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2.5 RETEXTUALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS

2.5.2 Questionando os Professores: Abordagem e Concepções para o Ensino-

2.5.2.4 Entrevista com a Professora D Instituto de Educação Gastão Guimarães –

Questionei a Professora D sobre a metodologia para o ensino-aprendizagem e a proposta didática para o ensino da Língua Portuguesa a turma e ao aluno cego:

“A professora entende que à deficiência dificulta o ensino, sendo um pouco complexo por falta de estrutura da escola e de um ledor para o Braille que ajude, mas, como o ensino da língua é constituído de movimento utiliza textos com imagens, quadrinhos, textos narrativos que envolvem interação e participação na sala de aula.”

Ao ser questionado sobre os textos que circulam na sala:

“A professora observa que trabalha os textos com imagens vinculados a textos narrativos e descritivos, e utilizam como apoio os textos publicitários, charges, histórias em quadrinhos.”

Sobre a leitura e interpretação de textos com imagens na sala para o aluno cego:

“A professora observa que não há distinção entre os alunos videntes e o cego, pois, distribui textos por igual e conta com a ajuda da intérprete de Libras para realizar a descrição das imagens.”

Questionei sobre como ocorre o processo de inclusão de alunos especiais:

“A professora entende que é limitada, que deixa a desejar, pois sente dificuldades de lidar com a inclusão por não saber como acompanhar o aluno, além de observar que a pessoa que tem a função de apoio ao aluno em sala de aula não é especialista em cegueira, mas em Libras, por isso e por não ter conhecimentos específicos não sabe lidar com o aluno cego.”

Em sua fala, a Professora D descreve que utiliza diversos textos com imagens, porém, não faz a leitura para o aluno DV, deixando a cargo da intérprete de libras porque sente dificuldades em incluir e atuar junto ao aluno. Seus argumentos são ancorados na dificuldade de trabalhar com o aluno DV relacionada à falta de estrutura da escola, do material pedagógico inapropriado e a própria formação do professor que nem sempre está pronto para lidar com a diversidade na escola.

Com a apresentação das entrevistas realizarei, em seguida, uma análise confrontando as falas dos professores com o que foi identificado durante as observações.

2.5.3 Análise das Entrevistas dos Professores: Comparação com as Observações

Nas entrevistas, é compreendido que as professoras promovem atividades diversas em sala de aula com o uso dos textos multimodais, porém não realizam a leitura para interpretação das imagens. Nas observações, compreendi que a Professora “C” busca organizar as aulas para favorecer a compreensão de textos com imagens ao contextualizar os textos antes de apresentar o conteúdo.

As Professoras “A, B, e D” contradizem seus dizeres em algumas questões das entrevistas em relação às observações. As observações são descritas de forma

a contemplar todas as atividades realizadas em sala de aula e apenas a Professora “C” realiza atividades que integra o aluno.

Quando questionadas sobre a metodologia de ensino, nas entrevistas, as professoras dizem compreender que os alunos DV aprendem com a aplicação de conceitos e com objetos concretos, porém, nas observações torna-se explícito que apenas a Professora “C” aplica uma metodologia de ensino-aprendizagem que busca construir conceitos antes da leitura de imagens.

Com relação aos textos que circulam na sala de aula, todas têm consciência que a maioria dos textos é composta com linguagem verbal e não verbal, mas não realizam a leitura das imagens para que o aluno DV faça a interpretação, por não terem conhecimentos sobre como fazer essa leitura.

Neste caso, os professores têm na sala de aula alunos com deficiência visual, mas não foram devidamente orientados para trabalharem de forma efetiva com a proposta da inclusão, ficando a cargo do professor buscar conhecimentos para se capacitarem e atenderem as diversas modalidades das necessidades especiais.

Com relação ao livro didático utilizado nas escolas, cabe ao professor identificar como abordar as diversas manifestações da língua para aquisição das competências comunicativas necessárias para o aluno interagir através dos gêneros textuais no seu contexto social.

