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2. A Cooperação Internacional

2.3 Desdobramentos da Cooperação

2.3.1 Convênios PEC-G e PEC-PG

2.3.1.1 O Protocolo

O Programa de Estudante-Convênio é um dos meios usados pelo governo brasileiro para estabelecer cooperações educacionais com países ainda em vias de desenvolvimento, em especial os países da África, Ásia, Oceania, América Latina e Caribe, com os quais o Brasil mantém Acordo de Cooperação Educacional, Cultural ou de Ciência e Tecnologia48.

Segundo consta no respectivo Manual (Protocolo), são muitos os países beneficiários desses dois programas49.

O programa PEC-G surgiu no final da década de 1920, gerenciado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) até o ano de 1967; depois disso, o PEC-G passou a ser desenvolvido por meio de assinatura de Protocolos conjuntos50 (em 1965 foi

lançado o primeiro Protocolo do PEC-G. Sua primeira atualização ocorreu logo em 1967 e em 1973 foi lançada a terceira versão) com prazos indefinidos entre os dois ministérios. Neste caso entre o Ministério da Educação (MEC/Brasil), e Ministério da Educação e Valorização de Recursos Humanos (MEVRH/Cabo Verde):

Faz já quatro anos que há uma discussão em torno deste protocolo não só por parte do MEC e da MRE, mas de observações feitas pelos alunos e pelos coordenadores, diversos encontros regionais que aconteceram em 2005 e 2006, e depois disso ficou clara a necessidade de reformular o protocolo, com uma abordagem interministerial. Nos últimos 3 anos foi sugerida ao MEC a necessidade de dar mais peso jurídico a esta normativa, isto está sendo observado. Está na casa civil e vai melhorar e facilitar muito o programa. É um assunto que independe, está sendo acompanhado, observado para que venha a ter uma posição, mas não podemos garantir se vai sair ou não (NUNES&BATISTA, 2013, s/p).

48 Programas Multilaterais. Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores/ Cooperação Bilateral/Cooperação Internacional – CNPq. Disponível em http://www.cnpq.br. Acesso em março de 2011.

49 Ver ANEXOS 2 e 3. 50 Ver ANEXO 9.

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Estes protocolos são examinados regularmente, levando em conta os resultados do desempenho dos estudantes-convênio, e daquilo que é relatado pelas IES, e o Manual do Programa, tudo isto em conformidade com o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80, Lei 6.964/81 e Decreto n º 86.715/81) constituem a regulamentação do Programa.

O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (doravante denominado PEC-G), conjuntamente gerido pelo DCT (Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica) e pela SESu (Secretaria de Educação Superior), constitui uma atividade de cooperação, que prioriza países em desenvolvimento, com o objetivo de formar recursos humanos. O programa possibilita que estudantes de países em desenvolvimento possam vir para o Brasil realizar seus estudos de graduação, pós-graduação e técnico nas IES brasileiras, de maneira que estes estudantes-convênio possam regressar ao seu país de origem para contribuir com o desenvolvimento do seu próprio país.

Conseguir uma formação superior aqui no Brasil, em boas universidades e retornar a seu país de origem, para contribuir com a realidade local, é um objetivo, senão, o maior objetivo do Programa Estudante-Convênio. É claro que a demanda de outras questões, como, por exemplo, a situação econômica do país, como o país vive, isto já foge à nossa alçada (NUNES&BATISTA, 2013, s/p).

Todo ano a SESu, após consultar as IES participantes, faz saber ao DCT o número de vagas disponíveis para o PEC-G, por curso e por IES. Conforme as possibilidades reais do sistema educativo brasileiro será distribuído o número de vagas por curso e pelas diferentes regiões do país. O objetivo é atender aos países participantes com as suas demandas específicas, o que por vezes a SESu negocia oferecimento das vagas com as IES conforme suas possibilidades. É da competência conjunta do DCT e da SESu definir as prioridades na distribuição das vagas e cursos aos países beneficiários.

Trabalha-se na perspectiva de 2000 alunos e 90 IES, a maioria destes alunos se concentram nas IES públicas e federais, e uma boa parte do aluno se concentra no sudeste, se olhar para o mapa dos estados e das instituições se percebe isso. Quem faz o elo dos alunos desde a chegada até a sua colação de grau são os coordenadores das diversas IES, acompanhando estes estudantes, que chegam aqui por meio de um processo seletivo, esta seleção tem a participação destes coordenadores dos IES, tudo é divulgado no Diário Oficial da União, e tudo é publicado

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em site doMEC e do MRE. O MEC faz o contato com as IES e o MRE com o país exterior (NUNES&BATISTA, 2013, s/p).

O programa é voltado para um público seleto, que demonstre condições econômicas para se manter e estudar no Brasil, sem custos adicionais para os dois países: de origem e acolhimento, o Protocolo é explícito quanto a esta questão. “Não obstanteo MRE tem ajudado aquelas pessoas que porventura chegaram aqui e por uma eventualidade não conseguem se manter, mas infelizmente não dá para apoiar todos os alunos” (NUNES&BATISTA, 2013, s/p).

Contudo, em Cabo Verde o processo seletivo é feito pelo aproveitamento do aluno, ou seja, é considerada a nota final que o aluno obteve nos seus estudos nos dois últimos anos. Os alunos com maior média recebem as vagas conforme disponíveis. E, entre os selecionados para as vagas, existem aqueles que recebem uma bolsa de estudo de mérito, conforme o número de bolsas disponibilizadas pelo Governo de Cabo Verde a alunos da cooperação PEC. Assim, todos os alunos da cooperação chegam ao Brasil já com uma vaga garantida, mas só uma parte com bolsas de estudos, os que não conseguiram mérito para obtenção da bolsa precisam custear seus próprios estudos.

