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ensino médio em Uberlândia – MG

Lia Paula Rodrigues Gomes

O seguinte estudo “O perfil cognitivo do aluno do ensino mé- dio em Uberlândia” faz parte da pesquisa desenvolvida como parte do Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática Desenvolvimental e Profissionalização Docente – Gepedi,1 o qual se faz um levanta-

mento do perfil do aluno do ensino médio de cinco escolas públicas de Uberlândia-MG, realizando um comparativo entre os alunos que obtiveram nota acima da média (536 pontos) no Enem² e aqueles que obtiveram nota abaixo desta média, levando como objeto de análise o fator cognitivo: “Atenção”. Desta forma, poderá ser rea- lizada uma comparação dos resultados dos testes de atenção com o desempenho alcançado nas provas do Enem, obtidos por estes alunos dessas escolas estudadas. Os dados obtidos revelarão se os alunos das escolas que obtiveram notas acima da média no Enem al- cançaram resultado nos testes de atenção acima ou abaixo da média, da mesma forma analisando quais foram os resultados dos testes dos alunos das escolas que obtiveram notas abaixo da média neste mesmo exame.

Das cinco escolas que foram escolhidas de acordo com os resultados do Enem (2009), duas destas apresentaram resultados mais altos nas provas, como: E. E. Messias Pedreiro (com a melhor média), E. E de Uberlândia, ou “Museu”, (4ª melhor média nota) e outras três escolas demonstraram resultados abaixo desta média, considerando a E. E Teotônio Vilela (14ª média), E. E Mário Porto

1 Os dados aqui apresentados são parte dos projetos: 1) Desenvolvimento pro-

fissional dos professores que atuam no Ensino Médio; um diagnóstico de obstáculos e de necessidades didático-pedagógicas, financiado pela Fapemig; 2) Didática da sala de aula, desenvolvido com recursos da Emenda Parlamentar do município de Uberlândia; e 3) O perfil dos professores do Ensino Médio, que atualmente conta com o apoio do CNPq.

(15ª média) e E. E. Professor Américo Renê Gianetti (20ª média). O diagnóstico deste estudo permite traçar o perfil do aluno do ensino médio propondo uma avaliação do cognitivo, no campo da atenção, relacionada com o processo ensino-aprendizagem.

Nas cinco escolas estaduais escolhidas para a pesquisa, teve uma amostragem de 150 alunos do ensino médio de idades entre 14 a 19 anos de sexo feminino e masculino que cursavam 1°, 2° e 3° ano. Em cada escola eram selecionados trinta alunos, sendo dez alunos de cada ano do ensino médio (1° Ano, 2° Ano e 3° Ano).

Sabendo que os processos perceptivos ou de atenção influen- ciam diretamente na capacidade de processamento de informação e resolução de problemas, foi escolhido para aplicação, o teste de atenção criado pelo psicólogo Suzy Cambraia (2003), que avalia a ca- pacidade cognitiva que cada indivíduo apresenta para uma atenção concentrada. Para este autor, a atenção concentrada é a capacidade humana de selecionar uma fonte de informação ou estímulo dentre outras informações, e conseguir manter o foco para realizar uma de- terminada tarefa. Assim, quanto maior a atenção concentrada, maior a capacidade discriminativa do sujeito na tarefa que realiza.

Para a análise deste teste de atenção, foi utilizada a tabela de percentis de uma pesquisa realizada em (2001) pela Vetor Editora Psico Pedagógica Ltda., com os candidatos à CNH de São José dos Campos (SP) que realizam os testes de psicotécnico para tirar car- teira de motorista , por isso o teste de atenção mensura a atenção destes candidatos para o trânsito. Dentre as tabelas utilizadas por Cambraia em seu trabalho, a que foi aplicada nessa cidade do esta- do de São Paulo, também será considerada nesta pesquisa realizada no Triângulo Mineiro, na cidade de Uberlândia, pela proximidade geográfica. É importante saber que já há resultados de outras pes- quisas de outros estados brasileiros dentre os quais: Paraná, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco. Foi realizada para cada grupo pesquisado a construção de uma tabela de acordo com idade e escolaridade, pois se verifica diferenças re- gionais que trazem resultados diferentes de acordo com a amostra de cada região. Segundo Anatasi e Urbina (2000) apud Cambraia (2003) avaliam a necessidade da atualização e ampliação das nor- mas dos testes, uma vez que elas são relativas a uma determinada população e época.

