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ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E TERRITORIAL: PASSADO

No documento Desfazendo barreiras (páginas 69-77)

CAPÍTULO III. SANTOS E O ESTUÁRIO DO TEJO

3.1 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E TERRITORIAL: PASSADO

(…) A presença da corte naquele aprazível lugar junto ao rio vai propiciar a construção de casas senhoriais e de conventos, entre cujas cercas, limitadas por caminhos e estradas, (…) viria a surgir o núcleo primevo do Mocambo. A urbanização iniciada ainda na primeira metade de Quinhentos consolida-se na centúria seguinte. Muitas das ruas hoje existentes já aparecem referenciadas no século XVI. A provar o crescente aumento populacional, a paróquia de Santos é elevada a freguesia em 1566.

A malha urbana, em quadrícula de pequenos quarteirões tendencialmente regulares, apresenta as ruas principais paralelas ao rio e não perpendiculares, como é habitual em Lisboa, alinhamento que tem a ver com o Paço Real e o contíguo Palácio dos Duques de Aveiro, cujas extensas cercas formavam uma barreira ininterrupta a Sul da Rua da Esperança (…)

(…) A varina, o fado e a comemoração dos Santos Populares continuam inegavelmente ligados à cultura do bairro.

No entanto, o aspecto que melhor define Santos-o-Velho na actualidade é a heterogeneidade das suas vivências, onde a cultura tradicional se concilia com a actividade dos restantes agentes sociais, económicos e culturais (museus, teatro, dança, não esquecendo o design), assim como a sua variada oferta ao nível da restauração e da diversão nocturna.13

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3.1.1 Localização da Área de Estudo

(FIG. 18- PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO, LISBOA, PELO AUTOR)

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3.1.2 Cronologia Histórica

De modo a compreender a formação e a génese da área de estudo foi elaborado uma cronologia histórica com os acontecimentos que marcaram a cidade de Lisboa, esta cronologia divide-se em três áreas: Lisboa, Santos-o-Velho e Bairro Alto. Foram selecionados 10 momentos (de cada área) de modo a sintetizar toda a pesquisa elaborada (cronologia histórica completa em esquisso).

40 (FIG.20- CRONOLOGIA HISTÓRICA, PELO AUTOR)

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3.1.3 Evolução da Cartografia Histórica

(FIG.21- CARTOGRAFIA HISTÓRICA, PELO AUTOR)14

42 Foram recolhidas as plantas anexas de modo a compreender a evolução territorial da área de estudo e com isso, conclui-se que:

Podemos observar que em 1780, no Porto de Lisboa, um local que agora se encontra edificado, não existiam edificações. É visível a presença do Rio Tejo perante as linhas estruturantes que dão origem ao Bairro Alto e Santos-o-velho.

O cais do Sodré já se formava e a Oeste do mesmo verificam-se algumas edificações.

Santos-o-velho: Na área que delimita o Plano de Pormenor da Madragoa, já existiam os quarteirões edificados a Oeste, apresentando-se extremamente delineados e claros, a sua presença é notória assim como a malha recticular.

A Sul, alguns quarteirões são apenas espaços verdes, no entanto a frente da Avenida 24 de Julho já era edificada. Zona que hoje se encontra consolidada.

A Este, ao contrário de Oeste, os quarteirões edificados apresentam aparentemente uma malha irregular. Onde hoje podemos encontrar o ISEG e o seu logradouro, em 1780 era apenas um grande jardim.

O Jardim de Santos começava agora a surgir, apresentando-se numa forma triangular. A avenida D.Carlos I, não existia.

Bairro Alto: Já em 1780, o Bairro Alto apresentava a malha que podemos verificar nos dias de hoje, à excepção do local onde se encontra o Liceu Passos Manuel, que era um Jardim.

A Sul, zona delimitada pelo Plano de Pormenor do Aterro da Boavista Nascente e Poente, era Rio. 1856-58- Filipe Folque:

Santos-o-Velho: A frente de água começa a recuar e os quarteirões fazem-se notar com uma malha extremamente definida. Os espaços verdes apresentam-se na maioria da área. Surge o quarteirão do Pátio Moreira Rato.

Bairro Alto: A Avenida D.Carlos I ainda não teria sido desenhada nesta altura, mas parece começar a nascer vinda do Rio (Avenida 24 de Julho em sentido ao Rato)

A malha permanece extramente recticulada, onde em cada quarteirão surge um espaço verde, em forma de logradouro. As ruas são extremamente estreitas comparativamente com as ruas em Santos, no entanto estas salientam-se pela sua regularidade e ritmo que apresentam.

Cais Sodré: Onde era lugar de Rio, apresenta-se nesta data, edificações no Aterro da Boavista. Estas edificações são boqueirões, originados pela actividade piscatória do local e as ruas parecem formar-se vindas do Rio em sentindo Sul-Norte. A frente Ribeirinha apresenta-se numa linha recta.

