• Nenhum resultado encontrado

1. Ensino Superior: aspectos conceituais/teóricos

1.1. O Ensino Superior no Século XXI

Analisando a universidade contemporânea, percebe-se que ela tem passado por algumas transformações. Mudanças que estão diretamente associadas às mudanças de conceitos a níveis culturais e do conhecimento, especialmente quando se tem intensificado o processo de cooperação interuniversitária, que tem sido compreendido como uma tendência contemporânea.

A cooperação internacional universitária também ocupa o seu lugar de destaque no novo fenômeno da globalização que impõe a civilização moderna. Contudo não se pode ignorar o fato de que cada instituição que se insere neste contexto internacional possui características particulares e a história de diferentes nações que as caracterizam, dentro deste novo fenômeno.

Nestas relações acadêmicas internacionais fica claro que a mobilidade acadêmica tem um sentido definido: os Estados Unidos em primeiro lugar com 2/3 dos e studantes

33

da America Latina e também de outros países, a França em segundo lugar, depois a Alemanha, o Reino Unido e a Rússia. Grande número de alunos se movimenta da África para a Europa, Austrália e Japão, os asiáticos para os Estados Unidos e para a Europa. Mobilidade essa que coloca a Europa como a região do globo com mais estudantes oriundos de outros países (CHERMANN, 1999).

Sem dúvida, as regiões com melhores universidades e condição econômica são as mais procuradas por alunos de outros países. O desejo de conhecer novas culturas, outras

línguas, ter uma experiência internacional e a busca de novos conhecimentos faz com que as universidades melhorem seus programas de estudo, aceitação das experiências estrangeiras, integralizem disciplinas e convalidem títulos obtidos em universidades estrangeiras.

Uma das formas mais eficientes de internacionalização das universidades tem sido através de pesquisadores, docentes e alunos de outras regiões do globo que aproveitam as atividades de caráter internacional para compartilhar seus conhecimentos e troca de experiências, sejam por meio de seminários, congressos, simpósios, colóquios ou cursos de especialização, pós-graduação e projetos de pesquisas em comum, entre professores/pesquisadores e alunos de diferentes países. Os governos, que hoje apostam na busca de novos conhecimentos como caminho para o desenvolvimento e melhor posicionamento no mercado internacional, precisarão da ajuda da universidade, em todos os níveis, para que possam participar e contribuir em igualdade de condições no contexto internacional (KENNAN; VALLEÉ, 1994).

Desta forma o conhecimento vai se tornando universal, e compartilhado entre universidades, governos e áreas do globo, pois acaba sendo resultado de um esforço comum, e não de um pesquisar ou de uma universidade em particular. Quanto a essa questão a UNESCO declara que:

O saber sendo universal, sua busca, seu avanço e sua difusão não pode ser alcançado senão graças ao esforço coletivo da comunidade universitária internacional; é isso que confere uma dimensão internacional intrínseca à vida e às instituições universitárias (...) se o saber é universal, sua aplicação é habitualmente local. O ensino superior é tributário da coletividade local na qual se insere e responsável por ela. Essa presença local é parte integrante da missão de serviço da universidade ou de qualquer outro estabelecimento de ensino superior. Mas, ao mesmo tempo

34

em que desejam ampliar sua pertinência no plano local, os estabelecimentos deveriam igualmente fortalecer sua presença no cenário internacional, buscando ativamente soluções para os diversos problemas científicos, educacionais e culturais que envolvem o conjunto da sociedade (LUNA, 2000, p.4).

Partindo do princípio que o saber é universal, ela deve ser buscada conjuntamente e de várias formas, para que todas possam beneficiar, quer sejam governos, instituições ou atores universitários. De modo que toda a mudança cultural, social e do conhecimento no contexto internacional deva ser a busca e a prioridade das universidades. Pois, sem dúvida é dessa forma que elas vão se internacionalizando de modo a receber e a dar-se nessa busca por novos conhecimentos.

1.1.2 A Parceria Interuniversitária

As universidades modernas têm aproveitado a nova tendência internacional de cooperação, através da qual elas estabelecem convênios conjuntos com uma ou mais universidades, criando assim uma rede de cooperação entre elas. Essa nova ordem mundial de parcerias, que visa trocar experiências, conhecimentos, ajustes estruturais, permite um conhecimento amplo de culturas e contextos nacionais e internacionais (CHERMANN, 1999).

A criação desses projetos de cooperação mesmo a níveis internacionais permite às universidades um olhar mais abrangente sobre as diversas temáticas e desafios do novo século, e constituem uma ferramenta essencial no processo de cooperação. Esta oportunidade também contribuiu para que as universidades se internacionalizassem, por isso é de suma importância que essas instituições conheçam os organismos e associações que promovem e apoiam estas interações de maneira a dialogarem e obterem informações, financiamentos e contatos que lhes possam ser úteis.

Na nova ordem mundial, que se apresenta como espaço do saber, a universidade que se abre a novas experiências renova seus paradigmas e se diversifica, se coloca num lugar de destaque e está apta para se beneficiar com esta nova modalidade internacional, que é a interação universitária entre pensadores e pesquisadores. Como demonstra Chermann (1999, p.50):

35

A cooperação internacional entre academias é uma prática há muito tempo desenvolvida, com ações esporádicas, acordos bilaterais ou contatos com pesquisadores de diferentes instituições do mundo, muitas vezes, sem a ciência da própria universidade, o que não se configurava em um apoio institucionalizado a esses contatos. Surgem, então, as redes acadêmicas que, institucionalizadas ou não, permitem o contato entre pesquisadores em projetos conjuntos. Elas se formam com propostas de estudos temáticos ou de cooperação para a pesquisa, capacitação docente e de recursos humanos.

Considerando as novas tendências mundiais, novos paradigmas e a necessidade que instituições e organismos de várias partes do planeta têm de estar conectados visando seu desenvolvimento, é imprescindível que no campo universitário se siga o mesmo caminho, de maneira a conseguir sua internacionalização.

Nas últimas décadas, o processo de globalização que resultou da liberalização do comércio de bens e serviços tem feito com que no contexto internacional aumente a competitividade e a cooperação em todas as áreas, e a universidade não passa à margem dessa troca de bens e serviços. Esse novo paradigma mundial, que tem como base no conhecimento e sociedade em rede, passa a ser o modelo de cooperação educacional mais recente para as universidades.Entende-se a cooperação educacional como sendo o meio de proporcionar estratégias de desenvolvimento das economias e sociedades mundiais, demandadas pelas novas ciências e tecnologias. São essas inovações, que saem das universidades e da troca de conhecimento entre elas, que proporcionam o desenvolvimento dos meios de produção, que por si geram novos empregos e renda para as famílias, o desenvolvimento social e o crescimento econômico (WARMAR, 2001).

Partindo desse princípio, é interessante a qualquer governo, agência, organismo ou instituição ter disposição em buscar condições e colaborar na busca pela internacionalização, com as mais variadas pretensões. Assim cada uma destas instituições precisa criar estratégias que possam acelerar, dinamizar e ampliar a sua capacidade de inovar e desenvolver dentro da sociedade internacional do conhecimento de maneira eficiente e qualitativa.

36