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1. Eu vou fazer algumas perguntas em relação ao Projecto Passa a Palavra, e

gostaria de começar pelas fichas de leitura que vocês propuseram. Que ideia

de destinatário é que tinham quando as fizeram?

Fui eu que fiz as fichas, nesse caso… eh, a Rosa só entrou agora este ano. Os destinatários das fichas… digamos, em parte professores, e também em parte alunos. Os alunos que em princípio iriam desenvolver a actividade.

Do secundário, não é?

Do secundário. Pelo menos tivemos alguma preocupação de… de rigor na escrita, sem simplificação excessiva.

Havia alguma imagem mental a quem… é que se estavam a dirigir?

Não, objectiva não. (risos) Estou a pensar nas que fiz, portanto, não fui só eu quem, quem fez essas fichas aqui na escola. Houve outras pessoas que fizeram, mas…

Para alunos que tivessem um bocado ligados à leitura, não é?

Sim… sim, mas… para alunos, pessoas com prática de leitura. Como também era para circular em todas as escolas e pelos próprios serviços da Biblioteca, havia essa preocupação prioritária. Não era propriamente um texto de divulgação para iletrados. (risos)

2. Nas metodologias propostas para abordar estas obras, na vossa opinião,

quais resultaram ou não e porquê?

Isso não sei. (silêncio) Não sei porque até as metodologias para abordagem das obras, em grande medida, ficaram foi nas mãos dos orientadores. E não nas nossas.

Houve alguma continuidade aqui na escola?

Não, não houve continuidade aqui na escola. Nesse caso não. As coisas estiveram muito centraliza- das no trabalho que os orientadores foram fazendo, quer no primeiro grupo, quer este segundo. Nes- se caso, não se verificou praticamente aquele… aquela ligação que se tinha pensado fazer com os alunos e as turmas e… esse trabalho assim, não foi desenvolvido assim. Boa parte dos alunos per- deu-se …nesse processo. Agora acabou este recentemente, eles eram só três miúdos, duas é que o fizeram, o trabalho que elas fizeram foi ao ar. Poderá de alguma maneira ter continuidade aqui, ao nível do… dos nossos clubes de leitura. Temos estado a pensar. A Rosa tem animado este ano um Clube de Leitura, aqui, mas é com outros miúdos. Agora, estas duas que resultaram deste grupo e continuam a ser alunas, que em princípio serão alunas da escola para o ano, poderão aproveitar esse trabalho aqui na escola, de alguma maneira, mas…

3. E, acham que esta actividade influiu de alguma forma nos hábitos e práticas

de leitura dos participantes? Ou de que forma terá influído?

Sim, sim.

Poderá eventualmente ter movido um pouquinho, mas…

Os que continuaram, os que continuaram já eram leitores. Pronto, continuam leitores (risos) Não lhes fez mal. (risos)

Nenhum, pelo contrário.

4. E em relação às práticas pedagógicas dos professores que estão com elas,

mudou alguma coisa a participação no projecto?

Julgo que não. (silêncio) Pronto poderá alterar no fim, mas como também é um número muito reduzi- do de alunos, acaba por não, por não ser significativo, quer em termos da turma a que pertencem, quer ao nível da escola.

5. E, por fim, na globalidade como é que avaliam os efeitos deste projecto?

É difícil, é difícil avaliar, por motivos que para mim, já disse, o grupo inicial, que perdemos muitos miúdos, quer dizer, houve essa dificuldade em fazer a ligação dos miúdos à iniciativa. Também há as duas raparigas que chegaram ao fim, de facto, elas gostaram do projecto, motivaram-se, escreve- ram, produziram, pronto, foi bom… mas ao nível individual, em termos de impacto de escola, mais uma vez não, não posso dizer que…não teve assim grande impacto. Não sei tu…

Pois, ao nível da escola, também acho que não, mas de qualquer das maneiras, eh… neste momen- to, eu creio que até a deslocação ao Fórum, limitou-os um bocadinho, o dia e a hora… na realidade não funcionou muito bem. Mas estou convencida que é um projecto que, a conseguir ultrapassar esses aspectos práticos poderá ter um efeito muito mais evidente.

Querem acrescentar mais alguma coisa?

