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3 2 Antecedência Exigida para Depósito ou Bloqueio de Acções De acordo com o disposto nos estatutos da Sociedade, podem participar na reunião da

3. ENQUADRAMENTO SECTORIAL INTERNACIONAL

O sector da Distribuição Alimentar continuou a apresentar uma dinâmica bastante saudável e a maioria das empresas apresentou resultados muito positivos ao longo do ano. Em geral, os bons resultados da expansão internacional compensaram a maior pressão nos mercados de origem. É ainda de destacar a recuperação dos Hipermercados em França, depois de um período de reposicionamento de preço e de racionalização de sortido.

A actividade de Fusões e Aquisições foi intensa ao longo de todo o ano, tanto nos mercados mais desenvolvidos como nos mercados em desenvolvimento, dando lugar a operadores que obtiveram ganhos de escala significativos e operadores que racionalizaram o seu portefólio em formatos e geografias. Nos Estados Unidos, a Albertsons, segunda maior cadeia de supermercados, foi vendida através de uma complexa operação de buyout. Na Rússia, a Pyaterochka e a Perekriostok realizaram uma operação de fusão que representou o maior negócio alguma vez feito no retalho alimentar daquele país. A imprensa anunciou ainda a hipótese de fusão entre a Ahold e a Delhaize para ganhar escala na Europa e nos Estados Unidos. Em Espanha o Carrefour vendeu a sua cadeia de Cash & Carry Puntocash. O Casino e a Ahold abandonaram o mercado Polaco e a Delhaize, o Carrefour e a Edeka abandonaram o mercado Checo. Por sua vez, a L’Oreal, o maior produtor mundial de cosméticos comprou a cadeia de retalho inglesa Body Shop, com cerca de 2.000 lojas em 50 países, a maioria em regime de franchise.

Os mercados emergentes continuaram a ser tema central no sector do retalho. Grandes retalhistas internacionais como o Carrefour, Wal-Mart, Metro ou Tesco continuaram a investir com vigor na China e deram sinais de iniciativa na Índia. Por sua vez, o Governo indiano alterou a legislação passando a autorizar investimento estrangeiro directo no retalho.

Na Europa Central e de Leste, a maioria dos operadores presentes na região continuou a avaliar as oportunidades de expansão, estando a Roménia e a Bulgária especialmente em foco pela recente adesão à União Europeia (UE). De destacar, igualmente, a presença da Aldi na Eslovénia, primeiro país da Europa Central e de Leste onde este operador está presente.

Nos mercados de origem, os operadores continuaram focados na defesa do seu negócio face aos discounts e na optimização dos seus investimentos, promovendo iniciativas para continuar a alimentar o crescimento das vendas, num ambiente económico em que o consumo cresce moderadamente e a expansão orgânica comporta risco acrescido, sobretudo nos mercados mais desenvolvidos. A oferta de novas categorias de produto como o biofuel, produtos de software, cartões pré-pagos de alimentação saudável para estudantes, ou ainda, a disponibilização de serviços de real estate, serviços clínicos ou de internet e telecomunicações, foram alguns exemplos concretos de inovação do sector em 2006.

Os sites na internet começaram a ser explorados por muitos operadores, incluindo os discounts alemães, como canal alternativo para aumentar a oferta de produtos e serviços sem absorver espaço de loja e evitando custos e complexidade na operação. A título de exemplo, o Carrefour lançou em França um website de não-alimentar com 125.000 artigos e o download de um milhão de músicas. A Asda anunciou a venda de mobiliário e, na Alemanha, o Lidl começou a vender bilhetes de avião. Por sua vez, a Amazon.com, o maior retalhista online, entrou, em 2006, na área da alimentação com cerca de 10.000 artigos não-perecíveis, detendo a gestão directa desta área.

De uma forma geral os operadores, incluindo os discounts, testaram novos conceitos de loja mais orientados para as tendências de consumo. Os supermercados apostaram mais em frescos, meal solutions e alimentação saudável, incluindo orgânicos. Por sua vez, os discounts continuaram a alargar a sua oferta, a introduzir marcas da indústria e a apostar cada vez mais em frescos, alimentação saudável e num ambiente de loja mais atractivo.

Para responder ao avanço dos discounts nos últimos anos, muitos operadores optaram, também por testar formatos próximos do soft-discount, alguns com sucesso. Simply Market da Auchan, Asda Essentials, Maxi Dia, Carrefour Express e Leclerc Express, são exemplos que ilustram esta questão.

Igualmente em 2006, foram divulgadas iniciativas para redução de custos e aumento de produtividade através de utilização de novas tecnologias no Supply-Chain, outsourcing da logística, packaging optimizado, tecnologias inteligentes e energias renováveis, tendo alguns dos operadores assumido publicamente metas a médio prazo para algumas destas iniciativas.

Por último, em Novembro de 2006, 53 ministros da saúde europeus assinaram um protocolo para vincular os seus Governos a melhorar o acesso a alimentação saudável para combater o problema da obesidade. Em Inglaterra, o ano foi animado pelo debate acerca de informação nutricional e o Governo decidiu restringir o horário de publicidade dirigida a crianças abaixo dos 16 anos para alguns produtos alimentares. Em Dezembro de 2006, a UE divulgou nova legislação sobre rotulagem e publicidade, passando a indústria a ter que fazer prova dos benefícios para a saúde que queira comunicar ao consumidor.

