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Capítulo 3: Metodologia

3.3. Análise e Interpretação dos Dados

3.3.1 Perceção de diferentes tipos de públicos

Quando questionados sobre quais são os públicos para quem as instituições que representam comunicam e aqueles para quem direcionam mais a sua comunicação, os entrevistados deram respostas diversas, o que pode ser explicado pelas diferentes áreas de atividade de cada uma das

organizações em análise. No entanto, todos eles assumiram a importância de comunicar os resultados da investigação que desenvolvem à população, nomeadamente da investigação com aplicação prática e relevância social.

Jorge Fiens afirma que um dos importantes públicos para o INL é o público interno, uma vez que o laboratório de nanotecnologia é uma organização ainda relativamente recente com apenas 10 anos de existência, “o que em termos comparativos com outras organizações de investigação científica nacionais e internacionais é muito pouco”. Deste modo, o público interno assume aqui um papel fundamental para a definição da cultura interna da organização pois, tal como afirma o diretor de comunicação do INL, “se quisermos transmitir uma imagem para fora do INL temos de a construir primeiro ‘cá dentro’, e esse é um processo que está ainda muito aberto”, uma vez que ainda não há uma cultura estabelecida. O especialista em comunicação refere ainda como públicos-alvo os estados- membros do INL e as instituições europeias como importantes parceiros e financiadores da organização. Mas, o destaque é dado ao público nacional, uma vez que o INL apesar de ser uma organização intergovernamental está localizada em Portugal e, mais especificamente, na cidade de Braga. Por esta razão, o público local torna-se um dos atores principais para quem o INL procura dirigir a sua comunicação. Neste sentido, Jorge Fiens defende que “o INL não é uma ilha, apesar de estar num sítio com gradeamento e ter um estatuto territorial próprio, isso não significa que o INL seja uma ilha, não o é”. E manifesta ainda o desejo de que “o INL seja visto cada vez mais como uma instituição de Braga, apesar de não o ser”, mas “é uma instituição que as pessoas devem poder considerar como sua e devem ter orgulho nisso, da mesma forma que queremos que internamente as pessoas tenham orgulho nisso”.

Relativamente à Universidade do Minho, Nuno Passos salienta o facto de a instituição comunicar para públicos diversos e variados, internos e externos. Nos públicos internos são mencionados os investigadores, professores, alunos e funcionários não docentes, enquanto que os públicos externos representam a maioria dos seus públicos-alvo, e podem “ir desde os estudantes até empresas ou às nossas universidades congéneres, e até mesmo os antigos alunos, os alumni (...)”. Para o assessor de comunicação da UMinho, “primeiro é importante trabalhar bem os públicos internos para passar uma imagem mais forte a nível externo”, concordando com o pensamento de Jorge Fiens no que diz respeito à importância dos públicos internos para a imagem de uma organização. Neste ponto de vista, Nuno Passos acrescenta que é importante “primeiro ter uma boa estrutura de comunicação que deve apostar na sua rede interna e aí passar uma mensagem positiva que permita uma marca uniforme ou uma identidade própria e diferenciada para captar a atenção a

nível externo”. Sobre os públicos prioritários da instituição, Nuno Passos estrutura o seu pensamento de acordo com três vertentes: “o ensino, a investigação e a interação com a sociedade”. No ensino, “o público prioritário naturalmente que são os estudantes”, incluindo aqui os novos alunos mas também os futuros estudantes nacionais e internacionais. Na área da investigação são referidas as empresas, instituições de ensino superior nacionais e internacionais, forças governamentais e entidades financiadoras. Além disso, Nuno Passos acredita que a universidade se deve preocupar mais com a investigação transversal, isto é, a investigação científica nas mais diversas áreas de estudo, “não só em termos laboratoriais mas também noutras áreas que por vezes passam um bocadinho à margem do senso comum, como o Direito, a Educação, as Ciências Sociais, a Psicologia”. Ao nível da interação com a sociedade, esta diz respeito à aproximação da universidade com o público em geral, recorrendo a “projetos que muitas vezes tenham a ver com a aplicabilidade da ciência”, afirma Nuno Passos.

No caso do INESC TEC, Sandra Pinto realça o facto de a instituição fazer “Investigação e Desenvolvimento com muita aplicação nas empresas”. A responsável pelo serviço de comunicação faz referência aos parceiros empresariais e institucionais como públicos-alvo importantes para a organização, tais como as empresas, instituições de financiamento, organismos públicos, e instituições parceiras como instituições de I&D ou de ensino superior, dado que a investigação do INESC TEC é muito abrangente. Além destes, a instituição comunica a sua atividade para os estudantes, com o objetivo de captar talento. É dado ainda ênfase ao público em geral, a que a organização chega muitas vezes através dos media e das redes sociais. Sandra Pinto justifica a intenção de comunicar com o público em geral pois considera que aqui está implícita a prestação de contas para com a sociedade, de modo que esta perceba o que o INESC TEC faz com o dinheiro dos contribuintes. É então, de acordo com a responsável de comunicação, obrigação da instituição comunicar a sua atividade à comunidade já que a investigação científica recebe fundos nacionais para os quais todos contribuímos.

Como públicos prioritários, Sandra Pinto afirma que o INESC TEC está muito vocacionado para empresas, fazendo “desde a investigação básica até à investigação completamente aplicada”. Por isso, a especialista em comunicação afirma que se tivesse de escolher um público para o qual a instituição privilegia a sua comunicação seriam as empresas e a indústria. No entender de Sandra Pinto, o principal objetivo da instituição é conseguir “chegar ao mercado, às empresas, à economia, à sociedade”, considerando que a investigação “tem de ter sempre impacto direto na sociedade”. Os públicos do INESC TEC “são muitos e às vezes é difícil segmentá-los”, admite Sandra Pinto. A instituição tenta chegar a todos esses públicos, mas fazem também uma “comunicação mais direcionada” para públicos específicos como as empresas.

Por último, o CINTESIS “como faz investigação na área da saúde tem um público extremamente alargado”, considera Olga Magalhães. A responsável pela equipa de comunicação do CINTESIS menciona como públicos-alvo os investigadores, os médicos e outros profissionais de saúde como os enfermeiros; as empresas, pois como a instituição desenvolve tecnologias de inovação ligadas à área da saúde necessita de parcerias com empresas. No entanto, Olga Magalhães foca o seu discurso na sociedade em geral, considerando que, ao contrário da comunicação com os públicos especializados, a comunicação com o público em geral ainda não existia e foi para isso que a equipa de comunicação que está a coordenar foi criada. A justificação para esta escolha, que “pode parecer um contrassenso numa altura em que se fala tanto em segmentação de públicos em termos de marketing”, prende-se com o facto de a investigação que é desenvolvida no CINTESIS interessar “a largas franjas da população”. Desta forma, o gabinete de comunicação da instituição procura disseminar a informação de forma mais ampla e alargada possível, “porque a saúde interessa a todos”, defende Olga Magalhães. Assim, o principal público-alvo para quem o CINTESIS dirige a sua comunicação é a sociedade em geral, “quer para nos darmos a conhecer enquanto unidade de investigação e para fortalecermos a nossa marca que ainda é jovem, quer porque acreditamos efetivamente que é isso que é preciso fazer”, justifica Olga Magalhães. Neste sentido, “a saúde é um bem extremamente transversal e, ao contrário de outras áreas em que pode ser pouco eficiente estar a comunicar para a sociedade como um todo, aqui parece-nos que é muito importante comunicar para a sociedade como um todo, até porque há muitas questões cruzadas”, defende Olga Magalhães.