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1ª PARTE CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA 1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS

4. ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS UTILIZADAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA (LP) COMO

4.1. Então iniciando pela conceituação

Incialmente, voltamo-nos para os termos habitualmente utilizados para referirem-se aos meios ou processos que o professor utilizará na aula. Assim, encontramos “técnicas, estratégias, ou dinâmicas” de trabalho em sala de aula usadas como sinônimos.

Anastasiou & Alves (2009) adotaram o termo “estratégias” como a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis, visando à efetivação do processo de ensino. As autoras ainda pontuam aspectos referentes a esses termos tais como:

Estratégias: do grego estrategia e do latim strategia é a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos.

Técnicas: do grego technikós, relativo à arte. A arte material ou o conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo.

Dinâmicas: do grego dinamikós, referente ao movimento e às forças, ou ao organismo em atividade ou, ainda, à parte da mecânica que estuda os movimentos. Pelo citado, verificamos a ênfase na atividade artística. Portanto, exige-se, por parte de quem a utiliza, criatividade, percepção aguçada, vivência pessoal,

93 profunda, renovadora e uma capacidade de pôr em prática uma ideia valendo-se da faculdade de dominar o objeto trabalhado. Diante disso, inferimos que o professor deverá ser um verdadeiro estrategista, o que justifica a adoção do termo estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os alunos se apropriem do conhecimento (Anastasiou & Alves, 2009). As estratégias visam à consecução de objetivos; portanto, há que se ter clareza de aonde se pretende chegar, naquele momento, com o processo de ensino. Por isso, os objetivos que o norteiam devem estar claros para os participantes envolvidos, professores e alunos.

Esses objetivos nortearão a reflexão dos caminhos percorridos na efetivação das ações executadas por professores, na consecução das estratégias. A partir das estratégias, aplicamos ou exploramos meios, modos, jeitos, formas de evidenciar o pensamento, respeitando às condições favoráveis para executarmos ou fazermos algo. Esses meios ou formas comportam determinadas dinâmicas, devendo-se considerar o movimento e as forças, e o organismo em atividade. Por isso, o conhecimento do aluno pelo professor e seu crescente autoconhecimento são essenciais para a escolha e a efetivação da estratégia, com seu modo de ser, agir, estar e sua dinâmica pessoal (Anastasiou & Alves, 2009).

Para Ellis (1997), método e técnica resultam na estratégia de ensino. Entretanto, os métodos é que auxiliam o professor a passar os conteúdos e atingir os objetivos de aprendizagem. Já a estratégia é o modo como o professor utilizará procedimentos e recursos didáticos a fim de ensinar.

Os métodos podem ser verbais, ativos (resolução de problemas), intuitivos (recursos audiovisuais) e de instrução programada. E as estratégias podem ser individualizantes – como o estudo dirigido, a aula expositiva e os exercícios individuais –, socializantes – a exemplo da dramatização, da pergunta circular e do estudo de caso – e, por fim, socioindividualizantes – como o painel integrado e o seminário.

O método é considerado um caminho e a técnica é a maneira de percorrer esse caminho (Ellis, 1997).

94 Para Monereo Font (2007:32), as técnicas podem ser utilizadas de forma mais ou menos mecânica, sem que para a sua aplicação se torne necessária a existência de um propósito de aprendizagem por parte de quem as utiliza. Já as estratégias, pelo contrário, são sempre conscientes e intencionais, orientadas para um objetivo relacionado com a aprendizagem.

A International Step by Step Association (2010) desenvolveu um conjunto de princípios e de indicadores, visando à criação de comunidades de aprendizagem, que constituem um suporte para a reflexão e discussão entre os profissionais, bem como para monitorização e melhoria das práticas. Para isso, a UNESCO (2009) informa que, a fim de apoiar as escolas, existem diversos materiais, muitos deles resultantes de estudos de investigação-ação, que constituem um suporte à recolha e análise de dados sobre a realidade de cada escola, bem como a implementação e monitorização dos processos de desenvolvimento.

Conjuntamente com as Estratégias Pedagógicas, os professores de LP também devem ser questionados sobre os recursos, materiais utilizados em seu fazer docente. Para a UNESCO(2009), esses materiais são baseados em questões, tais como: Os métodos de ensino são adequados? Os métodos de ensino são adaptados às idades dos diferentes grupos? Os professores são encorajados a trabalhar em equipe? Existe trabalho de projeto? Os materiais respondem às necessidades de todos os alunos? Os professores são incentivados a cooperar com pais e com a sociedade?

Segundo Leite da Silva Souza (2014), a didática é considerada arte e ciência do ensino, e não objetiva conhecer apenas por conhecer, mas procura aplicar seus princípios com a finalidade de desenvolver no indivíduo as habilidades cognitivas para torná-los críticos e reflexivos.