4. PORTUGAL

Enquadramento Macroeconómico

Segundo o Banco de Portugal, em 2006, a economia Portuguesa registou um comportamento ligeiramente acima das expectativas, com um crescimento na ordem de 1,2%. O ano foi caracterizado por: (i) Comportamento muito positivo das exportações (+9,3%), ajudado pelo clima económico internacional, tendo estas funcionado como o principal motor de aceleração da economia Portuguesa e de equilíbrio das contas externas; (ii) Melhoria da taxa de desemprego que caiu 0,3 pontos percentuais face ao período homólogo, facto que acontece pela primeira vez em cinco anos e (iii) Redução no défice das contas públicas de 6% para 4,6%. Por sua vez, o consumo privado registou um crescimento de 1,2%, ligeiramente abaixo de 2005, enquanto que o consumo público sofreu uma contracção na ordem de -0,2%, em resultado da política de contenção da despesa pública que está a ser seguida. A taxa de inflação situou-se em 3,0%, tendo ultrapassado as expectativas das instituições financeiras.

O Produto Interno Bruto ficou, pelo quinto ano consecutivo, aquém do crescimento na Zona Euro, continuando, assim, a acentuar-se a divergência face ao nível médio de rendimento per capita existente neste espaço económico. O investimento continuou a ter um comportamento negativo (-3,1%) pela contracção do investimento público que se fez reflectir, sobretudo, num downsizing do sector da construção. O investimento privado deu sinais de retoma, mas ainda não conseguiu inverter a tendência do indicador.

As expectativas para a bolsa nacional em 2006 eram modestas mas a praça nacional acabou por registar uma valorização na ordem dos 30%, a maior desde 1997 e uma das maiores valorizações da Europa, sustentada por um volume de negócios, à escala portuguesa sem precedentes nos últimos quatro anos. O bom desempenho da bolsa de valores foi provocado por um número recorde de 12 ofertas públicas de aquisição (sendo de destacar as operações no sector da Banca e Telecomunicações), pelo entusiasmo em torno das operações de Fusão e Aquisição, e pela entrada em bolsa de um novo sector, o petrolífero, com a privatização da Galp Energia. O universo das cotadas no principal índice português, o PSI20, fechou o ano a valer 57,6 mil milhões de euros, mais 47% que em 2005, o valor mais elevado de sempre e o equivalente a 38% do PIB. O desempenho da Euronext Lisboa fez recuperar o mercado de capitais português para o nível de 2001, o ano que marca o fim da bolha especulativa com a euforia das empresas tecnológicas e da internet.

Mercado Retalho Alimentar em Portugal

De acordo com a informação divulgada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que inclui o retalho alimentar e o não-alimentar, a distribuição nacional organizada terá registado um crescimento das vendas na ordem dos 20% e investimentos superiores a 500 milhões de euros.

O crescimento do retalho alimentar organizado situou-se claramente acima da inflação, apesar do efeito de deflação de preços que se continuou a registar no mercado, em resultado da agressividade comercial das Insígnias, liderada pelos discounts e pelo esforço de reposicionamento de preço das demais.

Ainda segundo a APED, o mercado não sofreu grandes oscilações, tendo os cinco primeiros grupos permanecido nas suas posições. De registar ainda a concretização do plano de entrada de mais dois novos operadores no formato discount (Aldi e Netto) e

a entrada do operador de retalho especializado, Schlecker, no formato drugstore, sendo este o primeiro operador de grande dimensão a nível europeu a entrar em Portugal, depois de deter mais de 120 lojas em Espanha.

Segundo estimativas internas, em 2006, abriram 115 lojas de retalho alimentar organizado, que representam um aumento de 10% da área de venda e 11% em número de lojas. A dinâmica de aberturas foi mais evidente no formato discount que representou 58% das aberturas e no formato Mini-Hiper com cerca de 24% destas. O formato supermercados registou 13 aberturas, pertencendo a maioria ao mesmo operador.

A dinâmica de aberturas continuou a registar-se num contexto de crescimento muito moderado do consumo, nomeadamente, no mercado de alimentação. Por sua vez, os grupos de maior dimensão continuaram a dar evidências de investimento continuado em novas categorias de venda, como os combustíveis, medicamentos sem receita médica e Functional Health Food (produtos alimentares que têm efeitos específicos a um nível da saúde e nutrição), mas não se registou ainda nenhuma alteração significativa da sua estrutura de vendas.

Mercado Grossista Alimentar em Portugal

Segundo estimativas internas, a actividade global dos cash&carries em Portugal, continuou a apresentar crescimentos negativos em 2006, entre -1% e -2%, em linha com a tendência observada nos últimos 3 anos. Os maiores operadores tiveram comportamentos diferenciados de vendas, tendo a Insígnia Recheio, líder de mercado, retomado o crescimento e reforçado a sua quota, enquanto que os restantes operadores deverão ter registado um comportamento negativo das vendas ou uma diluição da sua quota de mercado.

Num contexto marcado por um crescimento muito moderado do mercado da alimentação, forte expansão do retalho alimentar organizado e elevada agressividade comercial em geral, o Retalho Tradicional, que sempre teve o maior peso na actividade dos cash&carries, continuou a registar uma redução significativa no número de operadores com efeitos de contracção no abastecimento deste segmento, na ordem de -2%. Segundo a Nielson, foram essencialmente as pequenas mercearias quem mais diminuiu as compras ao mercado grossista.

Por sua vez, o canal HoReCa continua a dar sinais de consolidação na retoma, tendo a sua actividade, em 2006, apresentando um crescimento próximo dos 3%. Este mercado continua também a dar evidências de dinamismo, através do aumento do número de operadores que anualmente aderem à actividade, apresentando estes um perfil mais organizado.