Segundo Ota (2009), a elaboração do livro didático deve ser organizada para atender a demanda do ensino-aprendizagem e seguir a proposta dos textos que são elaborados para conduzir o aluno à interpretação. Por isso, cabe ao professor, planejar atividades com perguntas e respostas que não engessem o ensino e nem atendam apenas a reprodução do conhecimento que são propostos nos livros didáticos atuais, estruturados apenas como um produto comercial, com baixa qualidade ou com atividades que não contemplam a realidade do contexto sociocultural do aluno.

Assim, o professor utiliza o livro didático em conjunto com outros materiais pedagógicos para conduzir a pesquisa, análise e observação de temas que contam com a participação dos alunos, buscando integrar os textos e atividades do livro a realidade das novas linguagens trazidas pelas tecnologias comunicativas que exigem letramentos visuais.

Com relação à leitura dos textos imagéticos, Martins, Gouvêa e Piccinini (2015) reconhecem que os livros didáticos são repletos de imagens que requerem

conhecimentos variados. Por isso, é um desafio para os professores atenderem a demanda do ensino, pois devem ter conhecimentos proporcionados pelo letramento visual para identificarem a linguagem visual que cada imagem emite.

Devido a esta falta de conhecimento, nas observações, entendi as dificuldades do professor em ler as imagens por não compreenderem a natureza dos textos verbais e não verbais. Com relação à leitura de imagens para o aluno DV, o livro didático não proporciona uma acessibilidade. Outro problema está relacionado ao não conhecimento sobre as técnicas da audiodescrição, um meio de acesso disponível que promove a leitura para a interpretação da composição social e ideológica da imagem.

Nesse processo, o dever da escola é promover o contato do aluno com livros que favoreçam a interação, conhecimento prévio e a assimilação de novas ideias. Assim, o livro que apresenta diversos textos que representam o cotidiano e coopera com a reescrita, favorece uma interpretação sistemática e crítica, pois, o livro didático deve provocar diferentes situações de leitura e escrita, associando os gêneros textuais a situações cotidianas e, obedecendo ao que preconiza os PCNs de Língua Portuguesa, que determina a necessidade de interpretação.

Neste caso, mesmo aceitando a inclusão, as professoras ou por não saber trabalhar com o aluno DV ou por falta de materiais, não conseguem realizar uma prática pedagógica que contemple o ensino-aprendizagem para leitura e interpretação de textos junto aos alunos cegos.

2.5.4 Conhecendo o Professor e suas Concepções de Ensino: Confronto com as Observações

O questionário (cf. Apêndice 04) foi constituído para dar suporte à pesquisa etnográfica e fornecer informações sobre o professor e sua atuação pedagógica. Por essa finalidade, as questões presentes abaixo, em um quadro comparativo, foram estruturadas seguindo o padrão da pesquisa semiestruturada que é apresentada por questões abertas e questões fechadas que favorecem a análise e a tabulação de dados. A exposição direta das entrevistas será analisada a cada questão esplanada.

Primeiro, apresentarei cada um dos professores, sua formação e perfil em um quadro que proporcione a comparação dos perfis.

Quadro 01 – Comparativo: Perfil do Professor

Profes sores

Escola Formação Tempo de

serviço

Formação continuada

Idade Sexo Esta

do civil

A Escola Municipal Neuza Maria Souza dos Santos Licenciatura em Letras 33 anos Pós-graduação em Gramática e em Gestão Escolar Acima de 36 Femini no Casa da B Colégio Estadual Colomba Dalto Licenciatura em Letras com Inglês 08 anos Metodologia do Inglês Entre 31 a 35 Femini no Divor ciada C Instituto de Educação Gastão Guimarães Licenciatura em Letras

10 anos Não respondeu Acima de 36 Femini no Casa da D Instituto de Educação Gastão Guimarães Licenciatura em Letras com Inglês 23 anos Mídias Educacionais Acima de 36 Femini no Casa da Fonte: Quadro elaborado por: Camila da Silva Gonzaga (2015)

No quadro, posso verificar que todas as professoras são licenciadas em Língua Portuguesa e tem um tempo de serviço apropriado para compreender como atuar junto aos alunos, principalmente a Professora A. Porém, em relação à formação continuada, percebo a necessidade de construir uma prática de buscar por novos conhecimentos em cursos de formação. Com relação à idade as Professoras A, C e D, tem acima de 36 anos e são do sexo feminino.