O processo seletivo, que inicia com a seleção preliminar dos candidatos pelas missões diplomáticas brasileiras, encerra-se sob a coordenação do DCT, com a participação da SESu, assessorada por uma comissão indicada pelo Fórum de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras.

Podem concorrer às vagas oferecidas somente os candidatos que: a) comprovarem ter concluído o ensino médio ou equivalente; b) terão prioridade às vagas oferecidas pelo PEC- G, os candidatos com idade entre 18 e 25 anos completos; c) a seleção de candidatos não lusófonos estará condicionada à apresentação do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CELPE-Bras), ou o aluno poderá realizar no Brasil um exame de Proficiência em Língua Portuguesa em IES credenciada; d) sejam portadores do visto de que trata o artigo 13, item IV da Lei 6.815 de 19 de agosto de 1980, que define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, doravante denominado “visto temporário IV”, sendo que a manutenção do mesmo é da responsabilidade do candidato (Protocolo51).

51 Ver Anexo 8. Disponível em: http://www.dce.mre.gov.br/PEC/PECPG.html. Acesso em 08/06/2013.

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Depois de devidamente matriculado em uma IES, o aluno precisa estar matriculado em pelo menos quatro disciplinas, obrigatoriamente no período diurno, com algumas exceções para disciplinas oferecidas somente no período noturno. O aluno cumprirá o calendário para o qual foi selecionado, e precisa terminar o curso dentro do prazo regulamentar para integralização curricular.

Mudança de curso, transferência de IES podem ser feitas desde que sejam justificadas e respeitadas as normas vigentes no protoloco. O desligamento do aluno pode acontecer em caso de conduta imprópria, reprovação, jubilamento ou abandono de estudos, conduta contra as normas disciplinares das IES e a Legislação Brasileira, e também por manifestações ostensivas de transgressão de normas de convivência social. Pode ser desligado ainda do PEC-G o estudante-convênio que for reprovado duas vezes na mesma disciplina ou em mais de duas disciplinas no mesmo período letivo, após o primeiro ano de estudos, bem como aquele que trancar sua matrícula, exceto por motivo de saúde própria ou dos genitores, devidamente comprovado junto à IES, que mudar de visto, cursos, IES que não fazem parte do Programa, que não concluir o curso no prazo regular, ou ingressar por processo seletivo em qualquer IES brasileira.

Não haverá ajuda da SESu e do MRE, e nem das IES, sendo que o próprio aluno de antemão assina a “Declaração de Compromisso” na Embaixada do Brasil no país de origem, declarando ter recursos para se manter no Brasil.

Os cabo-verdianos têm uma vantagem, a bolsa é oferecida pelo Governo de Cabo Verde, variando em torno de 600 ou 300 reais. “De qualquer forma os cabo-verdianos têm presença maior. Nos últimos anos, temos reparado uma diminuição, provavelmente em função da criação da Universidade de Cabo Verde, daí que a procura ao PEC-G tem diminuído um pouco” (NUNES&BATISTA, 2013, s/p).

Contudo cabem às IES, conforme suas possibilidades e demanda, deliberar ao estudante-convênio benefícios em variados formatos: bolsas de estudo em que os alunos devem cumprir carga horária de atividade acadêmica que variam entre 20 horas semanais e 60 horas mensais; (ii) moradia estudantil em domicílios coletivos denominados Casa do Estudante; (iii) descontos em Restaurantes Universitários; (iv) assistências médicas, psicológicas, dentárias, etc. (Protocolo).

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O PEC-PG (Programa Estudante Convênio de Pós-Graduação) traz alunos de outros países onde o Brasil tem cooperação no campo de educação, cultura e tecnologia. Na área de mestrado, a responsabilidade é do CNPq, e de doutorado é da CAPES. Agora o diferencial entre o PEC-G e o PEC-PG é que o programa de graduação oferece as vagas, os alunos têm as vagas e vêm para o Brasil sem custo para o país de acolhimento, ou seja, têm que comprovar que possuem condições de se sustentar no país. No PEC-PG é o contrário, o Governo Brasileiro oferece as bolsas para todos os selecionados de mestrado pelo CNPq e de Doutorado pela CAPES, com Bolsa mensal no mesmo valor que a oferecida aos estudantes brasileiros, a saber: R$1.500,00 para mestrado, com duração máxima de 24 meses, e R$2.200,00 para doutorado, com duração máxima de 48 meses; e passagem aérea de retorno ao país do estudante estrangeiro52. Só que para isso o aluno antes deve entrar em contato pessoalmente com a universidade que deseja estudar para conseguir a vaga. Após a carta de aceite, o aluno concorre a uma bolsa do PEC-PG no CNPq ou na CAPES dependente da modalidade que estiver concorrendo.

Ao final do curso o estudante-convênio receberá seu diploma, devidamente registrado, junto à Missão diplomática ou Repartição Consular Brasileira onde ele se inscreveu no programa. Este estudante precisa atender as normas vigentes no Estatuto do Estrangeiro, e a tudo o que o Programa propõe, que é graduar-se e retornar ao seu país de origem, em no máximo três meses após colação de grau, conforme dispositivo do manual do candidato. Tanto no PEC-G quanto no PEC-PG, os alunos só são aceites com o visto de estudante (Temporário), justamente porque o objetivo da cooperação é que regressam ao país, para colocar em prática o que aprenderam.