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79 entrevistado e o tema em questão Essas autoras discutem a importância da relação

entre o entrevistador e o entrevistado para a obtenção de dados confiáveis para a pesquisa. De acordo com elas:

a confiabilidade é um aspecto relevante na entrevista, sendo responsável, em grande parte, pela validação dos dados coletados. O maior enfoque, nesse âmbito, deverá centrar-se na cordialidade que conduzirá a uma inter-relação de confiança. Ocorrendo o contrário, a entrevista estará, consequentemente, fadada ao insucesso. (ROSA; ARNOLD, 2006, p.22)

Na discussão de Bogdan e Biklen (1994, p. 138) é considerado importante criar “uma atmosfera onde os entrevistados se possam sentir a vontade para expressar suas opiniões”.

Na presente pesquisa, as entrevistas aconteceram posteriormente às observações, momento em que os entrevistados e entrevistadora já se conheciam e existia certo nível de familiaridade a partir da convivência no desenvolvimento do projeto de modelagem. Por isso, foi dispensado certo nível de formalidade na realização das entrevistas e essas aconteceram nos lugares, horários e espaços de tempo que dependiam da disponibilidade de cada sujeito da pesquisa.

As entrevistas, nesta pesquisa, foram planejadas a partir de dois objetivos principais:

1- Investigar aspectos do background e foreground dos sujeitos da pesquisa;

2- Buscar compreensões sobre o envolvimento dos alunos no desenvolvimento da atividade de modelagem.

A partir deles, formulei perguntas que serviram para desencadear o diálogo no decorrer das entrevistas. Uma parte das perguntas foi formulada anteriormente às observações e outra parte, a partir do que emergiu como reflexão naqueles momentos da pesquisa de campo. O conjunto das perguntas se caracterizou como um roteiro de entrevista, presente no Anexo 3.

A partir do roteiro, as entrevistas foram desenvolvidas sem que fosse necessário seguir rigorosamente a ordem e escrita das perguntas. Além disso, a partir do diálogo emergiram, em vários momentos, novas perguntas que não faziam parte do roteiro. Dessa forma, as entrevistas desenvolvidas nesta pesquisa são do tipo semiestruturada. Sobre esse tipo de entrevista, Rosa e Arnoldi (2006) esclarecem que:

As questões, nesse caso, deverão ser formuladas a permitir que o sujeito discorra e verbalize seus pensamentos, tendências e reflexões sobre os temas apresentados. [...]. As questões seguem uma

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formulação flexível, e a sequência e as minúcias ficam por conta do discurso dos sujeitos e da dinâmica que acontece naturalmente. (ROSA; ARNOLD, 2006, p. 30-31)

As entrevistas aconteceram em diversos espaços: no ICEx (cantina, laboratório de informática do Departamento de Matemática, nos bancos próximos aos jardins); na Fale (próximo à cantina). O espaço em que foram realizadas e o tempo dos sujeitos da pesquisa para a realização da entrevistas influenciaram na maneira como eu as conduzi. Apesar de, antes mesmo iniciar a realização das entrevistas, já saber que isso iria influenciar na produção dos dados empíricos, tentei lidar com o tempo de cada sujeito da pesquisa de maneira a sempre garantir as respostas às perguntas do roteiro de entrevista.

Na presente pesquisa, foi importante compreender entrevista como procedimento metodológico e, especificamente, como procedimento metodológico para pesquisas que investigam backgrounds e foregrounds. Sob este foco, busquei orientações em Skovsmose, et. al. (2009). Esses autores destacam a importância da relação do entrevistador com o entrevistado e defendem que é importante que as entrevistas se desenvolvam na forma de um diálogo. Eles adotam a expressão entre- vista para caracterizar tal relação. Para esses autores:

[...] devemos considerar a relação entre o entrevistador e o entrevistado por partirmos do pressuposto que o foreground não pode ser encontrado em sua forma “pura”, exigindo diálogo. Portanto, é o entrevistador que deve comprometer-se por conduzir a entrevista de modo ativo, permitindo a construção compartilhada de significados para as expectativas que os entrevistados manifestam. [...]. Mediante o diálogo e a colaboração pode-se estabelecer perspectivas, examiná-las e questioná-las, e os participantes podem refletir mais claramente sobre suas posições e pensamentos. Assim, concebemos o diálogo como uma metodologia para “entre-vistar” foregrounds. (SKOVSMOSE, et. al., 2009)

No caso desta pesquisa, considero que a dinâmica do desenvolvimento dos projetos de modelagem favoreceu que o diálogo no desenvolvimento das entrevistas acontecesse naturalmente.

Em síntese, os dados empíricos desta pesquisa foram produzidos por meio de observações não estruturadas e participante e entrevistas semiestruturadas. Diante disso, terei subsídios, para realizar a análise, a partir de uma triangulação, a respeito da qual apresento entendimentos a seguir.

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4.3- TRIANGULAÇÃO

A triangulação em pesquisa qualitativa é a utilização de diferentes possibilidades para a investigação de um mesmo foco (ALVES-MAZZOTTI, 2002; FLICK, 2009a, 2009b). De acordo com Flick (2009a, p. 61), “o conceito de triangulação significa que uma questão de pesquisa é considerada a partir de (pelo menos) dois pontos”.

Para Flick (2009b), triangulação, expressa “a combinação de diversos métodos, grupos de estudos, ambientes locais e temporais e perspectivas teóricas distintas” (FLICK, 2009b, p. 361). Seu propósito é aumentar a confiabilidade da pesquisa, pois os resultados são obtidos a partir de diferentes possibilidades de construí-los (ALVES- MAZZOTTI, 2002; FLICK, 2009a, 2009b).

Flick (2009b) discute os diferentes tipos de triangulação: dos dados; do investigador; da teoria; e, metodológica. Na presente pesquisa, realizei triangulação metodológica, que trata da combinação de dois métodos38 diferentes, neste caso: a

observação e a entrevista.

Consonante com Flick (2009b), nesta pesquisa, a triangulação possibilitou a superação das limitações que cada método separadamente teria. As observações me possibilitaram gerar compreensões sobre o que aconteceu a partir do objetivo da pesquisa e os referenciais teóricos adotados e nas entrevistas, busquei compreender os sentimentos e impressões dos sujeitos da pesquisa, no tocante ao que vivenciaram.

Cabe destacar, também, que a análise dos dados, em parte, foi discutida no

Grupo de Orientação. Diante disso, outros olhares, além do meu e do da orientadora

desta pesquisa, possibilitaram-me superar limitações da minha forma de compreender os dados.

Resta, para este capítulo, explicar de qual forma os dados serão apresentados; o que será o meu objetivo na próxima seção.