Depois das questões relacionadas ao perfil, apresento às vivências de leitura e o conhecimento dos professores sobre os textos multimodais que circulam na escola, o questionário é retextualizado, buscando apresentar na íntegra a fala do professor.

Para você a leitura é:

Professora A, B, C, D – Atividade que leva em conta a interação autor-texto- leitor que se constrói e são construídos no texto.

Todas responderam a mesma alternativa, pois acreditam que há uma relação entre o autor, texto e leitor para compreender o conteúdo. Para Koch e Elias (2013), um texto é uma interação ideológica, que tem o objetivo de ativar o conhecimento do leitor sobre um tema. Neste caso, o autor/leitor interage dialogicamente e a escrita é organizada com base em elementos linguísticos que requer em um evento comunicativo, dependendo do vasto conhecimento do autor que compartilha com o

leitor e veicula sua ideia em um gênero textual condizente com o contexto sociocultural e as práticas sociais.

Essa concepção dos professores segue os pressupostos dos PCNs de Língua Portuguesa que estabelece a necessidade do aluno está sempre interagindo com a língua falada e escrita, porém nas observações, é explícito que os Professores A, B e D utilizam os textos como a finalidade de ensinar a gramática, na maioria das vezes os textos não são explorados em seus sentidos sociais e ideológicos.

Durante as observações, a Professora “C” realizou leitura de textos e interagiu com os alunos, compartilhando seus conhecimentos e favorecendo a troca de ideias. Já as Professoras A, B e D não realizaram uma leitura que contemplasse a interação entre autor-leitor quando pediam aos alunos para fazer a leitura individual e nas correções das atividades não havia leitura compartilhada dos textos escritos.

Você trabalha com textos na sala de aulas.

Professora A – Sim, porque a prática com textos torna a aula mais dinâmica, persuadindo o aluno.

Professora B – Sim, porque é um meio fundamental de informação e formação.

Professora C – Sim, para o ensino da Língua Portuguesa os textos são meios de formar conceitos e apresentar aos alunos as várias representações do gênero textual.

Professora D – Sim, porque a leitura é essencial para todo o processo de formação do indivíduo.

Todas as professoras responderam que trabalham com textos na sala de aula. Nas observações, identifiquei esta realidade, contudo, o objetivo geral é para o ensino da gramática. A Professora “A” diz utilizar os textos para tornar a aula interativa, mas nas observações das aulas não realiza a leitura compartilhada para troca de ideias com os alunos, não apresenta o gênero textual e os textos com imagens não há leitura para compreensão dos sentidos. Com relação ao aluno DV, deixa a cargo de um colega a leitura dos textos.

Para a Professora “B”, os textos são meios de informação para a formação do aluno, porém, nas observações percebi que os textos utilizados não são explorados de forma a emitir informações que favorecem a interpretação dos alunos, pois os textos são abordados com o proposito de apresentar algum conteúdo gramatical.

Identifiquei que a Professora “C” leva para a sala de aula textos que são interpretados e reescritos. Já a Professora “D” relata a importância de trabalhar com textos na sala de aula, mas na aula que trabalha com o texto jornalístico, não faz a leitura compartilhada, a interpretação e não apresenta o gênero no suporte, desvelando a fala da prática. Contradizendo, dessa forma, a ideia de Solé (1998), quando explica que na compreensão da leitura é preciso que sejam ensinadas as características de cada texto, mostrando ao leitor as pistas que o conduz a criar as estratégias de leitura que pode favorecer a compreensão dos significados implícitos em cada texto.

Além disso, nos pressupostos do ensino da Língua Portuguesa, a leitura para interpretação ser considerada como um processo dinâmico, em que o aluno não deve ser um receptor passivo, mas interagir com o professor e o texto para a construção dos sentidos que conduz com a compreensão dos significados (BRASIL, 1998).

Neste caso, nas observações, os conteúdos apresentados pelas professoras têm relação direta com a proposta dos PCNs, porém na abordagem, os textos não são contextualizados e a construção dos sentidos não é efetuada, apenas a Professora C, faz uma abordagem dinâmica em que os textos são explorados para provocar no aluno conhecimentos, autonomia e criticidade.