1871- Carta Da Câmara Municipal de Lisboa:

Santos-o-Velho: Em Santos, apresentam-se as propostas (a vermelho) dos loteamentos e divisórias a serem realizados. Apesar de não constar sofrer grandes alterações, agora sim, é visível o quarteirão do Pátio Moreira Rato e do jardim de Santos, como anteriormente referido, de forma triangular.

Bairro Alto: Assim como Santos, o Bairro Alto também não sofre muitas alterações com esta carta. Começamos a verificar a tentativa dos limites que hoje separam Santos do Bairro Alto e Bica, ou seja a Avenida D.Carlos I.

No Aterro da Boavista, onde se inserem a maior parte das alterações desta Carta, verifica-se já a divisória da parte Nascente e Poente, que dá, por sinal, origem a diversos quarteirões recticulados e perpendiculares ao Rio Tejo.

Cais Sodré: A estação começa a ser desenhada, e o Rio recua ainda mais. É uma carta que demonstra como nós nos apoderámos da área do Rio para conseguirmos espaço para edificar. As construções na frente ribeirinha apresentam-se paralelas ao Rio, formas extremamente esguias e compridas. Este espaço seria necessário para a Indústria e para as actividades piscatórias. Hoje, é o Porto de Lisboa, desativado, mas outrora terá sido o Rio Tejo, e terá sido uma zona Industrial onde a maior parte da população trabalhava dia e noite.

1878-79- Francisco e César Goullard:

Santos-o-velho: A Sul as edificações propostas anteriormente apresentam-se consolidadas, com logradouros no seu interior. O verde continua com um papel extremamente importante na cidade visto ocuparem a maior área dos quarteirões. Alguns quarteirões sofrem alterações a Este, apresentam-se com rupturas e dando origem a Avenidas, nomeadamente á Avenida D.Carlos I.

Bairro-Alto: No Bairro Alto a estrutura viária é similar a 1871, no entanto as edificações apresentam- se mais consolidadas e o território mais massificado.

43 No Aterro da Boavista os edifícios já estão consolidados, como proposto anteriormente, apresentando diversas áreas e escalas dispares.

Cais Sodré: A linha da costa apresenta-se como em 1856, na carta de Filipe Folque, extremamente delineada e paralela ao Rio Tejo. As alterações propostas em 1871, não teriam avançado.

1911- Silva Pinto:

Nesta carta podemos verificar diversas situações nunca antes desenhadas nem retratadas. A Avenida D.Carlos I, faz-se sentir pela 1ª vez, delimitando a área do Bairro Alto e Bica da área de Santos-o-velho. Esta avenida é perpendicular á Avenida 24 de Julho, formando uma triangulação com o Porto de Lisboa.

Onde antes terminará o Rio, surge agora o limite do Porto Lisboa, área acrescentada.

Entre Santos, o Bairro Alto e o Porto de Lisboa, apresenta-se a Linha Férrea, que acaba por separar estas duas áreas, transformando-se em duas áreas distintas. O Porto de Lisboa, á data apresenta-se pouco consolidado, apenas com algumas edificações. A estação do Cais Sodré é o único elemento que agrega estas áreas, sendo que a linha férrea as separa.

Os Logradouros continuam a permanecer no interior do edificado, no entanto desaparecem parte de hortas onde surgem agora alguns edificados novos.

1950- Carta da Câmara Municipal de Lisboa:

Santos-o-Velho e o Bairro Alto permanecem de forma geral da mesma forma, sem alterações significativas. Á excepção da Avenida D.Carlos I que se perlonga até á Assembleia da República.

No Aterro da Boavista surge uma ruptura no edificado, esta apresenta-se paralela á Avenida 24 de Julho, que tem um papel extremamente importante e fundamental na cidade.

A linha férrea faz-se sentir, ocupando maior área. A linha férrea apesar de ter tido um papel fundamental no surgimento e desenvolvimento das grandes cidades, nesta área acabou por dividi-la.

O Porto de Lisboa, apresenta já infraestruturas de maior dimensão ao longo da linha da Costa. Apesar de algumas áreas expectantes, há uma tentativa de uniformização da escala das construções, que se apresentam paralelas à Avenida 24 De Julho assim como ao Rio Tejo.

Junto á estação do Cais de Sodré, verificam-se construções de pequena escala com ajardinados entre as mesmas e a Linha da Costa.

Resumindo, podemos concluir que estes territórios foram evoluindo ao longo dos séculos, retirando área ao Rio para se edificar o Porto de Lisboa, e densificando as áreas com construções promovendo a habitação.

Hoje em dia, estas áreas apresentam-se extremamente divididas pertencendo cada uma á sua realidade, deste modo, o trabalho pretende fazer uma triangulação de forma a unir estas áreas, consolidando o edificado com a sua regeneração, cruzando percursos de modo a unir realidades, criando espaços verdes e rompendo as barreiras físicas que o território apresenta, de modo a proporcionar relações de proximidade.

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No documento Desfazendo barreiras (páginas 69-77)

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