e de estratégias de desenvolvimento profissional, e os progressos em termos de desenvolvimento curricular…

Assim, quando exerce estas funções, o supervisor recorre a saberes contributivos para a resolução de problemas que lhe são específicos e deste modo cria conhecimento na sua área.