Você acha necessário trabalhar com a leitura de textos com imagens com o seu aluno cego? Por quê?

Professora A – Sim, porque a leitura dos textos com imagens pode ser descritos e envolve o aluno sem descriminá-lo.

Professora B – Sim, porque a leitura de imagens pode ajudá-lo a trabalhar o imaginário e ampliar o conhecimento.

Professora C – Sim, os textos com imagens são ideais para conduzir o aluno a pensar e explorar os detalhes do texto não verbal.

Professora D – Sim, para que o mesmo através da descrição e interpretação da imagem interaja com a leitura.

Todas concordam que sim, porém salientam o não conhecimento sobre como realizar a leitura de imagens para a interpretação. Nas observações, percebi que apenas a Professora C elabora aulas que buscam associar o tema/conteúdo aos

conhecimentos prévios do aluno DV, favorecendo assim, a aquisição de conceitos que o leva a identificar o conteúdo das imagens encontradas nos textos multimodais. Neste caso, a aprendizagem do aluno ocorre gradualmente e depende dos fatores sociais e culturais, por isso, o professor que não conhece o contexto do aluno, não consegue perpassar as dificuldades de aprendizagem e fornecer meios para o conhecimento de mundo necessário à formação de conceitos.

Você concorda com a inclusão do aluno com Deficiência Visual na escola regular?

Professora A – Sim, acredito que não deve haver discriminação embora, acho necessário melhorar os equipamentos didáticos para dar suporte as aulas para atender melhor o aluno deficiente.

Professora B – Sim, mas é importante que o professor tenha noção de como trabalhar nesta inclusão.

Professora C – Sim, plenamente, sempre estou em busca de materiais e métodos que auxilia na minha formação para atender alunos especiais, porém o tempo, as obrigações limitam a minha formação.

Professora D – Sim, para que o mesmo possa vivenciar todas as possibilidades de convivência. Porém a escola precisa dar melhores condições de trabalho.

Todas concordam com a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular, entretanto, salientam que sem estrutura e formação na educação especial, o processo de ensino continua sem construir a aprendizagem adequada. Mesmo dizendo que concordam com a inclusão, durante as observações, identifiquei que as Professoras “A, B e D” não incluem os alunos DVs de forma efetiva. O fato foi detectado nas aulas em que a leitura era individual, em que os alunos não participavam nem realizavam as tarefas na sala de aula, nos momentos que não havia leitura dos textos por parte do professor e nas atividades que os alunos contavam apenas com a colaboração de um colega ou acompanhante que atende o aluno da Professora “D” para a leitura dos textos com imagens.

Para atuar junto ao aluno DV, os professores devem reconhecer que sua aprendizagem é constituída de várias formas, desde que tenha sentido. Todavia, é preciso que o educador analise suas concepções de língua para percorrer o caminho da inclusão, transformando-as. Esses caminhos levam a interpretações da leitura, pois a leitura é vista como meio para a construção dos sentidos e a

compreensão leva ao processo de formação sistemática de leitores ao priorizar as possibilidades de reconstruir os saberes, a memória e a identidade de um povo a partir da preservação da própria cultura, onde os sujeitos envolvidos constroem os saberes no processo coletivo, social e histórico para reconstruir as memórias e identidades dos leitores.

Após observar, contextualizar e analisar as entrevistas e questionários constituídos durante a pesquisa de campo, percebi a necessidade de aprofundar meus conhecimentos em relação à importância da leitura das imagens dos textos e compreender a inclusão que ocorre com o aluno DV nas respectivas escolas que não contemplam a acessibilidade e o devido letramento necessários, devido a falta de conhecimentos e preparo dos professores em realizarem a leitura de textos multimodais ou promoverem a inclusão de forma efetiva na sala de aula regular.

3 CONSTRUINDO CONCEITOS PARA AUDIODESCREVER

A falta de informação sobre as diferenças só traz reações adversas, por isso, a formação do educador especial é progressiva e cumulativa, tornando-se um alicerce que sustenta a obra e afasta o preconceito.

