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TEMA E OBJECTIVOS

No documento Desfazendo barreiras (páginas 37-39)

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E OBJECTIVOS

[DES]FAZENDO BARREIRAS: Permeabilidades incorpo(rando) quarteirões como regeneração da frente ribeirinha de Santos, Lisboa é o título do trabalho que se segue. O presente trabalho surge questionando a

necessidade de fazer com que a população viva mais o interior da cidade, e de onde surgem os quarteirões inacessíveis (privados e inacessíveis), mas que podem integrar o espaço público e a estrutura ecológica da cidade.

Um quarteirão que não permite a permeabilidade da população identifica-se como uma barreira física e visual. Sendo que, o espaço público e privado são cruciais na cidade, tal como o toque entre os mesmos, assim como as permeabilidades entre si.

O trabalho centra-se na Frente Ribeirinha de Santos, em Santos e no Bairro Alto por serem lugares de extrema importância na cidade de Lisboa. Estes lugares têm presente diversos elementos que contribuem para a singularidade de Lisboa. (VER FIGURA 9)

A presença da estrutura portuária na frente ribeirinha, (que desde sempre teve um papel determinante na cidade) é um espaço que deve ser preservado e integrado nas restantes malhas urbanas e ao mesmo tempo na estrutura ecológica da cidade à semelhança dos quarteirões.

Para além da importante relação cidade-rio de Santos-o-Velho ao Cais Sodré, estão presentes elementos como: edifícios patrimoniais, os edifícios históricos, os edifícios religiosos, os edifícios industriais, a estrutura portuária, estes elementos agregam-se aos agentes sociais, económicos e culturais que elevam a cidade de Lisboa a um patamar superior.

(FIG.9 - FOTO AÉREA DA ÁREA DE ESTUDO, LISBOA)1

6 O limite da área de estudo cinge-se à junção dos seguintes planos: Plano de Pormenor da Madragoa, Plano de Pormenor do Bairro Alto e Bica (que ainda se encontra em desenvolvimento) e do Plano de Pormenor do Aterro da Boavista Poente e Nascente.

Para além destas áreas, que abrangem duas freguesias, Estrela e Misericórdia (antes da reorganização administrativa, Prazeres, Santos, Lapa, Encarnação, Santa Catarina, Mercês e São Paulo), a área do projecto estende-se até à frente ribeirinha, que, de momento não é alvo de nenhum plano de pormenor. (VER FIGURA 28 e 29)

O trabalho divide-se em três grandes temas: PERCURSOS, FRENTE RIBEIRINHA, ESPAÇO PÚBLICO. Existe a necessidade de triangular estes tópicos por estarem intrinsecamente conectados, ou seja, na área de intervenção, o foco principal é tentar contribuir para uma melhor organização espacial e para melhorias na qualidade de vida da população (englobando a frente ribeirinha, o espaço público e os seus percursos). É ainda possível subdividir estes temas, sendo que: o espaço público passaria a englobar os logradouros, pátios e vilas (espaços privados não edificados de lotes privados), os espaços por edificar (maioritariamente privados), as praças, os jardins e as avenidas. A frente ribeirinha que oferece a ligação cidade-rio e por fim, os percursos que interligam ambos e acrescentam a necessidade de desfazer as barreiras presentes na área. As áreas dos planos (área de estudo) em questão demonstram características passíveis de serem melhoradas, e por tal motivo apresenta-se como objectivo atentativa de unir estas áreas, revitalizando-as, tornando-as coesas permitindo a união de realidades distintas, pretende-se uma convivência harmoniosa.

[Des]fazendo barreiras, significa, a necessidade de quebrar o que nos separa, tornando possível habitar os espaços que contribuem para a melhoria da cidade que é Lisboa.

São exemplos de barreiras físicas e visuais: os quarteirões fechados que apresentam logradouros no seu interior, estes podem fazer parte de percursos e de permeabilidades contribuindo para a coesão e/ou ruptura da malha assim como para a imagética da cidade; a linha férrea que não permite ultrapassá-la facilmente, consistindo num problema de acessibilidade pedonal e de espaços de permanência na frente ribeirinha.

Em suma, há necessidade de criar espaços de transição de modo a unir a área de intervenção. Para tal é necessário atenuar estas barreiras, desfazendo-as de forma a contribuírem para melhorar os percursos, a estrutura ecológica, as vivências, no fundo, melhorar a cidade.

Uma possível intervenção deste tipo e com esta dimensão, requer cuidados, como o respeito pelas condicionantes do território, a salvaguarda das suas características ambientais, paisagísticas e patrimoniais. Os espaços públicos devem ser espaços de fruição ao ar livre e de enquadramento paisagístico. Para realizar o projecto devem-se estabelecer regras articulando os percursos contínuos com os espaços de fruição pública.

Os logradouros públicos com usufruto privado, devem ser passíveis de integrar percursos e de assegurar permeabilidades entre os mesmos, pois além de serem obra da hidrografia, topografia, paisagens, cultura, gentes (mesmo com funções desvirtuadoras) são lugares com bastante valor social.

A criação de espaços aprazíveis introduzindo o conceito de mobilidade universal é outro dos grandes objectivos. Procura-se com esta relação entre a acessibilidade normativa e espaços que garantem o conforto do utilizador, demonstrar claramente a necessidade de uma mudança de mentalidade referente ao tema, não limitando apenas os acessos para todos os utilizadores. Muitas vezes debruçamo-nos apenas sobre os utilizadores com mobilidade condicionada, mas é necessário uma perspectiva diferente para obter acessibilidade universal, ou seja, uma utilização confortável, prática e acessível para todos os utilizadores em todos os âmbitos da destruição de limites.

7 A maioria das edificações privilegiam o edifício e o espaço interior deixando muitas vezes aquém os elementos naturais e exteriores, no seio do lote. No entanto, em Lisboa existem vários pátios e vilas que dignificam o espaço exterior, reservando-lhe um local importante no interior do lote, proporcionando ao indivíduo uma experiência diferente de contacto com a natureza, acabando por revitalizá-lo. Deste modo, levanta-se a questão dos logradouros, porque não integrá-los num espaço de usufruto público? A dificuldade da questão coloca-se pelo facto de se tratarem, na maioria dos casos, de propriedade privada.

Intervir numa área tão vasta, com dimensões temporais, culturais e de geografias distintas, criando um ambiente de coesão social onde há lugares de convivência, de actividades e de interculturalidade contribui para uma maior promoção da imagética da cidade de Lisboa. Procurar integrar novos locais atractivos, do ponto de vista do turismo e como ponto de referência, de significado, de identidade e de memória para a população residente.

Concluindo, pretende-se com o Projecto Final de Mestrado apresentar uma proposta alternativa combatendo barreiras físicas e visuais da cidade:

- Criar permeabilidades no espaço público, integrando os logradouros, as praças e os edifícios devolutos na estrutura ecológica da cidade criando percursos de acordo com o conceito de mobilidade universal;

- Regenerando a frente Ribeirinha integrando-a nos percursos e conectando as diferentes malhas urbanas;

- Revitalizando e preservando as áreas de lazer e de reunião;

- Reorganizando os percursos, desfazendo a barreira da linha férrea;

A mobilidade de uma urbe, razão da sua vida e do seu ser histórico, faz com que as suas transformações sejam simultaneamente físicas e sociais.

(Fernando Goitia, 2010, pp.191)

No documento Desfazendo barreiras (páginas 37-39)

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