Isto é… quer dizer, tínhamos de fazer um balanço da iniciativa, eu não sei… com os próprios miúdos já não digo, pronto. Boa parte dos que começaram já não pertencem à escola, portanto já é, já é inviável. Em termos da sua continuidade, da repetição, não sei propriamente como é que se possa fazer. Quer dizer, nós tínhamos estado a falar, em termos interesse em que a iniciativa decorra mais na escola ou que decorra noutro espaço. Nós tivemos a experiência da primeira série em que tínha- mos feito aqui no Pólo de Corroios, que era relativamente perto da escola. Talvez o problema não era tanto a distância, mas o facto de ter sido num sábado à tarde, final do terceiro período, pronto e isso ocasionou, quer os estudos, quer o bom tempo, originou uma fuga dos miúdos. Quer dizer, e há sempre dificuldade ao nível da escola em prendermos os miúdos a actividades que não sejam espe- cificamente curriculares. Isto há um… os miúdos olham muito para as notas, para a economia de esforço e …os alunos do secundário olham muito para isso, e depois começam a fazer as contas e é difícil fazer o entrosamento entre actividades digamos lúdico-culturais dentro deste espaço …eh …dos alunos enquanto alunos. Eles têm a carga horária grande, também têm as suas próprias acti- vidades… Houve um que quis fazer isto, mas depois entrou em conflito com o teatro…

Pois mas tínhamos um aluno que o ano passado participou…

Participou, não. Não chegou a participar. Convidámos mas disse que não.

E não só… neste grupo houve má informação relativamente ao número de participantes por escola e ficámos reduzidos, pelo menos eu fiquei com essa ideia, e inicialmente só poderiam ser três alunos, não foi? E esse número limitou-nos muito na escolha, porque se eventualmente, na eventualidade de se escolher um grupito maior, mesmo que haja desistências não ficamos com uma representação tão reduzida.

Pois.

E se forem da mesma turma, penso que isso poderá ser uma motivação para eles, uma forma de se incentivarem, como aconteceu com a José Afonso, por exemplo.

Pois foi, foi um grupo significativo. É que foi uma turma de humanidades, que é coisa que nós aqui não temos. Portanto, se nós tivéssemos aqui uma turma de humanidades, esse trabalho poderia ser talvez, pronto… uma outra ligação com a parte do português, pegando num número significativo de alunos e procurando fazer de alguma maneira a integração também com o próprio programa da dis- ciplina e com o trabalho que a disciplina…

E teria muita vantagem…porque nas humanidades

Aí é que se poderia fazer com, com as escolhas dos livros… com êxito. Pronto, que foi coisa que nós não pudemos fazer.

Nas humanidades, o Português, a disciplina de Português tem uma carga horária de cinco horas semanais salvo erro. Podem dispor, qualquer pessoa pode dispor de tempo, nas aulas… têm ali os alunos que não precisam de vir à escola de propósito para trabalhar com eles… e depois, se o grupo for maioritário, não está a falar, não está a falar só para meia dúzia deles. Não está ali a desperdiçar tempo. Esta ligação estreita com o trabalho da aula faz sentido, porque eu, por exemplo no secundá- rio, faço. Faço contratos de leitura, trabalho livros, fazem resumos, fazem um trabalho, por exemplo, sobre as categorias da narrativa e outras actividades que fazem parte do programa e simultanea- mente ajudam a trabalhar o texto.

Se nós conseguíssemos fazer essa articulação, estás a ver, da parte curricular e da parte externa…

Tal como parece que já acontece… prontos… e pode ser que isso seja possível, mesmo não tendo as humanidades cá na escola…

Para o ano há hipótese de abrir uma turma de humanidades, é preciso é que apareçam alunos para isso, mas está contemplada essa possibilidade.

E até para a preparação dos alunos tomarem consciência. E é uma actividade de preparação dos alunos para a avaliação final na área das humanidades, e eles com certeza que a querem fazer. E é uma questão de trabalho também no próprio projecto.

Porque se não, ficam-nos estes rapazes e raparigas que é mesmo por amor à arte, que gostam mui- to de ler, que já são leitores.

Normalmente não são os leitores que precisavam mais…

Não são aqueles que precisam… pois, não são aqueles que precisam, são aqueles que já estavam motivados.

ANEXO 2 d

ENTREVISTA