Assim, para lidar com alunos especiais com deficiência visual, é preciso conhecer os níveis de dificuldades e especificidades pelo fato da cegueira ser uma situação irreversível, com diminuição ou perda total da visão em virtude de causa congênita ou hereditária. O indivíduo com deficiência visual tem baixa acuidade visual de um ou de ambos os olhos. Os PCNs da educação especial reconhecem a pessoa cega como:

cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor

olho após correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do método Braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação (BRASIL, 1998, p. 26).

Para determinar este grau, é realizado um estudo que observa o funcionamento da visão que qualifica o tipo a cegueira. O estudo é constituído de uma análise para compreender a capacidade de interpretar os impulsos propiciados pelos resíduos visuais e, então, é usando a função cerebral para reconhecer, decodificar, armazenar e associar as imagens a experiências passadas. Porém, quando a pessoa com deficiência visual é considerada cega há perda dos resíduos e o aluno precisa ser letrado pelo tato.

A leitura tátil propicia aos cegos uma aprendizagem significativa, que reflete no desenvolvimento sociocognitivo necessários à autonomia. Através do tato associado aos outros órgãos do sentido (audição, olfato e paladar) que o aluno passa a formar conceitos que constituem os conhecimentos prévios.

O conhecimento é alcançado pela associação de ideias que contribuem para a construção dos conceitos que são estimulados e abstraídos pelo processo de associação. As teorias condutistas mediacionais estabelecem a construção de conceitos mediados e são propiciados pelo reforço (repetição). O reforço mediado contribui para a aprendizagem dos alunos cegos quando é realizado o estimulo tátil

com a repetição constante do toque em objetos até que o aluno reconheça as diferenças de espessura, forma, localização, textura, dimensão, lateralidade.

Neste processo, o desenvolvimento é avaliado a partir da verificação do desempenho do aluno ao apresentar a sensibilidade tátil, percepção, memorização e atenção em relação aos objetos familiares, neste caso, as atividades são para valorizar o raciocínio do aluno que é refletido na conquista da autonomia.

Na leitura do ambiente, os sentidos contribuem para a construção dos conceitos. Batista (2005) observa que Vygotsky faz distinção entre os conceitos espontâneos e os conceitos científicos, explicitando que os primeiros são adquiridos na experiência pessoal e os científicos são adquiridos na sala de aula. Dessa maneira, a formação dos conceitos segue etapas de desenvolvimento que é organizada através de sistemas conceituais que variam de acordo ao objeto, a cultura e a interação com o meio, propiciada pelos processos psicológicos.

A aprendizagem e a estimulação do sentido perceptivo ocorrem desde o início da vida. Na criança com cegueira, essa estimulação deve ser feita assim que a perda da visão é detectada. Por isso, a criança em idade escolar ou ao ser incluído deve levar o educador a construir um conjunto de novos conhecimentos que estimulem a participação do aluno no contato com as novas formas de relações, a diversidade de costumes e expressões do contexto.

Esses estímulos contribuem para que os indivíduos selecionem as informações que se apresentam de forma voluntária ou involuntária. A atenção involuntária, de acordo Silva (2008), apresenta-se no início da vida quando ruídos, movimentos e objetos chamam a atenção, porém não despertam o interesse. Já na atenção voluntária, há seleção de informações e concentração para desenvolver as atividades que são possibilitadas pela mediação simbólica.

Segundo Pozo (1998, p. 193), Vygotsky em sua teoria explica que “o homem não se limita a responder os estímulos, mas atua sobre eles, transformando-os.” Neste caso, a mediação é propiciada pela cultura e o meio social que são internalizados ou assimilados. Para o cego, esses estímulos são construídos gradativamente com o objetivo de favorecerem os outros órgãos dos sentidos e compensarem a falta da visão. Segundo Domingues (2014, p. 24):

Todas as informações que temos são recebidas através dos sentidos. O tato dá-nos indicações sobre qualidades como dureza e maciez, textura, forma, flexibilidade, peso, vazio ou solidez e atmosfera seca, cheia de

vapor, fria ou morna. O olfato ajuda-nos a reconhecer materiais como couro, madeira, metal, tinta, flores e se um cheiro agradável e desagradável. O