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Uma das jovens diz que montou uma empresa de chocolates e resolve contratar uma firma de marketing para melhorar as vendas de seus produtos. Enquanto ela e um agente de propaganda conversam, outro jovem apresenta- se como excelente vendedor de uma rede de livrarias. O vendedor conversa

com uma cliente, que por sua vez trabalha com mercado de ações. Ela explica que compra e vende ações na bolsa de valores. A cliente fica sabendo que a livraria vai muito bem, tem crescido muito, então, sugere à dona da livraria lançar no mercado ações da livraria. A dona da rede de livrarias responde que vai avaliar a proposta, pois sente que pode ser interessante.

O vendedor resolve mudar de emprego e vai trabalhar na empresa de chocolates. Entre as novas campanhas para aumentar as vendas dos chocolates, sugerem divulgar um anúncio em revista com uma etiqueta com cheiro de chocolate. Diante dessa idéia de um dos colegas, o empresário de marketing diz que, no trabalho dele, ele rouba a idéias dos outros. Resolvem distribuir amostras de chocolates em alguns pontos da cidade. Todos parecem gostar dessa idéia, pensam em distribuir nos supermercados, na frente de escolas. O vendedor sai então para distribuir chocolates na frente de um dos supermercados Pão de Açúcar.

Nesse meio tempo, a dona da livraria vai às compras com uma amiga e dá de cara com o vendedor distribuindo chocolates. Ela o reconhece e pergunta o que ele faz ali. Ele explica que agora trabalha em outra empresa. A dona da rede de livrarias ressente-se por ele ter largado o serviço, ter saído da empresa sem avisar, ter mudado de emprego sem comunicar nada... Mas o vendedor reclama que não recebeu o salário devido, nem o décimo terceiro salário e nem comissões a que tinha direito. Ele diz ainda que a livraria está crescendo muito e que só ele trabalhava, fazendo de tudo, desde cuidar do estoque até das

vendas. A discussão fica acalorada, todos dão palpites, uns acusando o vendedor e outros defendendo-o.

A coisa vai parar no tribunal. Aparece um advogado para defender o vendedor, mas ele já chega tentando oferecer alguma grana de suborno para resolver a situação do cliente dele. Dão risadas e a discussão continua. As alegações são contraditórias. A acionista da livraria, então cliente da livraria, acusa o vendedor de roubo, de abandono do trabalho; dizem também que ele teria depredado as dependências da livraria, acusam-no por desonestidade, por não ter cumprido o aviso prévio... Ao mesmo tempo, dizem que querem o vendedor de volta, pois ele era mesmo um bom vendedor, vendia muito.

Mas a dona da fábrica de chocolates também quer o vendedor trabalhando em sua equipe de vendas. Uma das jovens, que diz trabalhar na administração da fábrica de chocolates, observa que os representantes da rede de livrarias, ao mesmo tempo em que acusam o vendedor, também o querem de volta. Ela acha isso muito estranho e se pergunta por que o querem de volta se ele foi assim tão mau funcionário.

A essas alturas, surge um juiz, que também não consegue resolver o impasse. Ele propunha a condenação do réu, mas o grupo nem ligou para o veredicto dado e a discussão continuou. Entra em cena um segundo juiz para substituir o anterior, que acusam de ter um caso com a dona da fábrica de chocolates. As acusações continuam, dizem agora que o vendedor teria sumido com setenta e cinco livros. Este novo juiz também não consegue resolver a situação, pois a cada momento surgem mais argumentos contra o vendedor.

Não se sabe mais ao certo o que está sendo julgado, se o roubo, a mudança de empresa, o porquê da mudança, o vendedor.

O próprio vendedor assume ter levado os livros; ele explica que pegou os livros porque precisava de grana para ajudar a pagar o tratamento da mulher que estava doente e que acabou morrendo. Ele ressente-se da empresa onde trabalhava, a rede de livrarias, por não oferecer aos seus funcionários um plano

de saúde. Ele conta que sua mulher acabou morrendo por falta de atendimento. Como ele não tinha auxílio saúde, ela não foi atendida nos hospitais e ele não teve como cuidar dela, pois não tinha dinheiro para pagar os tratamentos necessários. Para levantar alguma grana, ele pegou alguns livros. Mas, infelizmente, a esposa acabou morrendo mesmo assim.

A dona da livraria, surpresa e sensibilizada ao ouvir tal depoimento, diz que ele deveria ter ido conversar com ela, deveria ter explicado a situação e pergunta por que ele não foi falar com ela. Ela diz que o teria ajudado, teria dado algum adiantamento, teria dado o que ele precisasse para ajudar no tratamento da esposa.

Chegam à conclusão que o vendedor é um cara legal, além de excelente vendedor. A dona da fábrica de chocolates sugere que o vendedor trabalhe no período da manhã na livraria até vender os tais setenta e cinco livros que deve à livraria e que, à tarde, trabalhe vendendo chocolates. Mas ela esclarece que, como ele vai trabalhar somente meio período para ela, ele também vai receber metade do salário. O vendedor diz que vai ser fácil vender esses livros, pois ele vendia essa quantidade de livros por dia, portanto, em duas manhãs ele terá vendido os setenta e cinco livros! Depois de acertada a situação com a livraria, o vendedor passaria a trabalhar na venda dos chocolates por período integral, recebendo o salário integral também. Quanto ao dinheiro que o vendedor deveria receber da livraria, assim que ele cumprisse seu trabalho de vender os setenta e cinco livros, ele receberia o seu décimo terceiro salário e tudo o mais que lhe devem.