Na avaliação do teste, analisa-se a pontuação obtida pelo can- didato e o respectivo percentil, para enquadrá-lo em uma classifica- ção. Nos resultados desta tabela, será considerado abaixo da média, com o nível de atenção insuficiente, o individuo que atingir classifi- cação: Inferior ou Médio Inferior, com percentil até 25, total de 69 pon- tos. Portanto, do contrário, o indivíduo que atingir percentil de 30 a 99, terá sua classificação com um nível de atenção favorável: Médio,

Médio Superior, Superior ou Muito Superior hierarquicamente, de acor-

do com a tabela de percentil dos candidatos à CNH de São José dos Campos (SP), do qual se utiliza para classificar os candidatos a esco- laridade geral. Este teste é utilizado na região de Uberlândia para os candidatos que querem tirar carteira de motorista (CNH), sendo ava- liados pela tabela de percentil dos candidatos à CNH de São José dos Campos (SP) através da escolaridade Geral (Fig. 1), portanto nesta pesquisa, a tabela também será utilizada da mesma forma. Tabela 1 – Tabela de percentil (2001) Escolaridade

Classificação Percentil 1ª a 4ª Série 5ª a 8ªSérie Médio Superior Geral

Inferior 15 1626 3846 5060 5668 2144 Médio Inferior 10 20 25 32 45 49 53 60 64 65 71 72 73 79 80 53 63 67 Médio 30 40 50 60 70 52 57 60 69 76 66 70 73 82 87 74 77 82 87 93 84 89 92 100 108 70 75 80 86 92 Médio Superior 7580 90 80 85 92 91 93 110 97 103 114 112 119 133 95 101 116 Superior 95 100 121 125 139 127 Muito Superior 99 137 130 136 142 139 N Média DP 315 64 24,3 315 78 20,0 343 86 19,4 345 97 21,7 1318 82 24,8 Fonte: Cambraia (2003)

Conforme Cortese, Mattos, e Bueno (1999); Silva, (1999) apud Cambraia (2003).

O bom ou mau desempenho do sujeito na realização dos testes de atenção concentrada podem até permitir que o psicólogo levante hi- póteses quanto a possíveis problemas de comportamento do sujeito e sua adaptação ao meio ambiente. Assim pode-se supor que pesso- as ansiosas, excitadas, deprimidas excessivamente inibidas podem ter dificuldades para manter um bom desempenho na realização dos testes de atenção concentrada. (Cortese, Mattos, Bueno (1999); Silva, (1999) apud Cambraia, 2003, p. 22)

Sabe-se que grande partes dos estudantes se distraem duran- te as aulas em algum momento de sua longa trajetória, isto deve-se a diversas razões. As causas da falta de atenção ou distração, surgem geralmente por problemas emocionais, devido a algum tempera- mento agitado e impulsivo, ou de alguma doença como depressão, ansiedade, envolvendo aspectos emocionais.

Para Tonelotto (2001) a importância do teste de atenção deve- se ao fato de que a falta da atenção é considerada uma das grandes causas das dificuldades de aprendizagem, frequentemente acom- panhada por problemas de processamento cognitivo, ansiedade e desordens de humor. Sternberg (2000) considera que as ansiedades afetam a atenção.

Para Luria (apud Fazzani Neto, 1985), Cortese, Mattos e Bueno (1999) e Hilgard e Atkinson (1997) as emoções influenciam na capacidade de atenção. Vários fatores internos como: ansiedade, humor, pensamentos negativos, baixa autoestima, ou fatores exter- nos como: estímulos distradores, falta de estrutura na sala de aula (iluminação, distância etc.) podem afetar a atenção destes alunos do ensino médio.

Com os resultados deste teste, espera-se avaliar a capacidade de atenção do aluno nas atividades escolares, e analisar quais escolas pes- quisadas apresentaram maior número de alunos acima da média nos resultados do teste de atenção. Da mesma forma pode-se comparar os resultados dos alunos por série (1º, 2º ou 3º Ano) avaliando em qual série os alunos apresentaram melhores resultados, já que Cambraia (2003) verifica um aumento no valor da média dos pontos de acordo

com o nível de escolaridade nas amostras que foram estudadas. Os resultados poderão demonstrar também se os alunos das escolas que obtiveram menores notas no Enem possuem dados de atenção inferior aos alunos que obtiveram notas maiores, verifican- do se há relação entre este aspecto cognitivo da atenção com os re- sultados do Enem.

Esta análise será importante para traçar o perfil dos alunos e por fim estabelecer o comparativo dos alunos das cinco escolas, levando em consideração, diversos fatores que podem influenciar a atenção concentrada destes alunos do ensino médio, como por exemplo: as pressões sociais por conta de escolha de profissão, pro- vas do Enem, provas do vestibular, mudanças físicas, psíquicas e sociais próprios da adolescência.

A pesquisa serve como uma ferramenta de avaliação da qua- lidade do ensino de escolas públicas de Uberlândia, com objetivo de traçar o perfil deste aluno do ensino médio, que permita conhecer as necessidades deste grupo estudado a fim de propor melhorias estruturais na educação.