Leite da Silva Souza (2014) complementa, dizendo que é dever do professor garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem, tendo em mente a formação individual da personalidade do aluno. Por meio da aula, o docente organiza esse processo de ensino e transmite aos alunos o conhecimento adquirido durante seu processo de formação.

O trabalho docente é parte integral do processo educativo no qual os indivíduos são preparados para viver em sociedade. Assim, o educador deve formar alunos que sejam cidadãos ativos, reflexivos, críticos e participativos na

95 sociedade em que vivem. A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino-aprendizagem, pois ela auxilia o docente a desenvolver métodos que favoreçam o desenvolvimento de habilidades cognoscitivas, tornando mais fácil o processo de aprendizagem dos indivíduos.

Como afirma Leite da Silva Souza (2014), as estratégias pedagógicas são as formas como o professor de LP organiza as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos conteúdos específicos que serão aplicados. Elas regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, professor e alunos, cujo resultado é a assimilação consciente de conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.

Barros (2013) diz que já são amplamente conhecidos os problemas que os alunos surdos revelam no nível da leitura e escrita em Língua Portuguesa. Estes são transversais a todos os níveis etários e escolares. Porém, mais que conhecer as dificuldades, importa igualmente conhecer práticas, no sentido de amenizar essas mesmas dificuldades. Esse mesmo autor elaborou um Projeto de literacia em uma das Escolas de Referência em Lisboa, retratando a experiência vivenciada por ele e por outros professores na preparação, elaboração, implementação e resultados desse Projeto na educação dos alunos surdos. Esse Projeto, implementado durante o ano letivo de 2010/2011, teve como objetivo proporcionar o desenvolvimento no desempenho dos alunos surdos em termos de leitura e escrita em Língua Portuguesa e foi tomado como base epistemológica para a também elaboração do Projeto-Escola de Literacia em uma das Escolas de Referência localizada no Norte de Portugal (ver anexo da entrevista completa com uma das professoras participante entrevistada e responsável juntamente com o Coordenador da EREBAS na elaboração do mesmo) e selecionado para a nossa pesquisa doutoral.

Segundo Libâneo (1994), a escolha e a organização das estratégias pedagógicas devem corresponder à necessária unidade objetivos-conteúdos- métodos e formas de organização do ensino e as condições concretas das situações didáticas. Segundo esse autor, essas situações dependem das ações imediatas em sala de aula, dos conteúdos específicos, de métodos peculiares de cada disciplina e assimilação. Além disso, essas estratégias implicam o conhecimento das características dos alunos quanto à capacidade

96 de assimilação de conteúdos, conforme a idade e o nível de desenvolvimento mental e físico, e suas características socioculturais e individuais.

A relação objetivo-conteúdo-método procura mostrar que essas unidades constituem a linhagem fundamental de compreensão do processo didático: os objetivos explicitam os propósitos pedagógicos intencionais e planejados de instrução e educação dos alunos para a participação na vida social; os conteúdos constituem a base informativa concreta para alcançar os objetivos e determinar as estratégias; as estratégias formam a totalidade dos passos, formas didáticas e meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos e, assim, a consecução dos objetivos.

Segundo Xavier (2014), a expressão da criatividade no ensino e o exercício da inclusão educacional estão intrinsecamente relacionados. A ação de ensinar se funda em concepções e teorias sobre a aprendizagem e seus sentidos, oriundas da formação inicial e continuada, e das experiências pessoais e profissionais do professor. Assim, essas concepções traduzem expectativas sobre o sucesso escolar e interferem no grau de investimento docente para estruturar a sua prática, de forma a potencializar a aprendizagem e a participação dos alunos.

Ao se falar em práticas pedagógicas criativas, na perspectiva da inclusão em educação, essas expectativas são, segundo Xavier (2014), mediadas por três disposições essenciais: para o diálogo, para se colocar no lugar do outro e para articular teoria e prática. E essas disposições ampliam o olhar sobre o indivíduo que aprende e desafia o professor a abrir-se a novas experiências e à ambiguidade, valorizar a diversidade, não subestimar os erros e a tomar consciência do inacabamento humano.

Para Xavier (2014), desse modo, a expressão da criatividade no ensino tende a valorizar a singularidade do processo de aprendizagem, na medida em que favorece a motivação intrínseca e a autorregulação, conduzindo os alunos à consciência do que sabem, do que não sabem e do que necessitam saber; eleva a autoestima; desenvolve o autoconceito positivo e o sentimento de determinação para superar os próprios limites.

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4.2. Afinal, qual (is) seria (m) a (s) estratégias possíveis de serem