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Escola Estadual de Ensino Médio João Simões Lopes Neto

A Escola Estadual de Ensino Médio João Lopes Neto iniciou suas atividades escolares no dia 22 de abril do ano de 2002. Atualmente, é composta por um quadro docente de 11 professores, vice-diretora e diretora e possui uma capacidade total de 400 educandos, sendo que, em 2013, efetivou 180 matrículas. Conta, ainda, com três funcionários, secretária, merendeira e faxineira em sua estrutura funcional. Inserida num contexto que abrange as áreas urbana e rural do município de Turuçu, compreende assim, educandos oriundos não só da localidade, mas também da área rural de municípios vizinhos, tais como: Pelotas, mais precisamente da Colônia Osório, Colônia Corrientes, Santa Silvana, Santa Clara a colônia Py Crespo e de São Lourenço do Sul, da Colônia Sant’ana.

Devido à distância entre as diversas colônias da escola, o transporte escolar é de extrema importância para a viabilidade da escolarização. Sendo assim, horários

de entrada e saída da escola são marcados pela movimentação de micro-ônibus e vans, no período da tarde, com um deslocamento de 8 veículos. No turno da noite, devido ao menor número de matrículas, o atendimento é feito por quatro veículos. A frota é disponibilizada,em grande parte, pela parceria entre estado e município, sendo que, para as localidades Colônia Osório, Santa Silvana, Santa Clara e colônia Py Crespo, o transporte é realizado por empresa particular e pago pelo município de Pelotas.

Em pesquisa anterior7, levantando dados sobre o andamento das atividades escolares, foi possível constatar que, dos 65 educandos que responderam ao questionário8, apenas 12 moram na zona urbana do município. Dos 53 moradores da zona rural, apenas 10 não trabalham no campo.

O quadro de professores é composto por moradores das cidades de Pelotas e São Lourenço do Sul, assim distribuídos: dez professores são naturais de Pelotas e um professor é morador da cidade de São Lourenço do Sul. O retorno dos professores à noite é viabilizado por transporte escolar, devido à falta de ônibus que atenda a esta demanda.

O processo de consulta popular9 criou a possibilidade de implantação da escola no município, trazendo os recursos necessários para sua construção no ano de 2002, período em que a escola, devido às necessidades locais, funcionava nos três turnos (manhã, tarde e noite), com a intenção de proporcionar aos trabalhadores do curtume Arthur Lange a continuidade dos estudos.

Em reportagem do jornal Diário Popular (ACD/DP, 2002, p.12), é destaque a inauguração da escola e sua importância para a comunidade:

A escola, primeira no município a oferecer o Ensino Médio, começou suas atividades no início deste ano e atende mais de 300 alunos nos turnos manhã, tarde e noite, com as três séries do aprendizado. O prédio foi construído em terreno doado pela prefeitura, na zona central da cidade, ao lado do Ginásio de Esportes. Além de computadores e completa infra- estrutura, que proporciona um ambiente ideal para o oferecimento de uma educação com qualidade, a administração municipal, através de alguns

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Este questionário foi realizado na disciplina de Filosofia como prática de conhecimento da realidade dos alunos, sendo aproveitado como instrumento para realização da pesquisa exploratória.

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Apêndice 1.

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Consulta Popular: processo em que todo e qualquer cidadão, portando o título de eleitor pode ir a urna escolher quais as demandas que julga mais importante para o desenvolvimento de seu município, região e estado. Sempre obedecendo aos critérios pré-estabelecidos e embasados por lei (CODEMAU, 2013).

convênios firmados com o Governo do Estado, também será responsável pelo transporte escolar dos alunos residentes em zonas mais distantes.

Em entrevista realizada com a diretora da Escola, indagamos a respeito da escolha do nome da Escola, quando foi-nos explicado que na Semana Farroupilha do ano de 2009, em consulta popular, foi escolhido pela maioria da comunidade o nome João Simões Lopes Neto10 e, na ocasião, estavam em competição mais três possibilidades de nomes para apreciação da comunidade: Leonel Brizola, Integração e Alberto Buss. No período anterior à consulta para escolha do nome da escola, a mesma era conhecida apenas como Escola de Ensino Médio.

Em termos de participação, a comunidade está presente de maneira ativa na escola, compõe o conselho escolar e atua em conjunto com professores e alunos nas festividades, com a finalidade de arrecadação de verbas. Nas decisões, apoia a equipe diretiva em relação à melhoria e ampliação das condições da escola. Porém, os problemas e as necessidades da comunidade representam um desafio para a escola. Assim, o número de alunos que consegue completar os estudos em idade adequada é baixo, conforme pesquisa do INEP11, realizada sobre a realidade do município no ano de 2010:

A distorção idade-série eleva-se à medida que se avança nos níveis de ensino. Entre alunos do ensino fundamental, 29,7% estão com idade superior à recomendada chegando a 31,0% de defasagem entre os que alcançam o ensino médio12.

Esta realidade faz parte da maioria das escolas com características rurais no Brasil, demonstrando que o acesso à escolarização de comunidades rurais continua sendo precária e deficiente.

A formação de professores acontece anualmente conforme recomendação da coordenadoria de educação, no tocante a projetos escolares, no turno inverso. Nas quartas-feiras, é desenvolvido o projeto Arteútil, de responsabilidade da professora de Artes, que tem como objetivo central a geração de renda para a comunidade carente.

Os festejos escolares estão em grande parte associados às festas municipais, como a Oktoberfemorango e a Fepimenta, sendo de grande importância

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Em conversas informais, observa-se que este nome refere-se a uma formalização que decorreu da disputa no interior da escola, optando-se assim, pelo nome do escritor pelotense.

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Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa.

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para a comunidade e também para escola as festividades da Semana Farroupilha. Motivo de distração dos jovens da escola são também os campeonatos de futebol, articulados entre as turmas da própria escola e as da redondeza.

Descrevemos o contexto em que a Escola Estadual de Ensino Médio João Simões Lopes Neto está situada, no qual evidencia-se a necessidade de aprofundamento sobre as dimensões entre urbano e rural, e os conteúdos que fazem deste espaço educativo compor-se na prática por características de uma escola rural, mas que, por se localizar em perímetro urbano, seu enquadramento é o de escola urbana. Sobre este problemática, nos desafiamos à ampliação da análise sobre os conceitos de território urbano e rural, como forma de qualificar a discussão.

1.6 Urbano em aparência, rural em essência: características do território